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4. SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO

4.5 Impactos sociais e sustentabilidade

O principal plano real de contingência para que a escassez das fontes hídricas, no Brasil, é o acionamento das usinas termelétricas e sua inserção no Sistema Integrado Nacional (SIN).

Do início da década de 1990 para os últimos anos, houve uma alteração na matriz elétrica brasileira e isso se explica, por um lado, pelo notável aumento da geração por meio de fontes renováveis não-hídricas, que, nos últimos anos, ganharam competitividade frente a fontes mais tradicionais. As usinas eólicas, apesar da intermitência de operação desses empreendimentos (a geração depende da ocorrência de ventos), tiveram um crescimento de 4.000% da potência instalada total em apenas dez anos (2007 a 2016), puxando o crescimento das renováveis. Por outro lado, as recentes condições climáticas e hidrológicas desfavoráveis têm causado a diminuição do volume de água armazenado nos reservatórios de hidrelétricas, comprometendo, assim, a capacidade de geração dessas usinas. Para continuar a suprir a demanda por eletricidade, foi necessário o acionamento de térmicas a combustíveis fósseis, o que, consequentemente, elevou a intensidade de carbono atrelada à geração de eletricidade (especialmente entre 2011 e 2014) (SEEG, 2018).

No entanto, com a ocorrência do aquecimento global, agravando as mudanças climáticas em todo o globo, como pode-se julgar confiáveis as previsões feitas pelo homem, ainda que realizadas através dos melhores métodos possíveis, se utilizando dos melhores modelos e recursos disponíveis?

Os planejamentos seguem um padrão histórico, e são realizados a partir do que foi verificado nos anos precedentes. No entanto, é questionável a utilização de um padrão, ainda que essa seja a única ferramenta disponível. Fato é que o aquecimento global tem trazido eventos cada vez mais extremos e é arriscado considerar os modelos apresentados até o presente, como base ou padrões confiáveis, a partir dos quais serão realizadas previsões de comportamento natural.

Pode-se pensar no processo de forma cíclica:

Figura 3: Ciclo causa-consequência da crise hídrica.

O Plano Decenal de Expansão de Energia 2024, por exemplo, cita que foram realizados estudos socioambientais baseados no conceito de sustentabilidade, visando a redução dos impactos ambientais e/ou sociais, tanto na escala local quanto na escala global, no que diz respeito à expansão do sistema de energia (MME, 2015).

Apesar de ser destacado o crescimento e a introdução das energias renováveis na matriz energética nacional, o paradoxo se forma quando se mantem a expansão de usinas termelétricas, ainda que o combustível dessas seja carvão.

Além da emissão de poluentes, o custo para a operação das termelétricas varia de acordo com o valor do combustível a ser utilizado, sofrendo impacto tanto da economia nacional, quanto da internacional.

O relatório Plano Nacional de Energia 2030, também cita algumas alternativas para contribuir com a redução da emissão de gases responsáveis pelas mudanças climáticas.

CRISE HÍDRICA GERAÇÃO TÉRMICA EMISSÃO DE GASES MUDANÇAS CLIMÁTICAS CICLO DAS CHUVAS

Alinham-se entre essas alternativas a queima conjunta de carvão e biomassa, a adição de biogás ao gás natural, a captura e estocagem de CO2. Na área nuclear, avanços tecnológicos

deverão contribuir para o tratamento e o manejo aceitável dos rejeitos radioativos. Na área de fontes renováveis, a contribuição da tecnologia se faz evidente no aumento da produtividade do uso da terra na produção da biomassa e na redução de custos da geração eólica (PNE, 2007).

No entanto, reforça-se ao final do mesmo parágrafo que: “A escolha das alternativas dependerá, contudo, da disponibilidade de recursos, dos preços das fontes energéticas, das definições regulatórias, das restrições institucionais e dos custos das tecnologias” (PNE, 2007). O Plano Decenal de Energia 2027 considera o carvão como fonte para novas usinas, listando duas principais dificuldades, uma ambiental e a outra financeira.

No entanto, outros modos de financiamento certamente tendem a aumentar os custos de implantação, podendo reduzir a atratividade econômica desta opção de expansão. Com isso, para o Cenário de Referência assumiu-se a premissa de que o desenvolvimento de usinas a carvão para ampliar a capacidade instalada somente seria viável após o horizonte decenal, ou seja, após 2027 (PDE 2027, 2018).

Em relação a “dificuldade ambiental”, citada anteriormente, o relatório cita a possibilidade de novas usinas a carvão, que apresentem maior eficiência energética e um maior controle sobre a emissão de poluentes.

Entretanto, considera-se a possibilidade de que novas usinas possam vir a fazer parte da expansão do sistema, dentro do horizonte decenal, na hipótese de substituição das usinas existentes por usinas mais modernas e, portanto, mais eficientes energeticamente, com menor emissão de gases de efeito estufa - GEE - e maior controle da emissão de poluentes (PDE 2027, 2018).

Ainda no Plano Nacional de Energia 2030, nota-se que a energia solar não é considerada como uma das principais alternativas para o atendimento da demanda, e não há indicativo de que essa fonte é prioritariamente considerada no plano de expansão.

É mencionado no Plano Decenal de Energia 2027 que o Brasil dispõe de grande potencial energético, considerando-se potenciais hidráulico, eólico, de biomassa e solar, que esses, por sua vez, fazem frente ao crescimento da demanda por eletricidade, de maneira segura, econômica e mantendo o respeito à legislação ambiental.

No entanto, a oferta indicativa leva em consideração a necessidade energética, o custo para implantação e operação de cada fonte e os prazos estimados para entrada em operação das usinas a serem contratadas nos leilões futuros (PDE 2027, 2018).

Assim sendo, de todos os parâmetros considerados para a expansão do setor energético e elétrico, visando suprir o crescimento da demanda no país, o fator econômico demonstra ser o significativo.

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