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Implementar a Consulta de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria no

No documento Relatório de estágio (páginas 54-56)

2. Da Conceção à Prática

2.2. Objetivos Específicos aos Módulos de Estágio

2.2.4. Implementar a Consulta de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria no

A Consulta de Enfermagem é considerada uma atividade autónoma baseada em metodologia científica que permite ao enfermeiro enunciar um diagnóstico de enfermagem, executar um plano de cuidados e respetiva avaliação, bem como reformular as intervenções de enfermagem, no sentido de ajudar o indivíduo a atingir a máxima capacidade de autocuidado (PAIXÃO E VALÉRIO, 2008).

Com a implementação da mesma pretende-se obter uma visão holística, recolhendo toda a informação sensível aos cuidados proveniente da pessoa, proporcionando um diagnóstico preciso e um planeamento de cuidados de acordo com as necessidades de cada indivíduo com o intuito de obter ganhos em saúde. É um espaço onde se tenta obter o maior número de dados, mantendo a pessoa próxima do enfermeiro numa relação onde seja preservada a privacidade, onde se crie empatia, confiança, segurança e onde enfermeiro e pessoa definam, em conjunto, as estratégias para obtenção dos melhores resultados em saúde (BARCELOS, 2005).

Estas consultas têm o objetivo de auxiliar a pessoa em transição, utilizando um conjunto de competências que ao serem postas em prática permitem dar visibilidade à forma como o enfermeiro aplica o saber adquirido e o saber vivido (BARCELOS, 2005). Perante a situação de cada pessoa, o enfermeiro cumpre um papel essencial na adaptação da pessoa à sua doença. Neste contexto, do ponto de vista educacional, o enfermeiro deve adaptar o modelo de aprendizagem que mais se adapta ao doente, respeitando as necessidades e expectativas do mesmo em relação ao tratamento (MEDALHAS, 2005).

Deste modo, na Consulta de Enfermagem é indispensável propiciar momentos para que a pessoa verbalize os seus receios e problemas, procurando saber como a pessoa está a encarar a situação de doença, de forma a encontrar mecanismos de apoio e outros recursos que ajudem o indivíduo e a família a ultrapassar o momento delicado (MEDALHAS, 2005). Este é inequivocamente um grande desafio, que atribui à pessoa um papel ativo na estimulação das suas aptidões de forma a ultrapassar saudavelmente o seu processo de transição.

No contexto da temática da Reabilitação Psicossocial é de realçar que a Consulta de Enfermagem na vertente comunitária, como é o caso do GIS, é

concretizada de modo a facilitar a integração plena na sociedade humana das pessoas com doença mental mas que se encontram num processo de Reabilitação Psicossocial. Como já referido, o objetivo da nova política de saúde mental é cada vez mais proporcionar meios e recursos através de serviços comunitários às pessoas com experiência de doença mental.

De acordo com a bibliografia consultada e com a observação da prática clínica tornou-se essencial e imprescindível a elaboração e implementação da consulta de enfermagem especializada em saúde mental e psiquiatria. Esta consulta de enfermagem tem como objetivo primordial “Prestar cuidados de enfermagem especializada em saúde mental e psiquiatria aos utilizadores da USO” e como objetivos específicos: Identificar necessidades e diagnósticos de enfermagem dos utilizadores da USO; Planear intervenções adequadas a cada utilizador; Colaborar na construção do Plano Individual de Intervenção; Desenvolver competências a nível da AIVD - Medicação; Desenvolver competências nível da AVD - higiene; Desenvolver hábitos e rotinas saudáveis; Implementar intervenções psicoeducativas no âmbito do reconhecimento precoce de situação de crise; e Realizar Psicoeducação a utilizadores e familiares/cuidadores.

A população alvo de intervenção são os utilizadores da USO com uma periodicidade semanal, nas instalações do GIS e com a duração de 40 minutos por consulta de enfermagem. A divulgação da consulta de enfermagem passa por transmissão de informação verbal aos diferentes terapeutas de referência e através da elaboração do panfleto que contém os objetivos e as intervenções fundamentais. O utilizador USO é referenciado para a consulta de enfermagem através do seu terapeuta de referência, após realização da ficha de triagem do GIS. Posteriormente realiza-se a avaliação inicial de enfermagem que possibilitará a delineação de objetivos, elaboração do plano individual de intervenção, planeamento das intervenções, execução das mesmas e respetiva avaliação.

A consulta de Enfermagem foi inicialmente delineada e constituída por três programas de intervenções, nomeadamente AIVD – Gestão do Regime Terapêutico, AVD – Higiene e Educação para a Saúde. No Anexo VII encontra-se descrito todo o procedimento da consulta de enfermagem e os programas integrantes da mesma.

A definição do programa de treino intitulado “Atividade de Vida Diária – Higiene", surge devido à carência de intervenção especializada de enfermagem

em saúde mental e psiquiátrica nesta temática. Este programa apresenta como objetivo principal: Melhorar a autonomia do autocuidado higiene, tem a duração de 3 meses, com sessões individuais trissemanais e com a duração de aproximadamente 40 minutos por sessão, sendo da responsabilidade da equipa de enfermagem que integra o GIS a sessão 1 e 36 e as restantes pelas Ajudantes de Ocupação. Este programa encontra-se dividido em 3 fases fundamentais: a primeira fase corresponde a uma avaliação inicial, a segunda fase equivale ao treino do autocuidado higiene e na terceira fase será realizada a avaliação final de toda a intervenção.

O programa de treino “Atividade Instrumental de Vida Diária – Medicação" apresenta como objetivo principal: Melhorar a autonomia da gestão do regime terapêutico. Este programa de treino tem a duração de 6 meses, com sessões individuais de periocidade quinzenal, com a duração de aproximadamente 40 minutos por sessão, sendo da total responsabilidade da equipa de enfermagem que integra o GIS. O programa encontra-se dividido em 3 fases fundamentais: a primeira fase corresponde a uma avaliação inicial, a segunda fase equivale ao treino da gestão do regime terapêutico e na terceira fase é realizada a avaliação final de toda a intervenção.

Para implementar o programa de Educação para a Saúde (EPS) utiliza-se o programa denominado “Viver em Equilíbrio” (criado pelo Laboratório Norte Americano Lilly). Este programa foi desenhado com o objetivo de ajudar as pessoas a adquirirem hábitos de vida saudável, sendo este o principal objetivo desta intervenção. A EPS para pessoas portadoras de doença mental é fulcral visto que as mesmas têm tendência a apresentar um aumento do peso significativo inerente de más práticas alimentares e de um estilo de vida sedentário. Este programa será desenvolvido na modalidade de sessões em grupo (no máximo 15 utilizadores) realizadas quinzenalmente à quarta-feira de manhã entre as 9h30 e as 11h30.

2.2.5. Prestar cuidados de enfermagem individualizados aos utentes do

No documento Relatório de estágio (páginas 54-56)