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CAPÍTULO II – O POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DA PSP FACE À

3. A S MODERNAS DIMENSÕES DA SEGURANÇA

3.2. O Programa Integrado de Policiamento de Proximidade

3.2.2. Implementação operacional

O PIPP consubstancia uma nova forma de relacionamento entre a Polícia e o Cidadão, apresentando-se como uma potencial alavanca na resolução, mais rápida e eficaz, dos problemas de insegurança identificados pela Comunidade. Na sua implementação operacional, o PIPP agregou todos os programas de proximidade até aí desenvolvidos pela

Intervenção Táctica

GOE

Reacção/Reposição Ordem Pública

Corpo de Intervenção

Reacção (actuação secundária)

Brigadas Investigação Criminal, Carro Patrulha, Brigadas Prevenção Criminal

Prevenção (actuação primária)

Brigadas Investigação Criminal, Carro Patrulha, Brigadas Prevenção Criminal

Policiamento de Proximidade

Patrulhamento Apeado, Carro Patrulha, Equipas de Proximidade, Programas Especiais

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PSP, transformando os elementos nele envolvidos em Agentes de Proximidade40. A estes

foi atribuído um papel de maior e mais próximo relacionamento com os cidadãos, devendo os mesmos apostar fundamentalmente na prevenção e na tentativa de resolução célere dos problemas, que a comunidade identificasse como focos de insegurança. Assim, e de acordo com os objectivos estratégicos e operacionais do PIPP, os Agentes de Proximidade passam a estar adstritos à resolução e gestão de alguns tipos de conflitos, ao reforço da relação polícia - cidadão e à detecção de situações que possam constituir problemas sociais ou possam resultar em práticas criminais.

Os Agentes de Proximidade são afectos a sectores previamente definidos41, tendo em

consideração a análise efectuada pelo Gestor Local42 à sua área de jurisdição. Desta forma

tornam-se actores privilegiados, dado conhecerem as fragilidades do meio e manterem um contacto muito próximo com o público, o que lhes permite recolher variadíssimas informações que poderão ser posteriormente instrumentos de apoio ao trabalho desenvolvido por todas as valências da PSP. Os Agentes de Proximidade dividem-se em dois grupos: Equipas de Proximidade e de Apoio à Vítima (EPAV) e EPES. Com a criação destas duas equipas, o foco da atenção policial deixa de estar afecto apenas à actuação reactiva da criminalidade, para ser ampliado à área da prevenção. Desta maneira pretende- se com a colaboração da comunidade, proceder à identificação, de forma continuada, dos problemas que mais afectam o sentimento de segurança dos cidadãos, potenciando uma resolução mais eficiente da criminalidade e incivilidades.

As EPAV englobaram todos os programas desenvolvidos pela PSP no âmbito da proximidade, à excepção da Escola Segura. Estão, assim, sob a sua alçada os anteriores programas e medidas como: o apoio a idosos; a prevenção e vigilância em áreas comerciais e residenciais; o apoio à vítima; a prevenção da violência doméstica; e a detecção de cifras negras e de potenciais problemas que possam interferir na segurança dos cidadãos.

As EPES herdaram as atribuições do Programa Escola Segura, constituindo-se como um garante da segurança nos estabelecimentos públicos de ensino e, neste âmbito, agindo

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Inicialmente foram cerca de 600 os elementos adstritos a esta acção que, implementada pela PSP, em vinte seis Subunidades, no último trimestre de 2006, pretendia desenvolver, junto da população, um trabalho diferente do prestado pelo tradicional Patrulheiro.

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Os sectores que serão sujeitos ao PIPP são definidos em função da geografia urbana, das estruturas sócio demográficas, da tipologia e incidência criminal e dos recursos disponíveis. Outras características, que se devem ter presentes nesta divisão, são as zonas problemáticas, designadas por zonas urbanas sensíveis e as zonas residenciais, comerciais, académicas, de serviços, de diversão nocturna e de lazer.

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Normalmente são os Comandantes de Esquadra os responsáveis por estabelecerem parcerias/contactos institucionais com as entidades públicas e privadas.

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como dissuasores de problemas sociais como o tráfico e consumo de estupefacientes, a

delinquência juvenil e o bullying43.

O Programa Escola Segura, que antecedeu as EPES, foi constituído na sequência de um protocolo celebrado em 1992 entre os Ministérios da Administração Interna e da Educação. Sofreu entretanto várias adaptações consequentes da monitorização periódica dos resultados do programa, até que, em 2006, e na sequência da detecção de algumas fragilidades na sua operacionalização, viu o seu regulamento reavaliado pelo Despacho n.º 25650/2006, de 19 de Dezembro.

A missão do Programa assenta, segundo este Regulamento, em “garantir a segurança, prevenindo e reduzindo a violência, comportamentos de risco e incivilidades, bem como melhorar o sentimento de segurança no meio escolar e envolvente, com a participação de

toda a comunidade”44.

Ao nível operacional, os elementos afectos a este programa devem: garantir a segurança nas áreas envolventes dos estabelecimentos de ensino (primário e secundário) e nos percursos casa-escola; promover acções de sensibilização junto da comunidade escolar em parceria com os conselhos executivos e a comunidade local; e manter um contacto regular com os órgãos de gestão das escolas de forma a conhecer, prevenir e intervir nos problemas de segurança existentes. Com estas acções, a PSP pretende prevenir os problemas de violência associados ao meio escolar, detectar comportamentos de risco e recolher informações que permitam a caracterização dos problemas de segurança inerentes à comunidade escolar. Esta monitorização dos fenómenos de violência no espaço interno e envolvente das escolas é de importância crítica na definição de estratégias de acção preventiva do PIPP e na percepção de quais as parcerias estratégicas a estabelecer para uma maior eficácia do Programa Escola Segura.

Todos estes objectivos mantêm-se activos e confluem para o objectivo agregador das EPES, que se traduz no desenvolvimento e promoção, em parceria com a comunidade, do espírito de cidadania na esfera escolar. Este objectivo é, essencialmente, estratégico já que a Escola é, em paralelo com a Família, um dos pilares da socialização do indivíduo e, por isso, um canal privilegiado para a disseminação de valores e condutas socialmente aceites.

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Termo inglês comummente aceite para descrever actos repetidos e intencionais de violência física e/ou psicológica infligidos, por um ou mais indivíduos a outro(s), regra geral mais fraco(s) física ou psicologicamente, com o intuito de o(s) excluir, ridicularizar e isolar.

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Cfr. n.º 1 do artigo 2.º do Anexo ao Despacho n.º 25650/2006 de 19 de Dezembro, que institui o Regulamento do Programa Escola Segura.

39 No âmbito das suas atribuições, é natural que as EPES lidem de perto com factores indiciadores de delinquência juvenil, como o bulliyng, as condutas de incivilidade relacionadas com a indisciplina, o desrespeito por regras instituídas, as agressões físicas e verbais a professores e colegas, os furtos e roubos. De forma a prevenir estas condutas, as EPES, em parceria com os Conselhos Executivos das escolas, promovem a realização de acções de sensibilização e de formação sobre a problemática da prevenção e da segurança em meio escolar. Estas acções destinam-se não só aos funcionários das escolas (pessoal docente e não docente) e restantes elementos da comunidade educativa (Associações de Pais), mas também à opinião pública em geral.

Para os alunos dos diferentes níveis de ensino são preparadas acções de sensibilização e de formação que focam temas como a segurança rodoviária e a prevenção de comportamentos de risco. Para além destas acções, as EPES apostam no policiamento de visibilidade junto das escolas e no contacto directo com a comunidade estudantil, através, nomeadamente, da distribuição de material temático onde, de forma lúdica e divertida, os jovens aprendem regras básicas de prevenção e protecção pessoal.

Com a implementação desta estratégia, a PSP pretende, através de uma acção pró- activa, delimitar os factores que motivam o sentimento de insegurança dos cidadãos. A sua actuação é assim, neste âmbito, eminentemente preventiva e colaborativa. Preventiva porque pretende actuar a montante das ocorrências e colaborativa porque aloca a colaboração de outras entidades (públicas e privadas) na resolução de um problema que é de todos, a criminalidade juvenil. Porque a criminalidade juvenil é uma responsabilidade partilhada e a Escola é um móbil para a sua prevenção, já, sabiamente, enunciava Pitágoras “Educai as crianças e não será necessário castigar os adultos”.

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CAPÍTULO III – A DELINQUÊNCIA JUVENIL NA PERSPECTIVA DA PSP:

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