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Importância do Triângulo de Restrições no controlo de projetos

2. Enquadramento da gestão de projetos

2.2. Importância do Triângulo de Restrições no controlo de projetos

É consensual afirmar que os projetos são sistemas dinâmicos, onde o seu equilíbrio deve ser salvaguardado. Tendo em conta a instabilidade a que os mesmos poderão estar sujeitos, o gestor deverá estar atento ao âmbito, tempo e custos relativos ao seu estado real e confrontar o cenário atual com os objetivos inicialmente estipulados, adotando uma abordagem integrada das variáveis em causa. Estas são tomadas como principais critérios no processo de medição do sucesso e desempenho de qualquer projeto e constituem a base que dá forma ao conceito denominado por “triângulo de restrições do projeto”, também designado de “triângulo de ferro” ou simplesmente por “triângulo da gestão de projetos”.

Segundo Kerzner (2013), as restrições podem ser distinguidas em restrições primárias ou secundárias, uma vez que existem outros fatores, tais como, o risco, a imagem, as relações com os clientes ou a qualidade dos serviços prestados, que poderão desviar-se dos critérios de sucesso tradicionais (tempo, custo e desempenho) já referidos. As mudanças nos fatores secundários podem surgir em qualquer instante do ciclo de vida do projeto e portanto, poderão forçar a necessidade de proceder a alterações ao nível dos critérios que se definiram previamente para “medir” o progresso. Um exemplo que suporta o mencionado é quando o fator “âmbito” é substituído pela dimensão “qualidade” quando se pretende oferecer um certo nível de rigor mediante um determinado custo e duração. O

7 autor declara então que os fatores secundários devem ser igualmente considerados como parte das restrições do projeto, uma vez que podem condicionar com maior impacto o seu desempenho mediante o objetivo que se pretenda atingir (Figura 1).

Figura 1: Representação do “triângulo de gestão de projetos” segundo Kerzner (2013).

Contudo, existem algumas restrições que, quando aplicadas a um projeto específico, não podem ser simplesmente alteradas, ao invés que outras podem aparentar ser mais flexíveis. Tal facto vem confirmar que as restrições não detêm o mesmo grau de relevância num mesmo projeto. Em geral, numa fase inicial, o âmbito é considerado como o fator basilar do projeto e é em sua função que se definem o tempo e custos para o mesmo; pelo contrário, na fase de execução, sucede a situação inversa (Kerzner, 2013).

Tendo em conta o objetivo que se definiu para a presente dissertação, assim como da metodologia que se irá adotar, apenas se fará menção das variáveis-base que constituem o “triângulo da gestão de projetos”. As mesmas encontram-se detalhadamente definidas na Tabela 2.

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ÂMBITO

Define o conjunto de atividades que deverão ser realizadas para atingir um determinado objetivo, com recursos específicos. Devido à sua importância na fase inicial de planeamento, o gestor deverá compreender com clareza os requisitos impostos pelos seus clientes. Como tal, deverá estabelecer limites no âmbito do projeto de modo a satisfazer, simultaneamente, os objetivos de negócio definidos pelo gestor e os objetivos de caráter técnico exigidos pelos respetivos clientes. A visão do projeto deverá ser consensual tanto para o gestor, como para os seus

stakeholders, devendo existir um alinhamento dos objetivos de corporate business.

TEMPO

Refere-se ao prazo dentro do qual o projeto deverá estar concluído. Na gestão do prazo, o gestor deverá definir a sequência dos fluxos de trabalho, estimar os recursos que serão consumidos e controlar a calendarização inicialmente definida para o projeto.

CUSTO

Corresponde ao montante disponível que se poderá despender na execução do projeto. Neste domínio, pretende-se que o gestor assegure que o mesmo é concluído dentro do orçamento aprovado, através da estimação, orçamentação e controlo dos custos do projeto durante o seu ciclo de vida.

Tabela 2: Definição das restrições do “triângulo de gestão de projetos” (adaptado de Kerzner (2013) e Miguel (2006)).

De acordo com Miguel (2006), somente após o planeamento e a aprovação dos recursos e do financiamento para o projeto, na fase em que a execução dos trabalhos ainda não deu início, é que o mesmo se encontrará em equilíbrio. Todavia, é inevitável que pouco tempo depois de se iniciarem os trabalhos possam surgir alterações em quaisquer domínios do triângulo (como por exemplo, a exigência de requisitos adicionais, mudança nas oportunidades de mercado ou dos prazos de entrega), que provocam o seu desequilíbrio. De modo a perceber a relação existente entre os três fatores apresentam-se, de seguida, pequenos exemplos práticos no domínio da Engenharia Civil:

Exemplo 1:

Uma maior duração na execução de uma infraestrutura incorre, geralmente, a um aumento dos custos, dado que haverá um prolongamento do tempo de permanência do estaleiro na obra. Por outro lado, uma diminuição ou aumento dos custos de construção (provenientes, por exemplo, da execução de trabalhos a mais ou a menos) poderá implicar, respetivamente, uma extensão ou diminuição da data definida para a conclusão do empreendimento.

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Exemplo 2:

No caso de uma atividade que falhou o prazo de conclusão que estaria definido, mas que ainda assim terá de ser finalizada com brevidade por forma a respeitar a licença de construção, poderá exigir a necessidade de solicitar por mais mão-de-obra, efetuar horas extra, ou ainda, a decisão de compromissos entre os objetivos de orçamento e de prazo.

Segundo Kerzner (2013), em projetos nos quais a definição do “âmbito” é clara e detalhada, prevê-se que o triângulo permaneça sem grandes alterações na sua forma, apresentando menor probabilidade do projeto vir a sofrer grandes desvios nos custos e tempo que se estipularam inicialmente. Contudo, quando o gestor de projeto é confrontado com alterações abruptas em qualquer uma das dimensões (“tempo”, “custo” ou “âmbito”), deve ter em consideração a relação entre os vários fatores e formular um plano alternativo de prevenção que possibilite um controlo permanente na execução do projeto.