• Nenhum resultado encontrado

5.8.1 Escolha do método

O método adotado para verificar a microinfiltração neste estudo foi o teste de penetração de corantes.

Segundo Christen & Mitchell (1966), Going (1972), Kidd (1976) e Trowbridge (1987), vários métodos são utilizados para avaliar in vitro a microinfiltração

nas restaurações dentárias: estudos com radioisótopos, estudos da penetração de corantes, testes com ar comprimido, análise da ativação de neutrons, testes com penetração de bactérias, mudanças de pH, exame de microscopia eletrônica. Contudo, o método mais utilizado é a penetração de corantes, por ser um método barato, fácil e reprodutível de avaliar o selamento marginal, e por permitir uma pronta visualização de sua penetração (Going, 1972; Crim et al., 1985).

A principal desvantagem desse método, de acordo com Moraes (1999), é a forma de avaliação que, apesar de associada a um sistema numérico de escore, ainda permanece subjetiva, não permitindo, de acordo Going (1972), uma avaliação quantitativa.

5.8.2 Escolha do corante e metodologia de imersão

Foi utilizado o corante azul de metileno, vastamente empregado na literatura em estudos do tipo (Maltloff et al., 1982; Arcoria et al., 1990; Grempel et al., 1990; Cooley & Train, 1991; Vaz et al., 1992; Al-Obaidi & Salama, 1996; Rino et al., 1998; Bussadori & Muench, 1999; Dias et al., 1999; Moraes, 1999; Fritscher et al., 2000). Segundo Maltloff et al. (1982), o azul de metileno é muito solúvel em água, de fácil penetração no dente, sem, contudo, adsorver na estrutura dentária. Moraes (1999) ressaltou que este é um bom corante, de fácil aquisição, muito usado e que não tem afinidade especial com a dentina nem com o material restaurador. No entanto, existe uma variação muito grande na concentração do corante e no tempo de imersão nos trabalhos pesquisados. Segundo Cristen & Mitchell (1966), concentrações diferentes significam tempos diferentes necessários para a penetração. De acordo com Arcoria et al. (1990), a solução aquosa do azul de metileno a 0,5% permite uma boa penetração do mesmo em falhas da interface dente/CIV.

Optou-se por utilizar neste experimento a concentração de 0,5% (Arcoria et

al., 1990; Grempel et al., 1990; Rino et al., 1998; Bussadori & Muench, 1999; Dias et al., 1999; Fritscher et al., 2000) e um tempo de imersão de 4 h (Cooley & Train, 1991;

Rino et al., 1998; Bussadori & Muench, 1999; Dias et al.,1999). A concentração de 0,5% e o tempo de imersão de 4 h foram utilizados por Rino et al. (1998) em um estudo de microinfiltração com materiais ionoméricos em dentes decíduos e possibilitaram boa leitura e comparação.

Há unanimidade quanto à necessidade da manutenção do azul de metileno em pH neutro (7,2) (Grempel et al., 1990; Vaz et al., 1992; Rino et al., 1998; Bussadori

& Muench, 1999; Dias et al., 1999; Moraes, 1999), pois em pH básico o corante pode se transformar em leucometileno, que não é visível, alterando a veracidade da leitura. Sugere-se, também, que seja mantido em estufa a 37º C durante a imersão (Grempel

et al., 1990; Vaz et al., 1992; Moraes, 1999; Fritscher et al., 2000).

Matloff et al. (1982) também chamaram a atenção para a necessidade de se padronizar o volume da solução corante, pois pressões hidrostáticas diferentes poderiam afetar o nível de penetração de corante. Neste experimento, foram utilizados 30 ml de solução corante, como no estudo de Moraes (1999).

Assim, as amostras já impermeabilizadas foram agrupadas cinco a cinco e imersas em 30 ml de solução aquosa de azul de metileno a 0,5 % com pH 7,2 mantidos em estufa a 37º C, por 4 h.

Transcorridas as 4 h, os dentes foram removidos do corante, lavados em água corrente por 1 min para remover o excesso e colocados a secar de acordo com Vaz et al. (1992): por um período de 24 h, à temperatura ambiente, em recipientes tampados, para permitir a fixação do corante.

Após a secagem, a impermeabilização externa foi cuidadosamente removida com lâmina de bisturi (Moraes, 1999). As amostras foram marcadas com a mesma cor do esmalte usado para a sua impermeabilização, nas respectivas faces, de forma a identificar o grupo ao qual pertenciam.

A microinfiltração pode ser avaliada em estudos in vitro a uma temperatura constante ou com os espécimes passando por uma ciclagem térmica. A ciclagem térmica é um método utilizado para reproduzir as mudanças térmicas que ocorrem na cavidade bucal durante a ingestão de alimentos e bebidas e às quais os dentes e as restaurações estão expostos. Os espécimes são alternados em soluções quentes (+/- 60ºC) e frias (0 a 5ºC), com tempo de imersão em cada banho podendo variar de poucos segundos a algumas horas e o número de ciclos de 1 a mais 2500. Em situações clínicas normais, se o coeficiente de expansão térmica do material restaurador for muito diferente do das estruturas dentais, eles irão se contrair e se expandir de forma diferente diante das alterações térmicas, o que pode provocar uma desadaptação na margem da restauração. Assim, a utilização da ciclagem térmica é amplamente difundida na literatura quando se está estudando a microinfiltração (Bullard et al., 1988; Scherer et al., 1989; Arcoria et al., 1990; Cooley & Train, 1991; Zyskind et al., 1991; Fuks et al., 1992; Haller et al., 1993; Pachuta & Meiers, 1995; Andrade et al., 1996; Bouschlicher et al., 1996; Andrade et al., 1997; Morabito &

Defabianis, 1997; Virmani et al., 1997; Pin et al., 1998; Rino et al., 1998; Bussadori & Muench, 1999; Dias et al., 1999; Fritscher et al., 2000; Bijella et al., 2001). No entanto, seria interessante que o método fosse ajustado e padronizado em relação ao tempo de imersão, tempos de intervalo, temperaturas dos banhos e soluções de imersão, para permitir uma melhor correlação entre achados laboratoriais/desempenho clínico dos materiais. Métodos de ciclagem térmica muito severos podem exceder a variação de temperatura às quais os dentes seriam submetidos na cavidade bucal durante a alimentação normal, superdimensionando os valores de microinfiltração (Crim et al., 1985; Trowbridge, 1987; Al-Obaidi & Salama, 1996). Sabe-se que a termociclagem potencializa os valores de microinfiltração (Crim & Mattingly, 1981; Arcoria et al., 1990; Bijella et al., 2001).

Neste estudo, optou-se por avaliar a microinfiltração a uma temperatura constante, centrando as observações no processo de manipulação dos materiais, em suas propriedades de adesão ao dente decíduo, na sua contração de presa e nas suas alterações dimensionais em função da perda ou ganho de água iniciais. Sabe-se também que a microinfiltração é um processo multifatorial e dinâmico, no entanto, decidiu-se por não avaliar os eventos tardios que a influenciam neste momento, para que se possa compreender melhor os eventos inerentes ao material.

Documentos relacionados