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5 – IMPLICAÇÕES DAS BARREIRAS AO COMÉRCIO NAS ECONOMIAS DOS PAÍSES

5.1 – Na Promoção da Concorrência

Está cientificamente provado que o livre comércio conduz ao emprego mais eficiente dos recursos mundiais e que quando as nações se especializam de acordo com o princípio da vantagem comparativa, o nível da produção mundial é maximizado (vd. Adam Smith e David Ricardo).

O livre comércio, para além de promover o bem-estar da economia mundial, também beneficia individualmente as nações que participam deste comércio que podem consumir quantidades superiores de bens que ultrapasse as suas limitações em termos de capacidade produtiva. Apesar destes argumentos que enaltecem os benefícios do livre-comércio, estas

45 políticas encontram obstáculos por pate de empresas e trabalhadores que se deparam com perdas de receitas e empregos, por causa da concorrência das importações.

Porém, estudos bem fundamentados (vd. Samuelson e Nordhaus, 2006, pp. 302 a 306), indicam que o custo total das restrições ao comércio pode afetar a distribuição dos rendimentos numa sociedade, devendo constituir uma preocupação para os governos e verificar se os custos assumidos com a da proteção, em termos de bem-estar, são repartidos por todos os habitantes de um país.

Como exemplo, produtos básicos como vestuário e bens alimentares sujeitos a tarifas são considerados, numa economia, como aqueles que constituem grande parte do orçamento das famílias, nesse caso as tarifas aparecem como um imposto adicional que, na sua ausência, faria com que esses bens fossem adquiridos pelas famílias a preços mais baixos. As tarifas de importação têm repercussões internacionais que conduzem à redução das exportações domésticas e causam uma diminuição da quantidade de importações, o que, por sua vez, diminui as receitas de exportação e a capacidade para importar de outras nações (Carbaugh, 2004).

5.2 – No Incremento das Trocas Comerciais e do Livre Comércio

A imposição de tarifas e outros tipos de regulamentos ao comércio encarece o produto no país importador. Os mercados protegidos não somente fragmentam a produção internacional como também reduzem a concorrência e aumentam os lucros, levando muitas firmas a entrarem na indústria protegida. Com a proliferação destas firmas em mercado protegido restrito, a escala de produção de cada uma torna-se ineficiente.

O exemplo emblemático desta situação ocorreu na União Europeia com a criação do mercado europeu unificado, cujas medidas que incorporou foram conhecidas como 1992 em virtude destas medidas terem sido adotadas em 1987 e entrarem em vigor apenas 5 anos depois, ou seja, em 1992. O facto incomum sobre a denominada 1992 era que a Comunidade Europeia era já uma união aduaneira, isto é sem tarifas de importação no comércio intraeuropeu, contudo havia ainda barreiras substanciais ao comércio internacional dentro da Europa. Algumas destas barreiras envolviam custos de travessia nas fronteiras entre países, decorrentes das formalidades legais que os camiões carregados com bens alimentares e outros estavam sujeitos, o que dava lugar a longas esperas que tinham um custo em termos de tempo e combustível significativo. Custos semelhantes a esses eram também suportados por turistas europeus que viajavam de uma cidade para outra dentro da comunidade e que tinham de esperar nos aeroportos de destino por mais uma hora para cumprimento de formalidade

46 migratórias e desembaraço aduaneiro dos seus pertences. Esta diferença de regulamentação entre os países teve um efeito de limitar a integração dos mercados na Europa. Outra diferença em termos regulamentares entre os países europeus prendeu-se com regulamentos sanitários sobre alimentos que não permitia a sua livre circulação entre os países.

A principal tarefa destas medidas conhecidas como 1992, foi a de alcançar um acordo sobre padrões comuns de âmbito comunitário de modo que um bem produzido em qualquer país da comunidade fosse aceite noutro país membro desde que obedecesse a requisitos técnicos impostos pela comunidade, só assim foi possível uma União Europeia com fronteiras realmente abertas entre os países (Krugman e Obstfeld, 2003).

5.3 – No Bem-estar das Nações

Desde a época de Adam Smith, que os economistas têm defendido o livre comércio como um ideal pelo qual a política comercial deveria lutar. Os motivos desse ponto de vista não são tão simples quanto a ideia em si. Os modelos teóricos sugerem que o livre comércio evita as perdas de eficiência associada a proteção, trazendo benefícios para a economia, para além da eliminação das distorções de produção e consumo em prol do bem-estar nacional (Krugman e Obstfeld, 2003).

Outro argumento a favor do livre comércio é que, ao incentivar os empresários a procurar novos caminhos para exportar ou concorrer com as importações, ele oferece mais oportunidades para a aprendizagem e a inovação, do que um sistema de comércio administrado no qual o governo dita, em grande medida, o padrão das importações e exportações. Outro ganho com o livre comércio são as economias de escala, países menos desenvolvidos descobriram oportunidades de exportação inesperados quando trocaram o sistema de quotas e tarifas por políticas comerciais abertas.

Segundo refere Krugman e Obstfeld (2003), em 1985, os economistas do Canadá, Richard Harris e David Cox, tentaram quantificar os ganhos que o seu país poderia obter pelo livre comércio com os Estados Unidos, considerando a vantagem que uma escala mais eficiente de produção representaria para o país, tendo estimado que com o livre comércio o rendimento real do Canadá aumentaria 8,6 por cento, um aumento considerado cerca de três vezes maior que o normalmente estimado por economistas que não levam em conta ao ganhos das economias de escala.

Para analisar o efeito das políticas comerciais sobre o bem-estar nacional, segundo Carbaugh (2004), é útil distinguir os efeitos sobre os consumidores daqueles produtos. Para cada grupo

47 torna-se necessário um parâmetro de bem-estar; esses parâmetros são conhecidos como excedente do consumidor e excedente do produtor.

Concluindo, de tudo quanto foi dito, sobre o efeito das barreiras ao comércio pode-se dizer que as economias com mercados abertos a concorrência, desenvolvem-se mais rapidamente em virtude desta abertura promover a concorrência entre os atores económicos, que são motivados a inovar e a melhorar os seus métodos de produção, tornando-os mais eficientes com o objectivo de produzir a custos baixos e competitivos.

A abertura ao comércio internacional promove a descoberta de outros mercados para onde se pode importar a preços mais baixos ou mercados externos para exportar o excedente de produção por formas a maximizar lucros, que de outro modo, estes excedentes vendidos no país de produção os lucros seriam baixos senão mesmo nulos. Portanto, o livre comércio não só promove o bem-estar das nações como também torna as empresas mais eficientes e competitivas (Carbaugh, 2004).

48 PARTE II

6 – POLÍTICAS DE SUBSTITUIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES – O CASO

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