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Capítulo 2 – Tecnologias da Informação e Comunicação

2.1. Importância Pedagógica das TIC

As tecnologias da informação e comunicação (TIC) trouxeram profundas mudanças na sociedade contemporânea, introduzindo uma nova forma de organização social, a sociedade em rede. Esse novo momento, denominado por Castells (2000) como era da informação, causa grande impacto na vida das pessoas, pois alterou as relações sociais, políticas e econômicas, impulsionadas por uma expansão permanente de computadores e softwares, aplicações de comunicação que prometem melhorar os resultados na economia, provocar novos estímulos culturais e incentivar o aperfeiçoamento pessoal (BRANCO, 2005).

Sendo a educação um fator de promoção do indivíduo na sociedade, ela não pode ficar alheia a essa realidade. Nossos estudantes convivem diariamente com as TIC em espaços que não são meios formais de aprendizagem. Fugir ou competir com os meios de comunicação é uma postura pouco produtiva, tendo em vista que os estudantes não vão deixar de receber conteúdos dos meios e aprender com eles, além de eles quererem participar da produção desses meios. Curiosamente, os jovens utilizam computador e internet com entusiasmo, mas demonstram desinteresse pelo saber institucionalizado veiculado na escola. O que pretendemos, nesta discussão, é mostrar que o uso dessas mídias pode ativar situações de aprendizagem mais positivas e, portanto, mais afins com os interesses dos estudantes.

Cada vez mais, os jovens aprendem a se relacionar de uma forma interativa com as mídias (AMORA, 2008). Com a inserção das TIC nas escolas, cria-se a possibilidade de se alterar também o perfil do discente e do professor, ou seja, torna-se possível desenvolver um trabalho colaborativo, incentivando a criatividade, a autoria, a autonomia e a troca. Assim, as TIC podem colaborar

na formação de indivíduos que “partilhem objetivos comuns e interajam para tomar decisões, levantem hipóteses, resolvam problemas, discutam temáticas, troquem experiências e construam conhecimentos a partir da interação com os colegas e as informações” (RAMOS, 2011, p. 49).

A web 1.0 foi a primeira geração da internet que possibilitou o acesso ao conhecimento e às informações num ritmo acelerado, sendo considerada um grande avanço tecnológico. Contudo, com a criação da web 2.0, tivemos uma nova configuração, uma revolução quanto à produção global do conhecimento (COUTINHO; BOTTENTUIT JUNIOR, 2009). Os utilizadores passaram de meros espectadores a produtores de conteúdos, ou seja, passaram a participar diretamente do processo de criação e difusão de novas informações (BARROSO; COUTINHO, 2009), as quais publicam de modo livre, gratuito e democrático na rede.

É de extrema importância que os educadores estejam a par das discussões, pesquisas e experiências na área, como mostram os estudos de Moran (2007), Valente (2008), Ponte (2000), Maltempi (2005). Esses autores trazem contribuições significativas sobre a inserção das TIC para o ensino, estabelecendo relações de cooperação, diálogo, “trocas e desafios que envolvam e motivem os estudantes para a participação e a expressão de suas opiniões” (KENSKI, 2008, p. 13).

A tecnologia é uma maneira de inovar ou mudar a forma de se trabalhar na sala de aula, e a internet tem grande importância nisso (ALMEIDA et al, 2011), pois estabelece e proporciona outras relações, novas situações e, com isso, cria novas maneiras de se aprender, além de possibilitar uma variedade de formas de interação entre os docentes e os estagiários (PONTES, 2000). Atitudes assim podem ser incorporadas em qualquer série, afinal,

Os ambientes digitais oferecem novos espaços e tempos de interação com a informação e de comunicação entre os mestres e aprendizes. Ambientes virtuais de ensino onde se situam formas desgrudadas da geometria aprisionada de tempo, espaço e relações hierarquizadas de saber existentes nas estruturas escolares tradicionais (KENSKI, 2008, p. 11).

Sendo assim, é de suma importância a inclusão das TIC nas escolas e universidades, a partir do desenvolvimento de métodos mais participativos, que tenham o professor como “estimulador, coordenador e parceiro no processo de ensino e aprendizagem e não um mero transmissor de conhecimento fragmentado em disciplinas” (LEITE, 2008, p. 72). Isso se torna ainda mais relevante nos cursos de licenciatura, os quais têm como foco principal a formação inicial docente que terão contato direto com essa geração digital.

Os jovens manuseiam os recursos tecnológicos com facilidade, principalmente no que se refere à comunicação em redes sociais, nas quais eles, inclusive, dão início e cultivam relacionamentos. O entretenimento é outro elemento de atração para os jovens utilizarem as tecnologias (os jogos online são um bom exemplo). Nessa perspectiva, estamos circunscritos numa era assinalada pela hegemonia dos meios de comunicação de massa e disseminação imediata da informação em todas as partes do planeta. A revolução eletrônica parece abrir as janelas da história a uma nova forma de configuração do espaço e do tempo, das relações econômicas, sociais, políticas (PÉREZ-GOMÉZ, 2001).

As possibilidades de aprendizagem no ambiente digital envolvem estudantes e professores de forma colaborativa e participativa (SILVA, 2000a). Nesse cenário, o docente é um ator fundamental, pois deve proporcionar situações de interação do estudante com o meio digital. Por seu turno, o estudante assume maior responsabilidade na condução de seu próprio processo educacional (KENSKI, 2001, p. 232).

Os professores são cada vez mais convidados a utilizarem a internet nas suas aulas, através de interfaces diversas, como sites, blogs, softwares, entre outros, principalmente aquelas que originam a comunicação, interação e o compartilhamento de informações (BARROSO; COUTINHO, 2009, p. 2). É possível construir redes sociais a distância em que várias pessoas interagem, síncrona (em tempo real) e assincronamente (em tempos diferentes).

Entretanto, não basta abastecer as escolas com recursos tecnológicos, uma vez que é preciso que ocorram “mudanças nos cursos de formação

docente, abertura permanente ao novo; visão crítica na seleção das informações; sintonia com os desafios de cada momento” (RAMAL, 2003). O uso de recursos tecnológicos exige, em primeiro lugar, o entendimento dos benefícios e das limitações de interfaces específicas, as quais podem ser aplicadas em atividades de aprendizagem. Tais interfaces devem propiciar aos discentes a aquisição de autonomia em relação às suas próprias aprendizagens, a condução dos seus tempos de estudo e o uso de processos cooperativos de aprendizagem, no qual se valorize o diálogo e a participação permanente de todos os envolvidos no processo (KENSKI, 2005).

Se as tecnologias forem apropriadamente utilizadas, a sala de aula deixa de ser um ambiente rigorosamente ordenado e se transforma num ambiente que oportuniza a construção do conhecimento. Diante do exposto, é fundamental que a utilização das tecnologias vise a amplos objetivos promotores de interação e de construção conjunta do conhecimento (GREENHOW, 2007; PONTE, 2000), o que não deve ser diferente no ensino superior. Na universidade, o avanço das TIC representa um grande desafio no desenvolvimento de habilidades tecnológicas como facilitadoras do processo ensino-aprendizagem (SOUZA, 2009).

Apontamos para a necessidade de que a utilização das TIC nas atividades pedagógicas do professor esteja pautada em propostas que contemplem a dimensão reflexiva, investigativa e participativa do graduando no processo de aprendizagem. Nesse sentido, corroboramos com Lévy (1993), para quem a internet, enquanto tecnologia da inteligência no ambiente

educacional, só é completamente compreendida numa perspectiva

sociointeracionista, colocando discentes e professores como sujeitos de suas aprendizagens, valorizando a interação social na construção do conhecimento.

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