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Indicadores da Atenção Básica

No documento simonepaivaleite (páginas 33-36)

2 MODELOS ASSISTENCIAIS E POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL E

3.2 Indicadores da Atenção Básica

A avaliação da Atenção Básica compreende etapas desde o reconhecimento das necessidades em saúde da região avaliada, das possibilidades de atuação das equipes assistentes até o fluxo dos usuários do sistema considerando seu movimento e acesso aos outros níveis de assistência (TAKEDA; DIERCKS, 2007).

Os mecanismos de avaliação devem obedecer aos princípios do SUS e às diretrizes da ESF enquanto estratégia prioritária para a organização dos serviços e práticas da AB.

3.2.1. Indicadores do Pacto da Atenção Básica

Os Indicadores do Pacto da Atenção Básica constituem importante instrumento de monitoramento e avaliação da atenção básica no Brasil.

O Pacto da Atenção Básica foi definido em 1998, pela Portaria GM/MS 3.925 de 1998, que aprovou o "Manual para Organização da Atenção Básica", e a Portaria 476 de 1999, que regulamentou o processo de acompanhamento e avaliação da atenção básica com o intuito de oferecer às secretarias de saúde e ao Ministério da Saúde, um mecanismo de monitoramento e avaliação da Atenção Básica (BRASIL, 2003c) e:

...um instrumento formal de negociação entre gestores das três instâncias de governo (municipal, estadual e federal) tomando como objeto de negociação metas a serem alcançadas em relação a indicadores de saúde previamente acordados e traduz

um esforço crescente de buscar indicadores mais representativos e robustos para a avaliação da atenção básica. (BRASIL, 2007b)

Desde a instituição do Pacto, tem sido lançadas, anualmente, portarias para orientação do processo de pactuação e a determinação dos indicadores utilizados para a avaliação e monitoramento (BRASIL, 2006).

Atualmente está em vigor a relação dos indicadores que tiveram sua definição e aprovação pela portaria 493 de 13 de março de 2006. Os indicadores propostos variam de acordo com o número de habitantes dos municípios (acima ou abaixo de 80 mil habitantes). Eles estão organizados em oito grupos contemplando as dimensões Saúde da Criança, Saúde da Mulher, Controle da Hipertensão Arterial, Controle do Diabetes Mellitus, Controle da Tuberculose, Eliminação da Hanseníase, Saúde Bucal e Geral. Os indicadores do Pacto 2006 são 30, sendo 19 principais e 11 complementares. Para os municípios com menos de 80 mil habitantes é obrigatória a informação do número absoluto de óbitos em menores de um ano de idade e do número absoluto de óbitos neonatais tardios que não são obrigatórios para os municípios de mais de 80 mil habitantes e para os Estados. Já os indicadores proporção de óbitos de mulheres em idade fértil investigados e a razão de mortalidade materna são obrigatórios nos municípios de mais de 80 mil habitantes e nos Estados. Dessa forma, os municípios e o Estado devem informar 18 indicadores principais e 10 complementares (BRASIL, 2006).

Segundo Ibanez et al (2006) nem o Pacto da Atenção Básica nem o Sistema de Informação da Atenção Básica podem ser utilizados isoladamente para avaliação de desempenho ou monitoramento do conjunto das ações desenvolvidas nos serviços de saúde. É necessário observar o contexto de implantação de um serviço ou sistema para só então observar os desfechos.

3.2.2. Condições Sensíveis a Atenção Ambulatorial

Condições Sensíveis à Atenção Ambulatorial (CSAA) são patologias ou condições de saúde que controladas adequadamente pela atuação do serviço de Atenção Primária a Saúde, na prevenção, promoção e também no diagnóstico imediato, tratamento precoce e acompanhamento não progrediriam para a internação hospitalar. No monitoramento e avaliação da Atenção Primária a Saúde as internações por tais causas serviriam como indicador negativo da atuação das Equipes de Saúde da Família ou da Atenção Básica. Essas doenças costumam ser mais frequentes entre as populações mais vulneráveis com maiores

dificuldades de acesso aos serviços de saúde (PAPPAS et al, 1997) e a Estratégia Saúde da Família deveria ser o facilitador do acesso e o principal responsável pela interrupção desse processo.

Porém, para Santos (2007) muito ainda falta a ser realizado no que diz respeito ao desenvolvimento da assistência a saúde e torna-se inadiável uma revisão do processo para que um novo patamar de desenvolvimento seja alcançado nesse setor no país. Este autor remonta para o fato de que apesar do bom funcionamento das unidades básicas de saúde há um índice alto de eventos evitáveis que dependeriam da atuação de políticas externas em sua resolução e ainda pontua que por negligência, incompetência ou mercantilização há um visível excesso de ações de saúde desnecessárias que denomina de “assistenciocentrismo”, que poderiam ser combatidos.

Durante a década de 90, as internações por CSAA passaram a configurar um importante instrumento para o monitoramento do acesso aos serviços de e para a avaliação da qualidade da Atenção Básica a Saúde (PERPETUO; WONG, 2006).

A idéia precursora das CSAA ocorreu na década de 90, nos Estados Unidos com o intuito primeiro de se poder avaliar o acesso aos serviços de saúde pela população carente ou indigente, em segunda instância, o indicador passou a ser utilizado para avaliar a qualidade da Atenção Básica e observou-se que tal qualidade diminui à medida que aumenta a cobertura de seguro-saúde e ao padrão sócio econômico da população (ELIAS; MAGAJEWSKI, 2008).

No estado de Minas Gerais, uma resolução da Secretaria Estadual de Saúde, nº 1093, de 29 de dezembro de 2006, estabelece condições que compõem o indicador Internações Sensíveis à Atenção Ambulatorial. No Brasil, a portaria nº 221, de 17 de abril de 2008, determina a lista Brasileira de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária. Ambas as listas contemplam causas classificadas pelo código internacional de doenças (CID 10), consideradas sensíveis à atuação da atenção básica bem estruturada. Existem diferenças entre as doenças componentes das listas destacando-se, especialmente, que a lista brasileira não inclui entre as CSSA, os transtornos mentais. Neste estudo, uma vez que os municípios estudados são mineiros, optamos por utilizar a lista das Internações Sensíveis à Atenção Ambulatorial de Minas Gerais.

Em localidades nas quais a AB é bem estruturada, há uma redução perceptível das internações por CSAA. No Brasil, foi possível observar redução das internações por CSAA em crianças, principalmente após a implantação das equipes de Saúde da Família. Pela sua sensibilidade à atuação da AB, as internações por CSAA têm sido cada vez mais utilizadas como indicador de avaliação da AB que consiste em determinar se a AB ao atingir suas

metas, tem impacto na melhora das condições de saúde da população assistida (ELIAS; MAGAJEWSKI, 2008).

No documento simonepaivaleite (páginas 33-36)

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