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10 Bainha da folha bandeira completamente desenvolvida, mas as espigas ainda não são visíveis Emborrachamento.

2.4. INDICADORES ESPECTRAIS DO ESTADO DA VEGETAÇÃO

A combinação das reflectâncias espectrais em forma de índices de vegetação visa realçar a contribuição da vegetação na resposta espectral de uma superfície, procurando minimizar os efeitos externos sobre os dados espectrais, como os resultantes do solo, da geometria de medida e das influências atmosféricas.

Segundo RONDEAUX (1995), em sua maioria, os índices de vegetação possuem boa correlação com as características biofísicas dos dosséis (por exemplo, biomassa, índice de área foliar, estádio fenológico e vigor), porém, como são afetados em diferentes níveis pelos fatores externos, isso tem ocasionado o desenvolvimento de inúmeros índices, na tentativa de ampliar seu campo de aplicação.

Segundo BARET & GUYOT (1991), os índices de vegetação mais comumentemente utilizados empregam as informações contidas nas reflectâncias ou radiâncias das coberturas vegetais no vermelho (R) e no infravermelho próximo (NIR), faixas de comprimento de onda em que a vegetação verde apresenta comportamento bem distinto.

Como seu uso tem se estendido aos diversos sensores de satélite (por exemplo, NOAA/AVHRR, Landsat e SPOT), R e NIR podem-se referir, respectivamente, às bandas visível e infravermelho próximo dos sensores de satélite, onde R pode cobrir não somente os comprimentos de onda vermelho, mas uma área maior do espectro visível, incluindo o verde, como ocorre no canal 1 do AVHRR. A seguir são apresentados três dos índices mais conhecidos e empregados:

Índice de Vegetação por Razão ou Ratio (RATIO): Varia de zero a infinito. Valores

muito altos indicam grande teor de biomassa.

RED NIR RATIO=

Índice de Vegetação por Diferença Normalizada ou Normalized Difference

Vegetation Index (NDVI): Apresenta a vantagem de variar entre -1 e +1. Valores

próximos de zero significam áreas sem vegetação verde e valores próximos de +1 (0,8-0,9), indicam maior densidade possível de folhas verdes.

) ( ) ( RED NIR RED NIR NDVI + − =

Índice de Vegetação Transformado ou Transformed Vegetation Index (TVI): A

constante 0,5 é introduzida a fim de evitar os valores negativos. Porém, não funciona para valores de NDVI inferiores a -0,5.

5 , 0 +       + − = RED NIR RED NIR TVI

Uma revisão mais extensa sobre os índices de vegetação espectrais e seu histórico de desenvolvimento podem ser encontrados em TUCKER (1979), PERRY & LAUTENSCHLAGER (1984), BARET & GUYOT (1991) e RONDEAUX (1995).

A seguir são apresentados alguns estudos relacionando os indicadores espectrais e as variáveis biofísicas do trigo.

TUCKER et al. (1980) conduziram experimento com trigo de inverno, relacionando os dados obtidos por radiometria de campo e a produtividade final de grãos. Foram observadas relações lineares significativas entre os índices de vegetação (RATIO e NDVI) e a produtividade de grãos, sendo que os dados espectrais foram mais altamente correlacionados no período de tempo de cinco semanas, entre os estádios de desenvolvimento da planta do alongamento ao florescimento, e foram menos relacionados no início e no final do ciclo de crescimento do trigo. Os índices de vegetação foram calculados utilizando as medidas de radiância espectral nas faixas do sensor MSS do satélite Landsat: vermelho (0,65-0,70µm) e infravermelho próximo (0,775-0,825µm).

AHLRICHS & BAUER (1983) obtiveram, para o trigo de primavera, altas correlações entre a resposta espectral e a percentagem de cobertura do solo, o índice

de área foliar (IAF), a biomassa e o conteúdo de água da planta. Foram utilizados como dados espectrais os fatores de reflectância correspondentes às faixas de comprimento de onda do satélite Landsat/MSS e TM e os índices de vegetação RATIO, NDVI e “greenness”, este último obtido de equação de combinação linear utilizando os fatores de reflectância das quatro bandas do Landsat/MSS. Os autores observaram que a relação entre as variáveis biofísicas e a reflectância foi influenciada pelo estádio de desenvolvimento da cultura e as melhores correlações foram obtidas entre o perfilhamento e o florescimento. Antes do perfilhamento, a resposta espectral foi fortemente influenciada pelo solo e, após o florescimento, à medida que a cultura começou a amadurecer, a sensibilidade espectral às medidas biofísicas diminuiu. Os índices de vegetação utilizados foram altamente correlacionados entre si e não permitiram a definição do melhor índice (AHLRICHS & BAUER, 1983).

ASRAR et al. (1984), em estudo com trigo de inverno e de primavera, a partir de dados de radiometria de campo, observaram que NDVI foi dependente de IAF. Para IAF inferior a 3, o NDVI foi influenciado principalmente pela reflectância do solo e para IAF entre 3 e 6, NDVI foi mais dependente da reflectância do infravermelho próximo. Para IAF superior a 6, a dependência de NDVI no infravermelho próximo foi limitado. Os autores utilizaram os dados espectrais simulando as bandas do Landsat/MSS.

FORMAGGIO (1989) observou relações significativas entre os dados orbitais do Landsat/TM, de radiometria de campo e as variáveis biofísicas para o trigo cultivado em áreas comerciais da região nordeste do Estado de São Paulo. As bandas espectrais do vermelho e do infravermelho próximo, bem como os índices de vegetação RATIO, NDVI e TVI foram excelentes indicadores das condições gerais da cultura. Nas fases finais do ciclo de desenvolvimento da cultura, as correlações entre as variáveis espectrais e as variáveis biofísicas decaíram significativamente. As maiores correlações devem estar compreendidas em partes intermediárias do ciclo de desenvolvimento da cultura, com amplo predomínio das relações curvilineares (modelos logarítmicos e exponenciais).

RUDORFF & BATISTA (1990) analisaram o comportamento espectral de três variedades de trigo (Anahuac, IAC-24 e BH-1146), utilizando a radiometria de campo em áreas exploradas comercialmente da região sudoeste do Estado de São Paulo. Foi observada boa correlação entre o índice de vegetação e a produtividade final de grãos nos estádios de desenvolvimento entre o emborrachamento e o início do florescimento, sendo que a maior correlação foi obtida no final do emborrachamento. A correlação entre os dados espectrais e a produtividade decresceu à medida que a cultura atingia a maturação e a senescência. Devido aos problemas apresentados pelo radiômetro utilizado, a análise quantitativa foi restrita aos comprimentos de onda inferiores a 900nm e, portanto, sem correspondência com as bandas espectrais dos sensores TM, MSS ou AVHRR.

BOISSARD et al. (1993) estudaram as mudanças nas reflectâncias e no NDVI do trigo, a partir de medidas obtidas por radiometria de campo, utilizando as bandas de comprimento de onda similares às do sensor HRV do satélite SPOT. Os autores destacaram a importância do período compreendido entre os estádios de florescimento (antése) e a maturidade, como uma fase decisiva na produtividade final do trigo por corresponder à formação e ao enchimento dos grãos. Também observaram que o NDVI mostrou ser o melhor estimador do estádio de desenvolvimento da cultura, comparado às bandas brutas estudadas.

FERNÁNDEZ et al. (1994) estudaram o efeito do estresse de adubação nitrogenada e de água nas características espectrais do trigo de inverno, obtidas por radiometria de campo e foram relacionadas com parâmetros biofísicos da cultura. As mudanças sazonais nas reflectâncias espectrais do trigo foram dependentes do estádio fenológico da cultura. O estresse de água moderado diminuiu a reflectância do dossel na banda do infravermelho próximo e o aumento na adubação causou um decréscimo da reflectância na banda do visível. O índice NDVI, calculado utilizando as reflectâncias de 842 e 660nm, foi eficaz para estimar a área total de folhas da planta e o IAF. O NDVI aumentou até um valor máximo, cerca de um mês antes do espigamento e após o espigamento o NDVI decresceu progressivamente. Os estresses

de nitrogênio e hídrico puderam ser diferenciados pela inclinação do NDVI, ao longo do estádio de maturação.

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