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Indicador responsabiliade fiscal e aplicação dos recursos

6.2 Definição dos indicadores

6.2.4 Indicador responsabiliade fiscal e aplicação dos recursos

Para a administração pública gerencial, o equilíbrio fiscal e a eficiência na aplicação dos recursos são fatores primordiais. Nesse sentido, figura a necessidade deste indicador, considerando-se a importância da chamada Lei de Responsabilidade Fiscal e seu cumprimento por parte dos municípios, além da questão da aplicação dos recursos, em que foram considerados os setores de educação e saúde, por sua relevância.

A Lei de Responsabilidade Fiscal surgiu no intuito de impedir ou inibir a geração de déficit nas contas públicas. A LRF estabelece que devem constar, da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), exigências em relação ao compromisso da administração com o equilíbrio de suas receitas e despesas, o que indica uma gestão responsável das contas públicas (FJP, 2005).

Para a composição deste indicador são levadas em conta as seguintes variáveis: (1) aplicação de recursos em saúde – cumprimento do % previsto em lei (AplRecSaúde); (2) aplicação de recursos em educação – cumprimento do % previsto em lei (AplRecEduc); (3) despesas com pessoal – cumprimento do % máximo previsto em lei (DespPess); (4) cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (CumpreLRF); (5) cumprimento de limites legais para o endividamento do município (CumpreEndiv); (6) indicador de desenvolvimento tributário e econômico (ITDE); (7) participação da dívida na receita corrente líquida (PartDiv); (8) esforço orçamentário em educação - % investido do orçamento (EsfEduc) e (9) esforço orçamentário em saúde - % investido do orçamento (EsfSaúde).

IRF = (AplRecSaúde x Peso) + (AplRecEduc x Peso) + (DespPess x Peso) + (CumpreLRF x Peso) + (CumpreEndiv x Peso) + (IDTE x Peso) + (PartDiv x

Peso) + (EsfEduc x Peso) + (EsfSaúde x Peso)

6.2.4.1 Aplicação de recursos em saúde – % previsto em lei

A Emenda Constitucional nº 29, de 13 de setembro de 2000, conhecida como a Emenda da Saúde, estabeleceu um percentual mínimo de gastos com as ações da saúde para estados e municípios. A razão entre os gastos com saúde e a receita de impostos e transferências deverá ser maior ou igual a 15% (FJP, 2005).

Isto posto, nesta variável, foi distribuída pontuação igual a 1 aos municípios que atingiram este patamar e pontuação igual a zero àqueles que não atingiram e que, portanto, não estão cumprindo o percentual de aplicação de recursos previsto em lei.

6.2.4.2 Aplicação de recursos em educação – % previsto em lei

De forma análoga à área de saúde, uma disposição legal também estabelece um patamar mínimo de aplicação de recursos em educação. Dessa vez, a exigência vem da própria Constituição Federal, que estabelece, em seu art. 212, um limite mínimo de gastos a serem efetuados com a manutenção e o desenvolvimento do ensino, em relação às receitas líquidas de impostos e transferências, sendo este limite de 18% para a União e de 25% para os estados e municípios (FJP, 2005).

A pontuação desta variável também foi de 1 para os municípios que atingiram este percentual de investimento e de zero para aqueles que não o fizeram.

6.2.4.3 Despesas com pessoal – cumprimento do % máximo previsto em lei A LRF estabeleceu, para a União, estados e municípios, limites para os gastos com pessoal, em proporção à receita corrente líquida (RCL), estendendo esta exigência também para os poderes Legislativo, Judiciário e para o Ministério Público (FJP, 2005).

No que se refere ao âmbito municipal, o limite estabelecido foi de 60% da RCL, sendo este limite dividido entre os gastos do Legislativo e o Executivo, em 6% e 54%, respectivamente (FJP, 2005).

São considerados gastos com pessoal, para a LRF, aqueles efetuados com: (1) servidores ativos, civis e militares, ocupantes de cargos ou funções; (2) aposentados e pensionistas; (3) membros de Poder; (4) vencimentos, vantagens adicionais, gratificações, horas extras e quaisquer outras espécies remuneratórias; (5) empregados das empresas estatais dependentes; subsídios dos agentes políticos; (6) terceirização para substituição de servidores e (7) encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades da previdência (FJP, 2005).

A LRF fixou, ainda, um lmite equivalente a 95% do limite máximo para a despesa com pessoal. Ao atingirem este limite, os entes ficam impedidos de: (1) conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração; (2) criar cargo, emprego ou função; (3) alterar a estrutura de carreira que implique em aumento de despesa; (4) prover cargo público, admitir ou contratar pessoal e (5) contratar hora extra, salvo as situações previstas em lei (FJP, 2005).

À semelhança dos anteriores, esta variável também teve sua pontuação em 1, para os municípios que se encontram em harmonia com o percentual previsto em lei e zero para os municípios que ultrapassaram este percentual.

6.2.4.4 Cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal

Considerando-se a LRF em seu bojo, induzindo ao equilíbrio orçamentário dos governos, pode-se dizer que o seu cumprimento passa a figurar como um importante indicador de avaliação de gestão e desempenho fiscal. O cumprimento da LRF é atingido quando a receita orçamentária é maior ou igual ao gasto orçamentário (FJP, 2005).

Esta variável também teve sua pontuação em 1, para os municpíos que estão em consonância com os preceitos da LRF e zero, para os municípios cujo gasto é maior do que a receita.

6.2.4.5 Cumprimento de limites legais para o endividamento do município A Resolução nº 40, de 21/12/2001, do Senado Federal, estabelece que a dívida consolidada líquida (DCL) dos municípios, não poderá exceder, ao prazo estabelecido para a adequação, a 1,2 vez a receita corrente líquida – RCL (FJP, 2005).

Nesse contexto, esta variável verifica quais municípios encontram-se dentro do pleno cumprimento desta lei e quais não estão, atribuindo pontuação de 1 e 0, respectivamente.

6.2.4.6 Indicador de desenvolvimento tributário e econômico

Esta variável foi criada para a composição o Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) e indica a capacidade do município de financiar os serviços que presta a partir de receitas originárias dos diversos setores econômicos presentes e das atividades de consumo e, ainda, dos rendimentos de seus habitantes. Valores reduzidos desta variável revelam baixo desempenho econômico e tributário, indicando que a receita é bastante dependente de transferências do Fundo de Participação dos Municípios, e não de sua base econômica. Valor alto indica maior capacidade do município em

financiar seus gastos com recursos próprios (FJP, 2005). Esta variável também tem sua pontuação variando de 0 a 1.

6.2.4.7 Participação da dívida na receita corrente líquida

Esta variável, também originária do Índice Mineiro de Responsabilidade Social, indica em que proporção a dívida do município está excedendo a sua receita.

Esta variável encontra-se disposta de maneira invertida e ponderada, de modo que quanto maior a pontuação do município (mais próximo de 1), menor a participação da sua dívida na RCL e, quanto menor sua pontuação (mais próximo de zero), maior a participação de sua dívida.

6.2.4.8 Esforço orçamentário em educação e saúde - % investido do orçamento

O esforço orçamentário, advindo do Índice Mineiro de Responsabilidade Social, mede a participação efetiva de áreas ou de atividades que recebem recursos do orçamento e é medido pela participação relativa de cada uma dessas áreas no gasto total realizado pela administração (FJP, 2005).

A pontuação desta variável é dada no intervalo entre 0 e 1, indicando o percentual do orçamento investido pelo município em educação ou saúde.