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Importância da educação em sexualidade nos profissionais de enfermagem

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.3 Discussão

4.3.3 Importância da educação em sexualidade nos profissionais de enfermagem

A educação em saúde é um item importante no que tange à formação de profissionais conscientes e habilitados para lidar com todo o tipo de situação junto aos clientes. A educação em saúde refere-se à formação continuada de profissionais da área da saúde, devendo esta incluir estratégias diversas, que permitam à enfermagem melhorar a sua performance profissional e, mais especificamente, trabalhar a habilidade de organizar e executar a sua prática (Falkenberg et al., 2014).

A educação em saúde atende a um conjunto de atividades que visam a aquisição de conhecimentos, capacidades, atitudes e formas de comportamento exigidos para o exercício das funções próprias de uma profissão ou grupo de profissões em qualquer ramo de atividade (Davok, 2007).

O conhecimento, habilidades e as atitudes dos profissionais que são desenvolvidas em seu cotidiano servem de base para o desenvolvimento de competências e contribuem para a formação de respostas frente a situações que exigem do profissional de enfermagem, atitudes baseadas na educação em saúde, educação sexual – como no caso de manifestações da sexualidade nos pacientes – e outras situações não habituais imprevisíveis. Cabe ao enfermeiro unir recursos individuais e coletivos mobilizando-se para atingir resultados satisfatórios e dar solução aos problemas apresentados, em situações imprevistas (Moura & Bitencourt, 2014). Em relação à aquisição das competências profissionais, estudos destacam que a aprendizagem no contexto da prática se sobressai diante de situações consideradas embaraçosas e pouco habituais. O profissional de enfermagem deve buscar uma formação continuada, pois isso o ajudará a refletir sobre a aquisição da competência clínica e social, de forma a compreender cada situação vivenciada. Isso remete à ideia de que a educação, no âmbito das organizações hospitalares, deve ser estimulada por meio de estudos de caso, debates entre os profissionais, simulações de situações problema, pelo acompanhamento dos enfermeiros novatos por enfermeiros competentes e habilitados (Aued et al 2014).

Complementando, Barbosa (2014)) atenta que a educação em saúde se faz, primeiramente, por meio de treinamentos e capacitações da equipe de enfermagem, com a finalidade de habilitar os profissionais para o exercício de suas funções, ou seja, preparar o profissional para lidar com todo o tipo de situação que venha se apresentar diante dele no dia a dia de trabalho. É necessário então, um minucioso planejamento, contemplando temas e conteúdos a serem ensinados, tempo de duração, avaliação, incluindo estratégias como debates, relatos de experiência, etc. Nesse sentido, Mandu (2005) enfatiza que a formação profissional para lidar com a sexualidade deve ser vista tanto nos cursos técnicos e graduação superior de forma

mais apurada, pois, em muitos cursos, esse item não é abordado, muito menos discutido, o que prejudica o conhecimento da enfermagem no sentido de lidar com situações inesperadas.

Corroborando, Freitas e Pelá (2009) afirmam que é preciso cuidar para que a sexualidade do paciente seja compreendida pela enfermagem de forma que se possa oferecer uma assistência integral ao cliente, ajudando-a a conviver e superar esse problema, por meio da educação em saúde.

Carneiro et al (2004), afirmam que a sexualidade do paciente é uma preocupação constante da equipa de enfermagem, que procura no seu quotidiano saber conviver com essas manifestações afetivas e sexuais exibidas pelos utentes durante a internação. Para a autora, cabe às instituições desenvolver estratégias de formação continuada voltada para as necessidades profissionais dos seus colaboradores, pois, assim, irá contribuir para que a sexualidade dos pacientes, seja compreendida e assistida de forma adequada.

Silva e Moreira (2011) atentam que, o profissional enfermeiro precisa ter interesse em adquirir, desenvolver e aperfeiçoar constantemente as competências gerenciais, o que pode acontecer mediante a participação em cursos de pós-graduação, educação continuada, entre outras inúmeras possibilidades. É importante enfatizar que as organizações hospitalares tem um papel importante no investimento do desenvolvimento profissional de seus colaboradores.

Para Aued et al (2016) a educação continuada pode ser vista como um processo que impulsiona as transformações na organização hospitalar, uma vez que oportuniza a capacitação e o desenvolvimento pessoal e profissional, dentro de uma visão crítica e responsável da realidade. Nesse sentido o investimento em treinamentos do enfermeiro voltado para situações específicas, desenvolve as competências, o incentivo ao autodesenvolvimento, aumentando o desempenho profissional, direcionando para uma formação de competências clínicas.

Corroborando, Camelo (2013) esclarece que o enfermeiro que atua em unidades de internação precisa, além de qualificação adequada, mobilizar competências específicas, durante a realização das suas atividades, que lhes permitam desenvolver

suas funções eficazmente, associando conhecimento técnico-científico, domínio do aparato tecnológico, humanização e individualização do cuidado.

Peduzzi (2011) atenta que muitos profissionais de enfermagem que estão em início de carreira, ao se sentirem vulneráveis em virtude da falta de habilidade para a execução de determinados procedimentos – como no caso da lida com a sexualidade do paciente - procuram apoio junto a outros profissionais da equipe. Porém, adverte que o ideal, é que esse profissional tenha treinamento e habilitação específica para lidar com essa situação.

Ferreira e Figueiredo (1997) atentam que a ausência de subsídios teóricos, na formação dos profissionais de enfermagem para lidar com as questões ligadas à sexualidade, leva-os a buscar na própria prática, elementos que, na sua maioria, vão depender do seu preparo pessoal e da "ajuda" de outros profissionais da equipe para "aprender a lidar" com a sexualidade do(a) cliente e resolver "os problemas" a ela ligados buscando estratégias que vão da ordem da repressão a fuga.

É possível aprender com os indivíduos familiarizados com os contextos reais da prática. Porém, ainda tem-se uma imensa valorização do conhecimento acadêmico e pouca consideração pelo conhecimento adquirido através da ação prática, o que se deve muito mais a uma questão social do que científica (Oliver & Butler, 2004). Rosso et al (2006) atenta que as dificuldades da enfermagem em trabalhar a educação em saúde relacionada a temas polêmicos, acontece ainda nos cursos de Graduação. Dá-se mais ênfase as aspectos técnico e científico proporcionando poucos momentos coletivos, dando assim margem a um discurso dos profissionais já bem conhecido, "que a teoria abordada nas universidades não condiz com as práticas do cotidiano".

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