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Improvisação (palavra gigante) – Texto de Dudude

em dança mais questões correlatas a ação de estar

estar ali entregue no instante zero?

te na expectativa que ele se torne eterno.

detetive que investiga alguma coisa que o faz prosseguir... talvez o

? Quer dizer com minhas células, meu corpo vazio a

inocência, do desaprontamento, e de se

detalhes, as coisas vistas e não vistas. Im

Aparecer e desaparecer

Quanto mais exercito a improvisação

produzindo e compondo imagens se revelam e trazem mais e mais questões.... Perguntas são sucessivamente colocadas no plano real do acontecimento Por que me interesso tanto pela linguagem da improvisação em dança? Pela efemeridade deste fazer?

Qual a disponibilidade do improvisador de É vital sua confrontação com o vazio?

Penso como um fotógrafo que captura o instan

Estudo, treino e aprendo, apreendo os momentos onde o acontecimento foi de uma intensidade nauseante, revelando algo maior que nossos corpos, e nos trouxe a sensação que sempre há algo além da imagem.

ETERNIDADE Penso como um

desejo da captura deste momento, onde tudo é revelado Que “tudo” poderá ser isto??

Para improvisar preciso estar inteira serviço de um por vir, de um vir a ser

O que pode ser esta imagem, “estar inteira”? Um improvisador para mim necessita cuidar da

colocar em um estado de imanência com o todo que o envolve. Mas que todo é este?

TUDO

As pequenas coisas, as grandes coisas, os

Tornar se visível e construir um estado de ser coisa também, desmanchar seu corpo homem e deixar transformá-lo em uma ferramenta potente de significados, para que a audiência possa absorver e re significar o momento da maneira que lhe é apresentada Partindo de um entendimento que cada um tem o universo dentro, que coabita este tempo, e que tudo faz a diferença e modifica as ações decorrentes de outra ação.

Então tudo já está acontecendo, o improvisador então recorta um intervalo de tempo e se apropria dele, um trabalho de ourives refinado, delicado e atrevido Entendo que o improvisador precisa ser ele próprio seu provocador, ele transfere o sujeito para o espaço do acontecimento e ele deve saber que tudo que produz se configura e revela como uma imagem, e ele sabe que está sempre sendo visto por algo, por alguém, e que esta sensação o afeta e modifica seus procedimentos futuros próximos

Ele trabalha com partículas infimamente pequenas de projeção de tempo, pois também sabe que tudo pode mudar como um piscar de olhos

É fato que nunca contamos quantas piscadas de olhos damos quando estamos nesta ação.Isto me interessa, perseguir alguma coisa que não sei.

Instrumentalização de um improvisador: uma vida inteira

No meu entender o improvisador precisa gostar de trocar, gostar de mudar, precisa ser curioso, precisa ter fome de vida, fome de saber, fome de tentar sempre mais uma vez, e ser totalmente despretensioso. Porque isso? Porque ele sabe que corre o risco do fracasso, do ridículo, e o que ele pode fazer?

Seria bom que a disponibilidade fosse uma constante, treinar improvisação é ampliar nosso repertório, aumentar nossa enciclopédia tanto física, como sensorial, é estudar e estender as conexões com a vida, é discutir o inusitado, a surpresa e se colocar inteiro no meio da cruz, presente

ESPAÇO X TEMPO

O improvisador precisa ser atrevido para lançar os dados e se comprometer com o que aparece, administrando e compondo junto. Partindo do pensamento que as coisas falam, que tudo fala e que ele é e será mais um no espaço, talvez ele seja o deflagrador de situações que surgem assim!!

A espontaneidade para um artista que lida no campo da improvisação, não existe, para mim existe um treinamento intelectual refinado atuando no campo sutil, e as configurações são selecionadas quase instantaneamente por um intelecto treinado na composição de qual imagem está sendo produzida, no campo real. Passado, presente e futuro são reduzidos no instante infinitesimal de segundos.

O tempo vale. A vida vale. Tudo é importante.

Vivemos de acordos potentes e lúcidos, o intuito talvez seja de escancarar aquilo que lá está uma aventura certamente!

Hoje meu lugar de interesse tem se voltado a questão da Aparição e da Desaparição. Minha questão é a seguinte

O que acontece quando sou vista pelo espaço?

No sentido da prontidão das células e da conexão em um campo de energia que faz com que quando algo aparece, tudo que ali está aparece junto e registramos juntos este instante mágico.Esta sensação me faz tentar novamente, me sinto como um caçador , que estuda seus hábitos, seus impulsos, suas ferramentas, para novamente capturar este instante, que eu chamaria de Instante Zero

Na maioria das vezes quando estou em estado improvisatório, aparição e desaparição estão juntas.

Procuro capturar este momento da aparição para entender o grau de energia que acontece para tal, e a sensação de desapego que preciso ter, para que isto se efetive. Instante Zero é a potência sobre potência, que cria um campo de imanência, onde a sensação é que o tempo parou, e tudo foi visto e registrado pelas células do espaço. Talvez centésimos de segundos tornam-se eternos e largos.

Magnífico, não?!

Chego então a outra questão que me tem chamado atenção, trabalhar o corpo como se fosse uma “obra” de arte em permanente estado de exposição

Tenho feito esporadicamente este exercício e tenho também ministrado oficinas com este intuito de treinarmos a excelência de estarmos em performance por tempos estendidos de 20 minutos a quatro horas/seis horas de trabalho, aceitando os vazios, as desaparições, deixando o espaço se revelar como potência, como lugar. Cada vez mais isto tem me interessado.

E percebo como a simplicidade é importante para se deixar ser tempo, espaço e assim desvelar a dança, soltar e desamarrar o espaço.

Que espaço é esse?

Espaço é tempo, vida, lugar, ação, acontecimento, e tudo se passa junto, acontecendo no tempo real e em uma configuração única, a sensação de uma única vez.

Não há repetição. Mais uma vez improvisa-se e mais uma vez tudo é novidade, a menor mudança altera e modifica o acontecimento.

Gosto dessa sensação, justamente por isso sou improvisadora, estou sempre começando algo que não sei muito bem o que é, mas estou, e este é o meu exercício como artista de dança e pessoa no mundo.

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