• Nenhum resultado encontrado

Os resultados de eclodibilidade, janela de nascimento, qualidade do neonato e viabilidade na primeira semana pós-eclosão dependem, sobremaneira, do adequado desenvolvimento embrionário. Existem inúmeros fatores que podem afetar as exigências básicas do embrião (temperatura, nutrição, trocas gasosas e movimentações), determinando uma evolução embrionária inadequada, capaz de causar a morte do embrião ou influenciar o crescimento e viabilidade inicial da vida pós- eclosão. Entre esses fatores, a temperatura é considerada a mais importante durante o período de incubação artificial (GONZALES, 2008).

Barott (1937) mostrou que a temperatura ideal para obtenção de bom desempenho zootécnico está em torno de 37,8°C e que a variação desta não deve ser superior a ± 0,3°C uma vez que, variações desta amplitude provocam impacto muito grande na incubação, dilatando o período de nascimento. Mais tarde, Allcroft (1964) recomendou temperaturas de 37,8 e 31,1 ºC (62,0% UR) para bulbo seco e úmido respectivamente, como ideal para otimização dos resultados de incubação. Em seguida, Coleman (1982) sugeriu que a temperatura de bulbo úmido deve variar entre 29,4 a 30,6 ºC, durante o período de incubação, e ainda, segundo Marques (1994), essa deve ser de 30,6ºC. Altas temperaturas promovem aceleração no desenvolvimento do

embrião com má posição embrionária, umbigo mal cicatrizado, pouca penugem, bicagem e nascimentos adiantados (GUSTIN, 2003).

Mesmo que baixas temperaturas de incubação na faixa de 35,8º C ocasionem redução na taxa de crescimento embrionário, os embriões podem apresentar um crescimento compensatório se expostos novamente à temperatura termoneutra 37,8ºC (FRENCH, 1997).

Problemas de eclosão ocorrerão caso a temperatura da incubadora varie mais que 0,28ºC, dos 37,5ºC recomendados (CARTWRIGHT; POWERS, 2001; WILSON, 2002). Quando a temperatura de incubação é menor que a recomendada, a partir do 17º dia, há uma diminuição significativa nos níveis plasmáticos de T3 e T4 no período pré-natal, com retardo na bicagem (DECUYPERE et al., 1981).

A umidade relativa (UR) é outro fator importante sobre a incubação e eclodibilidade, sendo o seu controle feito pela diferença entre as temperaturas de bulbo seco (T) e úmido (Tbu). As recomendações para controle da temperatura de bulbo úmido e da UR, durante a incubação, buscando melhorias dos resultados desse processo, carecem de otimização. Diferentemente da temperatura, a umidade relativa pode ter maior amplitude na sua variação, entretanto, é recomendado que esteja entre 50% e 60% (BOLELI, 2003).

Visando melhor rendimento de incubação, Robertson (1961) e Tullett e Burton (1982) sugerem o controle da umidade relativa em 50,0%. Vick et al. (1993) verificaram efeito positivo na eclodibilidade e na redução da taxa de mortalidade embrionária precoce, avaliada do primeiro ao sétimo dia de incubação, utilizando temperatura de bulbo úmido de 28,3ºC comparada à de 30,0ºC.

Um ovo perde de 11 a 13% de água durante a incubação. O controle adequado da umidade relativa é muito importante e, se ela ficar muito baixa, essa perda excessiva de água poderá atrasar a eclosão e muitos embriões não eclodirão, mesmo em pleno desenvolvimento. A situação inversa ocorrerá se a umidade for muito alta, ou seja, os embriões tendem a eclodir precocemente tendo frequentemente o aspecto molhado e pegajoso, chegando até em alguns casos extremos a eclodir sem alcançarem o pleno desenvolvimento (PEEBLES et al., 2001).

A água atravessa os poros da casca movendo-se sempre do ponto mais úmido para o mais seco, através do processo de difusão, sendo que, normalmente, o interior do ovo é mais úmido que o ambiente. Com isso, a umidade em torno dos ovos férteis deve ser controlada para assegurar o adequado desenvolvimento dos embriões (TULLETT, 1990; DEEMING, 1995; DECUYPERE, 2001).

Salazar (2000) e Decuypere et al. (2003) afirmam que se a umidade relativa do ar na incubadora for muito baixa, haverá perda excessiva de umidade dos embriões, prejudicando a eclosão e resultando em pintos pequenos e desidratados. No entanto, se a UR na incubadora for muito alta, os embriões tendem a eclodir precocemente e frequentemente apresentam-se molhados, podendo também ocorrer albúmen residual.

Bruzual et al. (2000) avaliaram o efeito da umidade relativa no período final da incubação sobre o desempenho dos pintinhos. Esses autores fixaram do primeiro ao décimo sexto dia de incubação a UR em 53% e a temperatura em 37,5ºC para os três grupos estudados. A partir daí variaram as condições de UR em três diferentes níveis, 43 %, 53 % e 63% UR. Os autores concluíram que a eclodibilidade foi aumentada utilizando-se a UR a 53%, encontrando o valor máximo de 89,2% para esse grupo. Os demais grupos tiveram valores de eclodibilidade de 87,2 % e 87,5 % para UR de 43 % e 63 %, respectivamente.

Nakage et al. (2002), trabalhando com ovos de perdizes, verificaram que o número de poros na casca pode variar com a região da casca, peso do ovo e a forma física da ração, e que a ingestão de ração peletizada promove um aumento na espessura da casca dos ovos sem alterar a eclodibilidade e a porcentagem de perda de água dos mesmos durante a incubação.

Gigli et al. (2009) avaliaram as condições ambientais de temperatura, velocidade do ar, umidade relativa, concentração de dióxido de carbono e concentração de fungos no interior e exterior dos equipamentos do incubatório, e encontraram pontos de heterogeneidade no interior das máquinas de incubação para as variáveis temperatura e umidade relativa. Observaram também que 98 % e 90 % dos dados de temperaturas estavam abaixo das temperaturas recomendadas para incubadora e nascedouro, respectivamente. Quedas no desempenho de eclodibilidade e qualidade de pintos de

um dia também foram atribuídas à umidade relativa e à concentração de dióxido de carbono.

A tabela 2 mostra resumidamente as temperaturas de bulbo seco (T), temperatura de bulbo úmido (Tbu) e umidades relativas (UR) ideais para o período de incubação, de acordo com a recomendação de diversos autores acima citados.

Tabela 2 – Temperatura de bulbo seco (T), temperatura de bulbo úmido (Tbu) e umidades relativas (UR) recomendadas para incubação

T Variação T Tbu Variação Tbu UR Variação UR

(°C) (°C) (°C) (°C) (%) (%) Autor Ano 37,8 ± 0,3 … … … … BAROTT 1937 … … … … 50 … ROBERTSON 1961 37,8 ... … … 62 … ALLCROFT 1964 … … 30,0 ± 0,6 … … COLEMAN 1982 … … … … 50 … TULLETT et al. 1982 … … … … 65 … NORTH et al. 1990 ... ... 28,3 ... 54 ± 4 VICK et al. 1993 ... ... 30,6 ... ... ... MARQUES 1994 37,8 … … … FRENCH 1997 37,5 … … … 53 … BRUZUAL et al. 2000 37,5 ± 0,28 … … … … CARTWRIGHT et al. 2001 37,5 ± 0,28 ... ... ... ... WILSON 2002 ... ... ... ... 55 ± 5 BOLELI 2003

Nota: Sinal convencional utilizado:

... Dado numérico não disponível.

De acordo com a tabela 2, conclui-se que os valores ideais para incubação são de temperatura de bulbo seco entre 37,5 e 37,8°C, temperatura de bulbo úmido entre 28,3 e 30,6°C e umidade relativa entre 50 e 65%.

Almeida et al. (2006a) concluíram que ovos de matrizes de diferentes idades, 32, 43 e 60 semanas, necessitam o mesmo tempo para incubação. Da mesma forma, Almeida et al. (2008) afirmam que as idades de matrizes de 34, 44 e 72 semanas não influenciaram no tempo de incubação, porém, afetaram a distribuição da eclosão dentro

desse período. Esses autores concluíram ainda que, 94% da eclosão ocorreu com 491 horas de incubação, e que, o saque dos pintos do nascedouro deve ocorrer antes das 510 horas de incubação para evitar longos períodos de jejum hídrico e alimentar. E ainda, segundo Muraroli et al. (2003), o tempo ideal de incubação deve ser de 496 a 510 horas.

A tabela 3 abaixo, apresenta o percentual de eclosão, o pesos de ovos férteis e o peso dos pintos conforme as diferentes idades de matrizes (novas, intermediárias e velhas) segundo a recomendação de diversos autores.

Tabela 3 - Percentual de eclosão, peso do ovo e do pinto de diferentes idades de matrizes, segundo a literatura Idade Matrizes Eclosão (%) Peso Ovo (g) Peso Pinto (g) Autor 31 88,30 ... ... Elibol et al. (2002) 31 85,23 59,00 41,88 Fiuza et al. (2006) 31 86,40 58,21 39,98 Rocha et al. (2008) 32 92,40 ... ... Reis et al. (1997) 34 86,60 64,10 44,40 Rosa et al. (2002) 34 92,39 ... ... Zakaria et al. (2005) 38 89,60 61,66 41,66 Rocha et al. (2008) 39 87,70 64,50 44,50 Rosa et al. (2002) 43 90,4 65,77 44,53 Rocha et al. (2008) 48 88,70 ... ... Reis et al. (1997) 52 63,70 ... ... Elibol et al. (2002) 53 85,20 68,60 47,00 Rosa et al. (2002) 59 72,51 ... ... Zakaria et al. (2005) 63 82,80 69,90 48,50 Rosa et al. (2002) Nota: Sinal convencional utilizado:

... Dado numérico não disponível.

É conhecido que um incubatório pode ser avaliado por meio dos seus índices de eclosão ou eclodibilidade. A taxa de eclosão é o percentual de pintos nascidos em

relação aos ovos incubados e eclodibilidade é o percentual de pintos nascidos em relação aos ovos férteis incubados (ROSA et al., 2002).

No entanto, além de se obter alto índice de eclodibilidade com estreitas janelas de nascimento (pequena variação entre o primeiro e último pinto eclodido), é necessário e fundamental que a qualidade dos pintos fornecidos aos criadores de frangos de corte seja garantida. Os criadores estão cada vez mais procurando por pintos com alto potencial de desenvolvimento, resultando em altos rendimentos de carcaça no abatedouro (WILLEMSEN et al., 2008).

Diversas pesquisas na literatura, utilizaram como parâmetro para a avaliação da qualidade do pinto de um dia, o peso desses animais (LEANDRO, 2000; PEDROSO, 2005, 2006b; ALMEIDA, 2006a, 2006b; TEIXEIRA, 2009).

Documentos relacionados