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De todas as identificações feitas para os microorganismos isolados de

Khaya a deste grupo foi a mais difícil, pois no inicio das análises observou-se

apenas micélios e hifas no microscópio, tanto da linhagem III como da V.

Durante as análises das primeiras lâminas, não foi possível observar nenhum tipo de características que confirmassem os gêneros desses fungos, pois assim como o grupo anterior, estes também não apresentavam esporos. Devido a este fato, as linhagens deste grupo ficaram por mais alguns dias na incubadora (BOD) para verificar-se a esporulação dos mesmos.

Quando os fungos apresentaram esporos, fez-se as lâminas as quais foram observados no microscópio ótico (Figura 4.5, p. 55), a presença dos conídios em formas ovais, as características morfológicas e a consulta de literatura propõe-se que os fungos do grupo III tratavam-se do gênero, Botryosphaeria sp.. Esta espécie tem se caracterizado no meio de cultura como colônias marrom-cinzentas em agar com aveia, de micélio negro aéreo denso; conidiomata picinidial agregadas, marrom escuro, unilocular, espesso ou compacto, parede de forma angular marrom escura

de textura compacta; ostiol central, separado, papilado; redução de conidiosporos a celas conidiogenas; celas conidiogenas hialinas, lisa, discreta, determinada ou indeterminada, proliferando com um ou dois anelamentos distintos, formando celas que se enfileiram na parede interna do picnídio; conídio reto, no início hialino e asseptado que se torna marrom escuro e um septado com estriamentos longitudinais irregulares, amplamente arredondados no ápice, trucando na base.

Para confirmar a identificação, foi cedida uma linhagem (Figura 4.6, p. 46) padrão do fungo Botryodiploidia sp. pelo Professor Dr. José Odair da UFAM, e através da comparação de suas características macroscópicas e microscópicas chegou-se a conclusão que os fungos do grupo III, tratava-se do fungo

Botryosphaeria sp.. E no grupo V, observou-se a presença de um ascomiceto que

poderia ser a fase assexuada de Botryosphaeria chamada de Lasiodiplodia sp. As culturas destes fungos foram avaliadas pelo Dr. José Odair e pela Dra. Maria Inez Sarquiz de Moura, curadora da micoteca da FioCruz do Rio de Janeiro, que confirmaram a identificação dos microorganismos.

FIGURA 4.5: Microfotografias dos conídios de Botryosphaeria sp.

Devida a alta freqüência de Botryosphaeria sp. nas plantas doentes e nas lesões, foi realizado um novo isolamento das lesões, desta vez com assepsia, para confirmação destes, como possíveis patógenos. De todos os fragmentos

incubados do fungo novo de K. ivorensis (Kifn) nasceram Botryosphaeria e do fungo denominado velho de K. ivorensis (Kifv) o seu anamorfo Lasiodiplodia sp.; realizou- se também a extração de DNA destes microorganismos.

De acordo com levantamento bibliográfico realizado, pode-se inferir

que o fungo Botryosphaeria sp., era o provável causador da doença observada na espécie Khaya ivorensis, causando a perda do crescimento apical da espécie, gerando assim o desenvolvimento de galhos laterais, pois ele é citado na literatura como um fungo patogênico que geralmente afeta as suas plantas hospedeiras penetrando através de feridas e em tecidos em decomposição (SCHULTHESS et al., 1998; JACSON et al., 1996). O fungo aparece freqüentemente nas regiões tropicais e sub-tropicais, onde tem sido identificado como causador de enfermidades em aproximadamente 280 espécies de plantas vasculares, entre as quais se destacam: algodão, cacau, café, cana de açúcar, palma africana, pino, tabaco, mamoneira, etc (PASCHOLATI et al., 1998; PINHEIRO et al., 1999; CARROL et al., 1983).

FIGURA 4.6: Microcultivo do fungo Botryosphaeria sp.

Identificação do grupo IV

Com a presença de esporos (Figura 4.7, p. 57) deste fungo foram feitas suas lâminas a fresco para observação das estruturas microscópicas vegetativas e reprodutivas em microscópio ótico (Figura 4.8, p. 57). Com isso consultou-se a literatura para verificar qual microorganismo era este, levando a identificação do grupo como sendo o fungo do gênero Rhizopus.

Este fungo é considerado como um patógeno humano, e ainda pode causar doenças pós-colheitas em frutos tropicais (HOWARD et al., 1991).

FIGURA 4.7: Microcultivo do fungo Rhizopus sp.

FIGURA 4.8: Microfotográfias dos esporos de Rhizopus sp.(a) objetiva 40x e (b) objetiva 100x.

Identificação do grupo VI

A esporulação das linhagens do grupo VI foi bem mais rápida (Figura 4.9, p. 58), com isso foram feitas lâminas a fresco para observação das estruturas microscópicas vegetativas e reprodutivas em microscópio ótico (Figura 4. 10, p. 58). As características morfológicas e mais a consulta na literatura, onde é citado que as espécies deste gênero apresentam conidióforo comprido acima do micélio, ramificado próximo do ápice terminando em fiálides formando uma estrutura parecida com uma vassoura, permitiu a identificação do fungo como sendo do gênero Penicillium.

FIGURA 4.9: Microcultivo do fungo Penicillium sp.

FIGURA 4.10: Microfotográfias dos esporos do Penicillium sp.(a) lente 40x e

(b; c; d) lente 100x.

Esses fungos são economicamente importantes em processos de fermentação, na produção de antibióticos, na decomposição de alimentos e em outros aspectos. Um exemplo é o Penicillium notatum, produtor de penicilina (PELCZAR et al., 1981).

Algumas espécies de Penicillium tais como Penicillium decumbens e

Penicillium citrum, são capazes de biotransformar esteróides (PINHEIRO et al.,

1999), e ainda podem vir a biotransformar outras classes de substâncias. De estudos químicos realizados anteriormente com este fungo, foram isolados alguns

a b

metabólitos tais como: esteroides, xantonas, policetideos, alcalóides, meroterpenos, além de outras classes de substâncias (LI et al., 1998; JARVIS et al., 1996; STIERLE et al., 1995).

De todos os grupos de fungos o único que não foi possível de identificar foi o grupo sete, devido este crescer bem pouco e com isso não esporular.

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