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2 A GESTÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

2.3 O atual modelo de gestão das instituições de ensino superior brasileiras

2.3.2 A imposição de um modelo de gestão

A sobrevivência das organizações está incondicionalmente atrelada às habilidades fundamentais de seus colaboradores em todos os níveis hierárquicos. Nessa perspectiva, é cada vez mais importante dispor de capital intelectual, que não se traduz apenas pelo simples acúmulo de conhecimento, mas pela capacidade de identificar, organizar e utilizar a informação necessária para alcançar os resultados pretendidos, afirma Palaia (2000). Ele assevera que será exigida das escolas uma estruturação empresarial baseada num desempenho de alta produtividade, capacidade de dispor de serviços de qualidade superior, agilidade para se deslocar nos cenários mutáveis; sobrevivendo somente a instituição que se debruçar sobre sua missão de forma profissional, com respaldo científico e compromisso social.

É ainda Palaia quem enfatiza que a gestão deve ter como base um plano norteador, que traduza e explicite para a sociedade a declaração das intenções de seus fundadores, formulando, assim, as suas diretrizes. No plano tático, irão influir o ambiente, a metodologia, a tecnologia e o conteúdo, que irão interagir através do plano acadêmico e pedagógico, integrando-os aos valores institucionais. Dessa forma, define-se a identidade educacional que irá influenciar as dimensões docência e alunado, determinando regras de atitude, conduta, desempenho e domínio do conhecimento. Nenhuma instituição pode deixar de conhecer profundamente todas as dimensões desse sistema, sob pena de não obter o resultado exigível para a sua sobrevivência.

Sendo a instituição de ensino superior uma empresa de prestação de serviços que oferece como produto a formação e a inserção de seus alunos no mercado de

trabalho, Tachizawa (1999), na Figura 1 apresenta o seguinte macrossistema, como um modelo de gestão aplicável às instituições de ensino.

Figura 1 - Macrossistema de uma instituição de ensino superior

Fornecedores Insumos Produtos Clientes IES

Fonte: Tachizawa, Andrade, 1999. p. 39.

Entende-se por fornecedores todos aqueles que fornecem recursos à instituição na forma de bens, serviços, capital, materiais e equipamentos, que são os insumos necessários à sua ativação; como clientes internos e intermediários consideram-se os funcionários e estudantes; já como clientes finais, o mercado que é o produto, o resultado das ações da instituição sobre os clientes de acordo com as necessidades do mercado.

A instituição de ensino superior é como qualquer outra organização, é um sistema que interage com o ambiente, buscando a melhor adequação possível para garantir a sua sobrevivência. É uma junção de pessoas, reunidas nas suas diversas atividades e na sua interação. Sua identidade e totalmente influenciada pelo ambiente externo ou o seu mercado. Tachizawa (1999) divide o ambiente externo em: microambiente, que reúne os agentes do ambiente que afetam a capacidade de a organização atender a seus mercados externos, mas próximos ao ambiente interno, como seus fornecedores, os intermediários de mercado, os clientes, os concorrentes e o público em geral; e no macroambiente, onde estão situadas todas as grandes forças que afetam o seu meio ambiente, como as variáveis econômicas, demográficas, ecológicas, tecnológicas, políticas, sociais e culturais.

A qualidade nas instituições de ensino deve ser entendida como uma filosofia que embasa o modelo de gestão proposto, como um conjunto de decisões exercidas, sob princípios de qualidade preestabelecidos, com a finalidade de atingir e preservar os equilíbrios dinâmicos entre os objetivos, meios e atividades, entende o autor. A filosofia de qualidade deve ser encarada como um processo contínuo com a participação de todos os níveis da instituição de ensino superior.

O modelo de gestão aplicável às instituições de ensino é, na visão de Tachizawa (1999), sistêmico e metodológico, separando as variáveis estruturais, comuns a todas as instituições de ensino superior, daquelas específicas de cada uma delas, como demonstrado na Figura 2:

Figura 2 - Modelo descritivo de gestão

+ + = Fatores comuns às IES específicos da IES Fatores Modelo de

gestão

Fonte: Tachizawa; Andrade, 1999. p. 63.

Existem estratégias específicas e instrumentos singulares a cada instituição de ensino superior, que variam de acordo com suas crenças, valores e estilo de gestão. Ao implementar um modelo de gestão, deve-se, no entanto, levar em consideração os fatores subjetivos de cada instituição.

Tachizawa (1999) adotou a denominação gestão estratégica por entender ser mais ampla do que planejamento estratégico ou plano estratégico, e mais adequada às instituições de ensino superior. Os gestores ou técnicos da instituição de ensino superior que conheçam mais de perto a sua realidade devem criar comitês ou grupos de trabalho para a condução das atividades inerentes ao planejamento estratégico. É fundamental a avaliação da gestão estratégica da instituição ou sua definição em termos de missão, objetivos e metas, bem como suas opções estratégicas escolhidas para cumprir seus objetivos num determinado período de tempo, consoante com seu meio ambiente. A este respeito, assim ele se expressa:

o planejamento estratégico da IES deve ser entendido como um processo, cujo objetivo final é dotá-la de um instrumento de gestão estratégica de longo prazo - plano estratégico -, que, por sua vez, representa a súmula do conceito estratégico da instituição de ensino, servindo de orientação para a definição e o desenvolvimento dos planos e programas de curto e médio prazos, bem como permitindo a convergência das ações em torno dos objetivos comuns. (Tachizawa, 1999, p.104).

Como exemplificado na Figura 3, o planejamento estratégico também irá balizar o projeto pedagógico da instituição de ensino superior, que por sua vez, irá consolidar a programação das atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão, devendo

ser estruturado de forma isolada, porém integrada, para cada curso da instituição de ensino, como exemplificado na Figura 3:

Figura 3 - Projeto Pedagógico

Dados internos

Dados externos Plano estratégico Planejamento

estratégico

Projeto pedagógico

Fonte: Tachizawa; Andrade, 1999. p. 110.

Silva Filho, citado por Tachizawa (1999), argumenta que devem ser criados: um programa permanente de avaliação da implantação das mudanças na instituição de ensino superior; indicadores de gestão, abrangendo os níveis do negócio ou da interação com o ambiente; indicadores de desempenho global, analisando-se o seu corpo gerencial e indicadores de qualidade relativos a cada processo ou tarefa.

Tachizawa (1999) ainda afirma que a "configuração organizacional é peça fundamental para a obtenção de um melhor desempenho no processo de gestão de uma instituição de ensino". A estrutura tradicional é do tipo verticalizada e funcional, caracterizando-se pela existência de áreas estanques, com a adoção da departamentalização das atividades, como: departamento de ensino, secretaria de curso, setor de registro e controle acadêmico, setor financeiro e assim por diante. O autor propõe a adoção do enfoque sistêmico, que pode ser aplicado na estrutura tradicional das instituições de ensino superior, com os processos, tarefas e atividades, podendo ser realizados por uma ou mais pessoas, voltados exclusivamente para a solução dos problemas organizacionais, permitindo que toda a instituição opere como um sistema processador que converte entradas em produtos que fornece aos seus clientes.

Como outros elementos importantes para a gestão eficaz da instituição de ensino superior podem ser destacados: o uso da informação como recurso estratégico, com a formulação de sistemas que possam melhor captar as informações contidas no ambiente, processá-las e convertê-las em valores para a organização e seus clientes, e a junção adequada dos recursos humanos, como professores e demais

funcionários, explorando adequadamente suas habilidades, motivação e criatividade e incutindo uma visão global da organização. Com estas palavras ela arremata:

Os objetivos principais de recursos humanos numa instituição de ensino podem ser resumidos em: criar, manter e desenvolver um contingente de recursos humanos com habilidades e motivação para realizar os objetivos da instituição; criar, manter e desenvolver condições organizacionais de aplicação, desenvolvimento e satisfação plena dos recursos humanos e alcance dos objetivos individuais e alcançar eficiência e eficácia através dos recursos humanos disponíveis (Tachizawa, 1999, p. 197).

3 O MARKETING NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO