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4 A BIBLIOTECA E O PAPEL DO (A) BIBLIOTECÁRIO (A)

4.1 IMPORTÂNCIA DA BIBLIOTECA NO PROCESSO

A todo momento, a leitura é ferramenta utilizada pelo ser humano, seja ela através de signos escritos ou não. Ler consiste na obtenção de informações, podendo ser oriunda de símbolos ou imagens, desde que se admita produção de significado e/ou sentido. Autoras (es) como Santos (2014), reforçam que:

A informação, desde os tempos pré-históricos, sempre foi o ponto de aproximação entre o saber ou prática constituída e os indivíduos. De tempos em temos a forma de transmissão do conhecimento/informação aprimorava-se até chegar ao que conhecemos hoje (SANTOS, 2014, p. 353).

Dos primórdios da leitura como ela surgiu até a escrita e a leitura como a conhecemos tem-se um longo processo. E as bibliotecas escolares não fogem disso. Surgidas no Brasil com a chegada dos jesuítas, o caminho da criação e regulamentação da BE foi cheio de percalços, idas e vindas. De fato, autores (as) como Lanzi, Vidotti e Ferneda (2013) estabelecem considerações sobre como as bibliotecas escolares se relacionam com a chegada dos religiosos ao Brasil, através de coleções individuais de livros e da posterior criação dos colégios jesuítas em

Salvador, que continham bibliotecários4 atuantes e boa estrutura em acervos, abertos a quaisquer pessoas da sociedade.

Entretanto, esse cenário começa a mudar com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, já que se cria a Biblioteca Nacional através da inserção do acervo da Real Biblioteca de Portugal. Nesse período, porém, o ensino quase não era realizado nos colégios e as bibliotecas escolares passaram por períodos de esquecimento. A partir daí os registros mostram que a biblioteca escolar passou a ser ponto de apoio ao professor, sendo ressignificada nos anos 20 e 40, “atendendo a objetivos específicos de um modelo pedagógico pensado para a escola pública, a chamada Escola Nova” (LANZI, VIDOTTI e FERNEDA, 2013, p. 26).

Ainda segundo os autores, com os problemas oriundos da crise de 1929, a Segunda Grande Guerra e a ditadura militar, percebe-se que novamente houve retrocesso no uso das bibliotecas escolares, já que a maioria das instituições deixou de ter bibliotecas, e as poucas que existiam possuíam estado lamentável (loc. cit.).

Apesar de tudo, sempre existiram legislações e exigências para a existência das mesmas, e é na tentativa de regulamentar definitivamente essa temática que surge a Lei 12.244 de 24 de maio de 2010, que “dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País” (BRASIL, 2010, on-line). É objetivo da Lei 12.244/2010 incentivar o acesso à informação e a leitura, instituindo bibliotecas escolares em todas as instituições de ensino. O artigo 1º da Lei afirma que: “Art. 1º. As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei” (loc. cit.).

A Lei 12.244/2010 ainda determina que:

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura.

Parágrafo único. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares (BRASIL, 2010, on-line).

Ou seja, o artigo 2º define o conceito de biblioteca escolar, ao mesmo tempo em que determina a obrigatoriedade do acervo mínimo a elas necessário.

4 Os colégios jesuíticos do período só possuíam bibliotecários homens, por tratar-se de organização religiosa que assim o regulamentava.

Após, afirma em seu artigo 3º que:

Art. 3º Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez anos, respeitada a profissão de bibliotecário, disciplinada pelas Leis nos 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de 1998 (BRASIL, 2010, on-line).

Percebe-se, portanto, que o artigo 3º estabelece a necessidade de capacitação profissional mínima prevista para a profissão de bibliotecário (a), o prazo de efetivação máxima da legislação e ressalta a importância dos esforços para a universalização das bibliotecas escolares. Porém, autores (as) como Campello (2015), questionam a efetividade da implementação dessa lei, já que:

A efetividade da Lei 12244/2010, de universalização da biblioteca escolar, ainda está por ser comprovada. Embora a comunidade tenha dado demonstrações de estar esperançosa de que ela irá modificar a situação das bibliotecas escolares, também fez críticas ao texto da lei. Em primeiro lugar, considera que a concepção de biblioteca escolar da legislação é extremamente limitada [...]. O acervo de livros deve ser de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado. Questões como organização e conservação do acervo e o funcionamento da biblioteca são tratadas superficialmente, delegando-se sua responsabilidade aos sistemas de ensino aos quais a escola é vinculada. Outra crítica é a falta de regras específicas (CAMPELLO, 2015, p. 20).

Em 2018 surgiram dois projetos de lei objetivando alterar a Lei 12.244/2010. Um deles, de autoria da senadora Rose de Freitas, é o Projeto de Lei do Senado nº 94, de 2018, que “altera a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, para estabelecer obrigação de construir biblioteca escolar em todas as novas escolas públicas de educação básica” (SENADO FEDERAL, 2018, on-line). Nessa alteração, a senadora propõe a inserção do artigo 3-A na Lei 12.244/2010, que dispõe:

Art. 3º-A. O projeto básico de que trata o inciso I do art. 7º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, quando se tratar da construção de estabelecimentos de ensino de educação básica, deverá conter obrigatoriamente a previsão de ambiente para instalação de biblioteca escolar (loc. cit.).

Com a inserção desse artigo na Lei 12.244/2010, sugere-se a previsão de um espaço destinado para a BE ainda no período de construção da instituição escolar, garantindo a existência e destinação apropriada do local para a biblioteca. De fato, é justificativa do projeto que sua necessidade advém da “construção de escolas sem a devida previsão de espaço para esses equipamentos tão importante para se alcançar a qualidade do ensino e conhecimento” (loc. cit.). Percebe-se, portanto, que

apesar da Lei 12.244/2010 ser válida e importante, o prazo para ela estabelecido não será suficiente para sua implementação prática. Além disso, muitas escolas não possuem previsão de espaço físico para a construção das BE, fato também apontado no projeto.

Não obstante, outra questão a se discutir enquanto alteração legislacional é a proposição do Projeto de Lei 9484/18, da deputada Laura Carneiro, que:

altera a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas escolares nas instituições de ensino do País, para dispor sobre uma nova definição de biblioteca escolar e cria o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares (SNBE) (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2018, on-line).

Nesse projeto de lei (PL), sugere-se uma grande reformulação da Lei 12.244/2010, onde o artigo 2º, que antes trazia uma definição simplificada de BE, agora elenca os objetivos principais da existência desse local conforme apontado abaixo:

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar o equipamento cultural obrigatório e necessário ao desenvolvimento do processo educativo, cujos objetivos são:

I – disponibilizar e democratizar a informação, ao conhecimento e às novas tecnologias, em seus diversos suportes;

II - promover as habilidades, competências e atitudes que contribuam para a garantia dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento do(a)s aluno(a)s, em especial no campo da leitura e da escrita;

III - constituir-se como espaço de recursos educativos indissociavelmente integrado ao processo de ensino-aprendizagem; IV - apresentar-se como espaço de estudo, encontro e lazer, destinado a servir de suporte para a comunidade em suas necessidades e anseios (loc. cit.).

Percebe-se aqui que os objetivos da BE ficam especificados na alteração do artigo, ao reforçar a essencialidade da disponibilização e democratização da informação; a promoção de habilidades e competências; a constituição do espaço da BE enquanto instrumento para a construção do ensino-aprendizagem e a importância de se reconhecer a BE como espaço voltado para as necessidades de sua comunidade, tanto em relação a estudo quanto a lazer. Além disso, o parágrafo 1º do art. 2º passa a estabelecer ainda a criação do Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares (SNBE), cujas funções básicas são apresentadas nos incisos de I a X, a seguir:

§ 1° Fica criado o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares (SNBE), com as seguintes funções básicas:

I - incentivar a implantação de bibliotecas escolares em todas as instituições de ensino do país;

II - promover a melhoria do funcionamento da atual rede de bibliotecas escolares, para que atuem como centros de ação cultural e educacional permanentes;

III - definir a obrigatoriedade de um acervo mínimo de livros e materiais de ensino nas bibliotecas escolares, tomando-se por base o número de alunos efetivamente matriculados em cada unidade escolar e às especificidades da realidade local;

IV - implementar uma política de acervo para as bibliotecas escolares que contemple ações de ampliação, guarda, preservação, organização e funcionamento;

V - desenvolver atividades de treinamento e qualificação de recursos humanos, para o funcionamento adequado das bibliotecas escolares; VI - integrar todas as bibliotecas escolares do país na rede mundial de computadores, mantendo atualizado o cadastramento de todas as bibliotecas dos respectivos sistemas de ensino;

VII - proporcionar, obedecida a legislação vigente, a criação e atualização de acervos, mediante apoio técnico e financeiro da União aos sistemas estaduais e municipais de ensino;

VIII - favorecer a ação dos sistemas estaduais e municipais de ensino, para que os profissionais vinculados às bibliotecas escolares atuem como agentes culturais, em favor do livro e de uma política de leitura nas escolas;

IX - firmar convênios com entidades culturais, visando à ampliação do acervo das bibliotecas escolares e à promoção de atividades que contribuam para o desenvolvimento da leitura nas escolas;

X - estabelecer parâmetros mínimos funcionais para a instalação física das bibliotecas no âmbito das escolas, atendo-se ao princípio da acessibilidade, a fim de que as mesmas se constituam em espaços inclusivos (loc. cit.).

Em resumo, as funções básicas do SNBE se referem principalmente ao incentivo à existência de bibliotecas escolares de forma universal em nosso país, através da melhoria das já existentes, tanto em acervo quanto na integração desses espaços ao participar de sistema cadastral coletivo. Além disso, também objetiva o incentivo à cultura dentro dos espaços e estabelece os requisitos mínimos para a instalação das BE.

Além disso, o §2º do art. 2ª ressalta ainda que o SNBE deve “fortalecer os respectivos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (loc. cit.), ou seja, integrando os espaços e agindo para sua melhoria em todos os âmbitos da educação no Brasil. Outra alteração surge no art. 3º da Lei 12.224/2010, que passará a ter a seguinte redação:

Art. 3º Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada no prazo máximo de vigência da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação-PNE e dá outras providências.

Art. 3º-A O não cumprimento do disposto no caput desse artigo acarretará sanções aos sistemas de ensino a serem definidas pelo órgão ou entidade do Poder Executivo Federal responsável pela implantação do Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares (SNBE). Art. 3º-B O processo de universalização das bibliotecas escolares de que trata esta Lei será feito mediante a garantia prevista nas Leis nºs 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de 1998, que tratam da profissão de bibliotecário (loc. cit.).

Desse modo, o artigo 3º da Lei 12.244/2010 enfatizará o desenvolvimento progressivo da instalação das BE, estabelecendo a possibilidade de aplicação de sanções caso a universalização das BE não ocorra de forma apropriada e seguindo a regulamentação legal da profissão de bibliotecário (a). A partir dessas alterações, percebe-se que é objetivo do projeto a efetivação da lei de universalização das bibliotecas escolares, bem como especificar suas funções. Isso é ressaltado pela própria justificativa dada pela autora do PL, ao apontar que apesar da Lei 12.244/2010 determinar a universalização das BE, até o ano de 2016:

há ainda um deficit considerável de escolas que não possuem biblioteca escolar (cerca de 75%) e a rede privada de ensino encontra-se melhor aparelhada no que se refere à instalação de bibliotecas escolares. Faltam apenas dois anos para que a lei da universalização das bibliotecas escolares cumpra efetivamente sua função, uma vez que ela determina que até 2020 todas as escolas do país possuam uma biblioteca, com um acervo mínimo de um livro para cada aluno matriculado e com um bibliotecário atuando na instituição escolar (loc. cit.).

O PL propõe uma alteração no prazo de efetivação da Lei 12.244/2010, apontado na sugestão de redação do art. 3º, que passaria a ser o mesmo da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que “aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências” (BRASIL, 2014, on-line). O prazo de vigência da Lei 13.005/2014 é de 10 (dez) anos a partir da sua publicação. Assim, o PL da deputada Laura Carneiro propõe a prorrogação do prazo para universalização das bibliotecas escolares em quatro anos, até junho de 2024 “sob pena de sofrerem sanções a serem definidas pelo órgão ou entidade do Poder Executivo Federal responsável pela implantação do Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares (SNBE)” (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2018, on-line). Até o momento, consta no site da Câmara dos Deputados que o projeto de lei está tramitando, em apreciação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC).

Outro dos instrumentos legais que reforça a importância da biblioteca escolar surge através da Resolução n. 199, de 3 de julho de 2018, CFB que “dispõe sobre

os requisitos para instalação de bibliotecas escolares, suas necessidades e serviços a serem oferecidos” (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2018). De fato, o objetivo principal da resolução CFB n. 199/2018 é “aprovar os parâmetros para a estruturação e o funcionamento das Bibliotecas Escolares das redes públicas e privadas da educação básica” (loc. cit.).

Para tanto, a resolução define o que é biblioteca escolar, além de elencar os requisitos para a instalação das mesmas e suas necessidades e atribuições. Um exemplo é o tamanho mínimo do local, que deve ser de 50 m², com acervo e mobiliário adequados, além de ter por obrigatoriedade pelo menos um título por aluno (a) matriculado (a), em material impresso e não impresso, devidamente catalogados e ao alcance dos (as) usuários (as). Também reforça a importância de um (a) bibliotecário (a) como supervisor (a), estabelece os serviços mínimos a serem prestados, tais como a como consulta no local e empréstimo domiciliar e também dispõe sobre critérios de acessibilidade regidos pela NBR 9050, objetivando incluir todos (as) os (as) usuários (as) (loc. cit.).

Já na legislação estadual, tem-se a Resolução CEE/CP nº 5, de 10 de junho de 2011, que “dispõe sobre a Educação Básica em suas diversas etapas e modalidades para o Sistema Educativo do Estado de Goiás” (GOIÁS, 2011, p. 1). Ressalta-se aqui que as resoluções estaduais dispõem apenas sobre as escolas da rede estadual e instituições particulares de todo o estado, já que atendem prioritariamente alunos (as) do EM e da EPT, ao passo que instituições federais e/ou municipais tem suas legislações específicas.

A resolução estadual objetiva determinar quais são as etapas da Educação Básica e estabelecer critérios para o funcionamento das mesmas no Estado de Goiás, enfatizando-se aqui os aspectos voltados para a temática da biblioteca dentro das instituições de ensino, além de dispor sobre a essencialidade da presença de bibliotecário (a) designado (a) ou nomeado (a) para a autorização de funcionamento nas instituições públicas, expedida pela Subsecretaria Regional de Educação. Além disso, também se afirma na resolução CEE/CP nº 5 que o (a) bibliotecário (a), seja ele designado (a) ou nomeado (a) deve ser devidamente registrado (a) no Conselho, habilitado (a) no Bacharelado em Biblioteconomia, tanto para instituições públicas quanto privadas (loc. cit.)

Em sua página 36 (trinta e seis), a resolução estabelece os critérios sobre os tipos de contratação de bibliotecários (as). De fato, escolas com mais de 500

(quinhentos) alunos tem obrigatoriedade da existência do (a) profissional em seu quadro funcional, enquanto que escolas com menos de 500 (quinhentos) estudantes tem permissão para a contratação de um (a) bibliotecário (a) para capacitar e supervisionar os (as) funcionários (as) da biblioteca. Não obstante, a resolução estadual deixa claro ainda que é responsabilidade do Sistema Educativo de Goiás o investimento na contratação de bibliotecário (a) “para todas as bibliotecas escolares, existentes e para as que forem criadas, como no mobiliário e na ampliação e atualização do acervo bibliográfico e multimeios, nos termos da legislação em vigor” (GOIÁS, 2011, p. 36).

Ainda pensando na legislação estadual, existe o Projeto de Lei n.º 151-AL, de 11 de abril de 2018, proposto pelo deputado Virmondes Cruvinel, que “dispõe sobre a obrigatoriedade de implantação de bibliotecas nas instituições de ensino da rede pública estadual e dá outras providências” (GOIÁS, 2018). Esse projeto fala especificamente sobre as questões das bibliotecas no estado, fundamentando-se na Resolução CEE/CP n. 5 e reforçando a necessidade da presença de bibliotecário (a) designado (a) ou nomeado (a) para a autorização de funcionamento nas instituições públicas, sendo ele (a) o (a) responsável pelo gerenciamento, organização e desenvolvimento das coleções.

De fato, é no artigo 3º do projeto de lei que se afirma que “o responsável por gerenciar, organizar, desenvolver serviços e produtos de informação e realizar atividades pedagógicas e culturais em conjunto com os professores e estudantes em uma biblioteca escolar deve ser um bibliotecário, com formação superior em Biblioteconomia”. Para tanto, o projeto usa como justificativa a necessidade de aplicação legal dos dispositivos anteriores, ao ressaltar o papel essencial da biblioteca escolar e sanar a demanda do ensino público na rede estadual (GOIÁS, 2018).

Outro caso é a existência da legislação específica do município de Aparecida de Goiânia, distinta do projeto de lei do estado, onde o cargo de bibliotecário (a) existe e necessita de formação superior em Biblioteconomia, atentando-se às diretrizes nacionais e do CFB. No entanto, as Diretrizes Gerais também explicitam que na ausência do (a) profissional ou em casos excepcionais “serão modulados professor (a)es (as) readaptados para atuação nas Bibliotecas Escolares” (SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA, 2019).

Na cidade de Aparecida de Goiânia, é explícito nas diretrizes municipais que BE devem, obrigatoriamente, funcionar no mesmo horário que a instituição em que estão alocadas, tendo como responsabilidade o atendimento da comunidade escolar e local, mas enfocando a criação de projetos de Leitura e Pesquisa, voltados para os (as) alunos (as) da escola, em parceria com professores (as) e demais profissionais do local (loc. cit., 2019).

Além disso, a cidade conta ainda com um Manual de Bibliotecas, de 2017, que dispõe sobre a finalidade, natureza e estabelece as normas e objetivos das BE's da cidade de Aparecida de Goiânia. Esse manual ainda dispõe sobre o horário e forma de funcionamento das unidades (sempre de acordo com o funcionamento das escolas municipais), determina quem são os (as) usuários da biblioteca (toda a comunidade escolar) e delimita o acesso ao acervo e aos recursos audiovisuais (SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA, 2017).

As BE's de Aparecida oferecem três tipos de serviços: administrativos, técnicos e pedagógicos. Os serviços administrativos incluem a parte organizacional, o perfil do profissional, a entrega dos livros didáticos, elaborar plano de ação da biblioteca, descarte, inventariar o mobiliário, a formação e a atualização do acervo. Já os técnicos se referem à parte do processamento técnico habitual em bibliotecas, incluindo-se aqui catalogar, organizar as estantes, controlar empréstimos e devoluções, gerar relatórios, classificar, indexar, e fazer o marketing do acervo. Por fim, os serviços pedagógicos se referem ao desenvolvimento da pesquisa escolar, desenvolvimento do prazer da leitura e outras atividades pedagógicas desenvolvidas no espaço, como a contação de histórias, hora do conto, feiras e mostras culturais, entre outras (loc. cit., 2017).

Em Aparecida de Goiânia, o (a) bibliotecário (a) tem o cargo institucional de Agente de Apoio Pedagógico, devendo ter formação em Biblioteconomia e registro no CRB, sendo responsável por gerir, dinamizar e manter a organização da biblioteca escolar. É ele (a) o (a) responsável por deixar claro aos (as) usuários (as) seus direitos e deveres dentro da unidade, receber o material bibliográfico, catalogá- lo e classificá-lo, e manter o acesso livre a toda a comunidade escolar (loc. cit., 2017).

De fato, a regulamentação da BE comprova sua importância dentro do ambiente escolar e nas práticas de incentivo à leitura e formação de leitores (as). Devido a isso, segundo Marcolino e Castro Filho (2014):

deve estar inserida nas práticas pedagógicas, pois tem grande responsabilidade social, ao garantir que seu espaço e seus serviços sejam abertos ao auxílio de todo e qualquer usuário da comunidade escolar, pois contribui com a formação dos alunos, dando-lhes novas expectativas de futuro através da leitura, auxiliando na interação com as práticas educacionais, no contato com o conhecimento e no desenvolvimento do pensamento crítico, entre outros (MARCOLINO; CASTRO FILHO, 2014, p. 11).

Percebe-se, portanto, que a temática é de discussão essencial, regulamentada por lei e de extrema importância, especialmente quando pensamos no espaço da biblioteca dentro das instituições de ensino e avaliamos sua importância no contexto escolar e no desenvolvimento intelectual e social dos estudantes.