• Nenhum resultado encontrado

A imprensa e seu papel basilar na estratégia política e na educação em saúde

[...] Esta minha seção, por exemplo, não passa disso. Quando há comentários importantes a serem feitos, críticas ao governo, doutrinas massudas a serem expostas, surtos demagógicos da oposição, ataque às autoridades claudicantes, o jornalista ocupa a parte destinada ao circunspecto artigo de fundo, pretencioso e rijo, que de fundo às vezes nada tem. Aí, de cátedra, declama as suas teorias e arrasa o mundo, convencido de que é na verdade uma força – o quarto poder que se lhe atribuiu, parece-me que com intenções de evidente ironia. Evidente ironia, sem dúvida, porque um poder, quando é poder, merece o respeito dos outros poderes, e a imprensa ainda não conseguiu essa conquista dos bens colimados. Se já houvesse alcançado as honras de poder, estaria a esta hora livre da censura, que os outros poderes, reservando-se as prerrogativas constitucionais no estado de guerra, lhe decretam com a suspensão das garantias. E a coisa mais difícil que conheço é escrever sob a censura. [...] O que irrita no controle do jornal é que a gente redige às

118 CHAVES, Bráulio Silva. Conhecimento, linguagem e ensino: a educação em saúde na história da ciência (1940-1971). 2015. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,

vezes um comentário com a melhor intenção e com todo cuidado para não infringir os dispositivos da lei, e o censor oficial vem e descobre inconvenientes misteriosos no mais inocente dos editoriais. Cada cabeça, cada sentença: é em virtude da veracidade desse adágio que se torna impossível uma censura uniforme e proveitosa. Onde um percebe perigos monstruosos, outro não vê nada de gravidade.119

Os meios de comunicação, no período aqui abrangido, foram instrumentos decisivos na estratégia do marketing político de Getúlio Vargas. O estabelecimento de mecanismos de controle e circulação de informação iniciou-se já em 1931 com a criação do Departamento Oficial de Publicidade, o DOP, que era incumbido também de fornecer dados e esclarecimentos sobre assuntos oficiais à imprensa. Esse foi o prelúdio da organização e direcionamento da opinião pública em torno da figura de Getúlio Vargas.

O DOP foi reorganizado em 1934 e substituiu-se a nomenclatura por Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC). Ele foi dividido em três seções, sendo elas: cultura física, cinema e rádio.120

Sobre a utilização do cinema como difusor da propaganda política vale destacar o discurso de Vargas publicado no Anuário da Imprensa Brasileira:

O cinema será, assim, o livro de imagens luminosas, no qual as nossas populações praieiras e rurais aprenderão a amar o Brasil, acrescendo a confiança nos destinos da Pátria. Para a massa dos analfabetos, será essa a disciplina pedagógica mais perfeita, mais fácil e impressiva. [...] Associado ao cinema, o rádio e o culto racional dos desportos, completará o Governo um sistema articulado de educação mental, moral e higiênica, dotando o Brasil dos instrumentos imprescindíveis à preparação de uma raça empreendedora e varonil.121

No ano em que o discurso fora veiculado já havia sido criado o DIP (1939) que ampliou a intervenção do Estado no campo dos meios de comunicação, tendo como principais encargos a veiculação da propaganda política e o controle dos meios de comunicação. O DIP coordenava as áreas de radiofusão, teatro, cinema e imprensa, sendo responsável pela censura das questões políticas e daquelas ligadas à conduta moral em defesa dos bons costumes. Todos os jornais deveriam ser registrados no DIP, conforme é possível ver na imagem abaixo, os jornais que circularam em Uberlândia passavam igualmente por esse processo:

Imagem 5 – Reprodução de carimbo do DIP em jornal (1944)

119

PAES, Lycidio. Crônica. O Bandeirante, Uberlândia, 9 de out. 1937, p. 2.

120 CALABRE, Lia. Políticas públicas culturais de 1924 a 1945: o rádio em destaque. Estudos Históricos, Mídia, CPDOC/FGV, nº 31, 2003, p. 6. Disponível em: < http://187.0.209.89/bitstream/fcrb/450/3/LiaCalabre_PoliticasPublicasCulturais_de_1924a1945.pdf > Acesso em 09/05/2017.

Fonte: Correio de Uberlândia, Uberlândia, 1 de jan. 1944, p. 1.

O cinema foi usado também como estratégia na difusão de preceitos médico- sanitários, sendo importante ponte entre a ciência e o grande público. O material utilizado para fins de combate às doenças e às grandes endemias era exibido primeiramente para grupos escolares e colégios de Belo Horizonte, e posteriormente distribuído para o interior mineiro.122

As ações de censura, mesmo àquelas anteriores ao DIP, recebiam críticas veladas e outras vezes de maneira mais explícita, como a do cronista do artigo que iniciou este tópico. Em geral, os jornais locais analisados têm muitos artigos elaborados e enviados por órgãos oficiais do governo, porém, talvez até em maior número, encontramos artigos redigidos por médicos, dentistas, professores, políticos, advogados e intelectuais locais. Acreditamos que nas capitais a censura à imprensa se dava de maneira mais intensa, uma vez que lá o serviço era exercido sob as vistas diretas das autoridades superiores do governo federal. Possivelmente, devido a tais razões, não é incomum as opiniões divergentes e críticas em relação não só a censura direcionada à imprensa, mas voltadas também para políticas e questões mais gerais do governo, ainda que tímidas, nas publicações originalmente locais:

[...] Ora, a matéria considerada pela lei como sujeita à proibição de circular é aquela que atenta contra as instituições políticas em vigor, que procura deprimir as entidades de caráter oficial ou as figuras da nossa história e que contenha calúnia ou injúria contra as autoridades.

Fora disso, e respeitadas as circunstâncias transitórias que determinam o sigilo com referência às notícias sobre movimentos militares e demais atividades inerentes ao estado de guerra, a imprensa tem liberdade de discutir todos os assuntos e até de divergir com as medidas administrativas, desde que o faça com a intenção de cuidar do bem público. [...]123

O primeiro artigo, redigido por Lycidio Paes, critica o controle dos jornais referindo-se que isto é feito seguindo apenas a vontade de quem decide, ou seja, não segue determinada

122 CHAVES, Bráulio Silva. Conhecimento, linguagem e ensino: a educação em saúde na história da ciência (1940-1971). 2015. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015, p. 127.

coerência e que assim não há como praticar uma censura “uniforme e proveitosa”. A sua crítica não se baseia na censura em si, mas no modo arbitrário que é praticada. Já o segundo artigo, apesar de queixar-se sobre as perseguições à imprensa, o faz com muita cautela provavelmente pelo próprio receio à censura. O autor afirma que “[...] a imprensa tem liberdade de discutir todos os assuntos e até de divergir com as medidas administrativas [...]”, por outro lado, anteriormente havia elencado uma série de pautas proibidas por lei de serem abordadas. Há certas vantagens para os jornais do interior pela distância que estavam da fiscalização oficial, mesmo assim a censura ocorria, de maneira até mais tirana, pois ficavam à mercê do alvedrio de agentes policiais e delegados locais que não se baseavam numa mesma lógica ou razão – o que não quer dizer, de modo algum, que os critérios dos censores oficiais não eram também variáveis –, censurando publicações da cidade e as importadas de outras regiões:

Imagem 6 – Representação de censura jornalística praticada pela polícia (1931)

Fonte: A Tribuna, Uberlândia, 9 de ago. 1931, p. 4.

Muitos dos periódicos aqui analisados eventualmente teciam elogios à polícia e delegados, quem sabe como um método de evitar desavenças e não sofrer represálias. O jornal O Estado de Goyaz traz um desabafo de como funcionaria a censura nos jornais interioranos:

[...] O simples fato de um periódico discordar da maneira por que um inspetor de quarteirão ou um fiscal de posturas municipais exercem os

seus deveres é suficiente para que haja inquérito, denúncia, pronúncia e finalmente a sentença absolutória de um magistrado do Tribunal de segurança declarando que a ocorrência incriminada não constitui delito ou que os autos não encerram prova contra o indiciado. Dirão que com esse epílogo está sanado o dano porventura iminente para o jornalista. Quanto ao aspecto moral, assim acontece; mas a verdade é que até chegar a essa conclusão já ele sofreu a pena física dos trabalhos, dos incômodos, das apreensões e a pena monetária das despesas com advogado, selos para documentos e outras indefectíveis exigências processuais. [...] Já foi noticiado e repetido o fato de jornalistas desta cidade serem processados por haverem pedido providências contra furtos de carteiras e contra a extensão da jogatina. [...] Criticar, manifestando parecer favorável ou contrário, não é injuriar nem caluniar; é prever, é auxiliar, é construir. Essa é a função da imprensa. [...]124

Isto posto, pode ser que um dentre diversos motivos que existem para os jornais retratarem Uberlândia e Araguari como cidades livres de crime ou se omitir diante das situações de precariedade da segurança pública ou outros problemas municipais, seja o receio de se indispor com as autoridades policiais e políticas e das consequentes retaliações.

A propaganda por meio da imprensa tornou-se instrumento oportuno na estratégia política estado-novista. A imprensa como canal de interlocução entre Estado e povo tencionou manipular pela propaganda, sendo também um dos instrumentos de repressão já que excluía a veiculação de ideias que se opunham ao regime. Na Constituição brasileira de 1937, mais precisamente no artigo 122, lê-se que todo cidadão tem direito de manifestar seu pensamento por quais vias se quiser desde que esteja dentro das condições e limites prescritos na lei – exceto a partir do dia 31 de agosto de 1942 em que é declarado estado de guerra em todo território nacional e essa parte da Constituição deixa de vigorar –, podendo prescrever “com o fim de garantir a paz, a ordem e a segurança pública, a censura prévia da imprensa, do teatro, do cinematográfico, da radiofusão, facultando à autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou a representação.”125

Ao legalizar a censura prévia aos meios de comunicação justificou-se, também na Constituição, que essas eram medidas para impedir manifestações contrárias à moralidade pública e aos bons costumes.

Ao elegerem-na como veículo oficial da ideologia estado-novista, foi então a imprensa incumbida como a principal responsável pela defesa da unidade nacional e manutenção da ordem. Ela foi regida por lei especial que determinava, entre outras coisas, que nenhum jornal poderia recusar a publicação de comunicados do governo. A lei também proibia o anonimato, sob pena de prisão contra o diretor responsável e pena pecuniária aplicada à empresa em caso de desobediência, o que consiste em mais uma forte pista de que os jornais de Uberlândia e Araguari não eram assistidos assim tão de perto pelos censores oficiais do governo, pois são inúmeros os artigos disseminados sem qualquer

124 O PAPEL da imprensa. O Estado de Goyaz, Uberlândia, 27 de jan. 1945, p. 3. 125

Art. 122. DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS

identificação. Os processos baseados em infrações publicitárias eram julgados pelo Tribunal de Segurança.

Durante o Estado Novo exterminou-se a liberdade de imprensa e fora admitida a censura a todos os veículos de comunicação. A imprensa, exercendo função de caráter público, foi um dos mais caros dispositivos na execução da prática de poder:

A propaganda política é estratégica para o exercício do poder em qualquer regime, mas naqueles de tendência totalitária ela adquire força muito maior porque o Estado, graças ao monopólio dos meios de comunicação, exerce censura rigorosa sobre o conjunto das informações e as manipula.126

Os meios de comunicação reforçavam então os chavões carregados de forte apelo para produzir cidadãos fortes que pudessem impulsionar a pátria. Afastando-se quase sempre as críticas e as informações contrárias e denominando esse ato como uma proteção aos “interesses nacionais”, Getúlio Vargas conseguiu assim reforçar sua imagem de benfeitor da classe trabalhadora.

O rádio, veículo de comunicação à distância e consequentemente de grande penetração pública, teve seu crescimento acelerado na década de 1930 tornando-se muito popular após o término da Segunda Guerra Mundial.127 Com o exercício de Vargas no poder houve uma atuação efetiva do Estado sobre o sistema de radiodifusão, por meio das ondas intentaram levar a educação nacional e praticar controle estatal, continuamente policiando os assuntos e o caráter do que era divulgado. Nota-se, nos jornais, muito dos conteúdos divulgados pelo rádio como um método do governo para atingir a massa, especialmente palestras proferidas sobre saúde.

Por mais que o melhor veículo de propaganda neste contexto fosse o rádio, pelo Brasil ser um país com elevado índice de analfabetismo – estima-se que em 1940 a taxa de analfabetismo era de 55,9% entre a população com mais de 15 anos128 – e com grandes dimensões geográficas, os jornais também adquiriram a função de órgão cooperador do poder público. É sabido que rádio era aparato raro para a população do campo nesse período. O jornal, então, ainda mais. Os dados apontam que a população de Minas Gerais

126 CAPELATO, Maria Helena. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. In: PANDOLFI,

Dulce Chaves (org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999, p. 169.

127 CALABRE, Lia. Políticas públicas culturais de 1924 a 1945: o rádio em destaque. Estudos Históricos, Mídia, CPDOC/FGV, nº 31, 2003, p. 1. Disponível em: < http://187.0.209.89/bitstream/fcrb/450/3/LiaCalabre_PoliticasPublicasCulturais_de_1924a1945.pdf > Acesso em 09/05/2017.

128 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Estatísticas do século XX, Rio

de Janeiro, 2006. Disponível em: < https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20- %20RJ/seculoxx.pdf > Acesso em 10/12/2017.

em 1940 era de 66,44% pessoas analfabetas.129 Não obstante, importa comentar que os hábitos de leitura também incluíam outras formas. Notícias veiculadas nos jornais poderiam alcançar um público maior, pois muitas delas eram lidas ou comentadas em locais públicos, como cafés e outros estabelecimentos comerciais.

O jornal se constitui como – arriscamos, porém, afirmamos – a fonte mais rica para reflexões que possibilitem a compreensão desse período que passava por constantes transformações. Acreditamos que por meio dele podemos mensurar não só a representação da necessidade de constituição de uma sociedade obediente e saudável, mas especialmente como ele se constitui em um palco para diversos tipos de representação, onde, ao reiterar os valores burgueses, contribui para mascarar uma sociedade controversa como se fosse uma sociedade harmoniosa.

A imprensa é entendida como elemento crucial para difundir o projeto nacional de educação sanitária. Para se realizar os propósitos dos programas médico-sanitários fora primordial a inclusão da mídia impressa que serviu como uma das principais difusoras de ideais não só do regime, mas também de normas de saúde. Bráulio Silva Chaves aponta que

a educação em saúde partilha das características de duas situações de comunicação, de dois contratos: o didático, do aprendizado, mesmo não estando, exclusivamente, no círculo formal de aprendizado; o midiático, da vulgarização do saber para o público de não especialistas.130

Assim, os jornais enquanto forma de ensino e divulgação de saberes sanitários foram utilizados com a intenção de aumentar a abrangência e legitimar os preceitos científicos. Almejava-se, com a educação em saúde, influenciar a consciência geral para que afetasse o cotidiano familiar de tal forma que proporcionasse paulatinamente o aprimoramento dos indivíduos, para o bem da coletividade e progresso do Brasil.

Relacionados às políticas educacionais e de saúde ampliou-se, no período em que Vargas comandou o Brasil, programas que tinham a intenção de criar uma conscientização sanitária e higiênica e que eram parte essencial de um projeto maior, de um projeto nacionalista que buscou modificar a realidade do país e a formação de um “novo homem brasileiro”. Todavia, Jean Abreu aponta que já “desde os anos 1920, relatórios oficiais

129

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Série Regional, Parte XXIII – Minas Gerais. Recenseamento Geral do Brasil de 1940, Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, p. 562.

130 CHAVES, Bráulio Silva. Conhecimento, linguagem e ensino: a educação em saúde na história da ciência (1940-1971). 2015. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,

indicam que o governo estadual procurou intensificar a propaganda e educação higiênica por meio de palestras, distribuição de folhetos, artigos, notas de imprensa e filmes.”131

Para viabilizar os empreendimentos por uma educação e propaganda higiênica no governo Vargas, o papel do Serviço Nacional de Educação Sanitária fora fundamental, uma vez que tinha como uma de suas principais funções desenvolver ferramentas para realização do projeto de saúde pública do governo.

A educação sanitária, maquinada pelo SNES, era vista como peça chave na construção do “novo homem brasileiro”. O “melhoramento da raça” – termo recorrente nos artigos médico-sanitários – só seria possível por intermédio de uma boa educação, acreditava-se que por meio de ensinamentos e explicações o indivíduo adquiriria certa consciência e passaria a seguir as normas higiênicas, o que consequentemente aprimoraria sua genética e melhoraria o meio em que se vive. Ainda de acordo com Bráulio Silva Chaves, em Minas Gerais a educação sanitária foi

elemento de força – prática e discursiva – dos projetos de desenvolvimento regional e nacional que se amoldam [...]. Tal assertiva implica em dizer que a educação sanitária tornou-se um elemento constitutivo da base material de uma dada sociedade e que, portanto, ela transitou por entre projetos, ações e mobilizações de diversos atores em Minas Gerais, que diagnosticaram um atraso no desenvolvimento mineiro e se propuseram a propor alternativas para superá-lo.132

A educação sanitária era vista como a redentora da saúde nacional. Introduzir uma consciência sanitária pela informação e instrução de bons hábitos por meio de recursos de comunicação levaria os indivíduos involuntária e instintivamente a colaborar em seu próprio benefício o que consequentemente também traria lucro ao Estado. As instituições escolares, a Igreja, a família e as mídias como o rádio e o jornal contribuiriam para a formação de uma sociedade mais saudável e foram os principais executores desse programa político que ambicionou o estabelecimento de hábitos higiênicos.

O SNES colocou em prática uma política de fiscalização e regulamentação, orientando os profissionais da área da saúde, sendo o órgão federal encarregado também pela propaganda, disponibilização do material para as mídias e por direcionar as ações de educação sanitária em âmbito nacional. O SPES e o SESP eram os responsáveis pelos materiais publicados, mas os jornais da região publicavam, em sua maioria, textos relacionados à saúde enviados por serviços não oficiais do governo, e sim por profissionais

131 ABREU, Jean Luiz Neves de. Educação sanitária e saúde pública em Minas Gerais na primeira metade do

século XX. História, Ciências, Saúde — Manguinhos, vol. 17, n° 1, 2010, p. 204. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702010000100013&lang=pt > Acesso em 05/04/2017.

132 CHAVES, Bráulio Silva. Conhecimento, linguagem e ensino: a educação em saúde na história da ciência (1940-1971). 2015. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,

do campo científico da região e de outros estados. Além disso, é perceptível por meio dos jornais que os anúncios sobre clínicas médicas e consultórios dentários locais, laboratórios de análises clínicas e médicos especialistas em diversos segmentos aumentaram no período, demonstrando o crescimento do interesse no quesito de saúde.

Portanto, foi o jornal instrumento precípuo na transmissão de medidas complementares de higiene na tentativa de diminuir a contaminação e propagação das doenças endêmicas, informar sobre as demais doenças, e enaltecer os bons hábitos higiênicos e de nutrição que a população deveria contrair.

A atividade jornalística é uma prática de cunho político-ideológico influída pelo seu meio social e histórico. Por isso, não existe neutralidade naquilo que é veiculado, e isso se aplica também na elaboração dos discursos médicos já que são eles condicionados por diversos fatores: sociais, políticos, econômicos, culturais. Segundo Ciro Marcondes Filho

o jornalismo, via de regra, atua junto com grandes forças econômicas e

Documentos relacionados