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3 UM OLHAR SOBRE OUTRO FOCO

3.3 Imprensa operária: uma nova realidade no Brasil

Ao nos depararmos com a imprensa operária, independentemente de suas fases, para fins de análise, temos sempre de ter muita cautela quando nos dispomos a interpretar os textos produzidos pelos próprios personagens que compõem a narrativa. Não devemos nos deixar levar pela atração que a fonte nos provoca; vale sempre lembrar que atrás de uma disputa política ou ideológica pode existir um conjuntos de interesses e dramas pessoais vinculados ao texto impresso.

Tal qual o processo de formação das primeiras organizações operárias no Brasil, as manifestações iniciais do operariado brasileiro, ou dos intelectuais que os representavam, apareceram marcadas pela teia de conflitos nos quais estavam inseridos esses sujeitos. Não nos referimos aqui, tão somente, aos conflitos sociais

externos ao movimento operário, mas sim aqueles originários da própria construção do coletivo. A imprensa operária representava, no inicio do século XX, para o movimento operário, além de um veículo de circulação de idéias, um instrumento de educação, de formação política, de informação e também de lazer.

As agremiações proletárias nessa época, período no qual estão inseridas as primeiras publicações operárias, são caracterizadas pela capacidade de incluir em um movimento essencialmente político, além do próprio militante, sua família e amigos. As festas, as quermesses, os campeonatos esportivos e de poesias tornavam o sindicato da categoria um centro de sociabilidade, onde as pessoas se encontravam não apenas para discutir política ou economia.

A participação do leitor militante foi sempre de fundamental importância na manutenção dessa ferramenta de luta proletária. Muitos dos textos publicados nos jornais sindicais ou partidários eram escritos pelos próprios operários; críticas e sugestões estavam reservadas, em algumas publicações, a algum espaço próprio no interior do jornal, aberto, unicamente, à participação daqueles leitores que não dispunham de conhecimento prático para elaborar uma crônica ou uma narrativa completa sobre eventos ocorridos em meio ao seu cotidiano. De acordo com John Foster Dulles, a necessidade de inclusão dos grupos operários dentro da organização sindical, num primeiro momento, fez com que a imprensa operária se expandisse através de diversas publicações. Segundo Foster Dulles, esse processo se deu da seguinte maneira:

Alguns dos primeiros militantes participavam de piqueniques dos operários e suas famílias, com o fim de atrair simpatizantes e divulgar a necessidade da formação de sindicatos mais fortes. Mas o trabalho era lento. Os militantes encontraram um proletariado local ‘de escassa remuneração, com horário de 10 e 12 horas, e tratamento grosseiro – não estava em condições de tomar atitudes, não se apercebia do seu estado de sujeição, nem de sua miséria’.

Para auxiliar a convencer os trabalhadores, existia a imprensa proletária – uma enorme quantidade de periódicos – em geral com a divisa ‘Proletários de todos os países, uni-vos!’ Eram particularmente numerosos no Rio de Janeiro e em São Paulo, as duas cidades a apresentaram maior índice de desenvolvimento industrial no país. Dificuldades financeiras e diligências policiais garantiam vida breve

para a maioria desses periódicos, ou temporárias interrupções na publicação dos mais bem sucedidos63.

Em verdade, as tentativas de impedir o funcionamento, tanto das agremiações operárias quanto dos veículos de difusão de suas idéias, foram corriqueiras nesse início de século; nem poderia ser diferente, se levarmos em consideração o contexto em que estavam inseridos esses organismos. O fato é que, mesmo sob o controle direto da repressão estatal, essas organizações conseguiram resistir, seja pela interrupção temporária na circulação de algum periódico, seja pela necessidade de mudança do endereço da sede onde se produziam os jornais, ou mesmo pela implementação de novas redes de contatos no intuito de impedir a destruição, por parte da polícia, dos equipamentos de impressão dos periódicos e dos próprios periódicos, os quais a ação repressiva costumava incendiar.

A história da formação do movimento operário brasileiro, já entendido como coletividade, também corresponde à história da construção das primeiras manifestações impressas do operariado. O jornal, fosse elesemanário, quinzenal ou periódico, de circulação mais espaçada, surgiu em paralelo às transformações ocorridas no interior das organizações operárias, tivessem essas caráter ácrata ou socialista. Para o movimento operário, o jornal passa a adquirir um papel

positivamente revolucionário, no sentido de que além do seu papel combativo no

terreno político, há também que se levar em consideração as transformações suscitadas em seus leitores no que tangencia a educação, a ética64, a

responsabilidade pela palavra propagada em nome do grupo, ou em nome próprio, a capacidade de interação e de identificação com determinado grupo, enfim uma gama de noções intimamente ligadas à sociabilidade que nem sempre a população de baixa renda, inserida quase que subitamente no mercado de trabalho, tinha acesso, domínio ou conhecimento.

Diante do arcabouço de fatores conjugados ao papel da imprensa operária há que se pensar também no leitor, o que, dentro da maioria das publicações operárias, corresponde falar também no produtor de textos, visto que o militante ou o simpatizante da causa que lê o jornal é, periodicamente, convocado a participar da

63 DULLES, John Foster W. op. cit. p.23.

64 Não nos referimos apenas à ética do trabalho estabelecida no interior das relações de produção ou de

publicação contribuindo para o fortalecimento da mesma. A contribuição, além de financeira, é também intelectual, logo, não há como colocar esse leitor numa condição de passividade. Segundo Maria Nazareth Ferreira, o jornal operário “é um

instrumento de informação, conscientização e mobilização; o receptor não é um elemento passivo, mas alguém que tem interesses comuns e participa da mesma forma da organização, a comunicação torna-se um instrumento de intercâmbio, não de dominação”.65 Esse último certamente é um dos pontos principais que diferencia a imprensa operária da chamada imprensa pequeno-burguesa ou grande imprensa. Outra função de suma importância agregada à imprensa operária é a capacidade de aproximar acontecimentos desenrolados nos mais longínquos pontos do mundo do operariado imerso nos mundos do trabalho. As lutas operárias internacionais ganham relevância e destaque, quando encaradas como objetivo comum do grupo que aqui ainda germinava. A constituição de um sentimento de pertença, ainda que remoto e relacionado às “majestosas” lutas travadas contra os grandes poderes constituídos na Europa, aproximava-se, não raras vezes, mais de um conto heróico publicado nos jornais como exemplo de bravura de mártires revolucionários do que à afirmação de um processo desenrolado pelas agruras do sistema.

Assim, nas páginas das publicações operárias, tão majestoso quanto o cenário internacional de lutas e conquistas do “proletariado uníssono” é o momento em que se encontra a organização operária no Brasil. É comum se tratar aqui do rápido engrossamento das fileiras proletárias seja na ocasião de uma greve ou boicote, seja na constituição de um partido genuinamente operário. A estratégia otimista de mobilização das massas é plasmada nas páginas das publicações e, certamente, compunham o grupo de matérias ou artigos lidos em voz alta nas assembléias. É bem verdade que a autocrítica e os obstáculos pelos quais passam as organizações operárias em atividade pelo país também são discutidos e aprofundados como forma de superação. De acordo com Maria Nazareth Ferreira outra característica essencial da imprensa operária é a forma com que as notícias eram publicadas:

Não existia a figura do repórter, do profissional da notícia. Ao invés de o jornal procurar a notícia, essa é que procurava o jornal, numa autêntica forma de comunicação participativa, verdadeira integração entre o emissor e o receptor, entre o jornal e o leitor. As salas de redação recebiam farto material sobre o movimento operário e notícias afins, transformando todo o proletariado em repórter de seu jornal. Esse material recebido pelos jornais era composto de relatórios dos sindicatos, cartas pessoais, denúncias etc.66

Como espaço de sociabilidade, o jornal operário também servia como meio onde eram discutidas as rusgas pessoais travadas entre os militantes no interior da agremiação, ou mesmo fora delas. Intrigas entre militantes de organizações distintas também eram levadas a cabo e discutidas amplamente com espaço à participação os leitores contando, inclusive, com a sugestão dos mesmos para sanar as tão corriqueiras discórdias. Quando trazemos para discussão as disputas e cismas estabelecidos entre operários não objetivamos de forma alguma diluir o caráter unitário do movimento operário brasileiro, apenas queremos mostrar que, como em todas as organizações de caráter político que tratem de interesses comuns, as disputas e as intrigas também entram em cena e se tornam quase que cenas corriqueiras, que também devem ser trabalhadas sem qualquer diminuição de importância.

Entender a vivência desses militantes operários e sua sociabilidade, quando organizados em grupos políticos, é de grande valia para a compreensão também da imprensa como veículo de expressão que ora servia aos interesses do grupo, ora servia, em pólo diametralmente oposto, para difundir, insuflar ou esclarecer as disputas pessoais travadas entre esses indivíduos na vida associativa.

Como instrumento de politização e disseminação de determinada carga ideológica a imprensa operária tinha o dever quase que “missionário” de se manter ativa; logo sua atuação, por mais afetada que fosse pelas forças repressivas do Estado, não podia ser interrompida por completo. Manter esses jornais em funcionamento, ainda que na clandestinidade, não foi tarefa fácil. Há uma série de correspondências internacionais do PC do Brasil transmitidas entre os anos de 1923

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e 1924 alertando, em especial a imprensa operária européia, sobre o decreto nº 4.743, em vigor no Brasil no ano de 1923, que determinava um conjunto de restrições à atuação dessas publicações. Nas palavras de Octávio Brandão, um dos principais líderes do PC do Brasil:

Suas finalidades são: 1) reforçar a legislação contra alguns crimes (calúnias, injúrias, insuficientemente punidos no código penal); 2) combater as propagandas subversivas (anarquistas e comunistas); 3) tornar impossível, de fato, qualquer crítica a administração de sua administração ou às autoridades...

E aí está a novidade. A administração passa a ser tabu. O governo, sagrado.67

A perseguição policialesca instituída pelo poder central contra as organizações de caráter operário atingem desde os organismos numericamente fracos e pouco institucionalizados como a própria organização partidária comunista, guardadas as devidas proporções, de pouca amplitude. Segundo o Secretariado Internacional do PC do Brasil, em correspondência internacional, a agressão policial direcionada especialmente à imprensa e à própria literatura do partido se torna tão alarmante que a ameaça eminente de derrota é difundida como um pedido de socorro às organizações proletárias internacionais. Como podemos constatar através da seguinte correspondência:

Há uma furiosa perseguição à literatura comunista. A direção dos Correios de Porto Alegre mandou queimar centenas de exemplares do

Manifesto Comunista de Karl Marx, impresso no Brasil pela primeira

vez! [...]. As sedes de várias associações operárias progressistas foram fechadas. É o caso do Centro Cosmopolita. Os órgãos sindicais

Voz Cosmopolita e O Alfaiate foram suspensos [...]. O Partido

Comunista Brasileiro clama por socorro!68

Além da repressão policial instaurada pelo Estado contra qualquer instrumento de luta do operariado brasileiro existia também outro empecilho, a falta de instrução, ou seja, a inexistência de educação formal à população de baixa renda. Em vista disso, a imprensa operária, desde os seus primórdios, estampou

67 BRANDÃO, Octávio. A correspondência internacional: uma lei sobre a imprensa brasileira, o decreto nº

4.743. 28.12. 1923. p.1.

68 SECRETARIADO Executivo do PC do Brasil. A correspondência internacional, na América Medieval:

Brasil Uma República Sul-Americana onde são queimadas obras de Karl Marx e Bukharin. 19.11.1924. p.1-

capas e inúmeros artigos com charges ou ilustrações. O objetivo foi, certamente, tornar o texto mais acessível aos militantes que, inúmeras vezes, só tinham acesso à linguagem do texto impresso através das leituras coletivas dos jornais em reuniões e assembléias de sua respectiva organização. Também levando em consideração a população ativa de imigrantes dentro do movimento operário brasileiro é que se deu a necessidade de criação de publicações em língua estrangeira, o que, segundo Maria Nazareth Ferreira, facilita a suposição de que “o contingente de estrangeiros a

ser informado e politizado era bastante significativo”.69

A formação do movimento operário no Brasil na virada do século XIX para século XX com a constituição das primeiras organizações de caráter ácrata foi acompanhada pela constituição da imprensa operária. As primeiras manifestações impressas tinham um forte caráter anarcossindicalista, o que só mudou com a fundação do PC do Brasil; a partir daí as primeiras dissidências políticas formadas no interior do partido ou das agremiações sindicais já carregavam consigo a herança transmitida pelos primeiros grupos de intelectuais ou trabalhadores que se preocuparam em trazer a essência de suas lutas para as páginas dos jornais. Tanto é assim que, as publicações operárias desse início de século, sejam estas anarquistas, socialistas ou comunistas apresentam uma semelhança muito grande em se tratando de forma.

De um modo geral, as publicações operárias eram compostas por uma capa, que geralmente trazia maior número de imagens. Já as “matérias” ou artigos de preocupação imediata da categoria ou do partido eram publicados na segunda página, ou nas duas seguintes70 são publicados os textos de origem estrangeira

traduzidos ao em português e, na última página, constam os artigos locais, a participação dos leitores, a lista de subscrição das assinaturas e as obras disponíveis para leitura nas conhecidas bibliotecas operárias.71 Algumas publicações

69 FERREIRA, Maria Nazareth. op. cit. p.15. 70

A vasta quantidade de periódicos sindicais ou partidários que circulavam entre os anos de 1910 e 1920 é diretamente proporcional a variação de páginas que era adotada numa publicação; ou seja, alguns periódicos adotavam o formato de três páginas, outros optavam por quatro páginas, sendo a última, na maioria das vezes destinada aos patrocinadores ou apoiadores da “causa” operária. No entanto, dependendo das circunstâncias pelas quais a organização estava passando número seguinte da publicação poderia ser composto por apenas uma ou duas páginas, mas estes eram casos verdadeiramente excepcionais.

71 As chamadas bibliotecas operárias nem sempre correspondiam a algum espaço físico para apreciação de

contam com uma última página dedicada aos patrocinadores da publicação. O espaço tem a função de divulgar o estabelecimento ou o produto em meio aos trabalhadores de um modo geral, mas também recebe por parte dos organizadores ou diretores da agremiação a recomendação de uso ou freqüência,72 tal prática era

corriqueira entre os meios operários.

Outro ponto central na análise sobre a construção da imprensa operária no Brasil consiste no entendimento dos temas abordados pelos periódicos. Além dos conclames para manifestações, boicotes, greves, reuniões, assembléias e congressos, há também que se levar em consideração o espaço de discussão da publicação voltado não só às questões referentes ao operariado brasileiro, ou à determinada categoria profissional sindicalizada, mas também direcionado ao debate dos acontecimentos internacionais relacionados aos rumos políticos dos trabalhadores organizados fora do país. Segundo Maria Nazareth Ferreira, para que possamos compreender mais claramente o funcionamento da imprensa operária no Brasil é, antes de tudo, necessário que se tenha em mente as etapas pelas quais a imprensa operária passou e que servem, em larga escala, como mediadores das transformações sofridas pela mesma. Segundo esclarece Nazareth:

A primeira delas [das etapas] refere-se ao início do processo de urbanização do país, percorre grande parte do século XIX, acompanha toda a transformação ocorrida no país na virada do século, exaurindo- se entre 1922 e 30 com a mudança de orientação sofrida pelo operariado brasileiro. Pode-se defini-la como anarcossindicalista.

A segunda etapa pode ser considerada desde a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) até o golpe de Estado ocorrido em 1964. Essa etapa cobre dois acontecimentos de grande importância para a compreensão da história do trabalhador brasileiro: o nascimento do PCB, que iria modificar a trajetória da organização operária, até então sob forte influência anarquista, e o advento do getulismo, que, dando origem ao fenômeno do populismo no país, iria colocar sob o controle

geralmente obras de cunho político ou ideológico, que eram emprestadas aos sócios ou membros da agremiação para fins de estudo. O incentivo à leitura era uma constante dentro dessas organizações, por esta razão é que alguns núcleos operários, em geral os com maior número de associados fundavam um espaço chamado de “sala de leitura” onde os operários podiam ler e discutir com seus companheiros os textos contidos nas obras que dispunha a organização operária. Alguns sindicatos, e mais tarde o próprio PC do Brasil, instituíram as bibliotecas políticas, essas sim, salas destinadas ao empréstimo de obras políticas e literárias nos moldes das bibliotecas que conhecemos hoje, mas obviamente com tamanho e acervo bem reduzidos.

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A recomendação de uso ou freqüência se dava da seguinte maneira, o patrocinador ou o apoiador do movimento publicava na última página do jornal operário a imagem do seu produto ou estabelecimento, mas a propaganda não era unicamente essa, em algum espaço do periódico, que pode variar, uma liderança da organização recomendava o produto ou indicava que aquele estabelecimento deveria ser freqüentado pelos trabalhadores, pois era um espaço de apoio genuíno da causa operária, o contrário, vale dizer, também era muito corriqueiro e geralmente se traduzia em boicotes.

do Estado os sindicatos operários. Pode-se denominar essa fase como de uma imprensa sindical-partidária.

A terceira etapa pode ser considerada a partir do momento em que o proletariado brasileiro se reorganiza – depois do total desbaratamento sofrido pela sociedade civil no pós-64 –, iniciando a luta contra o arrocho salarial e a falta de liberdades democráticas. É a etapa que vive atualmente a sociedade brasileira, correspondendo, a ela, uma imprensa sindical propriamente dita73.

O período de que tratamos neste trabalho abarca apenas a primeira fase da imprensa operária no Brasil denominada por Maria Nazareth Ferreira como anarcossindicalista. Tal denominação nos parece um pouco estreita levando-se em consideração as diferentes formas de organização política do operariado brasileiro neste início de século. Por maior que fossem as influências ácratas ou anarcossindicais na conformação dessa mídia imprensa recém constituída, a partir de 1922, com a fundação do PC do Brasil (futuro PCB), a relação que se estabelece entre a mídia impressa e o partido já não se enquadra inteiramente dentro do que chamamos de anarcossindicalismo. O formato organizativo de parte do operariado brasileiro se traduz num partido e não mais em um sindicato. Por mais fortes que fossem as reminiscências ácratas, e de fato o foram como veremos na análise de alguns jornais, o fato é que o próprio conteúdo de determinadas publicações deixa de pertencer, eminentemente, ao anarquismo, e passa a absorver influências socialistas.

A coexistência de mais de um órgão ou de mais de uma estrutura organizativa do operariado brasileiro torna a definição do período que abrange a primeira fase de construção da imprensa operária no Brasil um pouco mais complexa, visto que não há apenas um lastro ideológico guiando a ação dos militantes, das lideranças ou da própria categoria intelectual do movimento, pois há períodos, principalmente neste início de atividade, em que coexistem a ideologia anarquista e a ideologia comunista, assim como há momentos em que ambas se colocam em pólos praticamente opostos em termos ideológicos.