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II — Acesso à água nos presídios: panorama nacional

No documento Sistema prisional e direitos humanos (páginas 45-48)

No Acre, há casos de total falta de água7, e no Amazonas, há estabelecimentos

prisionais improvisados, instalados em construções que não foram planejadas para abrigar a estrutura penitenciária, não contando com chuveiro nas celas, as

quais foram instaladas no porão de um antigo edifício residencial8.

3 Informação disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,ministro-da-justi- ca-diz-que-prefere-morrer-a-ir-para-a-cadeia,959839,0.htm. Acesso em 31 de outubro de 2013.

4 Relatório Mutirão Carcerário do Rio de Janeiro, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus.br/ images/programas/mutirao-carcerario/relatorios/relatorio_final_rio_de_janeiro.pdf.Aces- so em 31 de outubro de 2013.

5 Informação disponível em http://www.anadep.org.br/wtk/pagina/materia?id=6313, aces- sado em 31 de outubro de 2013.

6 Relatório Mutirão Carcerário do Rio de Janeiro, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus.br/ images/programas/mutirao-carcerario/relatorios/relatorio_final_rio_de_janeiro.pdf, pági- na 24.Acesso em 31 de outubro de 2013.

7 Relatório Mutirão Carcerário do Acre, 2010. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/ programas/mutirao-carcerario/relatorios/acre.pdf. Acesso em 31 de outubro de 2013. 8 Relatório Mutirão Carcerário do Amazonas, 2010. Disponível em http://www.cnj.jus.br/

images/programas/mutirao-carcerario/relatorios/amazonas.pdf.Acesso em 31 de outubro de 2013.

No Pará, a carceragem de uma delegacia contava com uma mangueira

para saciar a sede dos detentos e fazer às vezes de chuveiro9. Já em diversas

partes do Nordeste, devido à seca, não é incomum a frequente falta de água

nas unidades prisionais10.

O que se percebe também é que o problema não se resume à água, muitos locais não estão preparados para receber estabelecimentos penais, por exem-

plo, em Cajazeiras na Paraíba, que nem se quer tem água encanada11, e em uma

unidade prisional do Rio Grande do Norte, onde o precário fornecimento de

água afeta a cidade inteira12.

Já no Rio Grande do Sul, o relatório informou que existe fornecimento de água através da rede pública em quantidade suficiente, mas há muitos vaza-

mentos, gerando a falta de água para os detentos13. Em outra prisão do Estado,

há frequente falta de água devido ao fato de o poço artesiano ter sido dimen-

sionado para atender um número menor de presos14.

A falta de água e falta de estrutura das prisões, resulta no uso de métodos caros para o fornecimento da água, métodos estes muitas vezes ineficientes ou que promovem o desperdício de água, e não necessariamente são seguros. Em Cajazeiras, muitas vezes recorre-se a carros-pipas abastecidos no mesmo local

em que o esgoto da prisão deságua15.

Quando não há a completa falta de água, há o problema do seu racio- namento, o qual muitas vezes não é justificado e é realizado sem critério. Em alguns locais os detentos têm acesso à água durante apenas algumas horas ou, até mesmo, minutos. Essa situação se estende aos quatro cantos do Brasil,

9 Relatório Mutirão Carcerário do Pará, 2010. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/ programas/mutirao-carcerario/relatorios/para.pdf.Acesso em 31 de outubro de 2013. 10 Livro: Mutirão Carcerário, Publicação Conselho Nacional de Justiça, 2012. Disponível em

http://www.cnj.jus.br/images/pesquisas-judiciarias/Publicacoes/mutirao_carcerario.pdf. Acesso em 31 de outubro de 2013.

11 Relatório Mutirão Carcerário da Paraíba, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/ programas/mutirao-carcerario/relatorios/paraiba_final.pdf, página 26. Acesso em 31 de outubro de 2013.

12 Relatório Mutirão Carcerário do Rio Grande do Norte, 2013. Disponível em http://www.cnj. jus.br/images/programas/mutirao-carcerario/relatorios/relatorio_final_rn_2013.pdf, pági- na 290.Acesso em 31 de outubro de 2013.

13 Relatório Mutirão Carcerário do Rio Grande do Sul, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus. br/images/programas/mutirao-carcerario/relatorios/riograndedosul.pdf, página 27. Aces- so em 31 de outubro de 2013.

14 Relatório Mutirão Carcerário do Rio Grande do Sul, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus. br/images/programas/mutirao-carcerario/relatorios/riograndedosul.pdf, página 35. Aces- so em 31 de outubro de 2013.

15 Relatório Mutirão Carcerário da Paraíba, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/ programas/mutirao-carcerario/relatorios/paraiba_final.pdf, página 26. Acesso em 31 de outubro de 2013.

incluindo na mesma categoria, Estados que apresentam níveis de desenvolvi-

mento diversos, como São Paulo e Paraíba16.

Uma solução paliativa encontrada pelos presos é armazenar água em bal- des, garrafas, recipientes que provavelmente não apresentam condições salu-

bres para armazenar água17.

Em outros locais esses recipientes são até mesmo fornecidos pela admi- nistração da penitenciária aos detentos, por exemplo, em um presídio no Pa- raná, não há chuveiro no banheiro, portanto cada preso recebe um balde para

usar no ponto de água disponível no pátio do estabelecimento18.

Outro efeito da escassez de água é a criação de uma desigualdade entre os presos. Em uma prisão o Paraná, somente os chamados “presos implan- tados”, aqueles que estão no estabelecimento há mais tempo e cuidam das atividades rotineiras do local (limpeza, cozinha, lavanderia), dispõem de água

quente nos chuveiros19.

No entanto, foi em uma unidade prisional da Bahia que se constatou um efeito muito grave da falta de água aos presos: o preso é obrigado a comprar água potável para beber, e pagar preços acima dos praticados no mercado por

alimentos vendidos em cantinas no interior do presídio20. Essa situação é muito

grave, pois, inclusive foi denunciada a existência de um “banco” no interior des- ta unidade prisional, responsável por “guardar” dinheiro para os presos e pesso-

as que realizam compras em nome dos presos, mediante a cobrança de ágio21.

Em outros estabelecimentos prisionais, os internos contam com familiares

e terceiros para receber água potável, além de material para higiene e limpeza22.

16 Relatório Mutirão Carcerário da Paraíba, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus.br/ima- ges/programas/mutirao-carcerario/relatorios/paraiba_final.pdf, páginas 25 e 26.Acesso em 31 de outubro de 2013, e Relatório Mutirão Carcerário de São Paulo, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/programas/mutirao-carcerario/relatorios/relatorio_fi- nal_sao_paulo_versao_2.pdf, página 27, acessado em 31 de outubro de 2013.

17 Relatório Mutirão Carcerário do Paraná, 2010. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/ programas/mutirao-carcerario/relatorios/parana.pdf, páginas 60 e 61.Acesso em 31 de ou- tubro de 2013.

18 Relatório Mutirão Carcerário da Bahia, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/ programas/mutirao-carcerario/relatorios/relatorio_final_mutirao_carcerario_bahia.pdf, página 118.Acesso em 31 de outubro de 2013.

19 Relatório Mutirão Carcerário do Paraná, 2010. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/ programas/mutirao-carcerario/relatorios/parana.pdf, página 101 Acesso em 31 de outubro de 2013.

20 Relatório Mutirão Carcerário da Bahia, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/ programas/mutirao-carcerario/relatorios/relatorio_final_mutirao_carcerario_bahia.pdf, página 86 Acesso em 31 de outubro de 2013.

21 Relatório Mutirão Carcerário da Bahia, 2011. Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/ programas/mutirao-carcerario/relatorios/relatorio_final_mutirao_carcerario_bahia.pdf, página 88. Acesso em 31 de outubro de 2013.

22 Relatório Mutirão Carcerário do Rio Grande do Norte, 2013. Disponível em http://www.cnj. jus.br/images/programas/mutirao-carcerario/relatorios/relatorio_final_rn_2013.pdf, pági- nas 53, 72, 74, 76 e 78. Acesso em 31 de dezembro de 2013.

Tendo em vista que não se pode tolerar que o fornecimento de água potá- vel seja precário, e considerando ser esta situação fator preponderante para a precariedade da higiene e insalubridade das unidades penitenciárias, afetando diretamente a saúde dos internos, o presente parecer foi elaborado com o ob- jetivo de mapear a distribuição do fornecimento de água no sistema prisional do Rio de Janeiro.

No documento Sistema prisional e direitos humanos (páginas 45-48)