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6. Inclusão Digital

6.2 Inclusão Digital no Brasil

Os dados levantados pelo Ibope23 e publicados em 21 de agosto de 2009 confirmaram que no mês de julho de 2009, a quantidade de internautas com 16 anos ou mais atingiu a marca de 64,8 milhões de pessoas considerando-se a utilização para acesso à Internet em residências, local de trabalho, escolas, telecentros, lan-houses e bibliotecas. Deste total, estima-se que 44,5 milhões de pessoas tenham acesso a Internet em casa ou no local do trabalho, segundo os dados da mesma fonte indicando aumento de apropriação tecnológica, uma vez que é o maior patamar alcançado desde o início das medições em setembro de 2000. A quantidade de usuários e o tempo médio de uso da Internet cresce cerca de 10% a cada mês. De acordo com a InternetWorldStats, o crescimento do número de pessoas com acesso à Internet no Brasil aumentou mais de 1200% em nove anos.

TABELA 3: USO DA INTERNET NO BRASIL X POPULAÇÃO DA AMÉRICA DO SUL

Regiões do Mundo População - 2008 Usuários da Internet fev/2009 Penetraçã o na pop. em % Crescimento do no. de usuários -% 2000-2008 % de usuários na tabela Brasil 196.342.587 67.510.400 34,4 % 1.250,2 % 50,0 % Total América do Sul 392.597.416 134.086.439 34.2 % 838,2 % 100%

Tabela 3: Dados populacionais: US Census Bureau.

Fonte: Internet World Stats - http://www.internetworldstats.com/stats7.htm *dados de 30 de junho de 2009. Acesso em 06.11.2009.

23 Disponível em:

http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub=T&db=cald b&comp=pesquisa_leitura&nivel=null&docid=62A33B253477B58783257619004BD15C. O release tem como base o serviço NetView do IBOPE//NetRatings - medição de audiência de Internet domiciliar no Brasil, utilizando a metodologia de Painel Nacional de Internautas Domiciliares. Acesso em 14 Set. 2009.

O Comitê Gestor da Internet (CGI.br) responsável pela avaliação do progresso do uso das tecnologias de informação e comunicação no Brasil juntamente com o Centro de Estudos sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação (CETIC.br), que produz indicadores e estatísticas sobre o uso da Internet no Brasil, revelaram os dados obtidos por meio da pesquisa de uso das tecnologias em domicílios (Pesquisa sobre uso das TICs no Brasil – 2008) com a amostra de vinte mil entrevistados nas cinco regiões do país, em área urbana e rural, com pessoas de idade superior a 10 anos.

Entre as principais revelações, destacam-se:

 Um quarto dos domicílios brasileiros (25%) possui computadores, independentemente do tipo de equipamento (49 milhões).

 71% dos lares com computador possuem acesso à Internet. Ou seja, dos catorze 14 milhões de domicílios com computador, quatro 4 milhões não possuem acesso à rede mundial de computadores.

 28% dos domicílios nas áreas urbanas possuem computador, nas áreas rurais a penetração é de apenas 8%.

 Nas áreas urbanas a penetração do acesso chega a 20% dos domicílios, nas áreas rurais esse percentual cai para apenas 4%.

Gráfico 3. Computador e Internet em Domicílios no Brasil.

Fonte: TIC Domicílios 2008. Disponível em: <http://www.cetic.br> Acesso em: 08 Abr. 2009.

Estima-se que grande parte da população brasileira já teve acesso a computadores em alguns dos locais, ou seja, em casa, escola, trabalho, centros públicos ou pagos, residência de amigos/familiares. No entanto, a pesquisa não especifica que tipo de atividades foram realizadas com o computador. O equipamento, por exemplo, pode ter sido usado com ajuda de outras pessoas para consultar serviços necessários de governo eletrônico ou imprimir segunda via de contas e, neste caso, não se caracteriza o uso constante do equipamento para finalidades pessoais e/ou profissionais.

Ainda assim pode-se considerar que a quantidade de domicílios com equipamentos e acesso a Internet ao mesmo tempo ainda é muito baixa se comparado com o total da população brasileira. De acordo com os dados da pesquisa, a maior parte das pessoas costuma usar o computador com Internet em casa (37%), em centros públicos de acesso pago (31%) ou e no trabalho (14%).

Entre as pessoas que já usam computadores, somente 39% consideraram suas habilidades suficientes para atender às crescentes demandas do mercado de trabalho. Os que

se sentem menos preparados são os que têm menor poder aquisitivo, os mais idosos e os que possuem menor grau de escolaridade.

Em relação à barreira que impede a aquisição do equipamento ou da conexão com a Internet, a razão mais comum foi o custo elevado. Dentre os motivos para nunca se ter usado a Internet foram mencionados:

Gráfico 4. Motivos para não ter acessado a Internet

Fonte: TIC Domicílios 2008. Disponível em: www.cetic.com.br. Acesso em 08 Abr. 2009.

Destacam-se ainda as características da população que nunca acessou a internet na qual se observa a predominância de analfabetos, pessoas da terceira idade e pessoas das classes sociais D e E.

TABELA 4: CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO QUE NÃO ACESSOU A INTERNET

66%

60%

65%

São analfabetos e crianças (educação infantil)

têm 45 anos ou mais pertencem às classes "D" e "E"

Tabela 4. Característica da população que não acessou a Internet. Fonte: TIC Domicílios 2008 - www.cetic.com.br .Acesso em 08 Abr. 2009.

Em relação à classe social e escolaridade, 90% dos entrevistados da classe "A", 75% da classe "B” e 89% dos entrevistados com curso superior acessaram a Internet.

Os dados dessa pesquisa indicam que a apropriação das TICs diminui conforme aumenta a idade da pessoa, nas famílias com menor renda familiar, quanto menor for a escolaridade e nas zonas rurais.

A situação do Brasil, e possivelmente de muitos países da América Latina, demonstra a necessidade de medidas que propiciem tanto a alfabetização tradicional relativas às capacidades de leitura, escrita e outras ciências, bem como o desenvolvimento das competências necessárias para lidar com as TICs por parte dos professores e alunos. O grande desafio será proporcionar instrução formal e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento da educação em tecnologia principalmente para as zonas rurais das regiões Norte e Nordeste, regiões que enfrentam dificuldades sócio-econômicas e políticas que dificultam a implantação da infraestrutura necessária.

Portanto, a alfabetização tradicional, embora uma necessidade lógica, não é suficiente para permitir a inclusão digital. É preciso também promover o ensino e aprendizagem nas ferramentas específicas de informática e digitais, bem como fornecer condições econômicas que viabilizem o processo de aprendizado e de utilização o que nesse estudo denomina-se por literacia digital. A inclusão digital e literacia digital são condições para participação no

universo das TICs, ou seja, acesso aos equipamentos de informática e à rede mundial de computadores.

O uso das TICs depende, inicialmente, da alfabetização no próprio idioma para que, em seguida, a pessoa tenha condições de aprender o novo idioma computacional. Somente após esse processo será possível propiciar a articulação virtual na medida em que foi pensada por Martín-Barbero (2007, p.16). No caso do Brasil é preciso, em primeiro lugar, desenvolver um novo modo de pensar a educação e os processos de alfabetização para acompanhar o ritmo de integração mundial por meio das TICs.

Finalmente, conclui-se, reafirmando Martín-Barbero (2008, p.16) “por uma convergência entre alfabetização letrada e virtual” como fator de inclusão digital.

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