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Observando o mapa referente aos estados brasileiros, verifica-se que nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Brasília (DF) o IDH é superior a 0,801, enquanto nos estados do Centro-Oeste, Paraná, Espírito Santo e Amapá o IDH encontra-se na escala entre 0,751 e 0,800. Já em quase toda a região norte e quase todo Rio Grande do Norte, o índice se mantém entre 0,701 e 0,750, em quase todo Nordeste e Acre, o índice ficou entre 0,651 e 0,700, e, por fim, Maranhão e Alagoas são os estados com menor índice de IDH, inferior a 0,650.

Para se ter indicadores mais precisos quanto à realidade brasileira pode-se analisar o IDH dos municípios, onde se nota discrepâncias acentuadas em estados específicos. Um exemplo dessa situação é o estado de Minas Gerais, que está no conceito de médio desenvolvimento humano, porém se analisado o norte de Minas Gerais, especialmente a região do Vale do Jequitinhonha, verifica-se que nesses municípios a carência de condições adequadas de sobrevivência, assistência social e bem-estar situa esses municípios em índice parecido ao dos estados do Maranhão e de Alagoas. Inclusive observam-se discrepâncias nos estados mais ricos do país, como São Paulo e Santa Catarina, que quando analisados sob a esfera regional ou municipal apresentam focos de desigualdades, especialmente nos aspectos ligados ao saneamento básico e à água potável, com carência de fontes alternativas deste indicador precário. (CARMO; HOGAN; 1995)

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13http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-

M%2091%2000%20Ranking%20decrescente%20de%20Estados%20(pelos%20dados%20de%20200 0).htm

Pode-se justificar este conceito por meio de análise do indicador de longevidade que agrega também as condições de saneamento básico conforme será visto a seguir.

Em notícia publicada na Agência do Estado no portal UOL, acessado no dia 23/9/2007, analistas da Fundação Getúlio Vargas apontam que metade do Brasil não tem serviço de esgoto, ou seja, 51,5% não dispõem de rede de coleta e tratamento de esgoto, e o acesso a esse serviço avançou de forma mínima nos últimos 14 anos, ao ritmo de 1,59% ao ano. Segundo estes pesquisadores, mantendo esse ritmo para reduzir a metade do

déficit de saneamento básico seriam necessários, conforme os cálculos da FGV, 56 anos e

meio.

Buscou-se, através de entrevistas elaboradas, compreender o que os especialistas da área do desenvolvimento pensam em relação à notícia publicada acima. Deu-se destaque a esta questão já que um país em desenvolvimento como o Brasil, pode possuir dados dessa natureza. A intenção foi saber se é “normal”, o Brasil estar inserido nesta situação.

Segundo VEIGA (2008). “Contradições desse tipo são inúmeras”. Mas, se alguém examinar as condições de saneamento dos países que têm IDH inferior ao do Brasil facilmente encontrará muitos países em que a situação é ainda mais escabrosa. Por isso, o erro consiste em se afirmar que um país deve ser classificado “de alto desenvolvimento humano” só porque consegue a média aritmética 0,800. No mínimo, tal classificação deveria exigir que um país obtivesse 0,800 em cada uma das três dimensões para que fosse considerado entre os “de alto desenvolvimento” (ANEXO VI. P. 124).

Já para outro entrevistado, VIEIRA, (2009): “Para você ver que não é preciso muita coisa para ser desenvolvido. E se você observar a realidade das grandes cidades, constatará que, mesmo nos centros urbanos, a política de saneamento é uma catástrofe. Mas é a política habitacional como um todo, que é problemática (o saneamento é parte dela)” (ANEXO XV p.146).

Conforme NUNES, (2009), “O Brasil possui muitos “brasis” Uma leitura desse tipo só se explica,quando se utiliza um índice sintético para simular que está se medindo um valor multidimensional, como o desenvolvimento humano. Ainda mais, se for acrescentar a perspectiva sócio-ambiental ou da eco-sócioeconomia. Com a devida ressalva, seria até mais válido comparar esses países com os estados que integram o Brasil” (ANEXO, VIII, p. 127).

O que se nota nas respostas dos pesquisados é que este é um tema que precisa ser tratado através de políticas públicas voltadas para minimizar as desigualdades sócio-regionais, que na verdade representam um entrave para o alcance do desenvolvimento.

Assim, o Brasil chegaria ao ano de 2063 ainda com 25% dos lares sem coleta e tratamento de esgoto. “Esse é um problema sistêmico, de política pública. Enquanto o país avança no combate à pobreza a uma velocidade quatro vezes maior do que a determinada pelas Metas do Milênio, não chega à metade do que deveria na questão do saneamento”, diz o economista Marcelo Néri, da FGV, que utilizou micro-dados do PNAD e do IBGE para fazer a projeção.

Todavia, segundo dados referentes ao ano de 2007, pela primeira vez, o Brasil passou a ter mais da metade dos domicílios com acesso a tratamento de esgoto, segundo a PNAD, do IBGE. Em 2007, 51,3% das habitações estavam ligadas à rede coletora, totalizando 28,9 milhões de residências. 14

Estes dados analisados, em um contexto geral, prejudicam o desenvolvimento integral do país, na medida em que existem regiões discrepantes dentro do mesmo espaço, é o que apontam os analistas do Banco Mundial. Somente com políticas públicas igualitárias e que visem à harmonização do desenvolvimento socioeconômico brasileiro como um todo é que o país poderá aumentar seu índice com estruturas sólidas e desenvolvimentistas.

A seguir, dados referentes às questões sociais internas brasileiras no período considerado, observando-se dados mais recentes15.

Estas citações feitas anteriormente corroboradas pelos baixos indicadores sociais como a alta taxa de analfabetismo, como se verá a seguir, fazem do Brasil um país que necessita de melhorias no aspecto social, ainda que estas venham sendo implementadas ao longo dos anos.

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14Néri , Marcelo. Terra magazine, 8 dez. 2007. 15

Quando a porcentagem do índice de analfabetismo foi analisada, ocorreu empate percentual em alguns estados. Utilizou-se o percentual relativo como critério de desempate, porém na tabela consta os pontos percentuais absolutos.

Tabela 4 Taxa de analfabetismo e de mortalidade infantil no contexto regional

brasileiro no período considerado 2002 e 2003.

Analfabetismo (2003) Mortalidade infantil – (2002) por 1000

1o Distrito Federal 4% Rio Grande do Sul 15,4

2o Rio de Janeiro 4% São Paulo 17,4

3o Santa Catarina 5% Distrito Federal 17,5

4o São Paulo 5% Rondônia 17,8

5o Rio Grande do Sul 5% Santa Catarina 18,2

6o * Amazonas 6% Mato Grosso do Sul 19,2

7o Paraná 7% Rio de Janeiro 19,5

8o Rondônia 8% Paraná 20,7

9o * Amapá 9% Goiás 20,7

10o Mato Grosso Sul 9% Amazonas 20,8

11o * Roraima 9% Minas Gerais 20,8

12o Sergipe 10% Espírito Santo 20,9

13o Goiás 10% Mato Grosso 21,5

14o Espírito Santo 10% Roraima 24,6

15o * Pará 10% Amapá 24,9

16o Mato Grosso 10% Pará 27,3

17o * Acre 10% Tocantins 28,4

18o Minas Gerais 11% Piauí 33,1

19o * Tocantins 17% Acre 33,2

20o Bahia 21% Ceará 35,1

21o Pernambuco 21% Bahia 38,7

22o Ceará 22% Sergipe 40,6

23o Rio Grande do Norte 23% Rio Grande do Norte 41,9

24o Maranhão 23% Pernambuco 44,8

25o Paraíba 25% Paraíba 45,5

26o Piauí 28% Maranhão 46,3

27o Alagoas 30% Alagoas 57,7

Obs. * Exclui a população rural. Fonte: Wikipédia (2007)16

Observe a expectativa de vida brasileira por meio do mapa ilustrativo.

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