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INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO: O CASO DA ECONOMIA NORTE AMERICANA

2.2 INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO: O CASO DA ECONOMIA NORTE AMERICANA

Por volta de 1973, membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) – Arábia Saudita, Argélia, Irã, Iraque, Nigéria, dentre outras, provocaram uma crise no abastecimento do petróleo através do aumento do preço do produto como forma de protesto contra o apoio dos Estados Unidos a Israel na Guerra do Yom Kippur – conflito ocorrido entre as nações do Egito e da Síria contra Israel por causa de questões religiosas e disputas territoriais.

Como o petróleo passou a ser a principal fonte de energia utilizada pelos países industrializados a partir do século XX, a elevação dos seus preços, em 1973, levou diversas nações à redução do consumo de energia que afetou a produtividade das indústrias gerando processos de recessão em escala mundial, logo este período ficou conhecido como a “crise do petróleo.”

Assim, durante a crise do petróleo houve um número grande de demissões devido ao abalo sofrido pelas “empregadoras tradicionais” nos Estados Unidos que correspondiam às indústrias automobilísticas, petrolíferas, de componentes eletro-

eletrônicos e também grandes órgãos governamentais cujas áreas de negócios foram desenvolvidas, quase todas, entre as duas guerras mundiais e no período pós-guerra. (DRUCKER, 1998).

Por isso, os economistas americanos previram que o país não conseguiria absorver a mão de obra disponível, pois juntamente com as demissões, houve o crescimento de trabalhadores em busca de emprego, acirrando a disputa de vagas no mercado de trabalho dos Estados Unidos.

Este aumento do número de ingressantes no mercado de trabalho foi ocasionado por alguns fatores, primeiro pela alta taxa da natalidade ocorrida entre 1949 e 1950, denominada de “Baby Boom” resultando em um alto índice de jovens que começaram a vida profissional a partir de 1970 e 1980. Segundo, ocorreu o crescimento do número de mulheres no mercado de trabalho, também a partir de 1970, pois de acordo com a pesquisa de (BRUSCHINI, 1994 apud REIS, 2013, p. 4) o motivo

[...] não foi somente a busca da complementação salarial em face da deterioração dos salários reais dos trabalhadores, mas também as expectativas de maior consumo que redefiniram o conceito de necessidade econômica. E isto impulsionou não apenas as mulheres pobres a ingressar no mercado de trabalho, como também as de classe média. Com novas necessidades nascidas pela diversificação das relações de consumo e premiadas pela necessidade de sustentar custos mais elevados com a educação e a saúde dos filhos e dos outros familiares, devido à precariedade dos sistemas públicos de atendimento, também as famílias das camadas médias não puderam mais dispensar o aporte econômico de suas mulheres.

Mas, apesar da disputa por trabalho, o índice de desemprego esperado pelos economistas foi contrariado devido ao aumento de empregos nos Estados Unidos de aproximadamente 24 milhões, ocorridos em 1974 e 1984 (DOLABELA, 2008).

Este crescimento das vagas de trabalho foi propiciado pelo surgimento de novos empreendimentos na sociedade, por que:

[...] foi necessário compensar uma redução definitiva de vagas de, pelo menos 5 milhões nas instituições empregadoras tradicionais. Assim, todos esses novos empregos só podem ter sido criados pelas instituições, pequenas e médias, a maioria delas pequenas e médias empresas privadas, e das quais um grande número, talvez a maioria, é de novas empresas, que sequer existiam há vinte anos. (DRUCKER, 1998, p. 4).

Logo, o estímulo a criação do próprio negócio representou uma forma de absorver a mão de obra abundante disponível nos Estados Unidos e o surgimento destes novos empreendimentos se deve em função do desenvolvimento de outros

ramos de atividades empresariais, sobretudo, as empresas prestadoras de serviços e manufatureiras como, por exemplo: serviços financeiros, serviços particulares de assistência a saúde, serviços terceirizados prestados ao Estado, produtores de mobílias domésticas, fabricantes de biscoitos, de roupas femininas, Cursos para educação continuada, dentre outros.

Assim, a economia americana mudou a noção de empreender que anteriormente voltava-se, somente, para a criação de grandes empresas, mas passou a ser estendida para negócios de pequeno e médio porte sem nenhuma tradição no mercado. Por isso, os novos empreendimentos indicam que:

[...] são exemplos de „nova tecnologia‟, todos constituem novas aplicações do conhecimento ao trabalho humano, o que é, em última análise, a definição de tecnologia. Somente que a „tecnologia‟ não é a Eletrônica, ou a Genética, ou novos materiais. A „nova tecnologia‟ é a administração empreendedora. (DRUCKER, 1998, p. 16.),

Portanto, para (DRUCKER, 1998), a “administração empreendedora” representou uma inovação que a sociedade dos Estados Unidos conseguiu ao contextualizar as técnicas já conhecidas pela administração, levando ao desenvolvimento de outros conhecimentos sobre a prática da gestão, possibilitando assim, a criação de novas oportunidades de negócios e também de trabalho, mesmo diante de um panorama de crise econômica.

Porém, o incentivo ao desenvolvimento do empreendedorismo na sociedade dos Estados não se iniciou com a abertura de pequenas e médias empresas durante a crise do petróleo, mas desde o fim da Segunda Guerra Mundial quando o país começou a investir na capacitação empreendedora. (DOLABELA, 1999).

Um dos exemplos ocorreu, por volta de 1947, na Harvard Business School, com a implantação de Cursos para a administração de pequenas empresas, seguido do início de outro preparatório sobre empreendedorismo e inovação, no ano de 1953, na New York University, coordenada por Peter Drucker. (DOLABELA, 1999).

Somadas às iniciativas mencionadas, em 1956 foi criada uma das maiores associações que pesquisa sobre o empreendedorismo no âmbito mundial, a International Council for Small Business (ICSB), durante um evento promovido pela University of Colorado e, em 1967, já existiam dez universidades, nos Estados Unidos, que ofereciam Cursos na área de empreendedorismo.

Como pode ser observado, o empreendedorismo foi desenvolvido e disseminado inicialmente entre os estadounidenses através da oferta de Cursos de

capacitação para a abertura do próprio negócio e, também devido a necessidades dos Estados Unidos de absorver um grande contingente de trabalhadores que disputavam o mercado de trabalho para combater o problema do desemprego.

Logo, estes fatores serviram para relacionar o empreendedorismo à criação de uma empresa e geração do auto-emprego, porém estudiosos de várias áreas como a economia, psicologia, a administração, sociologia, dentre outros, contribuíram para alterar esta concepção inicial, assim apresentaremos algumas destas abordagens.