como se participasse, em seus vários níveis rítimicos, de uma gigantesca dança cósmica."
5.1 Indicadores Econômicos
Antes de ser realizada a análise da sustentabilidade econômica da área experimental, foram analisados os conceitos de “renda de consumo”, “renda de outros trabalhos” e “renda de outras receitas” no contexto do dia-a-dia das famílias, visando entender as principais fontes de renda e formas de sobrevivência das famílias. No caso da renda de consumo foi considerada as necessidade diária de alimentação, bens de uso pessoal entre outros itens. No que se refere à alimentação as práticas agroecológicas possuem como foco restabelecer a diversidade da produção agrícola ameaçada pela industrialização da agricultura (monocultivos de cana-de-açúcar para produção de combustíveis, pinus, eucalipto e o agronegócio de grãos com fins de exportação – commodities da macro-economia).
As questões que se referem à análise da renda oriundas de outros trabalhos representam as questões das atividades rurais não agrícolas,
serviços prestados, bem como a saída do homem da terra em busca de outras formas de geração de renda. As outras receitas são oriundas de benefícios de políticas públicas, tais como bolsas auxílios e aposentadorias.
Os indicadores econômicos foram desenvolvidos a partir da planilha de planejamento de implantação da área experimental elaborada pelos técnicos extencionistas em conjunto com os agricultores. O planejamento foi baseado no investimento realizado pelo Progera (SAF – MDA). Foram considerados também os resultados produtivos e a destinação dada aos produtos das áreas experimentais.
Foram estabelecidas três categorias de análise: planejamento do uso dos recursos para a experimentação; eficiência econômica da produção agrícola obtida a partir do experimento e estabilidade econômica. Essas categorias foram subdividas em três descritores e dez indicadores.
A seguir é apresentada a tabela contendo as respectivas categorias de análise, descritores e indicadores utilizados para a análise:
Quadro 9: Indicadores econômicos
CATEGORIA DE ANÁLISE / DESCRITORES INDICADORES PLANEJAMENTO DO USO DO RECURSO PARA
O EXPERIMENTO
Capacidade de investimento e gestão Reservas para as próximas safras; Investimento em insumos / recursos não renováveis;
Execução do experimento de acordo com a planilha de planejamento.
EFICIÊNCIA ECONÔMICA DA PRODÇÃO AGRÍCOLA
Produtividade Produção / ha;
Comercialização; Geração de renda. ESTABILIDADE ECONÔMICA
Risco econômico Diversidade produtiva; Beneficiamento dos produtos; Multifuncionalidade;
Os indicadores econômicos e as respectivas pontuações de cada grupo de acordo com as escalas 1 (substituição de insumos), 2 (diversificação da produção) e 3 (redesenho do agroecossistema) da transição agroecológica são representados no gráfico a seguir:
Gráfico 1 – Indicadores Econômicos – sobreposição de dados
Gráfico 2: Indicadores econômicos – grupo Coprocol. Indicadores Econômicos
0 2
Reservas p/ próxima safra
Investimento em insumos não renováveis
Planejamento
Produção/há
Comercialização e geração de renda Diversidade produtiva
Beneficiamento dos produtos Dependência de insumos externos
Renda familiar Multifuncionalidade União da Terra Coprocol Beira Rio Chico Mendes Copava Indicadores Econômicos 0 2
Reservas p/ próxima safra
Investimento em insumos não renováveis
Planejamento
Produção/há
Comercialização e geração de renda Diversidade produtiva
Beneficiamento dos produtos Dependência de insumos externos
Renda familiar Multifuncionalidade
Gráfico 3: Indicadores Econômicos – grupo União da Terra.
Gráfico 4: Indicadores econômicos – grupo Beira Rio
Indicadores Econômicos
0 2
Reservas p/ próxima safra
Investimento em insumos não renováveis
Planejamento
Produção/há
Comercialização e geração de renda Diversidade produtiva
Beneficiamento dos produtos Dependência de insumos externos
Renda familiar Multifuncionalidade União da Terra Indicadores Econômicos 0 2
Reservas p/ próxima safra
Investimento em insumos não renováveis
Planejamento
Produção/há
Comercialização e geração de renda Diversidade produtiva
Beneficiamento dos produtos Dependência de insumos externos
Renda familiar Multifuncionalidade
Gráfico 5 – Indicadores econômicos – grupo Copava.
Gráfico 6: Indicadores econômicos – grupo Chico Mendes
Indicadores Econômicos
0 2
Reservas p/ próxima safra
Investimento em insumos não renováveis
Planejamento
Produção/há
Comercialização e geração de renda Diversidade produtiva
Beneficiamento dos produtos Dependência de insumos externos
Renda familiar Multifuncionalidade Copava Indicadores Econômicos 0 2
Reservas p/ próxima safra
Investimento em insumos não renováveis
Planejamento
Produção/há
Comercialização e geração de renda Diversidade produtiva
Beneficiamento dos produtos Dependência de insumos externos
Renda familiar Multifuncionalidade
Nota-se que em comparação com as demais dimensões da sustentabilidade analisadas nesta pesquisa, a dimensão econômica se apresenta de forma mais sucinta. Isto porque, foi focado neste estudo apenas a injeção de um recurso externo de forma pontual que buscou estruturar o processo de experimentação agroecológica, difusão de técnicas e referenciais didáticos. Assim, não foi o principal objetivo da experimentação fortalecer o processo de comercialização dos produtos.
Os dados aqui descritos buscaram representar em que medida, os agricultores envolvidos no projeto de experimentação alocaram o recurso em itens para recuperação do agroecossistema que representam investimentos a longo prazo e que fazem parte dos objetivos de um processo de transição agroecológica, ou alocaram o recurso em insumos externos, focando apenas os resultados produtivos, reproduzindo o sistema convencional de produção.
Assim, buscou-se analisar a capacidade de investimento e gestão dos recursos (internos e externos), representados pelas práticas de reserva de sementes, aproveitamento dos recursos locais, entre outros. A questão do risco foi analisada de acordo com a opção pela diversidade produtiva, beneficiamento de produtos para agregar valor e a dependência por insumos externos, maquinários e informações.
Foram realizados debates em reuniões com os grupos de famílias sobre os insumos utilizados para a experimentação agroecológica. Nestes debates notou-se que os agricultores percebem a alta dependência dos maquinários e gastos com combustível, tornando-se fatores de insustentabilidade da proposta, mas ainda não conseguem se planejar com métodos alternativos. A proposta do uso dos equipamentos de tração animal foi feita e considerada pelas famílias como uma boa opção, mas ainda dependem de mão-de-obra, não é adaptável à produção em grande escala e muitos não possuem animais e neste caso teriam que pagar pelo uso destes.
Foi considerado pelos técnicos extencionistas do Progera que o debate acerca da comercialização pertence a uma próxima fase no processo de transição, após a real aceitação da proposta e incorporação das práticas agroecológicas no dia-a-dia dos agricultores.