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Neste caso, nosso ponto de partida é o trabalho deBrasil(1996) e sua noção de geração completa. Os dados deste levantamento refletem um acompanhamento por coorte feito para apenas um momento do tempo, o período máximo de integralização curricular de cada curso. Mais uma vez, os estudantes sem vínculo ativo com os cursos são considerados os evadidos. Figura 12 – Distribuição de frequência da TEC, TCC e TFC das IES Federais em Brasil (1996).

0 20% 40% 60% 80% 100%

Cursandos Evadidos Formados

Situação da matrícula (losango representa o resultado agregado das IES federais)

Percentual de cursandos, evadidos e formados

Fonte:Brasil(1996). Elaboração própria.

Os dados deBrasil(1996) são calculados apenas para cursos de IES federais (IFES), de forma que os resultados de privadas, por exemplo, não constam neste levantamento. Além disso, é justo mencionar que o resultado apresentado no Gráfico12é resultado da agregação, feita por este trabalho, dos resultados individuais dos cursos das IES Federais, disponíveis em

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 52

Brasil(1996). Esses resultados foram agregados para cada IES (distribuição de frequência) e para o conjunto das Federais (losango em destaque).

Como podemos observar no Gráfico12, na década de 90 a questão do abandono ao final da trajetória acadêmica já tinha contornos relevantes. A mediana da TEC das IES Federais foi de 35,50% e o resultado agregado para Federais foi de 33,26%. Isso significa que, considerando as coortes analisadas porBrasil(1996) (a maioria ingressantes de 1988 e 1989), pouco mais de um terço havia evadido ao final do período máximo de integralização curricular.

A mediana das IES e a média ponderada para Federais da Taxa de Cursandos, por sua vez, foi de: 5,48% e 8,68%. Isso indica um percentual de discentes retidos razoável, mas não expressiva se comparada aos anos recentes. Por fim, a mediana e a média da Taxa de Formados foi de 54,16% e 58,06%.

Figura 13 – Relação entre TEC e o tamanho das coortes analisadas nas Instituições Federais de Ensino Superior. 0 20% 40% 60% 80% 100% 0 2.5

mil mil5 mil7.5

Tamanho total das coortes analisadas

Percentual de evadidos

Fonte:Brasil(1996). Elaboração própria.

A diferença entre a mediana dos resultados individuais das IES e o resultado agregado para Federais nos aponta para uma característica destacada na sessão anterior: a diferença na evasão universitária entre IES de diferentes tamanhos. Isso porque, como dito, o resultado agregado é uma média ponderada pelo número de matriculados. Assim sendo, é um resultado

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 53

que confere mais peso às grandes Instituições.

De forma análoga ao Gráfico11, o Gráfico13registra, a partir dos resultados individuais das IFES emBrasil(1996), a relação entre a Taxa de Evasão observada e o tamanho total das coortes analisadas.

Mesmo que de forma tênue e pouco sofisticada, podemos perceber uma relação média entre o tamanho das turmas e a evasão universitária. Em geral, um aumento médio no número de estudantes matriculados implica em Taxas de Evasão menores no final do período máximo de integralização.

Por fim, nosso breve histórico dos resultados da evasão universitária brasileira sob a ótica dos indicadores de acompanhamento longitudinal se propõe a situar os resultados brasileiros frente aos resultados internacionais. Esta informação está presente no Gráfico14.

Antes de efetuar qualquer comparação, é importante recordar que a Evasão Total média (equação3.12) é uma variável proxy que se propõe a mensurar o percentual de evadidos ao final de um período definido de tempo. Nos casos dos dados deIESALC/UNESCO(2006), em geral esse período de tempo é definido como sendo de 5 anos.

A principal distorção deste indicador é que ele considera como “evadidos” a diferença entre o número de ingressantes de um ano e o número de concluintes após 5 anos. Isso significa que os estudantes retidos (“CU Ra,n”) após 5 anos são englobados dentro do percentual de evadidos. Assim sendo, quando formos comparar os resultados nacionais com os resultados do Gráfico14mais à frente, não compararemos a Evasão Total com a TEC, mas sim a Evasão Total com a soma de TEC e TCC.

Neste levantamento deIESALC/UNESCO(2006), o Brasil aparece com uma Evasão Total média de 48%. Isso signfica que esse foi o percentual de ingressantes de um determinado ano que, ao final do período de integralização curricular, não havia se formado. À frente do Brasil estão: Bolívia (73%), Uruguai (72%), Itália (58%), Chile (54%), Venezuela (52%), Suécia (52%) e Colômbia (51%). Atrás, estão: França (41%), EUA (34%), México (31%), Alemanha (30%), Cuba (25%), Coréia do Sul (22%), Reino Unido (17%), Turquia (12%) e Japão (7%).

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 54

Figura 14 – Evasão Total Média de países da América Latina e OCDE.

Bolívia Uruguai Itália Chile Venezuela Suécia Colômbia Brasil França EUA México Alemanha Cuba Coréia do Sul Reino Unido Turquia Japão 0 20% 40% 60% 80% 100%

Evasão Total Média (Brasil em destaque)

Fonte:Filho et al.(2007) apudIESALC/UNESCO(2006). Elaboração própria.

4.3.2 Resultados das IES Federais, IES Estaduais e IES Privadas

Nesta subseção, apresentaremos os resultados do acompanhamento por coortes dos estudantes da educação superior nacional. Mais uma vez, nosso enfoque recai sobre as categorias administrativas Privadas, Federais e Estaduais.

Comecemos pela reconstrução mais completa que podemos realizar: a TEC, a TCC e a TFC das coortes 2010, 2011, 2012 e 2013 ao longo de suas respectivas trajetórias acadêmicas. É importante notar que, por motivos óbvios, o acompanhamento da trajetória de cada coorte se encerra em momentos diferentes. Isso porque em 2017, ano máximo em que o acompanhamento por coortes pode ser feito, a coorte 2010 estava no 8o ano; a coorte 2011 no 7o ano; e assim sucessivamente.

No Gráfico15, as cores indicam as categorias administrativas. A transparência, por sua vez, responde à situação do vínculo: cores mais intensas representam a TEC; cores intermediárias representam a TFC; e cores mais suaves representam a TCC.

Em primeiro lugar, podemos observar que a trajetória das diferentes categorias admi- nistrativas e diferentes coortes são simultanemanete semelhantes e distintas. Assim como visto anteriormente, a maior parte da evasão acontece nos primeiros dois anos, diminuindo de frequên-

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 55

Figura 15 – TEC, TCC E TFC das coortes 2010, 2011, 2012 e 2013 nas diferentes categorias administrativas (dados de 2010 a 2017). 2010 2011 2012 2013 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 0 25% 50% 75% 100% 0 25% 50% 75% 100% 0 25% 50% 75% 100% 0 25% 50% 75% 100%

Trajetória acadêmica das Coortes 10, 11, 12 e 13 (1º ano é o ano de ingresso)

Percentual de cursandos, evadidos e formados

Cursando (Privada) Cursando (Pública Federal) Cursando (Pública Estadual)

Formado (Privada) Formado (Pública Federal) Formado (Pública Estadual)

Evadido (Privada) Evadido (Pública Federal) Evadido (Pública Estadual)

Fonte: Censo da Educação Superior (INEP). Elaboração própria.

cia nos anos seguintes. Considerando a coorte 2010 para Privadas, Federais e Estaduais, ao final de 1 ano a TEC era de: 20,83%, 12,89% e 7,01%, respectivamente. Ao final do segundo ano, os resultados eram de: 38,34%, 25,56% e 18,64%. Ao final do oitavo ano, estes valores foram de: 54,30%, 47,29% e 40,82%. Isso indica que, para a coorte 2010, a concentração da evasão nos primeiros anos é intensa nas IES Privadas, intermediária nas IES Federais e apenas razoável em IES Estaduais.

Comparando estes dados com os apresentados no Gráfico12, podemos identificar uma deterioração no resultado das IES Federais. Enquanto no levantamento deBrasil(1996), que parte centralmente de coortes de 1988/1989, a TEC ao final do período máximo de integralização era de 33,26%, neste caso a TEC da coorte 2010 ao final do 8oano era de 47,29% - cerca de 14 p.p. acima.

Há também uma deterioração da TCC entre o levantamento deBrasil(1996) e os dados mais recentes. Enquanto no Gráfico12o percentual de cursandos do agregado de Federais era de 8,68%, a TCC da coorte 2010 para privadas, federais e estaduais ao final do oitavo ano da trajetória acadêmica foi de: 7,87%, 11,40% e 14,73%, respectivamente. Para Federais, há uma elevação de aproximadamente 3 p.p. Isso indica um incremento no fenômeno da retenção.

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 56

Se há proporcionalmente aumento do percentual de evadidos e do percentual de cursan- dos, necessariamente tem de haver diminuição no percentual de formados. Enquanto no Gráfico

12 esse percentual para Federais é de 58,06%, a TFC da coorte 2010 ao final do 8o ano da trajetória acadêmica foi de: 37,83%, 41,30% e 44,45% para Privadas, Federais e Estaduais. No caso de Federais, uma queda de aproximadamente 17 p.p.

Para efetuar comparações dos resultados acima com os dados internacionais do Gráfico

14, vejamos primeiramente o resultado da TEC e da TCC no 5o ano da trajetória acadêmica. Mais uma vez, tomaremos como referência a coorte 2010.

A TEC da coorte 2010 no 5oano da trajetória acadêmica foi de, respectivamente: 51,96%, 43,24% e 35,71%. A TCC, sob esta mesma agregação, foi de: 18,34%, 36,47% e 35,38%. Somando as duas, podemos identificar o percentual de “não concluintes” ao final do 5o ano de graduação, que usaremos para a comparação com os dados da Evasão Total média. Estes valores seriam de: 70,30%, 79,71% e 71,09% (para Privadas, Federais e Estaduais).

No Gráfico14, vimos que o pior resultado internacional era da Bolívia, com 73% de não-concluintes após 5 anos (ou evadidos, sob a ótica da Evasão Total). Depois do Uruguai, com resultado semelhante (72%), o terceiro maior resultado era da Itália (58%). Isso significa que, tudo mais constante, o resultado dos não-concluintes (TEC+TCC) das coortes brasileiras de 2010, independente da categoria administrativa, nos colocaria em uma circunstância inter- nacional de enorme gravidade. Comparando especificamente o resultado das Federais com o panorama do Gráfico14, teríamos a pior evasão do mundo. Evidentemente essa é uma afirmação demasiadamente forte, que demandaria dados internacionais atualizados e uma metodologia mais sofisticada de análise para ser feita de forma incisiva. Todavia, este dado é o suficiente para sugerir, mesmo que brevemente, a gravidade das circunstâncias que vivem os estudantes universitários brasileiros.

De todo modo, o Gráfico15não permite observar um movimento importante dos indi- cadores de acompanhamento de coorte: seu crescimento ao longo do tempo. Para ilustrar este ponto, o Gráfico16registra a TEC do 1o, 2o, 3o, 4o, 5oe 6oano da trajetória acadêmica ao longo das diferentes coortes (da 2010 à 2017). Por exemplo, o gráfico permite perceber se a Coorte 2011 teve TEC no 1oano de graduação maior que a Coorte 2010. Isso nos permite observar se há deterioração da evasão em cada momento da trajetória ao longo dos anos. Vejamos:

Antes de mais nada, vale a pena destacar que a TEC ao longo da trajetória acadêmica é acumulativa. Isso significa que um incremento na TEC do 1oano determina, tudo mais constante, um incremento de igual magnitude na TEC de todos os anos. Ao mesmo tempo, se observamos um incremento (ou diminuição) na TEC dos anos iniciais seguida por diminuição ou estabilização (aumento ou estabilização) da TEC nos anos seguintes, isso significa que nos anos seguintes houve uma redução da sua TEC “marginal”.

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 57

Figura 16 – TEC do 1oao 6oano da trajetória acadêmica para as coortes 2010-2017.

1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano

11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 0 20% 40% 60% 0 20% 40% 60% 0 20% 40% 60%

Coortes dos ingressantes de 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17

Percentual de evadidos

Categoria Administrativa

Privada Pública Federal Pública Estadual

Fonte: Censo da Educação Superior (INEP). Elaboração própria.

todos os momentos da trajetória acadêmica ao longo das coortes. Comecemos pela TEC no 1o ano, para Privadas, Federais e Estaduais: enquanto os resultado das coorte de 2010 foram de 20,83%, 12,89% e 7,01%, os resultados das coortes de 2017 foram de 22,37%, 14,89% e 11,89% - incrementos de, respectivamente, 1,54, 2 e 4,88 p.p. Considerando a TEC no 2o ano, os resultados foram: 38,34%, 25,56% e 18,64% para a coorte 2010; e 43,02%, 31,25% e 29,57% para a coorte 2016. Neste caso, observamos crescimentos de 4,68, 5,69 e 10,93 p.p. Em ambas o incremento maior é em Estaduais.

Vale a pena identificar também como se comportam ao longo das coortes a TFC e a TCC dos diferentes momentos da trajetória acadêmica. O Gráfico17oferece essa informação para a TCC.

Como no 1o e no 2o ano da trajetória acadêmica o percentual de formados é muito pequeno, o incremento observado na TEC desses momentos ao longo das coortes 2010-2017 terá como desdobramento, necessariamente, uma redução da TCC. Vejamos o TCC do 2oano para a coorte 2010: 56,17%, 73,30% e 79,34%. Tomando este mesmo momento para a coorte 2016, temos: 53,17%, 67,71% e 69,73%. Reduções de 3, 5,59 e 9,61 p.p.

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 58

Figura 17 – TCC do 1oao 6o ano da trajetória acadêmica para as coortes 2010-2017.

1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano

11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 0 20% 40% 60% 80% 0 20% 40% 60% 80% 0 20% 40% 60% 80%

Coortes dos ingressantes de 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17

Percentual de cursandos

Categoria Administrativa

Privada Pública Federal Pública Estadual

Fonte: Censo da Educação Superior (INEP). Elaboração própria.

de Privadas, Federais e Estaduais para a coorte 2010 foram: 18,34%, 36,47% e 35,38%. Para a coorte 2013, os resultados foram de: 17,60%, 35,15% e 31,32%. Diferenças de, respectivamente, -0,74, -1,32 e -4,06 p.p.

Seguindo, vejamos o movimento do percentual de formados ao longo das coortes 2010- 2015. Essa informação está presente no Gráfico18. Ele tem uma particularidade em relação aos dois gráficos anteriores: não considera os resultados do 1o e do 2oano da trajetória acadêmica. Essa é uma opção advinda do fato de que o percentual de formados nos primeiros dois anos, especialmente em federais e estaduais, é baixíssimo. Por isso, optamos por começar a ilustração a partir do 3oano de graduação e, também por isso, as coortes 2016 e 2017 não estão no gráfico.

Os resultados da TFC da coorte 2010 para Privadas, Federais e Estaduais no 3o ano de graduação foram de 11,41%, 2,36% e 4,14%. Para a coorte 2015, estes resultados foram de: 7,86%, 3,25% e 2,6%. Assim, podemos perceber que há diminuição em Privadas e Estaduais, enquanto há aumento em Federais. Tomando como referência o 6oano da trajetória, os resultados da coorte 2010 foram: 35,31%, 31,65% e 38,27%. Já os resultados da coorte 2012 foram: 34,48%, 28,31% e 38,18%, o que significa uma redução de 0,83, 3,34 e 0,09 p.p.

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 59

Figura 18 – TFC do 3oao 6o ano da trajetória acadêmica para as coortes 2010-2015.

3º ano 4º ano 5º ano 6º ano

11 13 15 11 13 15 11 13 15 11 13 15 0 10% 20% 30% 40% 0 10% 20% 30% 40% 0 10% 20% 30% 40%

Coortes dos ingressantes de 10, 11, 12, 13, 14 e 15

Percentual de formados

Categoria Administrativa

Privada Pública Federal Pública Estadual

Fonte: Censo da Educação Superior (INEP). Elaboração própria.

trajetória mais completa, como a 2010 e 2011. Todavia, isso restringiria em muito a capaci- dade deste trabalho de observar a variação destes resultados até os anos mais recentes. Assim sendo, acreditamos que, limitações à parte, o quadro desenvolvido acima a partir dos gráficos relacionados à TEC, à TCC e à TFC contribuem para a caracterização do fenômeno da evasão universitária no Brasil na medida em que apontam para uma deterioração da questão ao longo do tempo.

4.3.3 Distribuição de frequência dos resultados individuais

Até agora, todavia, apresentamos apenas os resultados agregados de IES Privadas, Fe- derais e Estaduais. Entretanto, e mais uma vez, contribui para este panorama a observação da distribuição de frequência dos resultados individuais das IES em cada momento da traje- tória acadêmica e ao longo das coortes. Esta informação está sintetizada no Gráfico 19. Em última instância, ele é uma adaptação do Gráfico16, substituindo os resultados agregados pelas distribuições de frequência das TECs individuais.

Assim como no Gráfico16, tomando as medianas como referências, podemos ver mais uma vez uma trajetória média de crescimento ao longo das coortes. Em especial, este crescimento pode ser observado no comportamento das Estaduais. Podemos perceber também o grande

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 60

Figura 19 – Distribuição de frequência da TEC do 1oao 6o ano da trajetória acadêmica para as coortes 2010-2017.

1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano

11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 11 13 15 17 0 25% 50% 75% 100% 0 25% 50% 75% 100% 0 25% 50% 75% 100%

Coortes dos ingressantes de 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17

Percentual de evadidos

Categoria Administrativa

Privada Pública Federal Pública Estadual

Fonte: Censo da Educação Superior (INEP). Elaboração própria.

impacto dos primeiros dois anos da evasão universitária.

Além disso, de forma semelhante ao observado no contraste entre o IEA agregado e a distribuição de frequência do IEA nas IES tomadas individualmente, parece haver uma pressão dos resultados de Privadas para baixo e uma tendência de manutenção ou aumento dos resultados de Federais e Estaduais.

Para tentar observar se, novamente, há uma tendência média de influência do tamanho das turmas e/ou Insituições nos resultados da evasão universitária, o Gráfico20relaciona a TEC do 1oe 2o ano de graduação das coortes 2010-2017 com o tamanho de suas respectivas coortes. Cada ponto representa uma determinada coorte, em um determinado ano e uma determinada instituição.

No Gráfico20podemos ver, pela terceira vez, uma indicação de que há relação entre o tamanho das turmas/instituições e o comportamento da evasão universitária. Assim como em

11, percebemos uma tendência média em privadas diferente daquela em federais e estaduais. Em Privadas, coortes maiores tendem a ter maiores percentuais de evasão no 1oe 2oano. Em Federais, uma leve tendência de maiores turmas levarem a TEC menores; e em Estaduais parece

Capítulo 4. Principais resultados da evasão universitária 61

Figura 20 – Relação entre tamanho da coorte e TEC no 1o e 2o ano de graduação (dados das cortes 10-17, para os anos 10-17 e cada IES).

1º ano

2º ano

0 50

mil 100mil 0 mil50 100mil 0 mil50 100mil

0 25% 50% 75% 100% 0 25% 50% 75% 100%

Tamanho total da coorte (dados das coortes 10-17)

TEC no 1º e 2º ano de graduação

Categoria Administrativa

Privada Pública Federal Pública Estadual

Fonte: Censo da Educação Superior (INEP). Elaboração própria.

haver pouca ou nenhuma influência do tamanho das turmas sobre a evasão. Em certa medida, estes resultados explicam a discrepância mencionada anteriormente entre os dados agregados e a distribuição de frequência da TEC.

Isto posto, encerramos a apresentação dos resultados da evasão universitária elaborados por esta monografia.

62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos dados e ilustrações apresentadas, podemos alcançar o objetivo ao qual nos propusemos inicialmente: contribuir para a caracterização do fenômeno da evasão universitária a partir de um panorama estatístico que conjuga, simultaneamente: aclaramento do conceito; definição e aplicação de metodologia homogênea; e cálculo dos principais indicadores do abandono universitário.

De certo, o trabalho realizado carece de maior aprofundamento, sobretudo em termos de utilização de técnicas estatísticas mais robustas, para chegar a afirmações mais sólidas e precisas sobre este importante fenômeno. Todavia, esta monografia se compreende justamente como uma etapa dentro deste processo maior de avanço no conhecimento coletivo sobre a evasão universitária.

Ao longo deste trabalho, pudemos perceber como o debate sobre evasão universitária é permeado por diversos conceitos e como estes conceitos são decisivos no momento de definição dos indicadores que serão utilizados e suas fórmulas. Fomos capazes também de observar que as características do Censo da Educação Superior são uma importante variável a ser considerada em um momento de interpretação de séries históricas do abandono universitário.

Em termos de resultado, captamos um quadro de grande gravidade e de deterioração ao longo do tempo. Essa deterioração pode ser observada tanto na série histórica produzida por esta monografia, abarcando o período 2009-2018, quando em relação às outras séries históricas tradicionais da literatura sobre evasão universitária brasileira. O IEA, se comparado com sua série entre 2000-2009, piorou. A evasão da coorte, ou o percentual de evadidos ao longo da trajetória acadêmica, também piorou se comparado com a série de 1996. Os resultados são graves inclusive em termos internacionais: pelo que pudemos perceber, os resultados da evasão da coorte no Brasil apontam para o fato de sermos um dos países com pior desempenho em termos de evasão universitária.

Nestes resultados ficaram evidentes a diferença de desempenho entre Privadas, Federais e Estaduais em termos de evasão. Privadas tendem a ter os resultados mais elevados, Federais os resultados intermediários e Estaduais os resultados menores. Essa diferença, entretanto, diminui ao longo do tempo (tanto ao longo do período 09-18, como na comparação das séries históricas 00-09 e 09-18). Também ficou nítido o intenso processo de expansão de vagas vivido pela Educação Superior brasileira entre 2009 e 2018, além do reflexo deste em termos de elevação drástica do número de evasões anuais (especialmente de IES privadas)

Fomos capazes também de formalizar a partir de estatísticas nacionais a grande concen- tração da evasão universitária especialmente no 1oe no 2oano de graduação. Tanto em termos do impacto na trajetória das coortes quanto em termos do impacto no número de evasões anuais,

Capítulo 5. Considerações finais 63

são nestes dois anos que se concentram a maior parte dos abandonos. Além disso, pudemos ver que os anos finais da trajetória acadêmica convivem com resultados da evasão bastante elevados - apesar do pouco impacto em termos do número de evasões devido às turmas pequenas. Essas nos parecem observações especialmente relevante na perspectiva da formulação de políticas públicas contra a evasão universitária (sobretudo a identificação do 1o e 2oano como momentos-chave na trajetória acadêmica).

Além disso, também observamos brevemente uma relação entre o tamanho das coor- tes/Instituições e os resultados da evasão. Em geral, os dados apontam para uma relação em que, para Privadas, turmas/Instituições maiores tem maior evasão, enquanto para Federais e Estaduais tende a prevalescer a relação inversa.

Esperamos que os debates aqui realizados tenham servido para instigar o leitor no sentido da importância de se discutir abandono e permanência no ensino superior brasileiro, além de servir de subsídio para posteriores investigações - mesmo que mediante a divergência. Acredita- mos que, realizado este trabalho, estamos coletivamente mais perto de outros esclarecimentos fundamentais a este assunto, como os custos da evasão universitária para o país, as determinantes

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