• Nenhum resultado encontrado

A implementação da sequência de propostas educativas ocorreu entre o dia 05 de abril e o dia 15 de junho. Esta sequência foi idealizada e planificada de forma contextualizada, de acordo com o trabalho por projeto desenvolvido pelo grupo de crianças, sobre a “Saúde Oral”. Resultou, ainda, das propostas efetuadas pela professora cooperante com o intuito de ser cumprido o Projeto e o Plano Anual de Atividades do JI.

Com o objetivo de organizar um ambiente de aprendizagem promotor da apropriação da escrita, foram tidos em consideração os pontos orientadores definidos por Mata (2008), apresentados no capítulo 1 deste estudo. Através da sequência de atividades proposta, procurou-se fomentar o desenvolvimento das conceções das crianças sem as escolarizar, recorrendo aos seus conhecimentos, ideias e motivações, o que vai ao encontro de Mata (2008) quando refere:

Um dos papéis do Jardim-de-infância na aprendizagem da linguagem escrita é o de promover um envolvimento precoce que a linguagem escrita. Isto não significa que o Jardim-de-infância assuma o papel do ensino da leitura e da escrita, mas sim que a linguagem escrita não seja ignorada e banida dos contextos pré-escolares (p. 46).

74

A linguagem escrita foi explorada de forma lúdica, através de atividades que estimularam o desenvolvimento das conceções das crianças nos seus diferentes domínios. Para uma melhor compreensão do percurso efetuado, passaremos de seguida a apresentar as atividades realizadas.

1. Leitura e Exploração de Textos e Jogos de Consciência Fonológica

A leitura e exploração de histórias, poemas e adivinhas foram atividades realizadas regularmente com as crianças. Estas experiências educativas estiveram sempre interligadas a outras atividades ou situações que se desenrolaram na sala de atividades e constituíram, sempre que se considerou pertinente, o ponto indutor para a realização de jogos de consciência fonológica, pois como afirmam Viana e Ribeiro (2014), a eficácia destes jogos é acrescida se forem desenvolvidos em contextos de leitura.

A conceção dos vários jogos foi baseada na revisão das propostas de Viana e Ribeiro (2014): “Jogo dos Tamanhos”, “Jogo das Rimas”, “Jogo da Divisão Silábica”, “Jogo da Sílaba Inicial”, Jogo de escrita “Descobrir os Nomes” e o “Jogo das Palavras”. Estes jogos permitem desenvolver diversas competências, como a consciência da palavra, a consciência silábica, nomeadamente, a identificação e produção de rimas, a segmentação silábica e a manipulação das unidades silábicas (Viana & Ribeiro, 2014). Por outro lado, a escrita das palavras utilizadas nestes jogos, conjuntamente com as crianças, permitiu explorar o conceito de letra/palavra e a identificação e o reconhecimento das letras do código alfabético.

A implementação das atividades de leitura e exploração de textos teve como objetivos a criação de ambientes de leitura que facilitassem às crianças a descoberta da funcionalidade da linguagem escrita e, deste modo, a descoberta dos sentidos e das razões para quererem aprender a ler e a escrever, pois como referem Martins e Niza (1998), estas atividades desencadeiam o desejo de ler e escrever e a aprendizagem informal de um conjunto de conhecimentos relacionados com a linguagem escrita e as suas múltiplas utilizações. “Quando ouvem ler histórias, as crianças estão a familiarizar- se com a organização da linguagem escrita e estão a aprender a prestar atenção à mensagem linguística enquanto fonte principal de significado” (Martins & Niza, 1998, p. 88).

75

Nas atividades de leitura de narrativas ocorreu sempre a exploração da capa, designadamente, o título, o autor, o ilustrador e a ilustração, e o reconto da história por parte das crianças. Também, através da capa das narrativas, as crianças identificaram as letras que formavam as palavras que compunham o título e o nome do autor e contaram o número de palavras dos mesmos. Com base na ilustração procuraram indícios para antecipar o conteúdo da história e formularam hipóteses acompanhadas por uma justificação que era debatida pelo grande grupo. O desenvolvimento das concetualizações sobre os aspetos figurativos da escrita foi assim outro objetivo pretendido.

No quadro 1 (Anexo XX) apresentam-se detalhadamente as Atividades de Leitura e Exploração de Textos e os Jogos de Consciência Fonológica realizados.

2. Registos Escritos efetuados na presença das crianças

Os registos escritos das ideias, sugestões, descobertas, aprendizagens e das hipóteses levantadas pelas crianças, por parte do adulto, foi uma prática constante realizada na presença das crianças. Estes registos foram efetuados no quadro de giz, no quadro branco, em cartolinas, em papel cenário e folhas e eram lidos no final, para que as crianças “se fossem apercebendo a pouco e pouco que a escrita fixa, regista, guarda a memória do grupo” (Neves & Martins, 1994, p. 65).

A realização destes registos tinha ainda como finalidade o estabelecimento de relações funcionais entre a escrita e a comunicação e o desenvolvimento das conceções acerca dos aspetos figurativos da escrita, designadamente, as características e convenções do universo gráfico, tais como, a distinção entre letras, números, sinais de pontuação, texto, imagem e direcionalidade da leitura/escrita, e a aquisição de termos técnicos utilizados na leitura/escrita, nomeadamente, letra, número, palavra, frase e linha.

A escrita diante das crianças contribui para que elas se vão apercebendo de que o código oral tem uma determinada representação escrita, que as palavras se alinham no espaço da folha pela ordem em que são ditas e que existe uma orientação convencional da escrita (Martins & Niza, 1998, p. 86).

No quadro 2 (Anexo XX) apresentam-se detalhadamente os Registos Escritos efetuados na presença das crianças.

76

3. Atividades relacionadas com os Instrumentos Reguladores da Vida do Grupo e das Aprendizagens:

O preenchimento do Mapa de Presenças e do Mapa do Tempo era uma prática habitual no contexto educativo, aos quais foi dado continuidade, dado que, na linha de Martins e Niza (1998), defende-se que este tipo de instrumentos é uma estratégia privilegiada no contacto contínuo e utilitário com a linguagem oral e escrita.

Numa fase mais avançada do projeto de investigação, em concordância com as necessidades e os interesses do grupo, as crianças no final de cada mês passaram a proceder à leitura e análise do Mapa de Presenças. Os dados analisados eram registados pelo adulto no quadro de giz, com a colaboração das crianças que procediam ao registo numérico dos dados. Em outros casos, realizou-se este registo numa cartolina, em que cada tópico era lido pelo adulto e preenchido pelas crianças.

A 17 de maio de 2016 introduziu-se um Mapa das Tarefas, preenchido diariamente, após as crianças cantarem o “Bom dia”. Algumas crianças, selecionadas aleatoriamente, tiravam de dentro de uma saca um cartão que continha o nome da criança à qual iria ser atribuída determinada tarefa. As crianças tentavam adivinhar qual o nome que estava escrito no cartão.

As propostas anteriormente referidas permitiram trabalhar as conceções das crianças, ao nível dos aspetos funcionais e dos aspetos figurativos. Relativamente aos aspetos funcionais, a exploração de diferentes suportes de escrita, com diferentes características e utilidades facilita a apropriação das suas funções e a integração da sua utilização (Mata, 2008). Quanto aos aspetos figurativos, as crianças trabalharam a identificação de letras, a distinção entre letras, palavras e números e a orientação da escrita.

4. Atividades de Contacto com Diversos Suportes de Escrita

Apesar de na EPE o livro de literatura ser o material privilegiado, é indispensável que a criança contacte com outros tipos de suportes, como enciclopédias, jornais, revistas, entre outros (ME, 2016; Viana & Ribeiro, 2014;). Acreditamos que a abordagem à escrita foi também alcançada mediante a criação de um ambiente rico em atividades que envolveram a utilização e exploração de diversos suportes: enciclopédias e o computador para a realização de pesquisas; revistas, jornais e folhetos publicitários para

77

a procura de imagens e letras; elaboração de convites; observação e exploração de mapas.

Estas atividades de contato com diversos suportes de escrita tinham como objetivo o desenvolvimento dos aspetos funcionais da linguagem escrita, ou seja, facilitar a identificação e apropriação das suas funções e a integração da sua utilidade. “Dispor de uma grande variedade de textos e formas de escrita é uma maneira de ir aprendendo as suas diferentes funções…” (ME, 1997, p. 70). Outro objetivo que se pretendia era o desenvolvimento dos conhecimentos figurativos da linguagem escrita: distinção entre letras, números, sinais de pontuação, texto, imagem e a identificação e o reconhecimento do nome das letras do código alfabético.

No quadro 3 (anexo XX) apresentam-se detalhadamente as Atividades de Contacto com Diversos Suportes de Escrita realizadas.

5. Atividades de Escrita com o Envolvimento da Família

As famílias das crianças foram envolvidas nas atividades de escrita através do envio de recados que solicitavam a sua contribuição com materiais de desperdício, redigidos na sala de atividades e lidos às crianças antes de serem entregues aos pais, e através de propostas de atividades de pesquisa e de escrita com a família, em que as crianças colaboravam através de técnicas de expressão plástica, que depois eram apresentadas pelas próprias na sala de atividades.

Estas atividades foram realizadas com os objetivos de proporcionar às crianças mais descobertas acerca da linguagem escrita, valorizar o escrito existente no seu meio familiar e levá-las a compreender que o ambiente que as cerca pode servir para ajudar a aprender a ler e a escrever (Martins & Niza, 1998).

No quadro 4 (anexo XX) apresentam-se detalhadamente as Atividades de Escrita com o Envolvimento da Família.

6. Atividades de Escrita Interativa e/ou Exploração e Identificação das Letras do Código Alfabético

Face ao interesse e à motivação das crianças pela descoberta e exploração da linguagem escrita, ocorreram vários momentos de escrita interativa que envolveram a criação de

78

placares com os registos das descobertas e das aprendizagens realizadas pelas crianças, placares de atividades práticas, murais sobre assuntos trabalhados com as crianças e a criação de histórias.

As experiências de exploração e identificação das letras do código alfabético foram interligadas com as atividades de escrita e ocorreram em momentos naturais, ou seja, momentos em que as crianças demostraram interesse em explorar a escrita de palavras. As atividades de escrita interativa tinham como objetivo promover a apropriação das especificidades do código escrito, nomeadamente, a diferenciação de letras e sílabas, estabelecer comparações, reconhecer palavras e frases, ou seja, o desenvolvimento dos aspetos figurativos e concetuais da linguagem escrita.

Já a criação de textos com as crianças tinha como objetivo promover o alargamento do capital lexical e linguístico das crianças, tal como a exploração dos sinais de pontuação, da justificação do seu uso, da chamada de atenção da direcionalidade da escrita, do uso da nomenclatura correta, designadamente, letra maiúscula e minúscula, algarismos, entre outros (Viana & Ribeiro, 2014).

No quadro 5 (anexo XX) apresentam-se detalhadamente as Atividades de Escrita Interativa e Exploração e Identificação das Letras do Código Alfabético realizadas.

Documentos relacionados