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2. Nutrientes e seus Impactos nos Agroecossistemas

2.1 Fertilizantes

2.1.14 Impactos Decorrentes do Uso de Micronutrientes e outros

A preocupação ambiental emergente do uso cada vez mais intenso de restos agrícolas, industriais e urbanos é a quantidade de substâncias tóxicas que se incorpora ao solo. Entre estas, os metais pesados, que passam por um processo de concentração cada vez mais intenso, com seus ciclos biogeoquímicos naturais constantemente alterados pelas atividades antropo- gênicas.

Alguns resíduos industriais, por exemplo, mesmo sendo considerados como matéria prima para obtenção de micronutrientes de uso agrícola, devem ser analisados cuidadosamente, pois podem encerrar metais pesados em quanti- dades comprometedoras, tais como Cd, Cr, Ni e Pb não só para plantas mas também para animais. No caso das plantas, normalmente os efeitos contaminantes tem sido mínimos em decorrência das pequenas doses aplica- das ao solo, principalmente quando o objetivo é a adubação com micronutrientes (LIMA et al., 1991; MORTVEDT, 1991). Todavia, com a adoção de uma agricultura mais intensiva, com um número cada vez maior de insumos, alguns elementos indesejáveis têm aumentado substancialmente no solo.

Para Grossi, 1993; Berrow & Webber, 1972; Kabata-Pendias & Pendias, 1985; Purves, 1977 a existência de normas preconizando teores toleráveis de metais contaminantes em materiais orgânicos utilizáveis na atividade agrícola é baseada em estudos regionais. Nesse aspecto, a utilização desses materiais em outros ambientes, como critério para definição de limites tolerá- veis, não é totalmente confiável, pois as reações do fertilizante variam de acordo com o tipo de solo. Essa preconização de teores toleráveis de

contaminantes encontra alguns complicadores, principalmente na avaliação da poluição de um solo, curso d’água ou planta, dada a variedade de combina- ções possíveis dos fatores ambientais como chuva, temperatura, umidade, tipo de solo, microorganismos presentes, manejo da cultura, espécie e varie- dade cultivada, dentre outros.

Na parte animal, sobretudo em relação ao homem, a medicina tem procurado uma interação com as questões ambientais na busca da origem de várias patologias, por meio da chamada geomedicina. Nesse particular, a área de toxicologia humana tem obtido avanços consideráveis, conseguindo estabele- cer um sem número de sintomas orgânicos em decorrência da presença de várias substâncias tóxicas ao organismo, dentre elas muitos metais pesados. Relatos da literatura médica homeopática e da toxicologia mostram, por exemplo, que o Mn em excesso, pode provocar paralisia nos membros inferi- ores, enfermidade de Parkinson, rosto inexpressivo, semelhante a uma más- cara e constipação intestinal; o Cu e B em níveis tóxicos, causa o atrofiamento dos testículos, retardamento mental leve, retardamento no desenvolvimento psicomotor, convulsões e concentração difícil. No caso es- pecífico do B, ainda foram identificados os sintomas de terror noturno, medo de cair, sobressaltos com facilidade e debilidade nas articulações ; no caso do Sr, a ansiedade, indução à mutagênese celular, alterações na calcificação dos ossos, decorrentes de distúrbios no metabolismo do cálcio ; para o V, a diminuição dos leucócitos, depressão, tremores, irritação cutânea, além de melancolia e vertigem ; Zn em excesso foi correlacionado com vertigens constantes, infecções repetidas, alterações no crescimento, desequilíbrio emocional, além de doenças com erupção constante da pele; Pb em níveis elevados teve correlação com dores abdominais, vômitos, agressividade, anorexia com fome violenta após ter ingerido quantidade normal de comida e ainda agressividade (SOUSA, 1996).

Por outro lado, segundo Barreto, 2002, a deficiência de vários elementos também são problemáticas, como por exemplo: Silício (Si) - conhecido atual- mente como o “mineral da beleza” ou “o cosmético”, é responsável pela maciez da pele, cabelos, dentes fortes, unhas e ossos resistentes. É atribuída ao silício a longevidade. O silício desempenha papel importante no sistema ósseo, vascular, nervoso, respiratório. Está presente na constituição dos tendões, da pele e da face; é um agente mineralizador e um precioso fortificador de todos os tecidos elásticos do organismo. Os estudiosos do silício, o consideram como “O Nutriente Esquecido”, uma vez que se encontra somente em pequenas quantidades no organismo; todavia, atribui-se a ele o papel de precursor de outros elementos, pela transmutação, o que justifica

sua presença em concentrações mínimas no organismo e explica o efeito positivo observado em pessoas que sofrem de osteoporose e doenças ósseas, principalmente quando bebem águas ricas nesse nutriente (SOUSA, 1996; BARRETO, 2002).

Zinco – As principais características de deficiência de zinco no ser huma- no é o atraso no crescimento, no amadurecimento sexual e esquelético. Está presente em todos os tecidos e líquidos do organismo. É eliminado do organismo através da pele, dos rins e do intestino. Os líquidos prostáticos têm uma alta concentração do mineral. A absorção depende da concen- tração e é feita no intestino delgado. A desnutrição protéico-energética é freqüentemente acompanhada por um fornecimento reduzido de zinco (SOUSA, 1996; BARRETO, 2002).

Cobre – A deficiência de cobre induz a hipopigmentação do cabelo e pele, mal formação óssea com fragilidade esquelética e osteoporose, anormali- dades vasculares, cabelos não flexíveis. É amplamente encontrado nos tecidos, compondo proteínas, enzimas, as quais estão envolvidas em di- versos compostos essenciais tais como: as proteínas complexas de teci- dos conjuntivos do esqueleto e vasos sanguíneos, em uma variedade de compostos neuroativos envolvidos na função do sistema nervoso (SOUSA, 1996; BARRETO, 2002).

Várias substâncias quando em excesso reduzem a biodisponibilidade de cobre: cálcio/fósforo; drogas/medicações (penicilamina e tiomolibdatos); ferro; chumbo; sacarose/frutose; zinco.

Cromo – O cromo é um nutriente essencial que potencializa a ação da insulina e assim influencia o metabolismo de carboidratos, lipídeos e prote- ínas. Os países nos quais os alimentos refinados predominam na dieta são prováveis de ter uma elevada ocorrência de deficiência de cromo, devido a perdas apreciáveis do metal no processo de refinamento (SOUSA, 1996; BARRETO, 2002).

Manganês – O manganês é tanto um ativador como um constituinte de várias enzimas. A deficiência de manganês tem sido constatadas em diversas espécies animais, mas não, até então em humanos. Os sinais de deficiência de manganês incluem crescimento prejudicado, anormalidades esqueléticas, função reprodutiva alterada ou diminuída (SOUSA, 1996; BARRETO, 2002).

Selênio – A doença de Keshan é uma cardiomiopatia está sendo associada a uma deficiência de selênio em cereais básicos. A doença de Kashin-Beck é uma osteoartropatia endêmica que também foi ligada com o baixo estado do selênio. A deficiência de selênio que ocasiona essas doenças é atribuída ao solo que é deficiente ou que o selênio ficou fixado (SOUSA, 1996; BARRETO, 2002).

Molibdênio – Faz parte de várias enzimas, tem efeito sobre a produção de ácido úrico. Uma deficiência de molibdênio leva o paciente à irritabilidade, coma, taquicardia, taquipnéia e cegueira noturna. É atribuída a deficiência de molibdênio a certas formas de câncer de esôfago. É encontrado no esmalte dos dentes (SOUSA, 1996; BARRETO, 2002).

Lítio – A ação farmacológica do lítio é aproveitada no tratamento de psicose maníaco-depressiva. O sal de lítio tem sido usado mundialmente como um tratamento efetivo para episódios maníacos depressivos (SOUSA, 1996; BARRETO, 2002).

Diante do exposto, torna-se muito importante que os micronutrientes, tanto aqueles necessários para as plantas como para os animais, incluindo o ho- mem, estejam presentes nas plantas e nos alimentos, em geral, em concen- trações que não causem danos. No caso das plantas, em particular, é neces- sário que os micronutrientes sejam aplicados em doses estritamente necessá- rias, conforme as recomendações para cada caso em particular, envolvendo tipo de cultura e tipo de solo (MALAVOLTA, 1991; ROSA, 1991; LIMA et al., 1991; MALAVOLTA, 1994; SOUSA, 1996; BARRETO, 2002).

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