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INCASOL e Habitação de Interesse Social

CAPÍTULO 1 - ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS

1.2. A LEGISLAÇÃO ESPANHOLA

1.2.4. INCASOL e Habitação de Interesse Social

O Instituto Catalão do Solo foi criado pelo Parlamento da Catalunya por meio da

Lei 4/1980, de 16 de dezembro, como uma empresa autônoma de caráter

comercial. Como um ente público, está sujeito ao regime estabelecido pelo

departamento de Território e Sustentabilidade do Governo da Catalunya. A Lei de

Urbanismo qualifica o Instituto Catalão do solo como uma entidade urbanística,

com competência na área de planejamento e gestão, podendo ser a receptora da

cessão a título gratuito ou da alienação direta de terrenos do patrimônio público

de solo. É também responsável pela promoção pública de habitação social,

conforme estabelecido pela Ley de la Vivienda.( Lei 18/2007, de 28/12/2007, que

regulamenta o direito à moradia)

A principal tarefa do INCASOL é a promoção de solo residencial como parte dos

programas governamentais, a fim de poder proporcionar e facilitar a oferta de

unidades habitacionais para trabalhadores de baixa renda, trabalhadores

temporários, jovens e aos setores vulneráveis da exclusão social.De acordo com

o estabelecido pelo Pacto Nacional para la Vivienda, é atribuição do INCASOL

contribuir de forma decisiva na transformação do solo necessário para a

construção dessas habitações.

O INCASOL contempla hoje a promoção de 2.400 ha em toda a Catalunya,

distribuídos em 113 empreendimentos, sendo que 40 deles têm um caráter

estratégico, por estarem situados ao redor dos sistemas urbanos de maior

crescimento. O potencial será de 122.000 unidades, sendo 60% destas

habitações de interesse social. Em todos esses empreendimentos estão incluídos

espaços livres e equipamentos necessários para garantir a integridade

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paisagística, a eficiência energética, pela utilização de energias renováveis, além

da preocupação com a economia de água e o tratamento dos resíduos. Conforme

o Pacto Nacional para la Vivienda, o INCASOL deve iniciar, a cada ano, ao menos

2.500 unidades de interesse social, construídas em solo urbanizado .

Atualmente, o INCASOL trabalha com cinco programas diferenciados para a

produção de habitação social: habitação para jovens, locação para terceira idade,

aluguéis em geral, imóveis para venda e intervenções de recuperação urbana.

Uma vez finalizadas as obras, a empresa pública Adigsa – Agencia d´Habitatge

de Catalunya - encarrega-se de vender as unidades ou administrar sua locação.

O INCASOL também atua na reabilitação de núcleos históricos dentro do

programa Reviver as Velhas cidades, que é dotado de um fundo próprio obtido

por meio da destinação de 1% do departamento de Cultura de Território e

Sustentabilidade. Desse modo, consegue realizar uma tarefa de recuperação com

o intuito de frear a progressiva deterioração, atuando em núcleos antigos,

favorecendo a sua recuperação.

São diversos tipos de obras com características diferentes em cada lugar a sofrer

a intervenção: edifícios e entornos de tipologia bastante variadas, ruas, praças,

igrejas, castelos ou muralhas, situados em sua maioria em pequenos municípios,

muitas vezes áreas rurais de grande valor paisagístico. Nesses casos, a

intervenção é basicamente construtiva.

O INCASOL atua também dentro do programa de Melhora dos Bairros, aprovado

em 2004, em áreas urbanas que necessitam uma atenção especial, em casos de

regressão urbanística, social ou sócio-econômica, em bairros mais

desfavorecidos. Por meio de uma seleção entre os melhores projetos de

renovação urbana apresentados pelos municípios e nos quais ocorrem as

situações mais desfavoráveis, o INCASOL encarrega-se de dinamizar e

assessorar as prefeituras na execução das obras incluídas nos programas de

intervenção integral. Além disso, valendo-se de convênios assinados com a

municipalidade, assume a execução direta de algumas intervenções,

assessorando em sua gestão.

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Com a aprovação da nova Ley de Vienda, em 2007, que regulamenta o direito a

todas as pessoas ao acesso a moradia digna e adequada à situação familiar,

econômica, social e à sua capacidade de mobilidade.

Ficou estabelecido, com a aprovação dessa lei, um conjunto de direitos e

obrigações dos agentes públicos, privados e sociais, fixando parâmetros de

qualidade e acessibilidade das moradias, garantindo o seu bom uso, conservação

e reabilitação.

A lei define, também, os instrumentos de planejamento, a programação para sua

aplicação e a política habitacional. Estabelece medidas para assegurar a proteção

dos consumidores e usuários, das habitações produzidas tanto pela iniciativa

privada como pelo poder público, determinando uma transparência do mercado

imobiliário.

Os direitos, deveres e critérios a serem respeitados no exercício das atividades de

promoção, construção, comercialização e administração imobiliária passam a ser

regidos por essa legislação, que também regulamenta a provisão,estabelece o

regime jurídico e as condições de comercialização, gestão e controle das

habitações sociais.

Por essa lei, função social passa a ser estendida não só ao solo, mas também

aos imóveis, sobre os quais o exercício do direito de propriedade deve cumprir

sua função social. Ficaram definidos, no Art. 5º da lei, os casos de seu

descumprimento, entre os quais estão o de imóveis desocupados de forma

permanente e injustificada e imóveis subutilizados.

Os municípios, para cumprir os planos locais de habitação, devem delimitar áreas

sobre as quais possam exercer os direitos de preferência, a favor da

administração pública, em edifícios de apartamentos residenciais inteiros ou em

áreas de empreendimentos. Nessas áreas não se pode transmitir nenhum título

de propriedade, se forem destinadas à habitação e, no caso de edifícios inteiros,

com uso definido principalmente como habitacional, as obras de reabilitação

exigem todas as condições de habitabilidade.

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Por este estudo inicial das legislações de ambos os países, Brasil e Espanha,

pode-se verificar que, estruturalmente, este aparato legal funciona do mesmo

modo em ambos os casos, a partir de uma hierarquia federal, estadual e

municipal, por meio da qual são implementados os projetos urbanos em cada

país. Inicia-se agora, o estudo específico de cada um dos casos.

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IMAGEM 03: VISTA AÉREA DE SÃO PAULO

FONTE: PMSP

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