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Ignorar: adoção de estratégias que permitem à empresa ignorar o ambi ente – Substituição (alterar critérios de decisão incertos por mecanismos

No documento rodrigooliveiradasilva (páginas 64-89)

Fundamentação Teórica

(2013) As estratégias políticas são ações que influenciam as políticas públicas

4) Ignorar: adoção de estratégias que permitem à empresa ignorar o ambi ente – Substituição (alterar critérios de decisão incertos por mecanismos

de análise mais detalhados); Movimentos sem arrependimentos (arriscar- se mais em atividades mais rentáveis); e Consequências dos negócios (finja que a incerteza não afeta decisões).

Após analisar estratégias políticas empregadas por empresas junto à Comissão Europeia para o Controle de Emissões Poluentes (EU Emissions Trading System - EU ETS)), Meckling (2015) elaborou uma tipologia de estratégias políticas da qual duas dimensões são analisadas: 1) o efeito distribuído - ocorre quando a regulação ambiental promove menores custos agregados para uma indústria em relação à outra; e 2) a pressão regulatória - resultado de como as empresas percebem seu ambiente institucional no que diz respeito à demanda por ação regulatória em uma determinada questão ambiental. A tipologia proposta por Meckling (2015) pode ser visualizada pela Figura 12.

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Figura 12 - Estratégias políticas vis-à-vis questões ambientais Fonte: Meckling (2015, p. 23, tradução nossa)

A estratégia de oposição é a mais indicada quando os custos da regulação ambiental superam os benefícios para a empresa e a pressão regulatória é baixa. A organização empregará ações políticas para evitar a implementação de determinada questão ambiental, haja vista que o risco para a reputação da empresa é baixo, em virtude da pouca atividade de grupos de interesse em relação à questão.

Quando a pressão regulatória é alta e os custos desta regulação também são altos, a melhor estratégia é a de proteção. Neste cenário, o ativismo ambiental é mais premente, levando a empresa a considerar se uma política anti-regulatória não macularia a sua reputação. Geralmente, a empresa pode empregar estratégias de proteção usando táticas de minimização dos custos de conformidade, como, por exemplo, propondo mecanismos alternativos, mais baratos, para se atingir o pleito da questão ambiental, ou por meio do nivelamento dos custos de conformidade, influenciando o poder público a adotar regras semelhantes a adotadas em outros países, que são tão eficazes quanto, porém, mais econômicas.

No caso da estratégia de suporte, a empresa busca apoiar a implementação da política ambiental pretendida. A estratégia de suporte é mais favorável quando os benefícios pela implementação daquela questão ambiental superam os custos, bem como a pressão regulatória é baixa.

Por fim, a estratégia de não participar, ou seja, como a questão ambiental tem baixa pressão regulatória, e, caso a mesma seja implementada, os benefícios são superiores aos custos, a empresa não deve empreender recursos para apoiar ou se opor à questão.

Apesar de Meckling (2015) ter elaborado uma tipologia de estratégias políti- cas para questões ambientais, uma adequação a outras arenas empresariais é possí- vel, inclusive para setores regulados. Ademais, a questão ambiental está cada vez mais presente nas preocupações regulamentares da atualidade.

O esquema proposto na Figura 13 resume o uso das tipologias em estratégias políticas, bem como a motivação e fatores antecedentes ignitores ao emprego destas

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estratégias.

Figura 13 - Motivação, fatores antecedentes e tipologias em estratégias políticas

Como se pode perceber pelos estudos consultados sobre estratégias políticas para esta pesquisa, os mesmos se tratam de um conjunto complexo de ações estra- tégicas visando a geração de vantagens competitivas sustentáveis em mercados sin- gulares.

As empresas que empreendem estratégias políticas podem fazê-lo de maneira proativa, influenciando diretamente no processo de tomada de decisão em políticas públicas, ou de maneira reativa, agindo prontamente às alterações regulamentares.

O emprego de estratégias políticas pode ocorrer tanto em uma vertente indi- vidual quanto coletiva. Na vertente individual a empresa, agindo isoladamente, mo- biliza seus recursos e capacidades para garantir vantagens em políticas públicas. Já na vertente coletiva, busca-se aumentar o poder de barganha junto aos fornecedores de políticas públicas.

A decisão de agir proativa ou reativamente, e a de agir individual ou coleti- vamente, é influenciada, substancialmente, pelo contexto do mercado político ao qual a empresa está inserida. Deve-se analisar o nível de pluralismo político, ou seja, o grau de concentração do poder político, bem como deve-se analisar o nível de incerteza regulatória, compreendida como a volatilidade das decisões e regras estabelecidas pelo agente regulador. Por meio do diagnóstico de tais características do mercado político, a empresa poderá direcionar melhor seus recursos a fim de obter o desempenho mais eficaz de suas estratégias políticas.

Por fim, por meio das lições aprendidas com os autores de estratégias políticas, fica nítida a perspectiva de que as ações políticas das empresas devem ser

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direcionadas ao ator público que desempenha o maior poder de decisão em políticas públicas de interesse para a empresa. Desta forma, a empresa tem maiores chances de implementar estratégias eficazes, minimizando desperdícios de recursos e favo- recendo o relacionamento com os atores públicos que são críticos ou relevantes aos seus negócios.

A fim de fomentar um arcabouço analítico que auxiliasse o desenvolvimento e avaliação de estratégias políticas face à regulação, Bastos (2012) identificou di- versos fatores organizacionais, ambientais e variáveis de desempenho. Inspirando- se na pesquisa de Bastos (2012, p. 47), este estudo também apresenta fatores organizacionais e macro ambientais necessários à análise e emprego de estratégias políticas, conjugando a revisão de literatura sobre estratégias políticas discutidas até aqui e antecipando a coleta de informações necessárias ao arcabouço analítico proposto nesta pesquisa, como fica evidenciado pelo Quadro 3.

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Fatores Construto Indicador Implicação estratégica Referência

Organizacionais Grau de envolvi- mento com formula- dores de políticas públicas

Número de revisões tarifárias (quantidade em um determinado período); Revisão tarifária recente (0 (não) – 1 (sim) – revisão nos úl- timos 3 anos).

O know how da organização ao se relacionar com tomadores de decisões políticas está po- sitivamente relacionada com o desempenho da sua estratégia política.

Bonardi et al. (2006)

Papel da empresa em

relação às outras em- presas da indústria.

Participação de mercado da em- presa analisada

A atuação política de uma empresa está relacionada positivamente ao seu tamanho.

Schuler (1996); Hillman et al. (2004); Lux et al. (2011) Tipo de abordagem estratégica (relacional ou transacional)

Grau com que a firma é afetada pela política governamental

As empresas com maior dependência perce- bida ou real sobre a política do governo são mais propensas a usar uma abordagem rela- cional para a ação política

Hillman e Hitt (1999)

Nível de diversificação dos produ-

tos da empresa (relacionados ou não relacionados)

Empresas com diversificação-produto rela- cionado (ou que possuem negócios únicos) são mais propensas a usar uma abordagem relacional para a ação política. Empresas com a diversificação de produtos mais inde- pendentes são mais propensas a usar uma abordagem transacional para a ação política.

Hillman e Hitt (1999)

Grau de corporativismo/pluralismo

do país no qual a empresa opera

As empresas estão mais propensas a usar uma abordagem relacional para a ação polí- tica em mais países corporativistas. As em- presas estão mais propensas a usar uma abor- dagem transacional para a ação política em países mais pluralistas.

Hillman e Hitt (1999) (Continua) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1221730/CA

(Continuação)

Fatores Construto Indicador Implicação estratégica Referência

Organizacionais Níveis de partici- pação (individual ou coletiva)

Volume de recursos disponí- veis

As empresas com maiores recursos financeiros e / ou outros recursos intangíveis, como o conheci- mento de influenciar as políticas públicas, são mais propensas a usar a participação individual, indepen- dentemente da abordagem escolhida. As empresas com menos recursos financeiros e/ou outros recur- sos intangíveis, como o conhecimento de influenciar as políticas públicas, são mais propensas a usar par- ticipação coletiva, independentemente da aborda- gem escolhida.

Hillman e Hitt (1999); Hillman et al. (2004); Lux et al. (2011)

Macro ambientais Rivalidade entre o lado da demanda

Associação para grupos de re- presentação (ações de proteção ao meio ambiente).

A rivalidade partes interessadas concorrentes inter- fere negativamente no desempenho das estratégias políticas de uma organização.

Bonardi et al., (2006); Kingsley et al. (2012) Rivalidade polí-

tica (entre políti- cos eleitos)

Diferença entre o partido polí- tico da maioria em relação ao segundo partido.

Quanto maior a rivalidade entre os partidos políti- cos, maior será a efetividade das estratégias políti- cas. Bonardi et al., (2006); Kingsley et al. (2012) Recursos do regu- lador

Recursos financeiros, técnicos e humanos do órgão regulador, bem como experiência.

Quanto maior a experiências e acesso a recursos do órgão regulador, pior será a efetividade das estraté- gias políticas.

Bonardi et al., (2006)

Incerteza Regula-

tória

Incerteza percebida pelos ges- tores das empresas

Quanto maior a medida em que as empresas perce- bem a incerteza regulatória, maior a medida em que investem em estratégias.

Engau e

Hoffmann (2011) Incerteza Regula-

tória

Lado da Demanda no Mercado político - Motivação ideoló- gica.

Opositores em questões regulatórias quando emba- sados por questões ideológicas.

Kingsley et al. (2012) (Continua) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1221730/CA

(Continuação)

Fatores Construto Indicador Implicação estratégica Referência

Macro ambien- tais Informações de outras agên- cias regulado- ras

Média dos valores das revisões tari- fárias de outras agências dos últimos três anos

Evidências externas de outras agências de maiores custos (inferior) de serviços públicos (a) aumenta a probabilidade de um aumento da taxa (redução) e (b) reduz a probabilidade de uma diminuição da taxa

Fremeth e Holburn (2012) Grupos de interesse opositores

Número de associações de usuários; nível de concentração de clientes.

A oposição de grupos de interesse reduz a incidência de aumentos da taxa, mas tem um efeito menor so- bre o aumento da incidência da redução da taxa.

Fremeth e Holburn (2012) Competição

política

Percentual de deputados governistas; e diferença no percentual de votos do segundo candidato para presidente.

A competição política reduz a incidência de aumen- tos da taxa, mas tem um efeito menor sobre o au- mento da incidência da redução da taxa.

Fremeth e Holburn (2012) Hostilidade do

regulador

Regulador = hostil ou amigável, com ou sem restrições; regulador é eleito, volatilidade política.

Qual ator político que as empresas reguladas centra- rão forças estratégicas de persuasão

Holburn e Vanden-Bergh (2006) Concentração da Indústria /Setor

Taxa de concentração da indústria (receitas, produção, vendas das três ou quatro maiores empresas do setor como um percentual de todo o setor).

Consenso entre as empresas em uma indústria for- nece uma vantagem na obtenção de políticas e in- dica baixo nível de rivalidade entre as mesmas

Lux et al. (2011)

Oportunidades econômicas

Empresa/indústria crescimento de re- ceitas

Se a oportunidade de empregar estratégias políticas for percebida como um ganho financeiro / econô- mico

Lux et al. (2011) Tamanho da

empresa

Total de vendas, número de empre- gados, total de ativos, participação de mercado.

Minimizar a exposição social da empresa além de promover legitimidade

Hittman et al. (2004);

Quadro 3 - Fatores organizacionais, macroambientais e variáveis indicadoras das estratégias políticas revisadas. Fonte: Adaptado de Bastos (2012, p. 47)

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2.1.2.

Teoria da ação coletiva

Segundo Wendt (1994), o problema da ação coletiva domina o ambiente po- lítico. O Estado busca, por meio da coerção ou sociabilização, fazer com que as pessoas contribuam para o bem comum.

Até meados do século XX, a literatura sobre a teoria de grupos sociais acre- ditava que os membros do grupo agiriam positivamente no alcance dos interesses coletivos. No entanto, a partir de 1950, estudos surgiram contestando esta premissa. As anomalias, se é que se pode chamar assim, da teoria de grupos sociais teve seu principal contribuinte na “Lógica da Ação Coletiva” de Mancur Olson, que pu- blicou em 1965 a The Logic Of Collective Action Public Goods And The Theory Of Groups. Olson percebeu que indivíduos racionais, membros de um determinado grupo, não agiam para alcançar o bem coletivo, mas sim seus interesses particulares, como se pode perceber logo na introdução do livro:

“Mesmo se todos os membros de um grande grupo forem racionais, com interesses particulares, com possibilidade de satisfazer estes interesses como um grupo, eles agiriam para alcançar seus interesses pessoais, não agindo voluntariamente para alcançar os interesses coletivos” (OLSON, 1965, p. 2, tradução nossa).

Para se evitar o fenômeno que Olson chamou de “free rider”, “parasitismo” ou “carona”, por membros de um determinado grupo, que usufruem de algum bem público, ou bem comum, mas não contribuem para o provimento deste bem, devem- se aplicar mecanismos coercitivos, para evitar que o bem comum não pereça. O exemplo que Olson fornece é dos sindicatos de trabalhadores, em que seria neces- sário a obrigatoriedade de contribuições da classe trabalhadora, minimizando, as- sim, a possibilidade de indivíduos racionais não contribuírem e, mesmo assim, usu- fruírem das conquistas do sindicato. Outro exemplo de coerção para grupos sujeitos ao fenômeno da “carona” é o da obrigatoriedade de voto em algumas nações, como ocorre no Brasil.

O problema do “carona” em grupos sociais, conforme levantado por Olson, remete à questão da “moral” e da necessidade de criar instrumentos para defender o interesse coletivo de práticas desleais e oportunistas (FONTAINE, 2014).

Pecorino (2015) considera que o trabalho de Olson teve (e ainda tem) um impacto significativo nos campos econômicos e das ciências políticas. Pecorino destaca que um dos principais impactos da perspectiva de Olson foi o de perceber

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que os interesses de diferentes grupos não são igualmente representados no pro- cesso político.

Olson também discutiu influências que o tamanho do grupo pode ter nas ações de seus membros. Alguns autores, como Pecorino (2015), consideram o dilema do tamanho de grupo de Olson como um paradoxo. Neste paradoxo, Olson defende que quanto maior o tamanho do grupo, menor será a propensão (utilidade marginal) de contribuir por parte de um indivíduo racional, pois, como um bem público não é excludente, quando o indivíduo não contribui, não lhe será vedado os benefícios auferidos pela ação coletiva.

Outra importante implicação do paradoxo do tamanho de grupo é que, quando aplicado à política, interesses concentrados tendem a prevalecer no processo polí- tico sobre interesses difusos (PECORINO, 2015; SARKER, 2014). Isto pode ser percebido em ações de grupos empresariais (interesses concentrados) na política de preços, por exemplo, oferecida aos consumidores (interesses difusos).

A lógica da ação coletiva aproxima-se da abordagem da teoria dos jogos, em que se analisa “um conjunto de indivíduos, empresas, partidos políticos etc., envol- vidos em uma situação de interdependência recíproca, na qual as decisões tomadas influenciam-se reciprocamente” (FIANI, 2009, p.2).

Medina (2013) usa a abordagem da teoria dos jogos aplicadas à lógica da ação coletiva de Olson. Um modelo chamado de “jogos de participação” (participation games) é considerado por Medina como base para a teoria da ação coletiva. Neste jogo, o resultado para qualquer jogador é uma resposta direta das ações escolhidas (distribuição de probabilidades das ações) dos jogadores restantes.

Desde o lançamento da obra seminal de Olson, muito se desenvolveu em re- lação à temática da ação coletiva. Segundo Medina (2013), nem todos os grupos sociais exibem as mesmas respostas defendidas por Olson. Esse é o caso dos pro- blemas dos “recursos comuns” de Elinor Ostrom, ganhadora do Prêmio Nobel de Economia em 2009.

Segundo Ostrom (2003), recursos comuns são aqueles em que fica difícil ex- cluir seus potenciais beneficiários e onde há necessidade de subtração (subtracta- bility) para seu uso, sendo que tais recursos são ameaçados pelo uso excessivo, o que pode acarretar a extinção do recurso. São exemplos de recursos comuns as flo- restas e as águas.

Em seu livro Governing the commons: the evolution of institutions for

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collective action, de 1990, Ostrom apresentou um ponto de vista no qual nem todas as ações coletivas sofrem dos problemas de oportunismo do free rider.

No caso específico dos recursos comuns, as ações coletivas podem ser “auto administradas”, contando com a contribuição dos membros da comunidade, seus conhecimentos do ambiente de onde explotam o recurso comum.

Em uma situação na qual apropriadores são dependentes de um determinado recurso comum como uma fonte de renda (subsistência da pesca, por exemplo), eles serão afetados coletivamente por suas ações. Cada indivíduo deve levar em consi- deração as escolhas dos outros membros do grupo quando avalia suas próprias es- colhas (OSTROM, 1990).

A teoria da ação coletiva de Olson trouxe implicações significativas para o emprego de estratégias políticas, pois uma das principais decisões estratégicas no mercado político é se a empresa deve agir sozinha ou coletivamente (HILLMAN; HITT, 1999; GETZ, 2001; BONARDI et al., 2006; OLIVER; HOLZINGER, 2008). Na medida em que os resultados das políticas públicas são bens públicos, a ameaça do free rider torna-se uma questão importante.

Getz (2001) e Oliver e Holzinger (2008) afirmaram que a principal contribui- ção da teoria da ação coletiva de Olson para a literatura CPA é o diagnóstico para indústrias muito concentradas. No contexto de indústrias concentradas, as grandes empresas têm maior possibilidade de serem politicamente ativas, porque a ameaça do parasitismo é menor.

2.1.3.

Teoria da Regulação Econômica

Uma análise breve das características que levam e justificam a regulação eco- nômica de determinados setores se faz pertinente para esta pesquisa, que objetiva analisar o emprego de estratégias políticas em setores regulados pelo Estado.

Como já destacado na introdução desta pesquisa, o crescimento e expansão da prática de regulação por governos, notada mais significativamente a partir da década de 1970, têm alterado fundamentalmente o relacionamento entre empresas e governos (HILLMAN; HITT, 1999; LEVI-FAUR; BACHAR, 2011).

O Estado é um potencial recurso ou aliado para qualquer indústria, por meio de seu poder para proibir, permitir ou obrigar a ação de empresas. O Estado tem

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recursos para emprestar, dar ou tomar dinheiro. Por fim, o Estado “pode, seletiva- mente, ajudar e/ou prejudicar um vasto número de indústrias” (STIGLER, 1971, p. 03, tradução nossa).

Em um dos primeiros trabalhos destinados à elaboração de estratégias políti- cas em ambientes regulados, Birnbaum (1985) definiu a regulação de um setor eco- nômico como o policiamento pelo governo das atividades de empresas daquele se- tor, no que diz respeito ao atendimento às regras prescritas, visando, por fim, o interesse público.

Mais especificamente, a teoria da regulação econômica está preocupada em quem recebe os benefícios da regulação e os encargos, que tipo de governança foi estabelecida na regulação e quais os efeitos da regulação sobre a alocação dos recursos (STIGLER, 1971).

De forma resumida, a teoria da regulação econômica visa “explicar o padrão de intervenção do governo em indústrias” (LAFFONT; TIROLE, 1991, p. 1089, tradução nossa).

Em essência, os chamados autores neoclássicos da teoria econômica defen- diam o aparato regulatório do governo em virtude das imperfeições (falhas) que acometem o livre mercado e, em especial, alguns setores da economia (LAFFONT; TIROLE, 1991; SALGADO, 2003; DASSLER, 2006). Tais imperfeições podem ser identificadas em 3 tipos: 1) Assimetria de Informação; 2) Monopólios Naturais; e 3) Externalidades (vide Figura 14).

Figura 14 - Imperfeições do mercado Fonte: Dassler (2006)

Os monopólios naturais dizem respeito a um mercado no qual somente uma

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empresa obterá as condições de operar abaixo dos custos do setor. Também, em específicos mercados como, por exemplo, o de transporte metro-ferroviário e de energia elétrica, a competição direta entre empresas levaria a contratempos tais como, por exemplo, malhas ferroviárias multiplicadas em paralelo e várias entradas de energia em residências, uma para cada fornecedor. Daí o nome “monopólio na- tural”. Ademais, pouquíssimas empresas teriam condições de financiar as ativida- des típicas de monopólios naturais (GHOSH, 2006).

Com fortes implicações na teoria da agência, (que será abordada no próximo tópico deste estudo), o problema da informação, ou assimetria da informação, versa sobre as diferenças de informações, ou a posse de informações privilegiadas, ou ausência de “informações perfeitas” que existem em um mercado, proveniente da relação entre empresa e consumidor, entre comprador e fornecedor, entre regulador e regulado e entre governo e contribuinte (HEALY; PALEPU, 2001). Valendo-se de informação imperfeita, um vendedor pode, por exemplo, oferecer um produto com defeito, sem que o comprador tenha condições (informação) para avaliar se há ou não defeito no produto.

Fremeth e Holburn (2012) compreenderam que os custos administrativos no

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