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A fim de monitorizar a rega e o grau de hidratação ou de stress que se pretende impor à planta e de calcular o balanço hídrico, torna-se necessário efetuar medições de disponibilidade hídrica, quer no solo, quer na planta (Magalhães, 2008). Para este efeito, existem métodos para a monitorização da água no solo e indicadores fisiológicos para avaliar o estado hídrico na vinha.

A monitorização da água no solo é utilizada de forma a avaliar as condições de captação de água da videira. Pode-se fazer através de tensiómetros para indicar a quantidade de água disponível no solo, ou através de métodos, como a gravimetria, sondas de humidade de neutrões ou sondas de TDR, que medem a depleção de água no solo (Van Leeuwen, et al. , 2001).

Os tensiómetros medem o potencial matricial do solo, indicando, assim, a disponibilidade de água no solo. No entanto, este método tem limitações no seu uso, já que não se pode utilizar em situações de défice hídrico, pois vai para além dos valores que podem ser lidos neste método (0 a -70 KPa). Uma outra limitação prende-se com a profundidade, ou seja, o potencial matricial varia em profundidade. Devido à videira explorar o solo em profundidade, será necessário instalar vários tensiómetros, o que dificultará a interpretação de dados (Van Leeuwen, et al. , 2001).

A sonda de humidade de neutrões mede a água no solo através de um mecanismo de emissão de eletrões rápidos e receção de eletrões lentos (Magalhães, 2008). No entanto, a sonda de humidade, só consegue medir numa parte em redor do tubo, devido às variações de textura do solo e da distribuição heterogénea das raízes. Assim, para ter dados fiáveis, é necessário instalar vários tubos em diferentes parcelas. Além disso, é difícil medir o escoamento superficial do solo, especialmente em encostas e também em relação à profundidade, pois as raízes ultrapassam o comprimento do tubo para encontrar água para absorção.

As sondas TDR (Time Domaine Reflectometry) são constituídas por varetas de aço que se introduzem no solo, através de um osciloscópio gerador de impulsos eletromagnéticos e de um processador de dados. A medição da constante dielétrica do solo é obtida em função do tempo decorrido entre o envio da onda pelas varetas e a sua receção por uma unidade de controlo, tempo esse que depende do conteúdo em água. Assim, determina-se a percentagem volumétrica de água no solo na zona envolvente ao posicionamento da sonda (Magalhães, 2008). Este método opera nos mesmo limites que o método da sonda de humidade de neutrões, mas com um volume de deteção menor. Também aqui a profundidade conveniente a utilizar com este equipamento é ainda mais difícil, especialmente em solos compactos (Van Leeuwen, et al. , 2001).

Os indicadores fisiológicos que servem para avaliar o estado hídrico na vinha, surgem das desvantagens dos métodos usados na monitorização do solo. Estes indicadores permitem a avaliação da absorção de água da vinha através da videira que permite assim compreender e gerir a qualidade da uva. Também estes são mais fáceis de manusear e interpretar. Os indicadores fisiológicos são a micromorformetria e o potencial hídrico da vinha (Van Leeuwen, et al. , 2001).

A micromorformetria consiste na medição do diâmetro dos órgãos da videira, mais concretamente o tronco da videira, através de sensores de indução e de um data logger. Consoante o diâmetro, verifica-se a quantidade de água que a planta tem, ou seja, um aumento do diâmetro resulta do incremento da quantidade de água, caso

contrário, há uma quebra da quantidade da mesma. Assim, verifica-se o nível de stress da planta (Van Leeuwen, et al. , 2001).

O potencial hídrico na videira é medido através de uma câmara de pressão nos órgãos da videira. No entanto, é mais usual na folha já que a maior parte dela está colocada dentro da câmara, mas uma pequena parte da haste foliar (o pecíolo) é exposta à parte externa da câmara. Ao aplicar pressão na câmara, chega um certo momento, em que a pressão se equilibra com o potencial hídrico da folha, aparecendo uma gota de seiva no pecíolo. A câmara mais conhecida e utilizada é a câmara de Schölander. No entanto, os valores de potencial hídrico da folha variam com a hora do dia a que é realizada a medição, bem como a exposição da folha à luz.

A medição do potencial hídrico foliar (Ψl) durante o dia e a meio do dia não fornecem informações fiáveis do estado hídrico geral devido a uma falta de correlação entre Ψl e outros parâmetros fisiológicos, como medidas de crescimento ou quantidade de água aplicada (Williams & Araujo, 2002). Assim, utiliza-se a medição antes do amanhecer do potencial hídrico foliar, potencial hídrico de base, (Ψpd ou Ψb) e o potencial hídrico do pecíolo (Ψstem)(Schultz, 1996). A medição do Ψb tem sido muito utilizado em estudos da vinha, pois ao fim da noite as condições microclimáticas são homogéneas nas folhas e por não ocorrer transpiração (os estomas estão fechados). Nesta fase o potencial hídrico é relativamente similar em todas as folhas da cepa (Van Leeuwen, et al. , 2009). Desta forma, antes do sol nascer, o potencial hídrico entre a vinha e o solo encontra-se em equilíbrio, refletindo-se assim na disponibilidade de água no terreno (Williams & Araujo, 2002).

Para além destes métodos, surge também a monitorização das Trocas Gasosas. Este método surge para conciliar e ajudar no conhecimento do estado hídrico das videiras, sendo que se deve ter em conta as variações que ocorrem entre as trocas gasosas da videira com o ambiente. Para este método, utiliza-se um equipamento analisador de gases por infravermelhos (IRGA - Infrared Gas Analyser) que permite assim analisar as diferenças de temperatura entre o ar e a superfície foliar da videira, a taxa de fixação de CO2 (A), a taxa de transpiração (E), a condutância estomática (gs), entre outros fatores (Magalhães, 2015; Queiroz, 2002).

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