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Tema 7 Saúde e segurança ocupacional

4.1 Indicadores componentes do IDH

4.1.1 Analfabetismo

No Ceará, a proporção de indivíduos analfabetos com 15 anos ou mais diminuiu, mas de forma gradual. Além disso, o índice ainda está distante da proporção no âmbito nacional. Enquanto, em 2011, o Ceará contou com 16,47% de analfabetos em sua população, o Brasil apresentou 8,6%.

Vê-se, ainda, que é expressiva a proporção de analfa- betos funcionais no estado. Em 2011, registrou-se o índice de 38,08% de cearenses com pouca capacidade de interpretação ou compreensão de textos e demais expressões codificadas pelo alfabeto. Essa taxa indica baixa qualidade no ensino básico.

Em 2010, a taxa de analfabetismo na zona rural foi de 33,0%. Enquanto Fortaleza e Juazeiro do Norte, duas cidades economicamente expressivas no Ceará, apresentaram taxas de 6,9% e 16,2%, respectivamente, em municípios como Salitre e Granja, o índice foi de 40% de analfabetos (IPECE, 2011b). Não bastasse tal cenário, recentes estudos do IPEA indicaram que exis- tiam 42,8% escolas rurais a menos no Ceará em 2010, em relação ao ano de 2002 (IPEA, 2012). Admitindo que a leitura e a educação em si sejam fundamentais para a conquista de um emprego que remunere satisfatoriamente, essa conjuntura indica que os mora- dores rurais têm menos oportunidades de avançar nos estudos e, portanto, de obter empregos com melhores salários.

4.1.2 Matrículas

A fim de verificar o fator “matrículas”, usa-se a taxa de esco- larização líquida, que expressa o percentual da população entre 7 e

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14 anos matriculada no Ensino Fundamental; e entre 15 e 17 anos, no Ensino Médio regular (IPECE, 2011a). Observa-se significativa evolução de tais indicadores, especialmente na faixa etária entre 15 e 17 anos. Vale ressaltar, no entanto, que a evasão escolar é um fator relevante no debate sobre a educação. A evidência empírica indica que a evasão, assim como a reprovação, está relacionada a questões como pobreza, desigualdades sociais, trabalho infantil, violência, problemas de saúde, deficiência da estrutura escolar, ausência de acompanhamento escolar por parte da própria escola e da família, entre outras. De acordo com o Censo Escolar 2010, no Ceará, 2,9% de estudantes abandonaram o Ensino Fundamental e 10,6% os que largaram o Ensino Médio (SEDUC, 2011).

4.1.3 Expectativa de vida ao nascer

Em dez anos (1992-2002), a esperança de vida ao nascer cresceu quase três anos. A partir de 2002, a expectativa de vida dos cearenses cresceu, mas voltou a cair em 2011. Nessa década, a estimativa aproximou-se da registrada nacionalmente – 69,7 anos.

Convém ressaltar que milhares de pessoas acima de 60 anos vivem em condições de restrição aos serviços básicos no Ceará. Dados do Censo Demográfico 2010 registram 45,9% de analfabetos no grupo de pessoas com 60 anos ou mais (IPECE, 2011d). Em 2008, 21,30% dos idosos no Ceará foram categorizados como pobres (SALES; BARBOSA; OLIVEIRA, 2009). Isso indica que há muitos sobreviventes com baixa qualidade de vida no estado.

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4.1.4 PIB per capita

O IDH utiliza o Produto Interno Bruto per capita para aferir um “padrão de vida decente” (PNUD, 2011). O PIB per capita indica que, se toda a riqueza produzida no estado fosse dividida entre todos os cearenses, cada um receberia R$ 10.036,00 por ano, ou R$ 837,00, aproximadamente, por mês, segundo o que se registrou em 2011. Nesse mesmo ano, a renda familiar per capita média dos cearenses foi de R$ 464,93. Há, portanto, um hiato de cerca de R$ 372,00 entre o rendimento gerado pela produção e a renda média dos cearenses.

A concentração de renda é um fator prejudicial, expres- sivo para a confiabilidade do PIB per capita como um indicador positivo para o desenvolvimento. Ao contrário de sua primeira intenção, o PIB per capita pode indicar o quanto a distribuição da riqueza é desigual numa localidade. Objetivamente, afere- -se desigualdade de renda em determinado lugar observando o Índice de Gini. O valor registrado em 2011 indica um grau inter- mediário de desigualdade na distribuição de renda. Um estudo do IPECE apresenta a evolução da distribuição de renda no Ceará, conforme porcentagem da população, exposta no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Renda apropriada por percentual da população.

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Como é possível constatar, pouco mais de 10% de toda a renda no Ceará é apropriada por 50% dos cearenses mais pobres, enquanto apenas 10% da população, mais rica, detém quase a metade da renda gerada. Esse cenário ratifica a grave e rígida desigualdade na distribuição de renda no estado, o que indica que a estrutura de distribuição não sofreu alterações, no sentido de mudar substancialmente a tendência concentradora.

Ainda tratando de desigualdades, cabe ressaltar que a estrutura fundiária no Ceará é extremamente concentrada. Não bastasse isso, Medeiros, Gomes e Albuquerque (2011) constata- ram que tal concentração apresentou tendência crescente de 1985 até 2006, último ano analisado na pesquisa.

4.1.5 IDH

Partindo de 0,611 em 1992, o Ceará registrou, em 2005, IDH de 0,723, figurando na 22ª posição do ranking nacional, confor- me estudo do PNUD divulgado em 2008. O índice registrado no estado se encaixa na categoria de desenvolvimento médio, já que está entre 0,799 e 0,500. Em 2006, o IDH do Brasil foi de 0,813.

Os próprios organismos internacionais sinalizam o reco- nhecimento da não aproximação do IDH à realidade. Em 2010, o PNUD mudou o cálculo do índice. Entre outras mudanças na metodologia do cálculo, destacam-se a substituição do PIB per capita pela Renda Nacional Bruta e a troca do índice de alfabe- tização da população de um país pelos anos médios de estudo.

De acordo com o “Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013”, o IDH do Ceará é de 0,682 e está na categoria “médio desenvolvimento humano”. O Brasil tem IDH de 0,730, considerado “alto” (PNUD, 2013).

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