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2 A TAXA DE JUROS E O SPREAD BANCÁRIO NO BRASIL DE

2.2 O IMPACTO DA TAXA DE JUROS PRATICADA NO BRASIL SOBRE O

No último ciclo de crescimento mundial experimentado entre 2003 e 2007,

o Brasil cresceu relativamente pouco.

Gráfico 6

O Brasil e as Economias em Desenvolvimento e Emergentes

Fonte: Dados do FMI.

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 -2 0 2 4 6 8 10

O Brasil e os Emergentes/em Desenvolvimento

De 2000 a 2009, o Brasil cresceu em média 3,17%, contra 3,45% do

mundo (FMI)

16

. É uma diferença pequena por ano, 0,38%. No acumulado, no

entanto, a diferença não é tão desprezível, 3,8%, é como se o país tivesse

perdido um ano inteiro de desenvolvimento econômico, nestes dez anos da

amostra.

Em média, o Brasil cresceu menos que o mundo de 2000 a 2009.

Notadamente, mais acentuadamente entre 2000 e 2003. O país cresceu menos

que a Irlanda e a Grécia (FMI). Também, sofreu menos com a crise que estes

dois países que estão entre os PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha em

inglês) ou GIPSY (Greece, Ireland, Portugal, Spain and italY). Contudo, o Brasil,

perdeu lugar para aqueles que também sofreram pouco com a crise: A China, a

Índia e por uma pequena diferença para a Rússia.

Gráfico 7

O Brasil e o Mundo: Crescimento Comparado

Fonte: Dados do FMI.

16

Disponível em http://www.imf.org/ .Acesso em 20/07/2012

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7

O Brasil e o Mundo

Mundo Brasil

De qualquer forma, considerando-se a boa saúde das contas públicas

brasileiras na última década, quanto será que o Brasil perdeu por ter sustentado

uma taxa de juros tão alta? Se considerarmos a taxa de crescimento econômico

média dos países emergentes e em desenvolvimento, temos uma média de

6,01% ao ano de 2000 a 2009, contra uma média nacional de 3,17% a.a. (FMI). A

diferença de crescimento ocasionada, principalmente, por uma taxa de juros

quatro vezes mais alta do que o necessário para compensar o prêmio pelo risco,

foi de 2,84%, o que em dez anos equivale a 28,4% de crescimento acumulado.

Apenas 1% a.a. em desenvolvimento econômico tem implicações muito

mais sérias do que o senso comum possa sugerir. O que dizer de uma diferença

de 2,84% a.a.?

Por mais complicado que seja fazer uma análise ex-post de crescimento

econômico, é possível vislumbrar, de maneira quase nostálgica, como teria sido

diferente para o povo brasileiro viver em uma economia com crescimento anual

de 6% a.a., maior nível de emprego, mais robustez no avanço tecnológico, os

negócios mais rentáveis, menos pessoas passando fome, menor índice de

violência.

No caso brasileiro, deve-se levar em consideração a concentração na

dimensão local do desenvolvimento. É que, 80% da população brasileira está

concentrada em cidades que necessitam de urbanização. São cidades com

vários problemas urbanos. ”(Somekh, 2010 p.20)

Segundo boletim número 13 de janeiro de 2011 da Fundação Seade:

“Região Metropolitana de São Paulo concentra a metade do PIB do Estado, e a

capital paulista responde, sozinha, por 12% do PIB brasileiro”. Ademais, outros

dez municípios paulistas estão entre os 30 mais importantes do país, em termos

econômicos.

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Há muito espaço para o crescimento e desenvolvimento. Fazem-se

necessárias, políticas macroeconômicas no sentido de resolver o problema de

infraestrutura nas diversas regiões. Segundo Somekh (2010, p.20), 50% da

população das cidades vivem em condições precárias e irregulares (favelas).

Assim, conforme explica Somekh:

A homogeneização do território brasileiro tem como contrapartida o custo social da necessidade de mais investimentos em infraestrutura. A concentração territorial brasileira explica-se não só pela necessidade de economias de escala encurtando distâncias entre produção e consumo e mão de obra, mas também pela baixa capacidade do Estado de distribuir os investimentos, em geral de empréstimos, em obras de infraestrutura por extensões maiores do território nacional”.18 (Somekh, 2010, p.20)

2.2.1 A taxa de juros e o Investimento

O investimento brasileiro não é alto comparado ao PIB.

Gráfico 8

Investimento/PIB. Dados em milhões de reais de 2010

Fonte: IPEADATA.

O investimento brasileiro tem subido, mas, é considerado baixo em relação

a outros países. Em 20 anos, nunca passou de 20%. O país poderia ter investido

muito mais se o crédito fosse mais acessível às empresas brasileiras, já que, nos

termos de Schumpeter (1982), o crédito é fundamental para o investimento. Com

18

SOMEKH, Nadia. “ A construção social da cidade” in Políticas para o desenvolvimento local org. DOWBOR, Ladislau; POCHMANN, Marcio. 2010 . Ed Fundação Perseu Abramo, SPaulo.

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00%

Investimento/PIB

FBCF/PIB

mais investimento, o país certamente teria maior crescimento, e provavelmente

mais desenvolvimento, com maior e mais rápida redução da pobreza e, talvez, da

desigualdade, porém em menor magnitude. O investimento é descrito por Keynes

como sendo a mola propulsora do desenvolvimento econômico (KEYNES, 1936).

Um dos motivos associados ao baixo investimento pode ser a carência de crédito.

Abaixo está descrita a evolução do crédito no Brasil.

2.2.2 Evolução do crédito no Brasil

Tabela 1

Operações de Crédito Totais do Sistema Financeiro . u.m.c. Em milhões

Fonte: Banco Central do Brasil. (Elaboração Própria).

O volume de crédito no Brasil vem crescendo, mas, não tem

acompanhado a dinâmica do crescimento da economia real do país.

Pires (2010, p.124) argumenta que o Sistema Financeiro brasileiro se

organiza diferentemente do Sistema Financeiro europeu e do americano. Está

Dezembro/1995 238644 Dezembro/1996 252507 Dezembro/1997 259689 Dezembro/1998 276888 Dezembro/1999 288505 Dezembro/2000 326826 Dezembro/2001 336376 Dezembro/2002 384396 Dezembro/2003 418258 Dezembro/2004 498722 Dezembro/2005 607023 Dezembro/2006 732590 Dezembro/2007 935973 Dezembro/2008 1227294 Dezembro/2009 1414304

2052 - Operações de crédito totais do sistema financeiro - u.m.c. (milhões)

concentrado em grandes corporações que não são flexíveis para adequar seus

produtos e serviços e as burocracias, inclusive garantias.

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Existe muita aversão

ao risco na concessão e difusão de créditos. Essa critica inclui também os bancos

de desenvolvimento regionais pelas suas burocracias inclusive no âmbito

ambiental.

A insuficiência crônica de crédito no Brasil, agravada pela proibitiva taxa de

juros, tem tido perversos efeitos sobre o volume de concessões de crédito, e

portanto sobre a viabilização de inovações (SCHUMPETER, 1997). Com a

inibição da inovação, a economia se desenvolve de forma mais lenta e

dependente de centros mais dinâmicos.

Ademais, o financiamento de longo prazo no Brasil, normalmente é

concentrado na mão dos bancos públicos (via BNDES).

2.3 JUSTIFICATIVA DAS ALTAS TAXAS DE JUROS PRATICADAS NO BRASIL

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