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In W AA (1978), A Nova Hist6ria Lisboa: Edi�Oes 70, p 1.

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Notas sobre a elaborafao e natureza da cronologi.a

4 In W AA (1978), A Nova Hist6ria Lisboa: Edi�Oes 70, p 1.

Cronologia 1995-1999 137

nota e importante e merece alguns comentarios mais. Toda a enun­ cia91lo da realidade constitui uma (re)constru91lo dessa realidade, na medida em que traduz (e conduz a) um alargamento de campo e uma enfatiza91lo. A enuncia91lo pressupoe o accionamento de criterios de selec9ao de aspectos ou eventos a incluir (e a excluir) e angulos espe­ cificos de abordagem e de enquadramento.

No tipo de acontecimentos e de eventos incluidos nesta crono­ logia, existiu o condicionamento de um criteria de factualidade que nao esta isento de dificuldades. Com a enuncia9ao da realidade pautada por esse criterio nao fica assegurada uma exaustiva cobertura do que aconteceu. Desde logo, porque ta! e manifestamente impossivel. Mas tambem porque os meios de informa91lo consultados nao incluem um leque de meios de comunica91lo, de criterios e de projectos editoriais suficientemente amplo para ser capaz de garantir a aten91lo e a cober­ tura de um espectro de eventos mais largo e completo.

E sabido que os media falam insuficientemente de si mesmos e do subsistema social que configuram e enunciam. A cobertura noticiosa da actualidade comunicacional e mediatica surge, por outro !ado, desi­ gualmente distribuida pelos diferentes meios, sendo sobretudo na Imprensa (e cada vez mais tambem na Internet) que encontramos informa91lo sobre este campo da vida social. Por outro !ado, a l6gica e os interesses de cada meio de comunica91lo em particular fazem <;om que s6 as noticias positivas do pr6prio meio encontrem nele acolhi­ mento. Apesar da multiplica91lo das iniciativas, <las institui96es e dos agentes sociais empenhados em estudar este sector, estamos, em Portugal, numa etapa ainda incipiente de produ91lo de analises, rela­ t6rios e outros instrumentos de documenta91lo e informa91lo. Apesar de tudo, a aten9ao aos media nos pr6prios media tem vindo a crescer nos ult.imos anos, como este trabalho documenta. Um olhar atento ao que e objecto de aten9ao jomalistica sugere, porem, que, alem de um discurso publico pouco expressivo, os media silo tratados de uma forma limitada, desequilibrada, enfatizando certas vertentes e deixando outras na sombra. Exemplificando: um dos dados mais salientes nos discursos jornalisticos sobre os media refere-se as estrategias de con­ quista, maximiza9ao e fideliza9ao das audiencias, muito particular­ mente por parte dos operadores televisivos. No entanto, nao tem com­ para9ao o numero de ocorrencias relacionadas com as empresas, as institui96es, as politicas, as tecnologias ou os profissionais, por um

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!ado, e o mimero de ocorrendas relacionadas com os modos como as audiendas se comportam, na diversidade dos seus posidonamentos s6do-culturais; como usam os (ou abusam dos) diferentes media; como e porque aderem ou recusam determinadas propostas ou 'pro­ dutos'; como dao sentido ao que 'consomem' e o incorporam na vida do dia-a-dia; como configuram estilos de vida e constroem imagens e representac;:oes do mundo e da vida.

Importa, alem disso, observar que foi atraves de um particular discurso - o discurso jomalistico - que se acedeu ao mundo dos eventos relacionados com os media e a comunicac;:ao. Apesar do estatuto a um tempo legitimado e legitimador deste discurso, ele nao deixa de ser, enquanto discurso, um olhar especifico que influi nos processos de inclusao/exclusao <las materias percepdonadas, reunidas, ordenadas e apresentadas. Se, por hip6tese, uma opiniao corrente tendesse a fazer

equivaler "jomalismo" a "comunicac;ao social" ou, pelo menos, a tomar aquele como referenda ou paradigma desta, o peso dos factos infor­ mativo-jomalisticos poderia tender a sobrepor-se a outros igualmente relevantes ..

Ainda nesta linha de explicitar e reflectir sobre criterios de selecc;:ao de materias comunicadonais e mediaticas que, assim, acederam

a

visi­ bilidade publica, vem a prop6sito a referenda ao noticiario sobre acon­ tedmentos e processos ocorridos no estrangeiro. Como facilmente se deduzira, a este nfvel, a quantidade e diversidade seriam ainda mais abundantes. Os dados que inclufmos, para la do significado que por si pr6prios revestem, valem sobretudo pelas indicac;:oes que dao quanto aos temas, areas e t6picos que os media portugueses - condidonados pelas respectivas fontes de informa,ao, nomeadamente as agendas notidosas - consideraram mais relevantes.

Fomos, por conseguinte, condidonados pelos casos e aconteci­ mentos divulgados pelos media que utilizamos na nossa recolha. Mas quern recolheu e organizou esses acontedmentos - ou seja, os autores deste trabalho - tambem teve de fazer escolhas e de definir criterios. Cabe aqui uma referenda a dificuldades tao basicas como: a) contra­ dic;:oes de datas relativas ao mesmo acontedmento entre diferentes 6rgaos de comunica,ao, que exigiriam, em muitos casos, um aturado trabalho de verificac;:ao e controlo; b) nao datac;:ao de acontedmentos, nomeadamente nos casos em que, por razoes de espac;:o ou outras, eles nao foram notidados na edic;:ao imediatamente subsequente

a

ocor-

Cronologia 1995-1999 139 rencia; c) trabalhos jornalfsticos de maior folego, nao referenciaveis a acontecimentos especificos, mas a processos s6cio-culturais mais discretos, transformac;:oes em curso, enfatizac;:ao de tendencias, etc.

Sempre que a pec;:a jornalfstica que serviu de base

a

informac;:ao aqui referenciada indicava expressamente a data do evento ou facto reportado, era essa a data adoptada na cronologia. Por norma, nos casos em que se tratava de revelac;:ao ou investigac;:ao pr6pria do jornal, procurou-se referir a fonte.

0 leitor observara, por outro !ado, que a quantidade de infor­ mac;:ao aumenta

a

medida que os anos avanc;:am. Esse facto deve-se, certamente, a um maior leque de meios a que foi possfvel ter acesso, nomeadamente depois de 1996, com a disseminac;:ao do acesso

a

Internet e a disponibilizac;:ao de edic;:oes electr6nicas de jornais. Mas deve-se igualmente a um crescendo de atenc;:ao e de espac;:o que os pr6- prios jornais de informac;:ao geral passaram a dar ao campo da comu­ nicac;:ao e dos media. Tanto o Expresso 5, como o Publico 6 como o Didrio de Not{cias 7 passaram, a partir da segunda metade dos anos 90,

a dedicar rubricas permanentes a estas materias, alem de um noti­ ciario relativamente assfduo que ja existia antes e que continuou entre­ tanto, em secc;:oes como a economia, a cultura e a sociedade.

M.P.

5 0 Expresso, que tinha ha ja alguns anos a coluna semanal "Mediapolis", de Jose-Manuel

Nobre Correia e que dedica um suplemento a assuntos de televisiio, passou a publicar, no suplemento de economia, uma ou duas p.iginas sabre media e publicidade.

6 0 PUblico passou a ter uma e as vezes duas pAginas diarias de assuntos ligados aos media, com jornalistas especialmente atentos a cobertura deste campo desde Janeiro de 1997. Alem disso, conta com a coluna semanal 'Olho Vivo' de Eduardo Cintra Torres. Diversas materias do suplemento 'Computadores' e da Area de Economia t�m igualmente interesse para a area da comunica9ao e dos media.

7 No caso do DN, a renova9iio gr<lfica e de contet1do do jornal envolveu tambem o noti­

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