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Identificação dos profissionais

No documento sulamitadasilvacastro (páginas 69-73)

CAPITULO III — A INSERÇÃO PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES

3.2 O SERVIÇO SOCIAL NA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

3.2.1 Identificação dos profissionais

Nesse item apresentaremos a sistematização dos dados da pesquisa quantitativa referente à Identificação dos Assistentes Sociais da DPU, optamos por compará-los com o perfil dos Defensores Públicos Federais no intuito de contrastá-los. Tais dados trazem subsídios significativos do perfil do profissional do Serviço Social e do Direito, e embora, não seja possível analisá-los minuciosamente devido a sua complexidade e os limites desse trabalho, as reflexões e inquietações sobre os elementos sócio-históricos que lhe são intrínsecos enriquecem o debate, principalmente, quando pensados

considerando a maneira como cada profissão se insere e a sua relação com o Direito dentro da Defensoria Pública da União.

→ Sexo

Conforme os dados da pesquisa o quadro de assistentes sociais da Defensoria Pública da União é formado majoritariamente pelo sexo feminino, esse dado contrasta com o efetivo dos Defensores Públicos Federal no qual o sexo masculino prevalece, segundo o mapa da DPU 2015.

Quadro 2. Distribuição por sexo dos Assistentes Sociais e dos Defensores Públicos Federais

Sexo Assistentes Sociais Defensores Públicos

Nº % Nº %

Feminino 25 88,9 376 40

Masculino 3 11,1 251 60

Total 28 100 627 100

Fonte: Dados da Pesquisa com Assistentes Sociais da DPU mar/out 2016 e do Mapa DPU 2015 (adaptado)

Cabe destacar que a prevalência do segmento feminino no Serviço Social, independente do espaço sócio-ocupacional, revela determinados valores socioeconômicos e culturais na divisão sociotécnica do trabalho.

são conhecidas as inúmeras afirmações que insistem em manter a relação entre os “dotes femininos”, como a sensibilidade, a intuição, a criatividade, etc., que seriam compatíveis com profissões que exercitam relações humanas, com o objetivo, por exemplo, de educação, de orientação ou tratamentos diversos. Tais afirmações sustentam, reproduzem e justificam, muitas vezes, a presença de maioria feminina em trabalhos que respondem pela esfera institucional pública, criando ambiguidades sobre o valor e as consequências do trabalho, que é, não raro, visto como um “mero” executor de políticas públicas, não carecendo de posturas participativas e deliberativas de seus representantes (FÁVERO, 2011, p.182).

Destaca-se que apesar do significativo aumento da presença feminina no ensino superior nas últimas décadas, as escolhas das mulheres continuam a recair “preferencialmente sobre áreas do conhecimento tradicionalmente ‘femininas’, como educação (81% de mulheres), saúde e bem-estar social (74%), humanidades e artes

(65%), que preparam as mulheres para os chamados ‘guetos’17

ocupacionais femininos” (BRUSCHINI, 2007, p. 549).

Entretanto, a autora aponta que apesar das mulheres universitárias continuarem marcando presença nos denominados “guetos” femininos, como o magistério, o serviço social e a enfermagem, têm adentrado também áreas profissionais consideradas de prestígio, como a medicina, a advocacia, a arquitetura e a engenharia tradicional reduto masculino (Ibidem, p. 550). E acrescenta que

em todos os grupos da área jurídica – advogados, procuradores, juízes, promotores e consultores jurídicos – não foi menos significativo o incremento de mulheres. Esse é um mundo do trabalho segmentado segundo os profissionais se enquadrem em dois tipos de carreira: os chamados “profissionais do direito”, que engloba todos os funcionários vinculados ao poder público, aos quais é vetado o exercício da advocacia e os demais advogados e consultores jurídicos que exercem a advocacia como profissionais liberais ou assalariados de sindicatos, empresas públicas ou privadas. Em todas essas carreiras verificou-se o mesmo movimento de progresso, assim considerado o incremento percentual da participação de mulheres. Em todas elas, o sexo feminino passa a representar, em 2004, mais de 40% da categoria profissional (BRUSCHINI, 2007, p. 551).

No caso das Defensoras Públicas Federais de acordo como Mapa da DPU o percentual feminino era de 38% em 2014, passando representar 40% da categoria profissional somente em 2015.

→ Faixa etária

Em relação à idade observa-se que tanto os Assistentes Sociais quanto os Defensores Públicos Federais situam-se majoritariamente na faixa etária entre 20 e 50 anos. Sendo que na faixa etária entre 31 e 50 anos se concentra a maioria com 80 % dos Defensores Federais e 71 % das Assistentes Sociais. Somente 14 profissionais do Direito e 4 do Serviço Social possuem mais de 50 anos, o que revela o perfil jovem da Instituição.

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Bruschini (2007, p.566) define os tradicionais guetos femininos, como a enfermagem (89% dos enfermeiros, 84% dos técnicos de enfermagem e 82% do pessoal de enfermagem eram do sexo feminino em 2002), a nutrição (93% dos nutricionistas eram mulheres), a assistência social (91%), a psicologia (89% de mulheres), o magistério nos níveis pré-escolar (95%), fundamental (88%) e médio (74%), além das secretárias (85%), auxiliares de contabilidade e caixas (75%).

Quadro 3. Faixa Etária dos Assistentes Sociais e dos Defensores Públicos Federais

Faixa Etária Assistentes Sociais Defensores Públicos

Nº % Nº %

20 -30 anos 4 14,5 113 18

31- 50 anos 20 71 500 80

51 anos 4 14,5 14 2

Total 28 100 627 100

Fonte: Dados da Pesquisa com Assistentes Sociais da DPU mar/out 2016 e do Mapa DPU 2015 (adaptado)

→ Cor

Em relação à cor a maior parte dos Assistentes Sociais declarou-se negra ou parda 60,5%, já os outros 39,5% se consideram brancos. No que tange a cor a maioria dos Defensores Públicos Federais se declaram brancos 73,7%, já 23,5% se declararam como negro ou pardo e os 2,9% restantes declararam-se indígenas ou amarelos de origem oriental.

Quadro 4. Cor dos Assistentes Sociais e dos Defensores Públicos Federais

Cor Assistentes Sociais Defensores Públicos

Nº % Nº %

Branca 11 39,5 409 70,3

Parda ou Negra 17 60,5 130 23,5

Outros x x 16 6,2

Total 28 100 55518 100

Fonte: Dados da Pesquisa com Assistentes Sociais da DPU mar/out 2016 e Mapa DPU 2014 (adaptado)

→ Estado Civil

O Estado civil que se destaca é a condição de casado com 53,5 %; os solteiros representam 28%; e outras maneiras de convivência como divorciados e em união estáveis chegam a 18,5 %, entre os Assistentes Sociais.

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O número total de Defensores Públicos Federais destoa do apresentado nas tabelas de sexo e faixa etária, pois o Mapa DPU 2015, não apresentou dados referente a cor dos mesmos. Dessa maneira, foram utilizados os dados do Mapa de 2014, quando o quantitativo de profissionais era menor, por considerarmos que a inclusão dos 72 defensores não alteraria significativamente o resultado e aquilo que ele representa.

Destarte, a respeito da Identificação dos Assistentes Sociais, infere-se conforme os dados da pesquisa que o perfil majoritário dos profissionais é de mulheres, jovens e negras ou pardas. Já em relação aos Defensores Públicos Federais são homens, jovens e brancos. Em referência ao que foi constatado, o IV Diagnóstico das Defensorias Públicas, expõe:

Essas constatações são de especial relevo para a instituição. As Defensorias Públicas foram criadas para exercer papeis cruciais no âmbito do Sistema de Justiça e da sociedade como um todo, tais como a redução das desigualdades sociais. Para que esses objetivos sejam efetivamente alcançados, seria oportuno que a própria instituição refletisse acerca da criação de critérios e de medidas que possam equalizar essas desigualdades internas, que são fruto das desigualdades sociais maiores, as quais a instituição tem por objetivo reduzir ( BRASIL, 2015, p. 85).

Ademais, constata-se que conforme os dados do Portal de Transparência do Governo Federal a média salarial entre os Assistentes Sociais concursados é de 6,5 salários mínimos, já entre os cedidos é de 9,5 salários. Isso significa que os profissionais recebem remuneração diferenciada, apesar de desenvolverem as mesmas atividades, e/ou trabalharem na mesmo local de trabalho. Enquanto a remuneração bruta inicial dos Defensores é de 20,5 salários mínimos podendo chegar até 25,5 salários.

No documento sulamitadasilvacastro (páginas 69-73)