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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.4. Impactos ambientais que podem ser provocados por dejetos de

O uso de dejetos de suínos no solo pode causar impactos ambientais positivos e, ou, negativos no sistema solo-planta relacionados a alterações físicas, químicas e biológicas. Segundo Choudhary et al. (1996), os dejetos de suínos aumentam as concentrações de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e sódio no solo e as concentrações de nitrogênio, fósforo e potássio nas plantas.

A capacidade poluente dos dejetos de suínos, em termos comparativos, é superior à de outras espécies animais. A demanda bioquímica de oxigênio de dejetos de suíno nas fases de gestação e lactação, com peso vivo médio de 196 kg, varia de 170 a 380 g dia-1, e a humana oscila de 45 a 75 g dia-1 (PERDOMO; LIMA, 1998; ASAE, 2005).

As principais manifestações de degradação ambiental decorrentes da atividade da suinocultura são a contaminação de águas superficiais e subterrâneas por compostos orgânicos, nutrientes e microrganismos entéricos; alterações das características físicas, químicas e biológicas dos solos; poluição atmosférica pela emissão de gases prejudiciais e a presença de insetos (OLIVEIRA et al., 1993).

Diesel et al. (2002) relataram que os principais constituintes dos dejetos de suínos que afetam as águas superficiais são matéria orgânica, nutrientes, bactérias fecais e sedimentos. Nitratos e bactérias fecais são os componentes que mais afetam a qualidade das águas subterrâneas. Estima-se que mais de 20% das enfermidades que atingem o homem, especialmente as crianças, estão direta ou indiretamente ligadas à contaminação da água (PERDOMO; LIMA, 1998).

Basso et al. (2005) e Ceretta et al. (2005) analisaram as perdas de nitrogênio e fósforo por percolação e escoamento superficial em Argissolo Vermelho Arênico distrófico recebendo aplicação de dejeto de suínos, durante dois anos. O dejeto de suínos foi aplicado nas doses de 20, 40 e 80 m3 ha-1 em parcelas de 14 m2 com declividade de 4% e cultivadas com aveia-preta, milho e nabo-forrageiro, sob plantio direto rotacionado. Basso et al. (2005) observaram que, aumentando a dose de dejeto, ocorre incremento nas concentrações de nitrato na água percolada. No entanto, não perceberam efeito expressivo da dose de dejeto sobre as concentrações de fósforo disponível na água percolada. Em geral, as perdas de nitrogênio e fósforo foram pouco expressivas em relação às quantidades adicionadas, mas as concentrações de nitrato na água percolada estiveram, algumas vezes, acima do limite tolerável à qualidade da água. Ceretta et al. (2005) verificaram que as concentrações de nitrogênio e fósforo na solução escoada da superfície do solo, bem como a predominância de amônio ou nitrato, estão diretamente relacionadas à quantidade aplicada e intervalo entre aplicações do dejeto de suínos e ao primeiro escoamento superficial. Quantificaram perdas de nitrogênio e fósforo por escoamento de até 14 e 9%, respectivamente, consideradas pequenas do ponto de vista de nutrição de plantas, mas que preocupam com a possibilidade de eutroficação dos mananciais de água.

Queiroz et al. (2004) estudaram o efeito da aplicação intensiva de dejeto de suínos nas características químicas de um solo Podzólico Vermelho- Amarelo, cultivado com quatro espécies forrageiras, durante quatro meses. O dejeto suíno foi aplicado em parcelas de 4 m2 e com 5% de declividade na taxa

média equivalente a 800 kg de demanda bioquímica de oxigênio por hectare ao dia. Concluiu-se que os nutrientes fósforo, potássio, sódio e zinco aplicados se acumularam no solo, na profundidade de 0 a 0,20 m, enquanto as concentrações de magnésio e cobre diminuíram.

Ceotto e Spallacci (2006) constataram aumento de 14, 28 e 17% na produção de matéria seca da alfafa cultivada em solo argilo-siltoso decorrente da aplicação de dejetos de suínos nas taxas de 300, 450 e 600 kg de nitrogênio por hectare ao ano. Observaram, também, aumento considerável na concentração de nitrato no solo, principalmente na camada de 0 a 0,4 m, nas três taxas de aplicação de dejetos de suíno.

Oliveira et al. (2000) avaliaram a influência de aplicações por percolação-infiltração de águas residuárias de suinocultura, com concentrações de 2.400, 7.000, 16.300 e 26.900 mg L-1 de sólidos totais, sobre a capacidade

de infiltração de um solo Podzólico Vermelho-Amarelo. Concluíram que o aumento na concentração de sólidos totais de águas residuárias de suinocultura provocou redução na capacidade de infiltração do solo.

Solos adubados com dejetos de suínos apresentaram alteração na diversidade e no nível populacional dos microrganismos. Segundo Krapac et al. (2002), as bactérias Escherichia coli, Streptococcus faecalis, Streptococcus

faecium, Bacillus, Enterobacter, Proteus mirabilis, Provendencia stuartii, Serrtia, Staphylococcus e Klebsiella pneumoniae surgem com freqüência nos dejetos

de suínos e podem contaminar o solo.

A produção de suínos acarreta, também, outro tipo de poluição que está associada à emissão de gases, que podem causar efeitos prejudiciais à saúde do homem e dos animais, além de contribuir na formação de chuvas ácidas e no aquecimento global (PERDOMO et al., 2001). Os contaminantes do ar mais comuns nos dejetos de suínos são: amônia, metano, óxido nitroso, dióxido de carbono, sulfeto de hidrogênio, ácidos graxos voláteis, etanol, propanol e outros (OLIVEIRA et al., 1993; BELLI FILHO; LISBOA, 1998; DIESEL et al., 2002). Segundo Belli Filho e Lisboa (1998), existem mais de 200 compostos responsáveis pelos maus odores nos dejetos de suínos.

Nas instalações de confinamento de suínos, a concentração de dejetos pode acarretar níveis excessivos de amônia e sulfeto de hidrogênio no ar, afetando o crescimento e a saúde dos suínos, com sintomas de perda de apetite, vômitos e diarréias (PERDOMO et al., 2001). Estudos realizados por Silva e Marques (2004) evidenciaram alterações no comportamento e na saúde de moradores da zona rural, decorrentes da emissão de odores das criações de suínos, como sensação de intranqüilidade, irritação, náusea, dor de cabeça, dor de estômago e problemas de apetite, sono e respiração.