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Inicialmente, faz-se necessário caracterizar o segmento que será objeto desta pesquisa. No Brasil, as Instituições de Ensino Superior (IES) podem ser públicas ou privadas. As públicas são mantidas pelo Poder Público, podendo ser Federal, Estadual ou Municipal, não havendo cobrança de mensalidade dos alunos. As IES privadas, por sua vez, são administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, com ou sem finalidade de obter lucro. As instituições sem fins lucrativos podem ser comunitárias, confessionais ou filantrópicas.

Todas as IES, tanto públicas quanto privadas, são supervisionadas pelo Ministério da Educação e Cultura. A regulamentação legal das Instituições de Ensino superior está contida na Lei 9.394 de 1996, ou como é conhecida Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Quanto à classificação acadêmico-administrativa, as IES podem receber denominações diversas. Por uma questão de escolha, adotar-se-ão as denominações utilizadas pelo Ministério das Relações Exteriores, conforme quadro abaixo:

Quadro 7: Classificação Acadêmico-Administrativa das IES

Universidade

Trata-se de instituição acadêmica pluridisciplinar que conta com produção intelectual institucionalizada, além de apresentar requisitos mínimos de titulação acadêmica (um terço de mestres e doutores) e carga de trabalho do corpo docente (um terço em regime integral). É autônoma para criar cursos e sedes acadêmicas e administrativas, expedir diplomas, fixar currículos e número de vagas, firmar contratos, acordos e convênios, entre outras ações, respeitadas as legislações vigentes e a norma constitucional.

Centro Universitário

Instituição pluricurricular, que abrange uma ou mais áreas do conhecimento. É semelhante à Universidade em termos de estrutura, mas não está definido na Lei de Diretrizes e Bases e não apresenta o requisito da pesquisa institucionalizada.

Faculdade

A Faculdade tem duas conotações. A primeira é a de uma Instituição de Ensino Superior que não apresenta autonomia para conferir títulos e diplomas, os quais devem ser registrados por uma Universidade. Além disso, não tem a função de promover a pós-graduação. O segundo sentido é aplicado para se referir a unidades orgânicas de uma Universidade. Ex.: Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco.

Institutos Federais

São unidades voltadas à formação técnica, com capacitação profissional em áreas diversas. Oferecem ensino médio integrado ao ensino técnico, cursos técnicos, cursos superiores de tecnologia, licenciaturas e pós- graduação. A denominação remonta à Lei 11.892/08, que renomeou os Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Cefets) e as Escolas Técnicas.

Fonte: Adaptado pelo autor com base nas definições do Itamaraty (BRASIL, 2018) Como o objeto do presente estudo são as IES Comunitárias, cumpre citar a Lei 12.881 de 12 de novembro de 2013, que dispõe sobre a definição, qualificação, prerrogativas e finalidade das Instituições comunitárias de Educação Superior –

ICES, disciplina o Termo de Parceria e dá outras providências. O artigo 1º da referida Lei identifica os requisitos para que uma IES seja considerada comunitária, conforme segue:

Art. 1o As Instituições Comunitárias de Educação Superior são organizações

da sociedade civil brasileira que possuem, cumulativamente, as seguintes características:

I - estão constituídas na forma de associação ou fundação, com personalidade jurídica de direito privado, inclusive as instituídas pelo poder público;

II - patrimônio pertencente a entidades da sociedade civil e/ou poder público;

III - sem fins lucrativos, assim entendidas as que observam, cumulativamente, os seguintes requisitos:

a) não distribuem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

b) aplicam integralmente no País os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

c) mantêm escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão;

IV - transparência administrativa, nos termos dos arts. 3o e 4o;

V - destinação do patrimônio, em caso de extinção, a uma instituição pública ou congênere.

§ 1o A outorga da qualificação de Instituição Comunitária de Educação

Superior é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.

§ 2o Às Instituições Comunitárias de Educação Superior é facultada a

qualificação de entidade de interesse social e de utilidade pública mediante o preenchimento dos respectivos requisitos legais.

§ 3o As Instituições Comunitárias de Educação Superior ofertarão serviços

gratuitos à população, proporcionais aos recursos obtidos do poder público, conforme previsto em instrumento específico.

§ 4o As Instituições Comunitárias de Educação Superior institucionalizarão

programas permanentes de extensão e ação comunitária voltados à formação e desenvolvimento dos alunos e ao desenvolvimento da sociedade (BRASIL, 2013, p.1).

Zanin (2015) destaca alguns aspectos importantes dessas instituições, que decorrem do texto legal. Em primeiro lugar, a questão ligada ao patrimônio, sendo que o mesmo não pode em nenhuma hipótese ser apropriado pela iniciativa privada. Em caso de extinção da IES Comunitária, seu patrimônio deve ser transferido à entidade congênere ou ao poder público. Em segundo lugar, a inexistência de finalidade de lucro, que está alinhada com o primeiro aspecto patrimonial. Os valores recebidos não são distribuídos e sim investidos na própria atividade. O terceiro aspecto está ligado à transparência administrativa, nos termos dos artigos 3º e 4º da referida lei.

Pode-se notar que a atividade exercida pelas IES Comunitárias sofre um alto grau de regulação por parte do Estado, pois a educação é de interesse público.

Conforme os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2016, no Brasil estavam em atividade 2.407 IES, sendo 2.111 privadas e 296 públicas. Quanto às organizações acadêmicas, estas se dividiam em 197 Universidades, 166 Centros Universitários, 2004 Faculdades e 40 Institutos Federais. Olhando para o Rio Grande do Sul, têm-se os números apontados no quadro abaixo:

Quadro 8: Distribuição das IES no RS - 2016

Universidades Centros Universitários Faculdades Institutos Federais Total Quantidade 19 8 92 3 122 Públicas 7 3 10 Privadas 12 8 92 112

Fonte: Elaborado pelo autor com base no INEP (2016)

O assunto inclusão de pessoas com deficiência chega à porta da IES em dois aspectos distintos: pela inclusão de estudantes com deficiência e pela inclusão de empregados com deficiência. Pode-se dizer que, em relação às IES essas duas facetas da inclusão têm uma relação direta de causalidade. Enquanto instituições formadoras de profissionais das mais diversas áreas, as Universidades fornecem mão de obra qualificada para o mercado e também absorvem profissionais para seus quadros, tanto administrativos quanto acadêmicos, em especial, o segundo.

Tanto essa relação é relevante que, em que pese não ser o tema do presente estudo, faz-se necessário abordar, mesmo que de forma breve, a questão da inclusão das pessoas com deficiência na Educação e em especial na Educação Superior. Essa abordagem será tema do próximo subcapítulo.

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