• Nenhum resultado encontrado

Importância da Leitura de Imagens na Educação Infantil

Segundo Dondis (1997), o mundo ainda não atingiu um alto grau de alfabetismo verbal, e o mesmo problema vem ocorrendo com o alfabetismo visual. Contudo o autor traz juntamente com esta questão o fato de que há um paradoxo ao se pensar que parte do processo de se observar é realizado por pessoas dotadas de visão, então como estudar algo que nos parece tão natural? Para que haja um alfabetismo é preciso ir além das faculdades visuais inatas do organismo humano. Sendo que “o alfabetismo visual implica compreensão, e meios de ver e compartilhar o significado a um certo nível da universalidade” (DONDIS, 1997, p.227). Partindo desse pressuposto, veremos neste capítulo como o livro de imagem pode ser trabalhado e quais os benefícios de se utilizar deste em sala de aula.

Em seu livro Redes ou Paredes - A escola em tempos de dispersão, Sibília (2012) vem nos apresentando idéias relacionadas à escola a necessidade de sua criação, além de como esta vem se tornando antiquada. A autora em determinado parte de texto cita o autor Seymour Papert e sua fala a respeito da “evolução” da educação.

"Imaginemos que, um século atrás, houvéssemos congelado um cirurgião e um professor,e agora os devolvêssemos de novo à vida; o cirurgião entraria na sala de operações e não reconheceria nem o lugar nem os objetos, e se sentiria totalmente impossibilitado de agir; em contrapartida, o professor reconheceria o espaço como uma sala de aula e ainda encontraria um pedaço de giz e um quadro negro com os quais poderia começar a lecionar." (SIBÍLIA, 2010, p.51)

Nesta fala percebemos como de certa forma o papel do professor não se alterou com o passar dos anos sendo que este conseguiria se localizar e ainda teria outros objetos que lhe dessem suporte, enquanto que o cirurgião não reconheceria nenhum dos objetos para seu trabalho. Pensando agora nas alterações que a escola vem sofrendo devido as grandes tecnologias, esse professor ainda conseguiria se localizar diante das novas classes? Que mudanças a escola vem sofrendo e como estas podem ser benéficas para a educação e o aprendizado? Devemos refletir se os professores que hoje se

alunos e compreendem suas necessidades, ao invés de continuar propagando a ideia de que a escola deve adestrar os alunos, de maneira “a acostumar as crianças a ficar sentadas em seus lugares durante períodos regulares e previamente estabelecidos, obedecendo às ordens dos superiores”. (SIBÍLIA, 2010, p.28)

Como visto no capítulo anterior, ocorreu uma reconfiguração da subjetividade, levando a uma forma diferente de se receber as informações por parte dos alunos. A escola tendo esta ideia em vista, já tentou por diversas vezes fundir de alguma forma o universo escolar e midiático. “No entanto, o grande problema surge quando esse efeito (...) do estilo de vida contemporâneo entra em colisão com as exigências do dispositivo escolar.” (SIBÍLIA, 2012, p.89). Partimos assim para o que é esperado do ambiente escolar tomando como base os documentos oficiais.

Levando em conta os documentos oficiais, temos os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (2006) que tem por objetivo estabelecer os padrões de referência orientadores para o sistema educacional voltados para a organização e funcionamento das instituições de Educação Infantil. Logo em seu início ele nos apresenta sua concepção de criança e de pedagogia da Educação Infantil, reinteirando que a criança é um ser que está integrado à sociedade e merece atenção e cuidados para que possa haver um bom desenvolvimento. Podemos ver que a escola propicia diversos saberes, sendo:

Lugar de socialização, de convivência, de trocas e interações, de afetos, de ampliação e inserção sociocultural, de constituição de identidades e de subjetividades. Lugar onde partilham situações, experiências, culturas, rotinas, cerimônias institucionais, regras de convivência; onde estão sujeitas a tempos e espaços coletivos, bem como a graus diferentes de restrições e controle dos adultos. (CORSINO, 2009, p. 4)

A partir da linguagem as crianças têm a possibilidade de se comunicarem e manterem relações com o seu mundo, criando narrativas e escrevendo a sua própria história. Segundo Corsino (2009), as palavras se transformam de acordo com o contexto no qual aparecem, algumas vezes são os brinquedos, outras aparecem em forma de brincadeiras, nas cantigas de

sentimentos, comunicar-se, a “linguagem é um instrumento de ação no mundo” (CORSINO, 2009, p.50). Assim sendo, a imagem é um tipo de linguagem, e sabendo ser utilizada na educação infantil trás a possibilidade de diversos trabalhos. Percebemos então o quanto a imagem esta intrinsecamente ligada às questões vistas e trabalhadas na educação infantil, complementando assim sua importância nesse espaço.

Retomando o que vimos no primeiro capítulo, Cademartori (2010) nos mostra que é na infância que se inicia uma noção de percepção e afeto, e com base nessas, a criança começa a conhecer o mundo. O livro de imagem possibilita ao aluno uma nova forma de ver o mundo, onde ele tem a possibilidade de “criar” a sua história de acordo com suas experiências e ideais. O trabalho com tal material pode ser uma experiência rica em descobertas e para o desenvolvimento, se considerarmos as múltiplas possibilidades inseridas neste processo.

(...) a linearidade é uma característica do texto verbal, mas nem sempre das imagens. Forçar as imagens para entrar no mesmo molde que as palavras parece potencialmente improdutivo, exceto em termos do estabelecimento de convenções, quando isso é evidente e por definição necessário. (HUNT, 2010, p.242)

Hunt (2010) acredita que não se deve limitar as crianças, mas para isso deve se ter uma avaliação sobre o que estamos permitindo. O autor usa uma citação do britânico John Rowe Townsend, onde este fala sobre como em muitos casos os livros-ilustrados são uma introdução à arte e à leitura para as crianças, e que por este fator deve-se ter o cuidado de utilizar livros adequados que as estimulem, pois “mesmo que as crianças nem sempre apreciem o melhor quando o vêem, elas não terão nenhuma chance de apreciá-lo se não o virem” (HUNT, 2010 apud TOWNSEND).

Levando em consideração os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil, vemos que, “antes mesmo de se expressarem por meio da linguagem verbal, bebês e crianças são capazes de interagir a partir de outras linguagens (corporal, gestual, musical, plástica, faz-de-conta, entre outras) desde que acompanhadas por parceiros mais experientes.” (PCN,

conhecimentos e saberes para que possa transmitir aos alunos. É preciso ter em mente a importância desse trabalho, e da variedade de saberes que ele alcança, para que possamos estar preparados uma vez que “crianças expostas a uma gama ampliada de possibilidades interativas têm seu universo pessoal de significados ampliado, desde que se encontrem em contextos coletivos de qualidade. (PCN, 1998, p.15).

E de que forma podemos estar preparados para acolher esses alunos? Com base na observação. “A observação das crianças é uma ferramenta fundamental do professor para conhecer e compreender melhor as crianças nas suas formas de pensar, de comunicar-se, de interpretar e de agir sobre o mundo.” (BORBA, 2009, p.77) Deste modo desenvolvemos a compreensão de quais suas necessidades e dando a possibilidade de saber o que lhes é pertinente e como apresentar isso para eles.

Documentos relacionados