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IMPORTÂNCIA CÍCLICA DA PROBABILIDADE DE ENCONTRAR

Para quantificar a importância cíclica de x e f sobre o desemprego, aplicamos o filtro HP nas séries de desemprego calculadas (xt/(xt+ft)) assim como nas duas outras séries de desemprego geradas, com x fixo e com f fixo4. Feito isso, utilizamos os hiatos gerados e os regredimos, tanto o hiato da série com x fixo (e f variando) quanto sobre o hiato da série com f fixo (e x variando), sobre o hiato do desemprego calculado para cada uma do conjunto de séries. A ideia é ver qual o percentual da variação cíclica da taxa de desemprego que é explicada por cada uma destas séries (x e f).

Os resultados estão na tabela 2. Ela nos mostra que na frequência cíclica, a variação de f (job finding rate) explica a maior parte do comportamento da taxa de desemprego. Ela explica algo entre 62% e 154%. É interessante notar que, diferentemente da análise gráfica da seção anterior, mesmo na série construída apenas com dados da PME (CP na tabela 1), o poder de explicação do comportamento cíclico de f sobre o comportamento cíclico da taxa de desemprego foi não desprezível, de 62%. Assim, embora pareça que f não dite o nível da taxa de desemprego, ela tem importância para explicar as variações cíclicas.

TABELA 2 - RESULTADO DA REGRESSÃO SIMPLES DAS VARIÁVEIS Z EM U/L

A tabela 2 mostra ainda que o entendimento do comportamento de x não deve ser desprezado apenas quando se analisa os dados da PME, uma vez que ele explica parte ainda importante do comportamento cíclico do desemprego (29,7%). Já,

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Utilizamos o Eviews para aplicar o filtro HP. O lambda aplicado foi 10.000, assim como no artigo do Shimer (2012).

PIA CAGED_PME CP

x_barra/(x_barra + f) 0,8837 1,54 0,624

x/(x+f_barra) 0,01*** 0,12*** 0,297

Variável Z Coeficiente

*** Não é estatisticamente diferente de zero nem a 10%, 5% ou a 1% de nível de significância

quando os cálculos são feitos com base nos dados do CAGED/RAIS com desemprego da PME (CAGED_PME) e com dados do desemprego levando em consideração toda a população em idade ativa (PIA), a variação do hiato da probabilidade de sair do emprego (x) contribuiu muito fracamente para explicar a variação do desemprego sendo que estes valores não são nem estatisticamente diferentes de zero.

Por fim, como se pode notar na tabela 3, o hiato da probabilidade de o trabalhador desempregado encontrar emprego, F, é positivamente correlacionado com o hiato do PIB sob as três metodologias de cálculo. Ou seja, esta variável se mostrou pró- cíclica em relação ao PIB, sendo a pró-ciclicalidade mais forte no caso do cálculo utilizando os dados do CAGED (PIA e CAGED_PME). Portanto, quando a atividade está aquecida (hiato positivo), torna-se mais fácil para um desempregado conseguir emprego.

Com relação à taxa de desemprego, observamos que os hiatos de F oriundos da série de população ocupada do CAGED e população desocupada via PIA (PIA) ou via PME (CAGED_PME) se mostraram anticíclicos. Assim, quando o ciclo da taxa de desemprego é de baixa, a probabilidade de encontrar trabalho é de alta.

Já, quando se calcula F via os dados da PME (CP no quadro), tem-se o resultado contrário, de pró-ciclicalidade. Isto é, quando o ciclo é de baixa no desemprego, o ciclo também é de baixa na probabilidade de encontrar trabalho.

Com relação às estatísticas descritivas, observa-se que os hiatos têm média zero e em termos de variação, desvio padrão, os hiatos da probabilidade para encontrar emprego CAGED/PME e CP são as que apresentam maior variabilidade.

TABELA 3 - ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS E CORRELAÇÃO DOS HIATOS DE F COM HIATO DO PIB E DA TAXA DE DESEMPREGO - FILTRO HP

A tabela 4 traz estas mesmas informações para os cálculos de X. Como podemos observar, o hiato da probabilidade de um trabalhador perder o emprego é pró-cíclico

CP PIA CAGED_PME PIB Tx de desemprego - PME

PIB 0,23 0,78 0,30 Tx de desemprego - P 0,21 -0,54 -0,49 Estatística descritiva Média 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 Desvio Padrão 0,014 0,001 0,049 0,015 0,005 Correlação

em relação ao PIB quando calculado com dados do CAGED (tanto PIA quanto CAGED_PME) e anticíclico quando calculado com dados da PME.

Assim, os cálculos com dados do CAGED indicam que a chance de se deixar o emprego é maior quando a economia está vivendo um período de expansão. Esse resultado é razoável dado que é de se esperar que haja melhores vagas abertas neste período. Isso porque neste contexto as opções de fora para o trabalhador empregado aumentam e melhoram, o que lhe dá incentivo para mudar de emprego. Já, os dados da PME, mostram o contrário, que quanto mais aquecida a economia, menor a chance de o trabalhador deixar o emprego.

Já, no que tange à correlação com a taxa de desemprego, temos que o hiato de X é negativamente correlacionado nas mensurações PIA e CAGED_PME, mas é positivamente correlacionado quando usamos os dados da PME (metodologia denominada CP). Mais uma vez os dados do CAGED/RAIS apontam para um mercado de trabalho mais dinâmico, ao mostrar que quando o ciclo do desemprego é de queda, as pessoas tendem a deixar mais o trabalho, muito provavelmente em buscar de algo melhor para tentar acelerar a ascensão na carreira.

Ademais, com relação às estatísticas descritivas de x temos que o desvio padrão do componente cíclico das três medidas é pequeno.

TABELA 4 - ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS E CORRELAÇÃO DOS HIATOS DE X COM HIATO DO PIB E DA TAXA DE DESEMPREGO - FILTRO HP

Por fim, as tabelas 3 e 4 ainda nos mostram que no caso tanto do cálculo de f e x com dados da PME (CP) como no caso CAGED_PME5 o desvio padrão do hiato de f

5 Cálculo com dados do CAGED e considerando a taxa de desemprego da PME.

CP PIA CAGED_PME PIB Tx de desemprego - PME

PIB -0,31 0,33 0,15 Tx de desemprego - P 0,76 -0,46 -0,36 Estatística descritiva Média 0,000 0,000 -0,000 0,000 0,000 Desvio Padrão 0,001 0,002 0,004 0,015 0,005 Correlação

é mais de dez vezes maior que o desvio padrão do hiato de x. Já, no caso PIA6 a situação se inverte e o desvio padrão do hiato de f é pouco menos da metade do desvio padrão do hiato de x.

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