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27 LINDO, Augusto Pérez. Políticas dei conocimiento: educación superior y universidad. Buenos Aires: Biblos, 1998, p. 57.

28 LINDO, Augusto Pérez. Políticas dei conocimiento: educación superior y universidad. Buenos Aires: Biblos, 1998, p. 63-5.

f) a globalização e os processos de regionalização (Mercosul, União Européia, Nafta) dão lugar a espaços acadêmicos transnacionais que internacionalizam as instituições, convertendo-as em partes de uma rede mundial;

g) a consolidação de um novo paradigma econômico fundamentado no uso intensivo do conhecimento coloca as universidades em um lugar estratégico, mas, ao mesmo tempo, ameaça o futuro dos graduados que não possuem o perfil adequado que deveriam ter para posicionar-se no novo contexto;

h) os efeitos combinados da fragmentação cultural e da segmentação social colocam as universidades ante dilemas dramáticos: se decidem favorecer a massificação dos estudos, diminuem a competitividade dos graduados; se fortalecem a seleção acadêmica, contribuem para a reprodução da polarização social; o equilíbrio só se pode encontrar em um sistema congruente que ofereça múltiplas alternativas;

i) o desenvolvimento da inteligência artificial e das redes de informação substitui progressivamente as funções da memória e da inteligência humana, sendo possível o acesso a conhecimentos avançados para indivíduos de qualquer idade, modificando-se os tradicionais ciclos de escolaridade;

j) o nascimento de uma biotecnópolis, de onde a produção e a reprodução da vida passa a ser controlada pela ciência e a tecnologia, leva a repensar os paradigmas que fundamentam diversas disciplinas em relação às idéias sobre a natureza, a vida, a existência e as identidades humanas;

k) as dramáticas ameaças à convivência e à idéia de sociedade que surgem com os fenômenos massivos de exclusão social e desemprego, colocam a universidade frente a necessidade de pensar o tipo de sociedade e de civilização, que está contribuindo a produzir e reproduzir;

I) como conseqüência de várias mudanças já descritas, os agentes tradicionais de socialização, de produção e transmissão de conhecimentos, como o Estado, a escola, os partidos, os sindicatos, a família, têm sido

relativizados ou deslocados para outros atores, como os meios de comunicação social, os novos movimentos sociais, as multinacionais, as agências de publicidade a serviço da sociedade de consumo, os movimentos religiosos emergentes etc.

Pelo exposto, infere-se que é preciso mudar o modo de produção e de transmissão dos conhecimentos, pois estão mudando os paradigmas culturais, espistemológicos e ideológicos. Apareceram novos atores e novos contextos (como a globalização e a informatização). Portanto, é necessário repensar a missão, os objetivos e funções da universidade no marco de um novo contexto histórico. Esta

transformação é denominada por Lindo29 de “reconversão universitária”.

As dimensões da reconversão universitária são apresentadas na Figura 2.

29 LINDO, Augusto Pérez. Políticas dei conocimiento: educación superior y universidad. Buenos Aires: Biblos, 1998, p. 107.

Figura 2 - Dimensões da reconversão universitária

Fonte: LINDO, Augusto Pérez. Políticas dei conocimiento: educación superior y universidad. Buenos Aires: Biblos, 1998, p. 107.

Nota-se que no eixo vertical se consignam os novos contextos e os novos paradigmas. No eixo horizontal se encontram, de um lado, as atitudes e relações desejáveis e, de outro lado, os modelos de organização e gestão para atuar eficazmente.

Em relação aos contextos deve-se considerar todos aqueles fatores e tendências que condicionam o futuro da universidade, como por exemplo a globalização.

Na dimensão dos paradigmas, há a necessidade de elaborar políticas do conhecimento, tendo em vista a explosão da informação e as inovações permanentes.

Na dimensão das atitudes e relações, merece destaque, em primeiro lugar, algo de vital importância para as sociedades atuais: a necessidade de restabelecer a ética do serviço público, não somente nos organismos do Estado, mas também nas instituições privadas que cumprem funções educativas, culturais, sanitárias ou sociais. Em segundo lugar, haveria de se superar o individualismo institucional, que hoje faz com que os sujeitos, as faculdades e as universidades atuem de maneira dissociada, sem intercâmbios reais, nem capacidade de cooperação.

No plano da organização e gestão há que se destacar a conveniência de fortalecer o pensamento e a gestão estratégica na condução da universidade.

Romero30 vê a universidade como um centro de progresso, na medida em que ela deve “estimular a criatividade, reunindo um leque de gerações para uma reflexão inovadora e fundindo as atividades de conservação e transmissão de conhecimentos e de investigação criadora”. Esta noção determina a necessidade da simbiose da investigação e do ensino e as tarefas da universidade.

30 ROMERO, Joaquim J. B. Concepções de universidade. In: FINGER, Almeri Paulo (Org.). Universidade: organização, planejamento, gestão, Florianópolis: UFSC/NUPEAU, 1988, p. 17.

Fagundes31 ressalta que o tipo de comprometimento da universidade pode ser melhor avaliado através do desempenho das funções que ela foi incorporando ao longo do tempo e em diferentes contextos. Hoje, atribui-se à universidade, de modo geral, as funções de transmissão, de produção e de extensão do saber, com maior ênfase ora em uma ora em outra função, dependendo das circunstâncias e do contexto onde a universidade se situa. Muito embora Cunha32 visualize o ensino, a pesquisa e a extensão como indissociáveis.

O ensino, como a função mais tradicional e que se consubstancia na transmissão de conhecimentos, oscila entre a formação cultural e a formação profissional; uma privilegiando a socialização do indivíduo e outra configurando-se como meio de ascensão social. Porém, a formação cultural e a profissionalização não podem ser encaradas de forma separada e mutuamente exclusivas. Queiroz33 cita que “a profissionalização, sem a indispensável formação cultural ampla, constitui um bloqueio na aquisição e no desenvolvimento do saber”.

A pesquisa, ao mesmo tempo em que confere à universidade um dinamismo novo, reflete uma contradição. Cardoso34 afirma que “a especificidade desse lugar particular - que é a universidade é assim, a especificidade de uma contradição: lugar de produção do conhecimento (o que exige uma postura crítica e de liberdade) e lugar de reprodução de relações sociais (o que exige uma postura acrítica e de conformidade)”.

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