• Nenhum resultado encontrado

IGUALDADE COMO VETOR DE NECESSIDADE SOCIAL

No documento MESTRADO EM FILOSOFIA DO DIREITO (páginas 97-99)

A igualdade é algo que sempre despertou a preocupação da sociedade e seus representantes, e não foi diferente para Rawls, como tratado inicialmente, em sua teoria da justiça, onde se busca de forma direta o equilíbrio social no intuito de tornar a vida dos indivíduos a melhor possível sem outros sejam prejudicados. Por esta razão que a igualdade é um vetor necessário para sociedade.

Ronald Dworkin trata do tema denominando-o como “igualdade liberal”, ela reflete a distribuição igualitária de recursos, atendendo assim as necessidades sociais:

“devem de algum modo figurar como parâmetros porque não podemos descrever o desafio de viver bem sem fazer algumas pressuposições sobre os recursos que devem estar disponíveis para uma boa vida. Os recursos não podem contar apenas como limitações por que não podemos fazer sentido da melhor vida possível abstraindo completamente de suas circunstâncias econômicas (...)149”.

Zygmunt Bauman, diz que “O destino dos desempregados, do exército de

reserva da mão de obra, era serem chamados de volta ao serviço ativo. O destino do refugo é o depósito de dejetos, o monte de lixo150”. Isto é, todos os pertencentes a

determinadas categorias, tanto em razão da idade, como em razão da sua profissão, dependendo do desenvolvimento tecnológico, seriam substituídos e toda esta categoria seria destinada ao que ele chama de “lixo”.

Para identificarmos a igualdade como vetor de necessidade social, é fundamental distinguirmos as pessoas e o princípio da igualdade.

149 DWORKIN, Ronald, “Foundations of Liberal Equality”. In: DARWALL, S. (ed.). Equal Freedom. Selected Tanner Lectures on

Human Values. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1995. (p. 259).

“Realmente, basta imaginar o caso das crianças em relação aos adultos para verificar a completa retidão da assertiva. Trata-se de um exemplo que bem serve à ilustração. Cada qual tem uma situação própria, peculiar, a demandar cuidados específicos, que o Direito resguarda e tutela na medida de suas necessidades. Mas, embora existam diferenças consideráveis entre os seres humanos, para fins de tratamento jurídico diferenciado não se pode chegar ao exagero de conceder um tratamento próprio para cada ser humano, tendo em vista o fato evidente de que todos se diferenciam entre si (pela cor dos olhos, estatura, peso, digital etc.). O ser humano é único em sua individualidade. Mas isso não pode ser levado ao exagero de pretender um tratamento próprio para cada pessoa, tendo em vista suas peculiaridades. A ser assim, e demandar-se-ia uma lei específica para cada ser humano. Neste caso, já nem mais se poderia falar de lei — em sentido genérico e abstrato —, pois dirigida a um único indivíduo. Por outro lado, pela leitura seca da Constituição, é-se levado a crer que determinados traços, que certas características pessoais ou situações de fato, por si sós e independentemente de outras circunstâncias, não podem, nunca, ser erigidas em critério para a desigualação. Seria, v. g., o caso da raça, do sexo, da religião. (...) Assim, a Constituição, ao estabelecer que não pode haver preconceito de sexo, cor, raça, idade, origem etc., não está, como poderia parecer à primeira vista, vedando qualquer discriminação com base nesses elementos. Os elementos ou situações constitucionalmente arrolados (sexo, cor etc.), na realidade, relacionam-se a ocorrências discriminatórias atentatórias de direitos fundamentais, muito comuns em determinadas épocas históricas, utilizadas indiscriminadamente e gratuitamente como forma de distinção e, o mais das vezes, punição. Foram situações de injustiça, que marcaram profundamente o espírito dos Homens, e que, por isso, o constituinte brasileiro pretendeu pôr a salvo os indivíduos para o futuro. Assim, a título exemplificativo, foi o caso da escravidão dos negros (distinção em função da raça), da submissão das mulheres (por força do sexo), e outros tantos casos151”.

Nessa intensificada busca do Estado, bem como da sociedade por uma coletividade mais igualitária, tal necessidade se ressalta em pontos que podemos chamar de principais, isto é, as três maiores fontes da desigualdade citadas por Norberto Bobbio, como as principais entre homens: “a raça (ou, de modo mais geral, a participação num grupo étnico ou nacional), o sexo e a classe social152”.

151 TAVARES, Andre Ramos. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2011. (p.602).

Há uma grande necessidade natural, ou seja, evolutiva intrínseca ao ser humano no tocante à igualdade. Em cada época presenciamos uma mudança sobre a visão de igualdade, no entanto, o conceito de igualdade, por meio do prisma ocidental, são igualdades limitadas ou segregadas, isto é, igualdade para determinados grupos, assim como no passado ainda existem locais que as mesmas oportunidades não são dadas igualmente aos homens e mulheres. Se analisarmos atualmente, este conceito remoto mudou, em razão de processos de revolução e mudanças filosóficas. Ao passar do tempo a visão de igualdade mudou profundamente, pois ela começou a transbordar o cálice, isto é, rompeu paradigmas, surgindo então influencias de todos os povos para que houvesse uma coerência visando suprir as necessidades da humanidade, que até então estavam clamando por mudanças e uma reformulação para que, tanto as oportunidades e os direitos, acompanhassem sua evolução.

A igualdade se tornou um vetor de necessidade social, hoje assume um papel fundamental na sociedade e de tamanha importância, capaz de mudar os rumos de determinada coletividade, com isso, a exigência que se faz é que para que haja o progresso, o Estado deverá possuir predicados de lisura, confiança e responsabilidade para que o povo entregue em suas mãos a condução de suas necessidades, sabendo que serão satisfeitas, proporcionando segurança e bem- estar.

No documento MESTRADO EM FILOSOFIA DO DIREITO (páginas 97-99)