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GERAÇÃO, TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS DAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DO ESTADO DE

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.5 IMPACTOS DOS RESÍDUOS NO MEIO AMBIENTE E DISPOSIÇÃO FINAL

Segundo Molina (2010), no Brasil, a prática comum da maioria das ETAs, em operação, é o lançamento de seus resíduos, sem nenhum tipo de tratamento prévio, nos corpos hídricos ou terrenos próximos às estações. Essa conduta é responsável por impactos, tais como: aumento da concentração de metais, principalmente o Al e o Fe, aumento da concentração de sólidos em suspensão, alteração no ciclo de nutrientes, principalmente fósforo (P); desenvolvimento de condições anaeróbias em águas estacionárias ou de baixa velocidade, aumento da turbidez e cor, mudança na composição química, assoreamento dos corpos receptores pelo aumento de sólidos sedimentáveis, possibilidade de contaminação do lençol freático, dentre outros.

Dos Reis et al. (2007) concluíram que os resíduos dispostos nos cursos de água apresentam pouco impacto nas águas superficiais, tanto em rio com pequena vazão, quanto em um rio volumoso, e sugere que o efeito do lodo da ETA possa ser maior no sedimento e na biota. Contrapondo, Achon et al. (2013), referem que a sedimentação do lodo sobre a camada bentônica pode inibir o crescimento de várias

espécies de peixes e outros organismos aquáticos. Confirmando esta citação, Cornwell et al. (1987) encontraram peixes da espécie s. truta com concentrações de Al em torno de 0,5 mg/L. Já Porto e Ethur (2009) indicam que o limite máximo de Al em peixe não deve ultrapassar 0,2 mg/L. Segundo Mert et al. (2014), os peixes absorvem metais durante sua ingestão de alimentos, que ficam retidos em suas vísceras e tecido muscular, passando para o homem pela cadeia alimentar.

Achon et al. (2005) estudaram a sedimentação do lodo da ETA São Carlos- SP, leito do rio Monjolinho, e verificaram alterações significativas na concentração de Al e Fe na camada bentônica, depleção do oxigênio dissolvido e redução do volume útil do rio. Associados a esses pontos, os autores constataram aumento da mortandade de invertebrados de peixes.

Scalize (1997) encontrou na água de lavagem de filtro protozoário, como cistos de Entamoeba coli, larvas de Strongiloides stercoralis e Acylostomidae, além de ovos de Hymenolepis nana e Acylostomidae. Estes microrganismos são causadores de doenças de veiculação hídricas ao homem e contaminam os corpos hídricos quando são lançados de forma in natura nos mesmos.

Quando o lodo é disposto diretamente no solo, a principal preocupação é quanto à toxicidade do Al, um dos principais fatores que limita a produtividade das culturas nos solos ácidos (Taylor, 1988). Segundo Batista et al. (2013), as raízes das plantas são mais sensíveis a toxicidade do Al, devido à acumulação preferencial nas raízes, principalmente porque trata-se da área que fica em contato direto com o solo contaminado.

Machado (2003) relata que na Inglaterra existem estudos, afirmando a hipótese de que a água distribuída à população, tratada com sais de alumínio, seja um fator de risco ao desenvolvimento e ou aceleração do mal de Alzheimer, e outras doenças neurológicas. Em ambientes hídricos, o lodo pode tornar disponíveis, íons solúveis de Al, que comprometem a saúde humana. Pesquisas apontam que portadores da doença de Alzheimer apresentam elevada quantidade de Al no cérebro, corroborando com a ideia de que: níveis elevados de Al podem estar associados à doenças neurológicas, por interferir em diversos processos degenerativos neurofisiológicos (FERREIRA et al., 2008; MATTOS; GIRARD, 2013).

O potencial de toxicidade dos lodos de ETAs, quando lançados em cursos de água, depende das características físicas, químicas e biológicas do lodo e do corpo receptor. O impacto do descarte de resíduos de ETA, nos cursos de água, pode ser considerado, no mínimo, como antiestético; tendo em vista o aumento da turbidez e da cor podem modificar as características biológicas e químicas que causam no corpo receptor. Além de afetar o valor recreacional dos cursos de água. A redução da penetração de luz pode resultar numa diminuição da atividade fotossintética, já o aumento de partículas, em suspensão, possibilita o crescimento microbiológico (MACEDO, 2007). Os lançamentos de resíduos em cursos de água podem causar ainda assoreamentos e aumento das concentrações de Fe, Al e outros metais.

O primeiro problema, na hora de descarte do lodo, está no grande volume do mesmo, decorrente da elevada umidade presente. Então se faz necessário que antes de qualquer método de disposição, o mesmo passe por um tratamento de desidratação ou deságue. Segundo Brasil (2008), entre os métodos de desaguamento do lodo, que geram um efluente líquido e a massa sólida, estão: dispositivos tubulares de geotêxtil; lagoas de desidratação e leitos de secagem; leito de secagem com dispositivos tubulares de geotêxtil; filtro prensa; centrífuga; filtro a vácuo com tambor rotativo e prensa desaguadora.

Após o devido deságue dos lodos, torna-se necessário definir a melhor alternativa de destino final, cuja forma de disposição tradicional é feita em aterros sanitários. Porém, várias pesquisas vêm mostrando uso benéfico desses resíduos, considerando o gerenciamento de resíduos sólidos. A Tabela 5 mostra algumas pesquisas que vêm se consolidando para destino final dos lodos de ETAs.

Tabela 5 - Pesquisas com lodo de ETA para destino final

Pesquisa Referências

Recuperação de áreas degradadas Moreira et al. (2011) Bittencourtet al. (2012) Incorporação em materiais de construção

civil

Fadanelli e Wiecheteck (2010) Rodrigues (2012)

Takada et al. (2013)

Agricultura Padilha (2007)

Inibição da formação de sulfetos Junior (2007) Compostagem Cornwell (2006) Remoção de P de efluentes biológico Chão (2006)