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O período de 1945 a 1955 é um intervalo de tempo inquietante; não só da história do Recife, como do país: conflito mundial sendo solucionado; luta pela democracia; atividade cultural intensa; busca de autonomia. O Recife e o Brasil, nesse contexto, viviam circunstancias que comumente se considera de retorno à democracia, ou de redemocratização. A proposta é verificar nos discursos que circularam nesse período a compreensão de democracia que sobressaía. E, se acreditavam num retorno, em quais referências históricas se apoiavam. Nesse sentido, a intenção é estudar a historicidade da democracia enquanto prática e representação: a memória, a cultura e a prática democrática no espaço recifense, ou seja, como a democracia era representada, justificada, lembrada e sua experiência era vivida em diversos campos de existência: trabalho, sociedade, política, arte, particularmente no cotidiano; mesmo frente à persistência de representações e práticas do período da ditadura e com o retorno ao poder de seus maiores ícones: Getúlio Vargas e Agamenon Magalhães.

A imprensa não é apenas fonte, mas, sobretudo, objeto de estudo. Enquanto no Estado Novo207 a imprensa tinha que se submeter à censura do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e colaborar com o Estado; a partir de 1945 os jornais passaram a revelar suas bandeiras de luta, tomar posição pelo fim da ditadura, e empreender esforços pela conquista dos leitores, ou melhor, de eleitores para o seu candidato à presidência. Nesse

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)(55(,5$-RUJH4XDQGRRVWUDEDOKDGRUHV³TXHUHP´SROtWLFDHFLGDGDQLDQDWUDQVLomRGHPRFUiWLFDGH 1945. In O Imaginário Trabalhista: Getulismo, PTB e cultura popular 1945-1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. P. 69->2DXWRUGHVFUHYHDPHVPDLPDJHPSXEOLFDGDQ¶O Jornal. Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1945].

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Período que desenvolvemos na dissertação de mestrado: Veneza Americana X Mucambópolis. O Estado

Novo na Cidade do Recife. (Décadas de 30 e 40). Recife: Programa de Pós-Graduação em História - UFPE,

sentido, não só como veículo de informação, mas como formadora de opinião, a imprensa se apropriava e era responsável pela circulação de representações de democracia; que influenciavam e eram influenciadas por práticas sociais, políticas, econômicas e no campo da produção e da apreciação artística. Nesse último, temos no Recife uma movimentação cultural intensa, especialmente no teatro, como também um processo de democratização do acesso a bens culturais, aspectos já abordados no primeiro capítulo.

Pernambuco, durante o Estado Novo, esteve sob a gerência de um dos mais importantes colaboradores de Vargas nessa ditadura: Agamenon Magalhães. O ano de 1945 começava, no entanto, com sinais de mudança; e vozes discordantes do regime, apesar das dificuldades, conseguiram se erguer através da imprensa e foram reforçadas pelo manifesto de intelectuais presentes no I Congresso Brasileiro de Escritores, como também pela publicação da explosiva entrevista de José Américo de Almeida concedida a Carlos Lacerda, clamando pelo fim da censura, por eleições, pela democracia. A censura foi convidada a se retirar, o presidente tentava manter o controle anunciando eleições e convocando Agamenon para organizá-las como Ministro da Justiça ± essa última atitude desagradou à imprensa, particularmente Assis Chateaubriand, que se movia na oposição.

Agamenon, ao assumir a pasta da Justiça, deixou seu Secretário de Segurança, Etelvino Lins, como interventor de Pernambuco. Etelvino já fizera nome como chefe de uma polícia truculenta. As manifestações pela candidatura de Eduardo Gomes e contra a ditadura animavam o Recife, sendo orquestradas, entre outros, pelo Diário de Pernambuco.

Aos três de março de 1945 em meio a um comício que utilizava a sacada do prédio do Diário de Pernambuco como palanque, um dos oradores, o estudante de Direito, Demócrito de Souza Filho, foi alvejado e caiu morto. Na rua foi atingido também o carvoeiro Elias, que faleceu dias depois208. No dia quatro de março o Diário foi ocupado militarmente, e apenas uma nota oficial da Secretaria de Segurança Pública foi publicada nos outros jornais justificando porque estava sendo suspensa a circulação do Diário de Pernambuco por tempo indeterminado. O Diário só retornaria em nove de abril, por decisão da justiça; e a edição desse dia foi quase a mesma de quatro de março, que foi impedida de chegar às ruas. Esses acontecimentos seriam matéria constante não só no Diário, mas em outros jornais da cidade por todo ano de 1945. Demócrito se tornaria um mártir da luta pela democracia e seria

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Ainda sofreram ferimentos causados por arma de fogo: o estudante Rui de Lima Cavalcanti, sobrinho de Carlos de Lima Cavalcanti; o estudante de Direito José Maria de Moura Marques; um rapaz de 21 anos chamado José de Lima; um militar da Aeronáutica, José Macedo de Arruda, de 17 anos; o estudante Caitano Francisco Durães, de 22 anos; o servente Manuel Alves da Silva; e o marinheLURGRQDYLR³%HOPRQWH´/RXULYDO)DJXQGHV In Os dolorosos acontecimentos da tarde do último sábado. Momento Político Nacional. Jornal Pequeno. Recife, 05 de março de 1945.

constantemente lembrado e reverenciado. Por coincidência, ou obra do destino, o nome do UDSD]VLJQLILFD´IRUoDGRSRYR´RX³HOHLWRGRSRYR´

O Diário de Pernambuco é considerado o jornal mais antigo em circulação da América Latina (1825); desde 1931 faz parte dos Diários Associados de Assis Chateaubriand. Dirigido por Aníbal Fernandes, o Diário passou a ser veículo de campanha da União Democrática Nacional, UDN, e de uma ala desse partido que se denominava Esquerda Democrática; um dos maiores expoentes desse segmento era Gilberto Freyre.

Assis Chateaubriand e Gilberto Freyre passaram pela experiência do Estado Novo em divergência com Agamenon Magalhães. O Diário de Pernambuco fazia campanha por Eduardo Gomes, contra a ditadura Vargas e a interventoria de Etelvino Lins; e abria espaço para leitores exporem opiniões e revelarem problemas de sua comunidade. Em junho de 1945, o Jornal Pequeno209, um tablóide popular de seis páginas, vespertino, que até então seguia as diretrizes do Estado Novo, foi vendido a Antonio de Barros Carvalho - um dos publicistas do Diário de Pernambuco ± tornando-se mais um reforço na campanha da UDN. O redator responsável pelo Jornal Pequeno passou a ser Gilberto Osório de Andrade, também publicista do Diário. O Jornal Pequeno, por trinta centavos, oferecia muita crítica e ironia através de seus artigos e charges. Aníbal Fernandes afirmava a intenção de retomar a tradição democrática do Jornal Pequeno, pois, segundo ele, o seu fundador, o jornalista Thomé Gibson IRL XP ³WUDEDOKDGRU GHPRFUDWD´ DPLJR GH (GPXQGo Bittencourt, Lauro Sodré e J.J. Seabra ³KRPHQVTXHSHOHMDUDPSHODGHPRFUDFLDQR%UDVLO´210.

Além do Jornal do Commercio - cujos exemplares impressos do período não estão em condições de serem consultados -, circulavam pelo Recife, entre outros: a Folha do Povo, porta-voz do Partido Comunista e na campanha de Yedo Fiúza; e a Folha da Manhã, fundado por Agamenon em 1938 e órgão oficioso do Estado Novo. O jornal Folha da Manhã circulava em duas edições, o matutino e o vespertino, e além das crônicas do próprio Agamenon, que depois foram substituídas pelas de José Campello, oferecia duas páginas para o trabalhador, onde se divulgava e se comentava as leis e as condições de trabalho, como também uma seção LQWLWXODGD³$YR]GRSRYR´2'LiULR, DOpPGDVHomR³&DUWDVj'LUHomR´SXEOLFDYDWDPEpP, QXPD SiJLQD GHGLFDGD jV DWLYLGDGHV DJUtFRODV D VHomR ³9LGD QR &DPSR´ Contudo, essas seções dirigidas ao trabalhador e que permitiam a expressão de pessoas comuns ganhavam e perdiam espaço no jornal de acordo com suas relações de força. Foi o que observamos ao

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Foi fundado pelo jornalista Thomé Gibson em 1909.

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compararmos períodos distintos como 1945 e 1947. Mesmo diante das eleições, em 1947 as duas páginas inteiras para o trabalhador não foram usadas.

É importante caracterizar esses veículos de comunicação do Recife, especialmente o Diário de Pernambuco e a Folha da Manhã. Além de manterem um diálogo entre si, ou melhor, uma disputa de opiniões, eram também espaços em que os leitores poderiam se expor, se confrontarem, participarem dos debates que se configuraram nesse tempo que se alterava. Algo que chama a atenção é o fato dos jornais, por vezes, se colocareP FRPR³SROLFLDLVGD PHPyULD´XQV dos outros. Nesse momento particular, em que se deseja superar a experiência da ditadura - sendo, portanto, uma época, também, das justificativas, dos mea culpa, dos esquecimentos voluntários e de passar a limpo muitas coisas que haviam acontecido e que o DIP impediu a divulgação, por cercear o livre pensar -, os jornais vão ao baú dos registros e trazem à tona pronunciamentos feitos pelas autoridades no tempo do Estado Novo. A Folha da Manhã colocava frases de Chateaubriand que manifestavam pleno apoio ao novo regime como se fossem ilustrações de suas páginas; o Diário faz o mesmo com frases de Agamenon Magalhães, no sentido de alertar que ele continua o mesmo. Por sinal, um dos artigos de Chateaubriand, que seria publicado no Diário de Pernambuco do dia quatro de março, mas, por causa do empastelamento do jornal só veio a ser publicado em nove de abril, inWLWXODGR³$ 9DFD 7RWDOLWiULD´ IRL uma reação à nomeação de Agamenon Magalhães para o cargo de Ministro da Justiça. Para Chatô, o ex-interventor de Pernambuco era totalmente inadequado para o cargo, por seu perfil antidemocrático e fascista.

Assis Chateaubriand costumava dizer que quem quisesse ter opinião que comprasse um jornal. O trocadilho expressa bem o que pensava o jornalista e grande empreendedor das comunicações a respeito do poder da imprensa. Além de estar alertando a seus funcionários sobre quem determinava a opinião dos Diários Associados, também manifestava a importância do jornal como formador de opinião; e, nesse momento histórico, particularmente meio de conquistar eleitores.

De terça a sábado, por dez páginas do Diário de Pernambuco, pagava-se cinqüenta centavos; aos domingos o jornal saía com catorze páginas por sessenta centavos. A edição de domingo incluía um especial de literatura com a publicação de artigos de Raquel de Queiroz, Lúcia Miguel Pereira, Tristão de Athayde, Álvaro Lins, Gilberto Amado, entre outros. Muitos desses artigos marcavam posição diante de questões políticas e sociais que viviam naquele momento. Raquel e Lúcia, por exemplo, comentavam, entre outros assuntos, sobre a condição da mulher.

A primeira página do jornal, geralmente, era dedicada a assuntos internacionais. No caso, sobressaiam notícias da guerra na Europa, salvo acontecimentos extraordinários, como a queda de Vargas, mas que, mesmo assim, teve espaço privilegiado na última página, que era a segunda capa do jornal. Na segunda página, além do editorial - sempre discutindo sobre questões políticas do Brasil -, vinha pequeno artigo de Austregésilo de Athayde; um longo artigo de Chateaubriand - que quase sempre terminava em outra página; e artigos de outros articulistas como: Costa Rego, Olívio Montenegro, Macedo Soares, e tantos outros. Seguiam- se notícias policiais locais, reprodução de atos do governo estadual e federal, uma seção para notícias do interior, outra sobre Olinda, moda, receitas, notas de eventos sociais, esporte, anúncios e publicidade. Na última página, ou segunda capa, vinha o noticiário nacional e local, que, geralmente, eram concluídos na segunda página ou em outras do miolo do jornal. A diagramação do jornal, nesse período, ainda não é muito boa, e a cor ainda não é utilizada.

O noticiário e os numerosos artigos, praticamente durante todo o ano de 1945, eram dedicados à campanha contra a ditadura e pela eleição do Brigadeiro Eduardo Gomes, o que incluía manifestações constantes sobre o caso Demócrito, e, a partir do segundo semestre, sobre o atentado a Aníbal Fernandes, diretor do jornal. Percebe-se, também, uma estratégia do Diário de Pernambuco: praticamente não mencionavam o nome de Agamenon Magalhães, quando necessário, usavam notas pequenas de pouco destaque. Getúlio também não aparecia muito, a não ser quando ressaltavam suas afirmações de que não era candidato à presidência ± uma forma do jornal enfraquecer o movimento queremista e, ao mesmo tempo, alertar sobre a possibilidade do sentido contrário, considerando o grande número de artigos, opiniões e notícias sobre as eleições de dois de dezembro não acontecerem. Etelvino Lins, que substituiu Agamenon na Interventoria de Pernambuco, geralmente aparecia associado a situações negativas para o Estado, especialmente às notícias de violência policial. No entanto, personalidades militares, como Góis Monteiro, e que participaram do movimento tenentista em 1922 estavam sempre evidência. O jornal demonstrava um apreço pelas Forças Armadas, que eram identificadas como os naturais guardiões da democracia, e dedicavam boa parte de seu noticiário às atividades da FEB e da FAB na guerra. Outro detalhe era o destaque dado aos eventos sociais promovidos pelos norte-americanos no Recife por meio de seus clubes, os United Service Organizations, os USOs, tratados no primeiro capítulo desta tese.

Todas essas considerações, não esgotadas, sobre os jornais: suas origens, formato, tratamento de noticias e imagens têm razão de ser. Muitas vezes, quando escrevemos história caímos nas armadilhas das fontes. Como uma rede, uma teia de aranha que imobiliza o inseto, a fonte nos seduz e devora. Sua linguagem costuma sugerir como naturais as práticas e

representações que expressam. E o jornal é a representação maior de uma rede, uma rede de relações sociais, econômicas, políticas, culturais: relações de poder, ou relações de força, como diria Ginzburg. Não temos, por exemplo, nessa época, apenas o jornal Diário de Pernambuco, mas uma rede social que se manifesta por esse periódico, unida pelo desejo de democracia. Democracia entendida como liberdade.

Compreendendo que os conceitos significam em diálogo com sua época, ou seja, os conceitos possuem uma historicidade, um movimento histórico de autoalteração211; consideramos que o sentido de democracia, nesse momento particular da história do Brasil, se multiplica e estabelece um novo significado na intenção de se reinaugurar. Reinstitui-se em uma nova forma, que se constrói com os acontecimentos e as experiências cotidianas vividas. Experiências não só políticas, mas sociais, econômicas, culturais. O discurso é o veículo dessas experiências e também o promotor de novas, demandando mudança de atitudes. As idéias circulam, os sentidos circulam, são apropriados e reapropriados produzindo movimentos contínuos de re-interpretação das representações e das práticas de democracia.

A democracia urgia pela liberdade. Como assinalava Assis Chateaubriand num de seus artigos:

[...] a liberdade de palavra, a liberdade de reunião, a liberdade de imprensa e propaganda, as garantias para que funcionem todos os partidos com o respeito integral pelas suas idéias e suas atividades com providências adequadas do governo a fim de que se efetivem essas garantias.

&XULRVDPHQWH HVVH DUWLJR FRP R WtWXOR GH ³$ LGpLD-IRUoD GD GHPRFUDFLD´212, era um ataque ao Partido Comunista. Chatô aproveitando uma declaração do General Góis Monteiro garantindo o pleito de dois de dezembro, afirmava que não se podia permitir que o Partido Comunista participasse das eleições, visto que esse partido representava o regime totalitário russo, ou seja, um regime antidemocrático. O apoio comunista a Getúlio e a voz das massas do movimento queremista davam o mote para que se acreditasse na continuidade de Vargas no poder. Chateaubriand conclamava, então, o Exército, as classes armadas do país, para uma reação. Isso se repete em outro artigo no dia vinte e dois de agosto de 1945, quando denunciava que os bolchevistas de forma velada e dissimulada introduziam, segundo suas

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Vide sobre essa expressão em CASTORIADIS, Cornelius. Figuras do Pensável. As Encruzilhadas do

Labirinto. RJ: Civilização Brasileira, 2004. P. 182-184. Volume VI.

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palavras, ³RWRWDOLWDULVPRGHXPDJHQWHH[yWLFDFXMDFXOWXUDVRFLDOHSROtWLFDHOHPHQWDUQDGD WHPGHDILPFRPDQRVVD´QDHGXFDomRGHFULDQoDVHMRYHQV

Com a legalidade, ocorreu, no Recife, uma proliferação de células comunistas. O Comitê Municipal do Recife lançava em dezembro, após as eleições ± que foi muito favorável aos candidatos do partido -, uma campanha ousada: alfabetizar as populações infantis e adultas, comunistas ou não, ³SDUD VH WRUQDUHP FLGDGmRV PDLV ~WHLs e mais integrados no organismo político de nossa pátria213´ Várias células e comitês democráticos inauguraram e reabriram suas escolas.

Chateaubriand atacava a doutrina comunista que adjetivava como totalitária, e alarmava sobre a influência de Moscou no país. No entanto, preservava ao partido o direito de existência, embora lhe negasse o direito de participação direta na jornada eleitoral, como YLPRV QR DUWLJR ³$ LGpLD-IRUoD GD GHPRFUDFLD´ (P RXWUR DUWLJR GH YLnte de outubro do mesmo ano, com o título de ³(VWHV 'LDERV 9HUPHOKRV´ DR UHVSRQGHU a elementos da comunidade católica de Belo Horizonte, descontentes pela rádio estar difundindo a voz do Partido Comunista em campanha, Chatô afirmou que continuava combatendo o credo vermelho, mas como a radiodifusão é uma concessão do Estado, e como o governo reconhecia o Partido Comunista, este tinha pleno direito de acesso ao serviço. Assis Chateaubriand defendia nos seus artigos a necessidade de se resguardar o pouco de democracia que se havia conseguido até o momento; acreditava que o erro dos países totalitários era justamente cercear o direito de livre expressão colocando os comunistas na marginalidade, pois, além de provocar a revolta, no seu entender, produzia mártires, como o próprio Prestes, que, enquanto preso político do Estado Novo ainda possuía a mística do Cavaleiro da Esperança, mas em liberdade não passava de um homem comum.

Esses princípios de liberdade democrática, que a imprensa afirmava insistentemente que faziam parte da índole do povo brasileiro, Chateaubriand considerava que ³KiPDLVGHXP século fazemos experiência [.@ QD WHUUD GH 6DQWD &UX]´214. O Diário de Pernambuco ressaltava essas origens rememorando as batalhas de expulsão dos holandeses de Pernambuco e as revoltas liberais de meados do século XIX, outra referência constantemente usada, especialmente por Gilberto Freyre, era a campanha abolicionista, com destaque para a atuação de Joaquim Nabuco. O movimento tenentista de 1922 e a chamada Revolução de Trinta eram também lembrados, mas, segundo Chateaubriand, foram desvirtuados pelo ditador e por seus

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Folha do Povo. Recife, 14 de dezembro de 1945.

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MELO, F. Assis Chateaubriand Bandeira de. Estes Diabos Vermelhos. Diário de Pernambuco. Recife, 20 de outubro de 1945.

³DPLJRV XUVRV´ FRPR os chamava. Para o criador do condomínio Diário Associados, que muito se beneficiou apoiando aquele que chamava de ditador e durante o Estado Novo chamou de chefe, chefe do Estado Nacional, o problema não era propriamente Vargas, que enaltecia como um grande político e administrador, mas quem trabalhava com ele, estes ele não perdoava.

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