Notas sobre a elaborafao e natureza da cronologi.a
4 In W AA (1978), A Nova Hist6ria Lisboa: Edi�Oes 70, p 1.
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nota e importante e merece alguns comentarios mais. Toda a enun cia91lo da realidade constitui uma (re)constru91lo dessa realidade, na medida em que traduz (e conduz a) um alargamento de campo e uma enfatiza91lo. A enuncia91lo pressupoe o accionamento de criterios de selec9ao de aspectos ou eventos a incluir (e a excluir) e angulos espe cificos de abordagem e de enquadramento.
No tipo de acontecimentos e de eventos incluidos nesta crono logia, existiu o condicionamento de um criteria de factualidade que nao esta isento de dificuldades. Com a enuncia9ao da realidade pautada por esse criterio nao fica assegurada uma exaustiva cobertura do que aconteceu. Desde logo, porque ta! e manifestamente impossivel. Mas tambem porque os meios de informa91lo consultados nao incluem um leque de meios de comunica91lo, de criterios e de projectos editoriais suficientemente amplo para ser capaz de garantir a aten91lo e a cober tura de um espectro de eventos mais largo e completo.
E sabido que os media falam insuficientemente de si mesmos e do subsistema social que configuram e enunciam. A cobertura noticiosa da actualidade comunicacional e mediatica surge, por outro !ado, desi gualmente distribuida pelos diferentes meios, sendo sobretudo na Imprensa (e cada vez mais tambem na Internet) que encontramos informa91lo sobre este campo da vida social. Por outro !ado, a l6gica e os interesses de cada meio de comunica91lo em particular fazem <;om que s6 as noticias positivas do pr6prio meio encontrem nele acolhi mento. Apesar da multiplica91lo das iniciativas, <las institui96es e dos agentes sociais empenhados em estudar este sector, estamos, em Portugal, numa etapa ainda incipiente de produ91lo de analises, rela t6rios e outros instrumentos de documenta91lo e informa91lo. Apesar de tudo, a aten9ao aos media nos pr6prios media tem vindo a crescer nos ult.imos anos, como este trabalho documenta. Um olhar atento ao que e objecto de aten9ao jomalistica sugere, porem, que, alem de um discurso publico pouco expressivo, os media silo tratados de uma forma limitada, desequilibrada, enfatizando certas vertentes e deixando outras na sombra. Exemplificando: um dos dados mais salientes nos discursos jornalisticos sobre os media refere-se as estrategias de con quista, maximiza9ao e fideliza9ao das audiencias, muito particular mente por parte dos operadores televisivos. No entanto, nao tem com para9ao o numero de ocorrencias relacionadas com as empresas, as institui96es, as politicas, as tecnologias ou os profissionais, por um
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!ado, e o mimero de ocorrendas relacionadas com os modos como as audiendas se comportam, na diversidade dos seus posidonamentos s6do-culturais; como usam os (ou abusam dos) diferentes media; como e porque aderem ou recusam determinadas propostas ou 'pro dutos'; como dao sentido ao que 'consomem' e o incorporam na vida do dia-a-dia; como configuram estilos de vida e constroem imagens e representac;:oes do mundo e da vida.
Importa, alem disso, observar que foi atraves de um particular discurso - o discurso jomalistico - que se acedeu ao mundo dos eventos relacionados com os media e a comunicac;:ao. Apesar do estatuto a um tempo legitimado e legitimador deste discurso, ele nao deixa de ser, enquanto discurso, um olhar especifico que influi nos processos de inclusao/exclusao <las materias percepdonadas, reunidas, ordenadas e apresentadas. Se, por hip6tese, uma opiniao corrente tendesse a fazer
equivaler "jomalismo" a "comunicac;ao social" ou, pelo menos, a tomar aquele como referenda ou paradigma desta, o peso dos factos infor mativo-jomalisticos poderia tender a sobrepor-se a outros igualmente relevantes ..
Ainda nesta linha de explicitar e reflectir sobre criterios de selecc;:ao de materias comunicadonais e mediaticas que, assim, acederam
a
visi bilidade publica, vem a prop6sito a referenda ao noticiario sobre acon tedmentos e processos ocorridos no estrangeiro. Como facilmente se deduzira, a este nfvel, a quantidade e diversidade seriam ainda mais abundantes. Os dados que inclufmos, para la do significado que por si pr6prios revestem, valem sobretudo pelas indicac;:oes que dao quanto aos temas, areas e t6picos que os media portugueses - condidonados pelas respectivas fontes de informa,ao, nomeadamente as agendas notidosas - consideraram mais relevantes.Fomos, por conseguinte, condidonados pelos casos e aconteci mentos divulgados pelos media que utilizamos na nossa recolha. Mas quern recolheu e organizou esses acontedmentos - ou seja, os autores deste trabalho - tambem teve de fazer escolhas e de definir criterios. Cabe aqui uma referenda a dificuldades tao basicas como: a) contra dic;:oes de datas relativas ao mesmo acontedmento entre diferentes 6rgaos de comunica,ao, que exigiriam, em muitos casos, um aturado trabalho de verificac;:ao e controlo; b) nao datac;:ao de acontedmentos, nomeadamente nos casos em que, por razoes de espac;:o ou outras, eles nao foram notidados na edic;:ao imediatamente subsequente
a
ocor-Cronologia 1995-1999 139 rencia; c) trabalhos jornalfsticos de maior folego, nao referenciaveis a acontecimentos especificos, mas a processos s6cio-culturais mais discretos, transformac;:oes em curso, enfatizac;:ao de tendencias, etc.
Sempre que a pec;:a jornalfstica que serviu de base
a
informac;:ao aqui referenciada indicava expressamente a data do evento ou facto reportado, era essa a data adoptada na cronologia. Por norma, nos casos em que se tratava de revelac;:ao ou investigac;:ao pr6pria do jornal, procurou-se referir a fonte.0 leitor observara, por outro !ado, que a quantidade de infor mac;:ao aumenta
a
medida que os anos avanc;:am. Esse facto deve-se, certamente, a um maior leque de meios a que foi possfvel ter acesso, nomeadamente depois de 1996, com a disseminac;:ao do acessoa
Internet e a disponibilizac;:ao de edic;:oes electr6nicas de jornais. Mas deve-se igualmente a um crescendo de atenc;:ao e de espac;:o que os pr6- prios jornais de informac;:ao geral passaram a dar ao campo da comu nicac;:ao e dos media. Tanto o Expresso 5, como o Publico 6 como o Didrio de Not{cias 7 passaram, a partir da segunda metade dos anos 90,a dedicar rubricas permanentes a estas materias, alem de um noti ciario relativamente assfduo que ja existia antes e que continuou entre tanto, em secc;:oes como a economia, a cultura e a sociedade.
M.P.
5 0 Expresso, que tinha ha ja alguns anos a coluna semanal "Mediapolis", de Jose-Manuel
Nobre Correia e que dedica um suplemento a assuntos de televisiio, passou a publicar, no suplemento de economia, uma ou duas p.iginas sabre media e publicidade.
6 0 PUblico passou a ter uma e as vezes duas pAginas diarias de assuntos ligados aos media, com jornalistas especialmente atentos a cobertura deste campo desde Janeiro de 1997. Alem disso, conta com a coluna semanal 'Olho Vivo' de Eduardo Cintra Torres. Diversas materias do suplemento 'Computadores' e da Area de Economia t�m igualmente interesse para a area da comunica9ao e dos media.
7 No caso do DN, a renova9iio gr<lfica e de contet1do do jornal envolveu tambem o noti