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Segundo Kupfer (2002) a empresa possui duas alternativas para a diversificação dos processos. A primeira seria a criação de uma capacidade de produção totalmente nova, por meio de uma nova unidade produtiva. A segunda envolveria a aquisição ou a fusão com uma empresa já atuante no mercado. Desta maneira, os processos de F&A estão relacionados ao crescimento externo da empresa, o que pode gerar um aumento da capacidade produtiva até mesmo do setor de atuação da companhia.

Segundo Andrade e Stafford (2004), existem indícios claros onde geralmente, as empresas compradoras têm melhor desempenho, melhores índices de endividamento e condição operacional de absorver as atividades da empresa que será adquirida. Assim, o processo de F&A permite uma alocação de recursos e capacidade instalada de maneira mais eficaz.

Diversos estudos realizados caracterizam o processo de F&A em três etapas. A primeira etapa é denominada de pré-aquisição e se caracteriza por uma análise realizada por um grupo gerencial das forças e fraquezas das organizações envolvidas. Já a segunda é denominada de diligências e negociações e marcada por uma ênfase nos aspectos financeiros e econômicos. A terceira etapa se denomina de caracterização e se caracteriza pela prática dos planos para

integração física, financeira e cultural. É importante ressaltar que essa etapa é crítica e importante para o êxito de tais operações.

Sendo assim, é possível afirmar que o sucesso das operações de fusão e aquisição está intimamente relacionado com a coesão e andamento das três etapas, anteriormente mencionadas. Entretanto, a primeira etapa é decisiva, já que as análises e estratégias são elaboradas nela. Alguns aspectos precisam ser observados nas F&A, por exemplo, atentar-se para os custos de transação pode aumentar as chances dos negócios obterem sucesso, além disso, é preciso atentar-se para divergência de informações, oportunismo por parte de um lado negociador, complexidade das transações, especialidade de ativos e custos de possíveis quebras contratuais (WILLIAMSON, 1985).

Neste sentido, Paine e Power (1984) propõem algumas sugestões para auxiliar no sucesso de uma aquisição. Deve-se ter em mente a potencial habilidade da empresa compradora em contribuir para a empresa adquirida. Os produtos e o mercado desta devem ser respeitados, administrar com alto nível a adquirida, além de permitir o acesso a promoções à gerente de ambas as companhias.

Alguns autores fazem uma análise mais voltada para as dificuldades de manter a fusão, principalmente pelo lado do indivíduo. Dunbar e Schneider (1992) relatam que, existe uma rede de significados por trás das representações e divulgações da imprensa, tanto para o indivíduo interno quanto ao externo à organização.

Algumas empresas permitem que os principais executivos se transformem em acionistas, de maneira a garantir o cumprimento dos objetivos. Além disso, aspectos intangíveis como imagem, relacionamento com clientes e fornecedores, podem tornar-se vulneráveis devido ao processo de F&A, devendo assim, a empresa atentar-se também para esse aspecto, visando acabar com qualquer possibilidade da operação fracassar.

Para Wood Júnior et al. (2004), um dos fatores de sucesso pós fusão é o processo de integração. A maneira como o processo de F&A é conduzido pode gerar impactos mais ou menos positivos sobre os resultados. Do ponto de vista econômico e financeiro, diversos estudos objetivaram mensurar os impactos das F&A na rentabilidade das organizações. Para isso, alguns critérios podem ser utilizados na medição dos objetivos alcançados com a fusão ou aquisição, como o “retorno sobre os ativos” (ROA), que é a receita líquida sobre o total de ativos ou o “retorno sobre o patrimônio líquido” (ROE). Datta (1991) aponta outras importantes métricas para a avaliação econômica e financeira de uma estratégia de fusão e aquisição, tais como: “retorno sobre o investimento” (ROI), que é o retorno do investimento contabilizando-se o tempo de amortização para depois iniciar a geração de lucros; o “retorno sobre as vendas”; a utilização de ativos; a eficiência do pagamento de impostos; o preço da ação; o aumento da receita de vendas; o incremento no Fluxo de Caixa e compras de ativos sub-valorizados.

Para estudar os impactos de seis fusões bancárias na Nova Zelândia, entre os anos de 1989 e 1998, Tripe (2001) utilizou em sua metodologia um modelo não-paramétrico. Utilizou a técnica de análise envoltória de dados (DEA) e combinou informações contábeis de três formas diferentes. Na primeira forma, utilizou como insumos, as despesas com juros e as despesas não juros; como produtos a receita com juros e a receita não juros. Já na segunda utilizou como insumos, as despesas com juros e as despesas não juros; como produtos os depósitos, os empréstimos líquidos, as operações de desconto bancário e as receitas operacionais. Finalmente, na terceira etapa utilizou como insumos, as despesas com juros e as despesas não juros; como produtos os depósitos totais, os empréstimos, operações de desconto bancário e as receitas operacionais.

Na pesquisa de Al-Sharkas et al. (2008) foi empregada uma abordagem paramétrica e uma não-paramétrica analisar os impactos das fusões e aquisições sobre a eficiência de custo e a eficiência de lucro dos bancos envolvidos em

processos de F&As nos EUA. Empregando a abordagem SFA, estimaram as eficiências de custo e de lucro para uma amostra de 1.640 bancos fundidos num período de 1986 a 2000. A técnica não-paramétrica DEA, foi usada para avaliar a estrutura de produção dos bancos que participaram e dos bancos que não participaram de fusões. Os resultados mostram que a eficiência de custo dos bancos que participaram do processo de fusão (89%) foi maior, em média, que a dos que não participaram (82%). Quanto à eficiência de lucro, os primeiros obtiveram um valor de 67% contra 52% dos bancos que não participaram do processo de fusões.

De acordo com Wood Júnior et al. (2004), dentre os resultados mais concretos de um processo de F&A, o aumento do porte e do faturamento da empresa é o mais visível. Outros impactos positivos também são verificados como aumento da participação do mercado, da rentabilidade, produtividade, flexibilidade e redução de custos.

Um dos impactos das F&A pode estar ligado ao remanejamento dos ativos das empresas em um cenário expansivo onde as organizações desejam ganhos de escala e aumento de capital.

Segundo Ross e Scherer (1990) as ações das empresas que serão o alvo da F&A geralmente estão em sentido descendente entre dois anos e seis meses antes da fusão, portanto, sendo a rentabilidade negativa nesse período. Porém, poucas semanas antes do anúncio oficial da fusão, observa-se um aumento no valor das ações, o que pode ser causado por especulações ou divulgações de informações por meios informais.

Uma das motivações para um processo de F&A pode ser o intuito de auferir lucros no diz respeito às ações simplesmente pelo fato de anunciar a operação. As pessoas podem acreditar que ações voltadas para monopólios, podem aumentar o valor das empresas, o que gera manipulações principalmente especulativas.

Segundo Siffert Filho e Silva (1999), um dos impactos das F&A é sobre o controle dos acionistas. Aparece o controle compartilhado que tem principalmente como acionistas, investidores institucionais nacionais ou estrangeiros, sendo que a administração da empresa depende de um acordo entre os sócios controladores. Isso reflete sobre o desempenho da empresa, uma vez que os posicionamentos estratégicos são dependentes dos interesses comuns entre as partes contratantes.

Os acionistas das empresas podem obter ganhos consideráveis nas operações de F&A. Geralmente, a empresa envolvida no processo oferece um prêmio sobre o valor de mercado da empresa alvo, buscando garantir o sucesso da operação.

Uma medida avalia o impacto do processo de F&A sobre o preço da ação da empresa e prevê a expectativa de retorno das empresas após os ganhos relativos à operação de aquisição que tiverem sido incorporados às ações. Esta medida é conhecida com retorno anormal acumulado (SETH, 1990).

De acordo com Lubatkin e Shrieves (1986), os retornos anormais acumulados apresentam características confiáveis, uma vez que não existe possibilidade de orientação tendenciosa pelos executivos por meio de manipulação contábil. Além disso, o mercado de capitais apresenta uma avaliação objetiva e o valor da ação representa uma medida direta de valor para o acionista.

Schwert (1996) em um estudo com uma amostra de cerca de duas mil fusões nos EUA, entre os anos de 1975 e 1991, observou um prêmio de quase 25% na data de divulgação das fusões que foram bem sucedidas. No entanto caso a fusão não se concretize o ganho se perde.