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3. Sustentabilidade

3.3 O impacto dos produtos que consumimos

A Moda é a causadora de um grande impacto na nossa sociedade. Em termos socioambientais, ela representa um risco muito grande em todo o seu processo. Desde a escolha do material até o descarte ou sua reutilização. Antigamente, a acessibilidade às roupas era tardia e mais lenta. Com o uso da internet, tudo se intensificou acelerando os processos de compra. A roupa desfilada chega às lojas em tempos recordes.

Em termos dos impactos do vestuário, deve-se compreender todo o ciclo de vida do produto. Isto não está associado apenas às vendas do produto e sim a toda a cadeia de processos que este produto passa até chegar ao seu estado final. Desde a extração da matéria-prima até a sua eliminação (Salcedo, 2014, p. 19). Esta compreensão deve contemplar desde as fases de produção da fibra e do tecido, o design, a confeção da peça, a logística e distribuição, uso e manutenção, até o fim da vida útil do produto.

Uma das fases de maior impacto e que deve ser mudada é a fase de uso das peças. A maneira como o consumidor final lava, seca e cuida de suas roupas influencia de forma drástica os impactos ambientais do vestuário. Estudos apontam que os hábitos de lavagem e secagem das peças durante a fase de uso causam de duas a quatro vezes mais impacto que a fase de produção (Fletcher & Grose, 2011, p.92).

A busca por melhorias está não só nas mãos do designer, mas, também na conscientização do consumidor. Segundo Salceno (2014), a fim de compreender o ciclo de vida do produto e sua importância, criaram uma forma de avaliar o ciclo de vida e sua sustentabilidade. O nome desta ferramenta é a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), este é um método muito utilizado para avaliar os impactos dos diferentes processos no decorrer do ciclo de vida do produto, do “berço ao túmulo”.

Os impactos ambientais da Indústria têxtil têm-se tornado intensos nos últimos anos, sendo que, hoje em dia, 20% da contaminação das águas no mundo está associada à Indústria têxtil. O exagero na utilização de produtos químicos no cultivo e na extração da matéria-prima, fios, tecidos e o tingimento tem potencializado a destruição de rios, nascentes e mares. Calcula-se que toda a Indústria têxtil utilize uma média de 387 bilhões de litros de água por ano (Salcedo, 2014, p. 28).

As novas iniciativas e novos estudos tem auxiliado os designers a tomarem consciência deste processo e analisá-lo como um todo. Da mesma maneira como a

impactos desta Indústria pode mudar drasticamente o futuro do planeta.

Figura 13: Poluição dos rios, documentário River Blue.

Fonte: http://www.stylourbano.com.br/.

Muitos outros dados são necessários para compreender o tamanho do problema que se encontra na Moda. Cerca de 10% de toda a emissão de dióxido de carbono é derivada da Indústria têxtil que, para produzir os tecidos, utiliza 1 trilhão de quilowatts/hora de energia. Também se deve ter atenção à extração de produtos finitos, como é o exemplo do petróleo. Conforme já citado anteriormente, mais da metade das fibras têxteis produzidas mundialmente são derivadas do petróleo. O poliéster é atualmente a matéria-prima mais utilizada na confeção de têxteis (Salcedo, 2014, p. 29).

Além de toda esta devastação a Indústria não se preocupa em utilizar o material por completo. Grande parte do lixo das fábricas são pedaços de retalhos e falhas de encaixe de peças no plano de corte e na utilização dos têxteis. Segundo Salceno (2014), o resíduo têxtil da Indústria dos Estados Unidos corresponde a 5% de todo o lixo produzido no país, sendo que 40% destes resíduos têxteis são exportados para outros países. Muitas culturas são devastadas em decorrência da importação de lixos têxteis para seus países.

Figura 14: Resíduos têxteis

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/

Existem vertentes do design que auxiliam e tentam reaproveitar os resíduos desta Indústria, desde reutilizar parte destes retalhos, até recriar novos fios. Este conceito tem auxiliado a diminuir os resíduos da Indústria. Porém, mesmo diminuindo o resíduo, a sua reciclagem exige o consumo de mais água e energia. Este processo, aparenta ser de maneira bruta algo que ajuda a Indústria, no entanto, a maneira correta seria potencializar o uso da matéria por completa de uma única vez, pois esta, irá utilizar de uma única vez a energia e, diminuirá a necessidade de novas tentativas de reaproveitamento (Fletcher & Grose, 2011).

O impacto da Indústria têxtil passa a ser também a nível social, pois comprova-se que o profissional que confecciona as roupas recebe apenas entre 1% a 2% do preço final da roupa. Além das condições lastimáveis que estes são submetidos. Entre 2006 a 2013, uma média de 1.100 profissionais da Indústria morreram devido as más condições de trabalho. Isto representa uma injustiça social e uma ofensa ao bem-estar da sociedade.

Figura 15: Desmoronamento de fábrica em Bangladesh, 2013

Fonte: http://veja.abril.com.br/mundo/bangladesh-mortos-em-desabamento-passam-de-mil/

Além destes fatores, a utilização de químicos durante o processo industrial afeta as comunidades locais e os profissionais que nela trabalham. Mais de 2,4% da área de cultivo em todo o planeta está ocupada com algodão que utiliza 16% de todo o inseticida produzido no mundo. Estes produtos são realmente maléficos ao ser humano, pois, apenas uma gota seria capaz de matar um indivíduo ao entrar em contato com a pele (Salcedo, 2014).

Os principais impactos da Moda podem ser classificados como ambientais e sociais. Ambientais que envolvem o meio em que vive-se e sociais no que se refere às pessoas que esta Indústria emprega. Em outras análises, têm-se nas mãos meios de mudar e de diminuir esse impacto (Salcedo, 2014). A cooperação de países e Indústrias junto da conscientização social seria a melhor maneira de potencializar e tentar equilibrar está matemática que há tempos vem desgastando e deteriorando a natureza.

Entre as necessidades da sociedade e a ambição das grandes empresas estão pessoas que querem apenas ter condições básicas de trabalho. Tudo devia ser equilibrado, as questões ambientais, sociais e econômicas. Em busca deste equilíbrio, tem-se o fator de Ecoeficiência do produto ou da Indústria. A Ecoeficiência será explicada no tópico a seguir.

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