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IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS

No documento lucassoaresdossantos (páginas 33-46)

A IURD surgiu na década de 1970 circunscrita no movimento pentecostal brasileiro que já estava em sua segunda fase. A sua criação marca o início da terceira fase (onda) do movimento pentecostal no Brasil. Segundo Mariano (1999), existe uma segunda etapa no movimento pentecostal que surge entre as décadas de 50 e 60. O país passava por profundas mudanças políticas e econômicas com a consolidação da urbanização das cidades, por exemplo.

O Brasil deixava de ser um país rural para se transformar em uma nação em desenvolvimento cada vez maior e acelerado. Nesse contexto nascem igrejas que se relacionam com a sociedade com mais proximidades, deixando para trás o asceticismo da AD. As principais igrejas que surge são a igreja “O Brasil para Cristo” e a “Igreja do evangelho Quadrangular”, a igreja “Deus é amor” e, de modo especial, a “igreja de Nova Vida”, principal influenciadora das IURD. Nessas igrejas já era possível encontrar o que seria o conteúdo da pregação dos pastores da IRUD, entre eles: a cura divina e libertação de demônios. Segundo Ricardo Mariano (1995), essas igrejas desenvolveram, ao contrário da AD, códigos de conduta mais flexíveis que possibilitavam uma percepção diferente da relação que a igreja deveria manter com a sociedade e cultura brasileira.

A “igreja de nova vida” foi fundada em agosto de 1960 no bairro de Botafogo pelo missionário Walter Robert McAlister. A igreja surgiu como um desdobramento do programa transmitido por uma emissora de rádio intitulado " A voz de nova vida" e de reuniões para culto que ocorriam, principalmente, em locais de fácil acesso ao público. Robert McAlister iniciou suas atividades de pregação no Rio de Janeiro depois que conseguiu financiamento de outras igrejas. Com o passar dos meses de 1960 suas pregações começaram a atrair cada vez mais pessoas. O crescimento de frequentadores foi tão rápido que em poucos meses o local de reunião passou a ser o Maracanãzinho, dando início a “Cruzada de Nova Vida” (MARIANO, 1999).

A igreja de nova vida se destacou entre as novas igrejas pentecostais ao concentrar seus esforços de evangelização na classe média. Diferente das outras denominações que geralmente tinham membros mais pobres e templos concentrados apena sem bairros de regiões periferias, a “igrejas de nova vida” articulou uma estratégia par alcançar as “camadas” mais ricas da sociedade (MARIANO, 1999).

Segundo Freston (1996), ela servirá com uma das mais importantes bases para o surgimento das igrejas da terceira fase41 do movimento pentecostal. Os principais

líderes das igrejas da terceira onda42 do pentecostalismo anteriormente eram líderes da

“igreja de nova vida” e ao se desligarem dela fundaram a o que mais tarde seria a “Igreja Universal do Reino de Deus”.

A “igreja de nova vida” viu, assim como em algumas ADs, sofreu com divisões internas advindas de diferenças de pensamento e estilo de administração, que surgiam com a mesma intensidade que o seu crescimento. Em 1974, após divergências em relação a estratégias de pregação e de administração das igrejas, Edir Macedo, seu cunhado R.R. Soares e Roberto Augusto Lopes deixaram a ‘igreja de nova vida” para fundaram a “cruzada do caminho eterno” com a intenção de finalmente empreenderem o que acreditavam ser a melhor forma de organização de uma igreja (BASSO, 2015).

Essa nova organização religiosa para evangelização não deixou de ter os mesmos problemas que anteriormente foram encontrados na ‘igreja de nova vida”. Em 1977 Edir Macedo, Roberto Lopes e seu cunhado R. R Soares deixavam a instituição recém organizada para fundarem uma outra igreja que seguisse seus ideais de evangelização e teologia. A nova denominação foi “batizada” de Igreja Universal do Reino de Deus. O primeiro local para culto foi fundado no local no endereço de uma fábrica de móveis abandona com capacidade para reuniões que comportavam aproximadamente 1500 pessoas (BASSO, 2015).

Segundo Alves e Cássia (2008), desde os primeiros anos de sua fundação os cultos conseguiam reunir uma grande quantidade de frequentadores. Em poucos meses de criação, o espaço alugado para reuniões não conseguia comportar mais pessoas, o que levou os líderes a alugarem um local maior. As características fundamentais encontradas nas reuniões da IURD seriam o “intenso combate ao Diabo, valorização da prosperidade material mediante a contribuição financeira, ausência de legalismo em matéria comportamental” (MARIANO, 1999). Essas características colocam a IURD e

41 Freston e Marino concordam em classificar o movimento pentecostal em três etapas 42 Usamos a expressão terceira onda como equivalente a terceira fase usada anteriormente.

outras igrejas que surgem na mesma década em uma terceira etapa do movimento pentecostal. Nesse terceiro movimento, as experiências com o Espírito Santo tão próprias do movimento pentecostal de primeira e segunda fase são deixadas de lado para darem lugar à ênfase ao combate contra o diabo, a prosperidade financeira e as curas divinas.

Ainda segundo Mariano (1996, p. 124), a IURD contrariava o modelo de pentecostal já consolidado pela AD e a Congregação Cristã no Brasil:

Comparadas às denominações pentecostais precedentes, as neopentecostais apresentam poucos traços de seita (no sentido sociológico do termo), mostram-se mais flexíveis e adaptadas à sociedade de consumo. Eficientes no marketing, fazem intenso evangelismo através da mídia eletrônica. Mais liberais, abandonaram vários traços sectários de sua religião e romperam com o ascetismo contra cultural, de origem puritana, personalizado no velho estereótipo pelo qual os crentes eram reconhecidos e, muitas vezes, estigmatizados. Diminuíram, por princípio e estratégia proselitista, suas exigências éticas e comportamentais. Com isso, “nascer de novo” tornou-se menos traumático

A IURD desde o eu surgimento se deslocava das outras denominações assumindo um discurso de crítica às outras igrejas evangélicas que não seguiam as suas concepções teológicas ou faziam duras críticas ao que era pregação nos templos da IURD pelos pastores. Ao mesmo tempo, a IURD assumia uma conduta que flexibilizava os códigos de conduta para uma pessoa se tornar um membro da igreja, flexibilizada a frequência que os membros deveriam ir aos cultos e sua relação com uma perspectiva mais econômica do que era abençoado por Deus. Uma das suas características mais fundamentais é a maneira que Edir Macedo vai desenvolver a doutrina da igreja sobre a salvação.

O Discurso pregado pela a igreja pretende relacionar espiritualidade (salvação) com bens materiais. As pregações enfatizam que o fiel precisa desempenhar grandes sacrifícios, principalmente financeiros, para mostrar a Deus a sua fidelidade. Em contrapartida, Deus abençoaria o crente que consegue um maior desprendimento dos seus bens com um número ainda maior do que aquele que lhe foi ofertado. Esse é o “núcleo duro” das fundamentações das pregações que impelem os frequentadores da igreja a entregarem altas quantidades de dinheiro semanalmente em cada reunião vão. Esse tipo de conteúdo difundido pelas pregações dos pastores da IURD será enquadrado por estudiosos da teologia, ciências da religião e demais áreas como um tipo de “teologia da prosperidade”. Essa perspectiva teológica desenvolvida principalmente por Edir Macedo (mas não apenas por ele) será um dos diferencias da IURD ao

comparamos as teologias das outras denominações evangélicas no Brasil. A noção de prosperidade empregada na teologia da prosperidade significa bênçãos na vida espiritual e, principalmente, material daqueles que confiam em Deus dedicando seus bens à igreja. Os discursos e pregações sobre a prosperidade, que Deus supostamente gostaria de dar aos seus seguidores, é exemplificada por meio de pequenos testemunhos de fies que teriam recebido a tão prosperidade prometida.

Nesses testemunhos, são ressaltados o crescimento financeiro a partir do momento que o sujeito passou a confiar em Deus, confiança essa que em boa parte das vezes se traduz em doação de quantia em dinheiro. Os indivíduos que escutam essas pregações e testemunhos estão dadas as devidas proporções, circunscritos em uma sociedade capitalista que divulga, em todos os meios e formas, um discurso para o consumo de bens. Nesse contexto, os sujeitos encontram em Deus aquele que pode garantir a sua ascensão financeira. O conteúdo das pregações que enfatizam a prosperidade tem uma boa recepção em bairros pobres e também em nos templos localizados em áreas centrais das grandes e, também, pequenas cidades. O seu conteúdo pode ser resumido pela seguinte consideração feita pelo próprio Edir Macedo:

Ser cristão é ser filho de Deus e coerdeiro de Jesus; dono, por herança, de todas As coisas que existem na face da terra; proprietário de todo o Universo. Isto não é arrogância nem utopia; pelo contrário, é ocupar a posição que Deus quer que ocupemos, viver na real condição de filho de Deus, manifestando a Sua glória e exuberância. Você [...] é herdeiro de todas as coisas e na sua vida deve resplandecer a glória do seu Pai. Nada de se contentar com a desgraça ou com a pobreza. Levante-se agora mesmo e assuma a sua posição (MACEDO, 2000, p.13).

A teologia da prosperidade, como um discurso religioso com profundas relações com o consumo de bens, se propõe ser uma teologia que trate de diversas áreas da relação entre os fies e Deus; ela procura entender e atender as demandas do sujeito em seus desejos e necessidades, enfatizando prosperidade financeira e curas de todas as doenças. Para isso, ela procura sintetizar e, ao mesmo tempo, abranger a existência humana, a fim de atender as suas demandas, assentada em três elementos paradigmáticos: o espiritual, o físico e o financeiro. O tema da prosperidade financeira na IURD é, geralmente, justificado e legitimado pelo embasamento do discurso a partir de leituras de textos bíblicos; pois, para bispos e pastores, o dinheiro e os demais bens materiais, dever ser utilizados em fidelidade aos preceitos divinos pode promover o crescimento da renda e dos bens.

Na IURD, ao invés de se pregar o desestímulo à ao dinheiro ou ao acumulo de bens, como as igrejas da primeira fase do pentecostalismo enfatizavam com seus discursos de “fuga do mundo” e dos “bens matérias”, promove, exatamente o contrário: a sua utilização de bens de consumo de vários tipos. Com isso enfatiza para os seus fiéis que Deus concede a prosperidade financeira a aqueles que desempenham maior capacidade de acreditar em suas promessas. Com esse conteúdo, a pregação dos pastores da IURD consegue atingir pessoas das mais várias origens e poder econômicos. Os pobres veem contemplados na pregação as suas demandas por dinheiro, casa e outros bens que não possuem. Deus é aquele que pode ajuda-los a mudarem de situação. Do outro lado, indivíduos de classe média encontram nas promessas de maior crescimento financeiro um caminho para aumentarem suas rendas. O seu crescimento em diversas camadas da sociedade faz com que a igreja consiga um crescimento rápido de sua popularidade entre os brasileiros. Esse fenômeno foi divulgado por meio do jornal Folha de São Paulo, em 2004, que divulgou uma pesquisa do Datafolha sobre o poder e prestígio de igrejas evangélicas entre os brasileiros.

A IURD teve a maior avaliação positiva entre todas as denominações incluídas na consulta. A pesquisa comparativa foi realizada entre os anos de 1995 e 2003 e os entrevistados que atribuíam alto prestígio à igreja subiu de 29% para 46%, já os que acharam que a IURD tem muito poder passou de 39% para 49%. Um pequeno trecho da entrevista revela o sucesso que a igreja alcançou entre os brasileiros ao construir um discurso que fosse bem recebido entre pessoas de classe média e pessoas menos favorecidas economicamente:

Para o antropólogo Otávio Velho, especialista na relação entre religião e política, a Igreja colhe os frutos de ter vingado segundo os parâmetros de sua própria ideologia, que seriam em grande medida os valores da sociedade atual. ‘A Igreja Universal, nesses últimos anos, conseguiu sair do gueto de ser identificada apenas como uma Igreja dos despossuídos, dos pobres. Hoje, ela alcança um espectro socioeconômico mais amplo, alcança também a classe média. Isso lhe deu visibilidade e quase que uma dignidade maior, numa sociedade em que o respeito fica bastante associado ao sucesso’, afirma o professor titular da UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro]. ‘Essa ideologia do sucesso, da prosperidade, que é uma ideologia da própria Universal, ficou associada à presença na Igreja de empresários e à presença forte dela na mídia’, ele diz (FOLHA DE SÃO PAULO, 4 JAN. s/ano Caderno A p.4 apud BASSO, 2010, p. 73).

Na visão da IURD, muitos dos males que assolam a humanidade, ou seja, doenças, violência, depressão, solidão, fome, privações, desemprego e pobreza, e em

particular, estão associados à obra demoníaca (chamados de encosto). Os demônios atuam diretamente na vida das pessoas, através de uma “possessão ou construindo direta ou indiretamente circunstâncias que causam opressão por meio da atuação de terceiros. A falta de relação com Deus, representada por diversos tipos de maldição, pecados e o envolvimento direto com os “espíritos malignos” são os espaços que as pessoas concedem aos “demônios”, ou seja, são a forma pela qual eles entram na vida das pessoas e começam a controla-la.

A questão da oração para libertar as pessoas dos demônios e seus males será outro traço fundamental da IURD. Diferente das igrejas da primeira e segunda fase do pentecostalismo, a IURD adota um discurso que enfatiza que todos os cristãos estão envolvidos em uma guerra entre Deus e os demônios.

Para os neopentecostais, em geral, o espaço onde o homem vive é cheio de poderes divinos em luta contra os poderes diabólicos. O território está longe de ser neutro na terrível guerra entre Deus e os demônios, porque uma "guerra espiritual "está em andamento, se externalizando através de conjuntos em que os poderes, divino ou satânico, conquistam pessoas, populações e territórios. (CAMPOS, 1997, p. 111)

Nessa guerra, aqueles que ainda não seguem Jesus (principalmente frequentando cultos da IURD) estão suscetíveis ao domínio de demônios. Cria-se, assim, uma espécie de teodiceia que explica boa parte dos males dos indivíduos incluindo os demônios como as suas causas e Deus como agente de libertação. As pessoas que sofrem dos mais variados problemas passam a ser o alvo das pregações que oferecem curas a partir de orações que vão libertar os fiéis da “possessão demoníaca”. Nesse ponto, outro tipo de testemunho é utilizado para causar impacto na plateia que acompanha o culto (no templo ou, quando é transmitido por TV, em suas residências): os demônios ao serem confrontados pelas orações dos pastores ou obreiros, perdem a capacidade de domínio das pessoas e passam a atender à vontade daquele que fez a oração de libertação.

Nesse momento geralmente o “demônio” toma a consciência daquele que outrora possuía com total liberdade e inicia um breve testemunho contando sobre como atuava na vida da pessoa e quais são as estratégias para possuir os indivíduos que ainda não seguem Jesus. Se no testemunho de pessoas que conseguiram equilíbrio financeiro ou passaram a contar com maior poder aquisitivo a IURD seja mostrar aos seus fiéis o poder de Deus em relação ao dinheiro, no caso dos “testemunhos dos demônios” a estratégia é adotada para enfatizar o “poder” da igreja em relação aos demônios.

Assim como na AD, onde o crescimento de uma igreja levava os seus líderes a iniciarem um processo de expansão para outros bairros da cidade na qual o templo estava localizado, o crescimento dos cultos da IURD impulsionou, ao mesmo tempo, a sua expansão para outros bairros da cidade do Rio de Janeiro. Entretendo, rapidamente, a igreja enfrentaria os problemas que outrora as grandes igrejas pentecostais sempre enfrentaram: divisões internas apareceram para desestabilizar a estrutura da igreja. A IURD não deixou de ter os mesmos problemas que outrora foram encontrados pelos pastores e missionários em seus primeiros empreendimentos para evangelização. O grupo de amigos que deixaram a ‘Igreja de Nova Vida” com novos ideais a seguirem, enfrentou mais uma cisão em 1980 com o desligamento de um dos seus principais líderes. Em 1980 R. R. Soares, um dos pregadores com maior simpatia entre os membros da igreja e principal pregador nos cultos, motivado pela forma que Edir Macedo administrava a IURD, o então missionário decidiu deixar a IURD (após receber uma compensação financeira) para fundar a “Igreja Internacional da Graça” (MARIANO, pp.56). Em 1981 o grupo, após os desligamentos dos membros iniciais, passou a ser uma dupla de líderes encarregados de impulsionarem o crescimento da nova igreja, ampliando a expansão para o Estado de São Paulo. No mesmo ano Edir Macedo decidiu organizar a sua igreja a partir do modelo no qual os principais líderes adotariam o título de bispos. Na “Igreja de Nova Vida” foi a denominação que apresentou o modelo de organização de igreja baseado no sistema episcopal. Nesse sistema a igreja é governada por um grupo de bispos, sendo um deles eleito como bispo principal, ou primaz. O início dessa nova forma de liderança foi marcado pela dupla ordenação dos, então, amigos e líderes Edir Macedo e Roberto Lopes.

Em 1984, com objetivo de expandir o alcance da mensagem da IURD, o bispo Roberto Lopes é enviado para a capital do Estado de São Paulo para iniciar o projeto de construção de um novo templo da IURD. Nois anos depois de sua chegada à capital paulistana, Roberto Lopes vai ser o responsável pelo início dos empreendimentos políticos da IURD. Seguindo conselhos de Edir Macedo, em 1986 ele vai se candidatar ao cargo de deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro pelo PTB. Entretanto, a parceria entre Roberto e Edir não durou muito tempo após as eleições, no final de 1987 o então bispo da IURD retorna para sua igreja de origem e inicia uma série de críticas ao modelo de administração de Edir Macedo (MARIANO, 1999). Após a saída do seu principal aliado, Edir Macedo vai consolidar a sai liderança na IURD, promovendo suas ideias e concepções teológicas com mais intensidade. Rapidamente a igreja passe ter o

bispo como o seu principal referencial, avançando para um modelo de religião no qual a figura do líder tem a função de gerar unidade e representatividade entre as demais religiões e tradições.

A visão que Edir Macedo traçou para a IURD era moldada na ideia de que a igreja deveria ser administrada como uma empresa (BASSO, 2015). Para potencializar a eficiência de suas ações, o bispo traçou estratégias para que a lograsse sucesso em todos os segmentos que a igreja possuía. Suas doutrinas e estilo de reuniões foram construídos com modelos mais flexivos que aqueles encontrados nas doutrinas e práticas de culto de outras denominações para atrair pessoas que não se adaptavam aos modelos do pentecostalismo de primeira e segunda fase, mas que gostariam de frequentar uma igreja possibilitasse um contato com Deus, curas e realização pessoal. Entretanto, apenas as mudanças na doutrina e na estrutura do culto não eram suficientes para fazer com que as reuniões fossem frequentadas por um grande número de pessoas. Faltava o fator geográfico. Edir Macedo evitou as regiões rurais que no início do movimento pentecostal eram as principais regiões de atuação das ADs, distribuindo seus templos em cidades urbanizadas e nos bairros com maior fluxo de pessoas. Os cultos acontecem em diversos horários do dia e em praticamente todos os dias da semana. (O horário flexível possibilitava que todas as pessoas poderiam ter acesso ao conteúdo das pregações da igreja e se tornarem frequentadores de suas reuniões. O trabalhador poderia frequentar as reuniões em qualquer dia da semana e em um horário flexível, o que ajudou no rápido crescimento numérico da igreja. Essas características reunidas nos cultos da igreja - e nas pregações dos pastores - foram fundamentais para que a denominação conseguisse atrair rapidamente diversas pessoas para as suas reuniões.

Segundo Leonildo Campos (1997, p. 95)

Pensamos que os ritos, práticas e visão de mundo cultivados na IURD sugerem que as relações entre magia e religião são, às vezes, muito mais de continuidade e complementaridade do que de exclusão. É possível que nesta igreja, a visibilidade do mágico e a tensão entre os dois pólos ser mais perceptível porque o seu público-alvo é composto de pessoas em situações limite. Tais indivíduos experimentam intensamente as inseguranças da vida urbana, no quadro de uma economia capitalista no processo de remodelação, aliado a um caminho de desarticulação de estilos de vida causada pelo avanço

No documento lucassoaresdossantos (páginas 33-46)

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