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3. METODOLOGIA

3.3. Indicadores contábeis

Como resultado de um trabalho patrocinado pela United States Agency for International Development entre 1987 e 1994, na Guatemala, foram propostos diversos indicadores contábeis específicos para o cooperativismo de crédito (RICHARDSON, 2000). Alguns desses indicadores contábeis foram selecionados para entrar nas regressões descritas no item anterior com o intuito de verificar como os conflitos de agência influenciam suas variações.

O primeiro indicador considerado é a taxa de inadimplência (i1) medida pela relação entre o total das operações inadimplentes há mais de 30 dias (Inadimplência > 30dias) e o total de operações de crédito (empréstimos). Segundo Richardson (2000), o valor aceitável é menor do que 10% (dez por cento) e quanto menor o valor deste indicador melhor. A escolha desse indicador se deve ao fato de nele ter sido observada, nas cooperativas de crédito brasileiras que se transformaram para a modalidade de livre admissão, uma alteração significativa em seus valores (LIMA,

2008). Além disso, Bressan et alii (2011a) e Bressan et alii (2011b) verificaram que o indicador financeiro (P2), calculado como a relação entre operações de crédito vencidas e a carteira classificada total, é importante para avaliar a insolvência das cooperativas de crédito, o que reforça a necessidade de utilização de um índice que meça a taxa de inadimplência existente na cooperativa. Tal conclusão vai ao encontro da afirmação de Westley e Branch (2000) que consideram a inadimplência a principal causa de insolvência das cooperativas de crédito na América Latina.

s Empréstimo

dias i1 Inadimplência 30

Já os custos operacionais deveriam se situar entre 3% (três por cento) e 10% (dez por cento) do total de ativos (RICHARDSON, 2000). A utilização desse indicador é justificada pelos trabalhos de Bressan et alii (2011a) e Bressan et alii (2011b) que verificaram a sua importância para avaliar a insolvência das cooperativas de crédito, bem como pela afirmação de Richardson (2000) que considera a utilização de indicadores relacionados aos custos uma das chaves para o sucesso de qualquer empreendimento. Quanto menor for o valor deste indicador melhor.

vos TotaldeAti

i2 CustosOperacionais

Segundo Saunders (2000), as autoridades monetárias dos países têm desenvolvido mecanismos de proteção do sistema financeiro em quatro camadas. Na primeira, estariam as exigências relacionadas à diversificação dos riscos por

parte das instituições financeiras; na segunda, à existência de níveis mínimos de capital com os quais os controladores das instituições financeiras contribuem para o financiamento das operações; na terceira, aos fundos garantidores e, na quarta, à supervisão por parte da autoridade monetária.

Westley e Branch (2000) observam que a supervisão de cooperativas de crédito deve ser praticamente idêntica à imposta aos bancos. Ambas as instituições financeiras, por exemplo, aceitam depósitos, e, dessa forma, a supervisão se faz necessária para proteger o grande número de pequenos poupadores que não têm informações ou habilidade para controlar a exposição ao risco das instituições financeiras nas quais depositaram suas economias.

Entretanto, existem importantes diferenças entre os bancos e as cooperativas de crédito, o que leva a diferentes formas de regulação e supervisão. Entre essas diferenças destacam-se o pequeno tamanho das cooperativas de crédito em relação aos bancos, sua atuação mais local, seu portfólio menos diversificado e sua estrutura de governança peculiar (WESTLEY e BRANCH, 2000).

Para controlar o risco de liquidez das instituições financeiras em funcionamento no Brasil, o BACEN estabeleceu o valor de 50% do patrimônio líquido ajustado como limite para o Índice de Imobilização (i3) para as instituições financeiras, incluindo as cooperativas de crédito (CMN, 1999a).

No caso específico das cooperativas de crédito, o limite do Índice de Imobilização precisa ser monitorado com uma atenção ainda maior, visto que,

normalmente, esse tipo de instituição financeira tem um patrimônio líquido menor, o que pode levar mais facilmente a um desenquadramento nesse limite se não forem feitos controles internos mais eficazes. Além disso, essas instituições não têm acessos aos empréstimos de liquidez concedidos pela autoridade monetária (emprestadora de última instância).

Cabe ressaltar também que as cooperativas de crédito de livre admissão, assim como os bancos, têm adesão obrigatória a um fundo garantidor de crédito (Resolução CMN no 3.106/03), o que é uma proteção adicional ao poupador, pois assegura a recuperação de parte dos valores investidos pelos associados.

Já a preocupação com o risco da estrutura de capitais das instituições financeiras brasileiras levou o Banco Central do Brasil a adotar medidas de regulamentação prudencial, em que destaca a adoção do Acordo da Basileia em 1994 (Resolução CMN no 2.099/94), a qual determina às instituições financeiras em funcionamento no Brasil a manutenção de nível mínimo de capital, compatível com o grau de risco de crédito de seus ativos. De acordo com a sua classificação de risco, esse ativo é considerado como de risco zero ou ponderado por um fator de risco igual a 20%, 50% ou 100%. Mediante essa ponderação é calculado o Patrimônio Líquido Exigido (PLE) e, a partir dele, é determinado o Índice de Basileia, que servirá também como um limite a ser acompanhado pela autoridade monetária.

O Índice de Basileia (i4) oferece uma medida da parcela do ativo ponderado pelo risco coberto por capital próprio da instituição e é calculado a partir das mesmas variáveis utilizadas para o cálculo do Patrimônio Líquido Exigido (PLE).

Esse índice é considerado por Westley e Branch (2000) como o limite de risco mais importante para as instituições financeiras, variando de 8% a 12% nos países da América Latina. No caso específico do Brasil, o limite mínimo para o Índice de Basileia das cooperativas de crédito é de 11%.

Westley e Branch (2000) observam que o Limite de Índice de Basileia para as cooperativas de crédito deveria ser maior do que para os bancos, visto que têm portfólios menos diversificados, uma estrutura de governança mais problemática e, geralmente, uma administração menos profissional.

Segundo Jensen e Meckling (1976), é impossível assegurar que o agente, no caso, os gestores das cooperativas de crédito, tomem as melhores decisões do ponto de vista dos proprietários da sociedade, no caso, os associados. É nesse contexto que surge a questão dos incentivos (CRAWFORD E GUASH, 1983).

Para Jensen e Murphy (1990), as políticas de remuneração devem dar incentivos para que os gestores selecionem e programem ações que aumentem a riqueza dos acionistas. Muito embora os resultados da empresa sejam influenciados por outros atores, bem como pelas condições da economia ou, ainda, pela ação do governo.

No entanto, conforme Funchal e Terra (2006), a remuneração dos executivos não estaria diretamente associada ao desempenho financeiro das companhias abertas latino-americanas. Além disso, especulam que as características

institucionais dos países estudados, bem como o grau de concentração de propriedade, poderiam explicar a inexistência dessa relação.

Nesse contexto, não foram identificados na literatura nacional estudos que avaliassem a remuneração dos gestores nas cooperativas de crédito. Dessa forma, foi proposto e calculado um indicador que considera as despesas com honorários dos gestores em função do patrimônio líquido da cooperativa de crédito para ser utilizado nas regressões múltiplas que contém as proxies que representam os conflitos de agência nas cooperativas de crédito.

A equação que representa o indicador proposto é a que se segue. Cabe ressaltar que a divisão pelo patrimônio líquido se fez necessária pela grande dispersão no tamanho das cooperativas de crédito estudadas, o que pode ser exemplificado pelo patrimônio líquido delas que varia de R$ 883 milhões a R$ 10 milhões. Nesse caso, quanto menor for o valor deste indicador melhor.

PL Honorários i5

Onde: PL é o patrimônio líquido da cooperativa de crédito

3.4. Variáveis representativas do conflito de agência entre os associados