• Nenhum resultado encontrado

IMPACTOS E MELHORIAS COM ACORDOS COMERCIAIS, COM ÊNFASE NOS EFEITOS PARA O

Os resultados indicam uma especialização maior em produtos primários, do lado do MERCOSUL, e em bens com um alto teor tecnológico, como máquinas e equipamentos, por parte da União Europeia. Esses efeitos podem ser verificados quando se olha a variação nas exportações de ambos os grupos econômicos. No entanto, para o Brasil existe um efeito positivo no setor de alimentos processados que não é verificado, com tanta intensidade, nos outros países do MERCOSUL, levando, inclusive, uma vantagem sobre a UE.

Os setores alimentícios que foram analisados são: óleos e gorduras vegetais, laticínios, arroz processado, açúcar, bebidas e produtos de tabaco. A seção de óleos e gorduras vegetais e animais tem uma importância estratégica para a indústria brasileira, pois nela se encontra o óleo de soja que participa do chamado complexo da soja: soja em grão, farelo de soja e óleo de soja. O segmento exportador mais importante da agropecuária brasileira é esse complexo, que em 2016 foi responsável por 35,6% do valor exportado pelo país.

Os produtos que tiveram o maior impacto na simulação foram os mesmos encontrados no estudo de 2017 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, citados na página 23 deste trabalho, que são os itens alimentícios processados. Logo, isso comprova mais uma vez o grande potencial que o Brasil tem nesse setor.

Essas mercadorias têm valor agregado e muitas delas aparecem no resultado deste trabalho, tendo um ganho expressivo de exportação com o acordo entre os blocos. Isso beneficia muito o Brasil, pois aumenta a venda externa de produtos com um grau maior de acúmulo de valor, mostrando que o mercado europeu pode ser muito positivo no requisito de diversificação da pauta brasileira. Essa cadeia industrial de alimentos tem um peso considerável na indústria de transformação, gerando muitos empregos e, como consequência, aumentando a renda da população, o que produz mais consumo e provoca melhorias no bem- estar da sociedade.

Assim, o Brasil tem grande vantagem tanto em produtos primários quanto em alimentícios processados. Como a população da União Europeia é grande, a nação sul- americana tem um vasto mercado a ser explorado na área alimentícia, que é sua principal indústria de transformação. Dessa forma, o setor de alimentos teria um grande aumento, o que significaria mais emprego e renda para a sociedade nacional, refletindo no crescimento do PIB e na melhoria do bem-estar econômico.

CONCLUSÃO

O acordo entre o MERCOSUL e a União Europeia se arrasta por quase duas décadas, em função das fortes restrições de cada lado nos setores em que são menos eficientes. No caso do bloco da América do Sul, são as seções de média-alta e alta tecnologias, enquanto para os europeus, os problemas se encontram no segmento primário e de baixa tecnologia, principalmente na área de alimentos processados.

A simulação feita para o pacto entre os grupos econômicos eliminou as tarifas de importação e de subsídios às exportações, sendo que as barreiras não tarifárias são desconsideradas nesse teste. Com isso, tentou-se diminuir as distorções provocadas pelas tarifas entre os blocos, para verificar uma melhor alocação nos recursos, buscando desenvolver indicadores como o PIB, o bem-estar econômico e as outras variáveis da economia.

O acordo comercial entre o MERCOSUL e a União Europeia é extremamente positivo para ambos, pois a simulação mostra as melhorias no PIB, no bem-estar econômico, na quantidade produzida e no aumento das exportações e importações para os dois blocos. Dessa forma, isso acontece em função da complementariedade de suas economias, uma vez que os resultados obtidos expõem uma intensificação no fluxo comercial entre os participantes dos grupos econômicos. Assim, o bloco sul-americano cresce sua atuação no comércio europeu com os produtos primários e de baixa tecnologia, enquanto a UE participa no MERCOSUL com as mercadorias de alta e média-alta tecnologias.

Além disso, os resultados apontam uma melhoria no bem-estar da sociedade brasileira. Isto ocorre por causa da especialização do Brasil nos produtos que ele tem vantagem em relação ao bloco europeu, não só em artigos primários, mas também em alimentos processados que possuem maior valor agregado, correspondendo a uma evolução na pauta de exportação nacional. Com isso, há o fortalecimento do ramo industrial de alimentos processados, o qual é importante para a economia brasileira, pois gera milhões de empregos e traz melhorias ao país, como o aumento do PIB, a melhor alocação de recursos e a qualidade de vida para a sociedade através do aumento da renda.

O acordo traz ganhos na alocação de recursos para os dois grupos econômicos, porque a eliminação de tarifas e subsídios gera incentivos aos países para se especializarem naquilo que são melhores, e isso aparece quando os resultados são analisados. Dessa maneira, a União Europeia aumenta sua importação de produtos primários e de baixa tecnologia, alocando seus

recursos em mercadorias de média-alta e alta tecnologias, como automóveis, itens manufaturados e de instrumentação. Além disso, esse bloco diminui sua produção em produtos primários e de baixa tecnologia, principalmente na área de alimentos, pois são setores protegidos com taxas e subsídios, o que implica que a sociedade europeia pode ter produtos alimentícios de melhor qualidade a preço reduzido.

O Brasil pode ter muitos benefícios com o acordo, pois tem condição de concorrer no mercado europeu com os principais produtos da sua pauta exportadora (primários e de baixa- tecnologia), especialmente os alimentícios. Além do mais, o país pode se favorecer importando produtos de alta e média-alta tecnologias a um preço mais barato, levando a sociedade brasileira a um ganho com itens manufaturados mais acessíveis e de melhor qualidade.

A nação sul-americana tem uma economia grande e poucos acordos comerciais, portanto, um compromisso com a União Europeia pode ser uma boa alternativa para contornar esta situação. No entanto, para que isso aconteça, é preciso que o país se empenhe em tentar fechar o pacto com o bloco europeu. Dessa maneira, isto seria um grande passo para uma maior integração da economia brasileira ao mercado internacional, pois firmando o acordo com um dos principais blocos econômicos do mundo, o Brasil teria acesso a um vasto mercado para suas mercadorias. Ademais, haveria um aumento da competição interna dos itens manufaturados europeus, incentivando a indústria brasileira a melhorar seus produtos. Logo, os benefícios de uma maior competição dos artigos brasileiros, tanto internamente como internacionalmente, ao longo do tempo, geram um crescimento de produtividade, o que é essencial para o desenvolvimento econômico sustentado a longo prazo.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Mansueto. Desafio da real política industrial brasileira do século XXI. Cidade: Brasília IPEA. Texto para Discussão, n. 1452, dez. 2009.

AGUIAR, Anjo; NARAYANAN, Badri; MCDOUGALL, Robert. An Overview of the GTAP 9 Data Base. Jornal de Análise Econômica Global. v. 1, n. 1, p. 181-208, jun. 2016. Disponível em: <https://jgea.org/resources/jgea/ojs/index.php /jgea/article/view/23/7>. Acesso em: 21 nov. Ano 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDUSTRIAS DE ALIMENTO. Relatório anual de

2017. Disponível em: < https://www.abia.org.br/vsn/temp/z201843relatorioABIA2017.pdf >.

Acesso em: 24 nov. 2018.

ATLAS. Dados do Produto Interno Bruto brasileiro. Disponível em: <https://atlas.media.mit.edu/pt/profile/country/bra/#Exporta%C3%A7%C3%A3>. Acesso em: 24 abr. 2018.

AZEVEDO, André Filipe Zago; FEIJÓ, Flávio Tosi. Análise Empírica do Impacto

Econômico da Alca e da Consolidação do Mercosul sobre o Brasil. Porto Alegre:

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Texto para Discussão, n. 12, 2003.

BACHA, Edmar. Integrar para crescer: o Brasil na economia mundial. In: VELLOSO, J. P. R.

Visão do Brasil: estratégia de crescimento industrial, com maior inserção internacional e

fortalecimento da competitividade. Rio de Janeiro: Fórum Nacional, 2013. p. 47-65.

BANCO MUNDIAL. Emprego e Crescimento: a agenda da produtividade. 07 mar. 2018. Disponível em: <http://documents.worldbank.org/curated/ en/203811520404312395/Emprego-e-crescimento-a-agenda-da-produtividade>. Acesso em: 17 dez. Ano 2018.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Intercâmbio Comercial

2017. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/relacoes- internacionais/documentos/intercambio-comercial-do-agronegocio-10a-

edicao/IntercambioComercial2017_web.pdf/view>. Acesso em: 6 dez. 2018.

______. Ministério da Industria, Comércio Exterior e Serviços. Dados da economia

brasileira de 2017 por intensidade tecnológica. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/comex-

vis/frame-siit>. Acesso em: 20 de dezembro de 2018.

______. ______. Dados sobre a balança comercial brasileira. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/balanca-

comercial-brasileira-mensal-2>. Acesso em: 04 jun. 2018.

______. ______. Dados da economia brasileira por fator agregado. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/balanca/ metodologia/FAT_CON.txt>. Acesso em: 29 jun. 2018.

______. Ministério das Relações Exteriores. MERCOSUL. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/integracao-regional/686-MERCOSUL>. Acesso em: 24 abr. 2018.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Como Exportar para União Europeia. 2017. Disponível em: <https://investexportbrasil.dpr.gov.br/arquivos/Publicacoes/ ComoExportar/CEXUniaoEuropeia.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2018.

______. ______. Acordos extrarregionais do MERCOSUL. 2018. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica-comercial-e-

financeira/695-acordos-extrarregionais-do-mercosul >. Acesso em: 16 jan. 2018.

CARVALHEIRO, Nelson. Observações sobre a elaboração da matriz de insumo-produto.

Revista do Programa de Estudos Pós-graduados em Economia Política da PUC-SP, v. 9,

n. 2, p. 139-157, 1998. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br /rpe/article/view/11766/8487>. Acesso em: 20 dez. 2018.

CASTILHO, Marta R. Acordo de Livre comércio com a UE: a vulnerabilidade dos produtos industrias produzidos pelo Mercosul à competição europeia. Nova Economia. Belo Horizonte, 2009. Disponível em: <>. Acesso em: 17 nov. 2018.

CAVALCANTE, Luiz Ricardo. Classificações tecnológicas: uma sistematização. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, mar. 2014, Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/5984/1/NT_n17_classificacoes.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2018.

COELHO, Allexandro Mori. et al. Impacto de entrada da Venezuela no MERCOSUL: uma simulação com modelo de equilíbrio geral computável, nov. 2006. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1963/TD153.pdf?sequence=1>. Acesso em: 20 dez. 2018.

COMISSÃO EUROPEIA. Compreender as Políticas da União Europeia: comércio. Disponível em: <https://publications.europa.eu/pt/publication-detail/-/publication/9a2c5c3e- 0d03-11e6-ba9a-01aa75ed71a1>. Acesso em: 24 abr. 2018.

FEIJÓ, Flávio Tosi; STEFFENS, Camila. Comércio internacional, alocação do trabalho e a questão da desindustrialização no Brasil: uma abordagem utilizando equilíbrio geral computável. Revista Economia Contemporânea, Cidade: Rio de janeiro, ano 2015, n 1, p. 135-161, 2015.

FOCHEZATTO, Adelar. Construção de um modelo de equilíbrio geral computável

regional: aplicação ao Rio Grande do Sul. Cidade: IPEA. Texto para Discussão n.944, Abril

de 2003.

FURTADO, A. T.; CARVALHO, R. Q. Padrões de intensidade tecnológica da indústria brasileira. São Paulo em Perspectiva. São Paulo, v. 19, n. 1, p. 70-84. jan./mar. 2005.

GLOBAL TRADE ANALYSIS PROJECT. Project GTAP. Disponível em: <https://www.gtap.agecon.purdue.edu/about/project.asp>. Acesso em: 20 nov. 2018.

GONÇALVES, R. et al. A nova economia internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

GONÇALVES, R. Competitividade internacional e integração regional: a hipótese da inserção regressiva. Revista de Economia Contemporânea, Cidade: Rio de Janeiro, ano 2001, n. 5, pg.1-19, ed. especial.

IBGE. Conceito das variáveis selecionadas da atividade industrial. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/pia/atividades/conceitos.shtm>. Acesso em: 15 dez. 2018.

______. Pesquisa Industrial Anual Empresas (PIA) 2016. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/1719/pia_2016_v35_n1_empresa_info rmativo.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2018.

KEGEL, Patrícia Luiza; AMAL, Mohamed. Perspectivas das negociações entre o MERCOSUL e a União Europeia em um contexto de paralisia do sistema multilateral e da nova geografia econômica global. Revista de Economia Política, v. 33, n. 2 (131), p. 341- 359, abr./jun. 2013.

KUME, Honório: As tarifas aduaneiras no Brasil são excessivamente elevadas. Cidade:

IPEA, ano. Disponível em:

<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/radar/180425_radar_56_cap02.pdf>. Acesso em: 04 de dez. 2018.

KUME, H.; PIANI, G.; SOUZA, C. F. B. 2003. Política brasileira de importação no

período 1987-1998: descrição e avaliação. In: CORSEUIL, C. H.; KUME, H. (Org.). A

abertura comercial brasileira nos anos 1990: impactos sobre emprego e salário. Rio de Janeiro: IPEA; Brasília: MTE, ano 2003.

KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia internacional: teoria e política. Tradução de Eliezer Martins Diniz. 8. ed. São Paulo: Person Prentice Hall, 2010. Tradução de: Internacional economics: theory & policy.

LISBOA, M. B., MENEZES-FILHO, N.; SCHOR, A. Os efeitos da liberalização comercial

sobre a produtividade: competição ou tecnologia. Cidade: Rio de Janeiro SBE, 2002.

MATO GROSSO. Secretaria da Fazenda. Tarifa Externa Comum Brasil. 30 dez. 2012. Disponível em: <https://www.sefaz.mt.gov.br/portal/download/ arquivos/Tabela_NCM.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2018.

MEGIATO, Ezequiel Insaurriaga, MASSUQUETTI, Angélica; AZEVEDO, André Filipe Zago. Impactos da Integração do Brasil com a União Europeia através de um modelo de equilíbrio geral. In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, ÁREA 7: economia Internacional Associação Nacional dos centros de Pós-graduação em Economia, n. 42, 2014. Disponível em: <https://www.anpec.org.br/encontro/2014/submissao/files_I/i7- cf0b50d1fd7fad93f98634979 d606e23.pdf>. Acesso em: 20 de novembro de 2018.

MERCOSUL. Sabia mais sobre o MERCOSUL. Disponível em: <http://www.MERCOSUL.gov.br/saiba-mais-sobre-o-MERCOSUL>. Acesso em: 24 abr. 2018.

MOREIRA, Mauricio Mesquita e SOUSA, Filipe Lage. Política comercial em 2019: retomando a abertura interrompida. Revista Brasileira de comércio Exterior, Rio de Janeiro, n. 132, p. 4-13, jul./ago./ set. 2017.

MCDOUGALL, R. A new regional household demand system for GTAP. GTAP Technical

Paper, Purdue University, n. 20, 2002. Disponível em: <>. Acesso em: 15 nov. 2018.

ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO. Technology Intensity

Definition. 07 jul. 2011. Disponível em: <https://www.oecd.org/sti/ind/48350231.pdf>.

Acesso em: 18 dez. 2018.

PEREIRA, Lia Baker Valls. Abertura comercial e produtividade. Revista Brasileira de

comércio Exterior, Rio de Janeiro, n. 134, p. 32-49, jan./ fev./mar. 2018.

PREVIDELLI, Maria de Fátima. A União Europeia e a Zona do Euro. Editora: LCTE, 2014. (Economia de Bolso).

SCHUNKE, Jaqueline Castegnaro; AZEVEDO, André Felipe Zago, Análise da Integração do Brasil- União Europeia-BRICS através de um modelo de equilíbrio geral. Revista Brasileira

de Estudos Regionais e Urbanos, v. 10, n. 1, p. 1-20, 2016.

SIDONIO, Luiza. et al. Inovação na indústria de alimentos: importância e dinâmica no complexo agroindustrial brasileiro. Biblioteca digital BNDES, 2013. Disponível em: <https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/1512/1/A%20mar37_08_Inova%C3%A7 %C3%A3o%20na%20ind%C3%BAstria%20de%20alimentos_P.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2018.

THORSTENSEN, V. (Coord.). A multiplicação dos acordos preferenciais de comércio e o isolamento do Brasil. Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, 2013. Disponível em: <http://www.iedi.org.br>. Acesso em: 23 nov. 2018.

Documentos relacionados