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Com o intuito de atingir o objetivo desta tese de identificar indicadores estratégicos de saúde relacionados com a atenção básica e que possam captar o efeito do Projeto Mais Médicos, foram selecionados indicadores de saúde que se adequassem ao propósito da pesquisa. Para tanto, a seleção analisou a construção desses indicadores; seus usos em estudos anteriores de acordo com o que foi encontrado na revisão da literatura apresentada no capítulo 4; a capacidade de mensurar e extrair informações sobre conceitos relacionados a situações de saúde, cobertura, acesso e resolutividade dos serviços de saúde; sua relação com a Atenção Básica de saúde; e a possibilidade de serem impactados pela intervenção realizada pelo Projeto Mais Médicos, que é o aumento do número de profissionais médicos.

Os indicadores foram selecionados com base nos Indicadores e Dados Básicos para a Saúde (IDB), no Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (Coap), das informações sobre a Produção e Marcadores, Situação de Saúde da atenção básica oriundo do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) e das Estatísticas Vitais geradas pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM).

O conjunto de indicadores do IDB foi construído com o objetivo de sistematizar informações consideradas essenciais para a compreensão geral da situação de saúde; para isso foram considerados critérios de relevância, causas e consequências que expliquem o panorama da saúde; validade para orientar as ações e decisões de políticas e controle social; relação e identificação com os processos de gestão desenvolvidos no SUS e a disponibilidade por meio de fontes regulares (REDE, 2008). A matriz de indicadores é dividida em seis subconjuntos temáticos: demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco, recursos e cobertura. (REDE, 2008).

Os indicadores formulados pelo Coap buscam o fortalecimento do planejamento do SUS por meio dos processos de monitoramento e avaliação, são compostos por dois grupos: os indicadores universais que expressam o acesso e a qualidade da organização em redes; e os indicadores específicos que expressam as características epidemiológicas locais e de organização do sistema e de desempenho do sistema. É importante ressaltar que os indicadores considerados pelo Coap que são correlatos aos indicadores do Índice de Desempenho do SUS (IDSUS) não expressam os mesmos resultados do IDSUS, devido à simplificação do método de cálculo utilizado pelo Coap, mesmo assim contribuem para o entendimento, avaliação e aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde do Brasil (BRASIL,2013b)

As informações sobre a Produção e Marcadores e a Situação de Saúde da atenção básica são oriundos do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) e geradas a partir do trabalho das equipes de Saúde da Família (ESF) e Agentes Comunitários de Saúde (ACS). As informações sobre a Produção e Marcadores apresentam dados da produção de serviços de atenção básica, enquanto a Situação de Saúde caracteriza o perfil de saúde-doença da população.

Os indicadores que foram selecionados e utilizados para avaliar o impacto do PMM são apresentados no Quadro 5, no qual estão sua descrição, forma de aplicação, método de cálculo e unidade de medida.

Quadro 5 – Indicadores extraídos dos Indicadores e Dados Básicos para a Saúde (IDB)

Indicador Descrição Aplicação Método de cálculo Fonte

Consulta médica

Número médio de consultas médicas apresentadas no Sistema Único de Saúde (SUS) por mil habitante, no ano considerado.

Analisar variações geográficas e temporais na distribuição das consultas médicas no SUS, identificando situações de desigualdade. (Nº de consultas/população residente) x 1000 IDB Nascidos vivos sem consulta pré- natal. Distribuição percentual de mulheres com filhos nascidos vivos sem consultas de pré-natal, na população residente.

Analisar variações geográficas e temporais na cobertura do atendimento pré-natal, identificando situações de desigualdade.

Contribuir na análise das condições de acesso e qualidade da assistência pré-natal. (Nº de nascidos vivos de mulheres residentes, sem consulta de pré- natal/ Nº de nascidos vivos de mulheres residentes) x 100 IDB Nascidos vivos com 1 a 6 consultas pré-natal. Distribuição percentual de mulheres com filhos nascidos vivos com 1 a 6 consultas de pré-natal, na população residente.

Analisar variações geográficas e temporais na cobertura do atendimento pré-natal, identificando situações de desigualdade.

Contribuir na análise das condições de acesso e qualidade da assistência pré-natal. (Nº de nascidos vivos de mulheres residentes, com 1 a 6 consultas de pré-natal/ Nº de nascidos vivos de mulheres residentes) x 100 IDB Nascidos vivos com 7 ou mais consultas pré-natal Distribuição percentual de mulheres com filhos nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal, na população residente.

Analisar variações geográficas e temporais na cobertura do atendimento pré-natal, identificando situações de desigualdade.

Contribuir na análise das condições de acesso e qualidade da assistência pré-natal.

(Nº de nascidos vivos de mulheres residentes, com 7 ou mais consultas de pré-natal / Nº de nascidos vivos de mulheres residentes) x 100 IDB Atendimento de urgência Número médio de consultas médicas de atendimento de urgência por mil habitantes na atenção básica apresentadas no SUS.

Analisar variações geográficas e temporais na distribuição das consultas médicas de urgência no SUS, identificando situações de desigualdade. (Nº de atendimentos/população residente) x 1000 Produção e marcadores - SIAB Cobertura equipe ESF O indicador mede a cobertura das equipes da atenção básica à saúde para a população residente de um determinado município, mensurando a disponibilidade de recursos humanos da atenção básica para a população residente em um determinado território.

Analisar a disponibilidade de profissionais da atenção básica à saúde em um determinado território, identificando áreas em que há maior e menor cobertura por esses profissionais.

[(Nº de ESF + Nº de ESF equivalente) x 3.000/ População no mesmo local e período] x 100 COAP Visita do Médico Número de visitas domiciliares realizadas pelo profissional médico por mil habitantes.

Analisar o desenvolvimento das atividades dentro da atenção básica. (Nº de visitas/população residente) x 1000 Produção e marcadores - SIAB

Indicador Descrição Aplicação Método de cálculo Fonte ICSAB - internações por condições sensíveis à Atenção Básica (ICSAB) Proporção de internações hospitalares motivadas por doenças ou agravos que poderiam ser tratados na Atenção Básica.

Analisar a efetividade do cuidado na atenção básica, assim como o desenvolvimento de ações de regulação do acesso às internações hospitalares. (Nº de internações por causas sensíveis selecionadas à Atenção Básica, em determinado local e período. / Total de internações clínicas, em determinado local e período.) x 100 COAP Taxa de Mortalidade (TM) Número de óbitos, expresso por mil habitantes, ocorridos na população geral, em determinado período. Dimensionar a frequência de óbitos em determinada população.

(Número total de óbitos de residentes / População total residente) x 1.000 Estatísticas Vitais do SIM. Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) Número de óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado

espaço geográfico, no ano considerado.

Avaliar a assistência pré-natal, a vinculação da gestante ao local de ocorrência do parto evitando a sua peregrinação e as boas práticas durante o atendimento ao parto e nascimento. Avalia ainda acesso das crianças menores de 1 ano ao acompanhamento de puericultura nos serviços de Saúde e a atenção hospitalar de qualidade quando necessário.

(Número de óbitos de residentes com menos de um ano de idade / Número de nascidos vivos de mães residentes) x 1.000 IDB Mortalidade neonatal Número de óbitos de 0 a 6 dias de vida completos, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado

espaço geográfico, no ano considerado.

Avaliar a assistência pré-natal, a vinculação da gestante ao local de ocorrência do parto evitando a sua peregrinação e as boas práticas durante o atendimento ao parto e nascimento. Avalia ainda acesso das crianças menores de 1 ano ao acompanhamento de puericultura nos serviços de Saúde e a atenção hospitalar de qualidade quando necessário.

(Número de óbitos de residentes de 0 a 6 dias de idade / Número de nascidos vivos de mães residentes) x1.000 IDB

Indicador Descrição Aplicação Método de cálculo Fonte Mortalidade neonatal tardia Número de óbitos de 7 a 27 dias de vida completos, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado

espaço geográfico, no ano considerado.

Avaliar a assistência pré-natal, a vinculação da gestante ao local de ocorrência do parto evitando a sua peregrinação e as boas práticas durante o atendimento ao parto e nascimento. Avalia ainda acesso das crianças menores de 1 ano ao acompanhamento de puericultura nos serviços de Saúde e a atenção hospitalar de qualidade quando necessário.

(Número de óbitos de residentes de 7 a 27 dias de idade

/ Número de nascidos vivos de mães residente) x 1000 IDB Mortalidade pós-neonatal Número de óbitos de 28 a 364 dias de vida completos, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado.

Avaliar a assistência pré-natal, a vinculação da gestante ao local de ocorrência do parto evitando a sua peregrinação e as boas práticas durante o atendimento ao parto e nascimento. Avalia ainda acesso das crianças menores de 1 ano ao acompanhamento de puericultura nos serviços de Saúde e a atenção hospitalar de qualidade quando necessário.

(Número de óbitos de residentes de 28 a 364 dias de idade / Número de nascidos vivos de mães residentes) x 1000 IDB Baixo peso ao nascer Número de crianças nascidas vivas e cujo peso ao nascer foi menor que 2500 g por mil nascidos vivos.

Avaliar a assistência pré-natal e pós-natal, o acesso da mãe e da criança ao aso serviços de saúde.

(Número de crianças nascidas vivas e cujo peso ao nascer foi menor que 2500 g./ Nº de nascidos vivos de mulheres residentes) *1000

SINASC

Fonte: Elaboração própria, 2017.

Os indicadores de consulta médica, nascidos vivos segundo o número de consulta de pré-natal e atendimento de urgência estão relacionados ao acesso aos serviços de Atenção Básica. O esperado é que o PMM, ao aumentar a disponibilidade do serviço médico na atenção básica em áreas antes desassistidas, gere um impacto positivo, ou seja, um aumento nesses indicadores.

O indicador de cobertura equipe ESF, como o próprio nome sugere, é um indicador de cobertura das Equipes de Estratégia de Saúde da Família. Espera-se que o PMM tenha um impacto positivo sobre esse indicador.

Visita do médico é um indicador de produção da Atenção Básica que mede o número de visitas domiciliares realizadas pelos profissionais médicos. Assim, esse indicador

também pode representar a oferta e cobertura de serviço à população. Do mesmo modo como os indicadores anteriores espera-se um efeito positivo do projeto sobre esse indicador.

O indicador ICSAB mede a proporção de internações hospitalares para tratamento clínico de enfermidades que tem causas consideradas sensíveis à efetividade da Atenção Básica, ou seja, agravos à saúde que poderiam ter sido minimizados ou resolvidos dentro da Atenção Básica. Então, esse indicador reflete a resolutividade do serviço da Atenção Básica. Diante da possibilidade de aumento da cobertura e ofertas de serviços pelo PMM, o efeito esperado sobre esse indicador é de que haja uma diminuição do mesmo.

O indicador de Taxa de Mortalidade busca refletir a situação geral de saúde da população, o efeito esperado é de uma redução em virtude da implantação do Projeto.

Os outros indicadores de mortalidade presentes no Quadro 5 - Taxa de mortalidade infantil, Taxa de mortalidade neonatal precoce, Taxa de mortalidade pós-neonatal, Taxa de mortalidade neonatal tardia - pertencem ao subconjunto de mortalidade, e de forma mais finalística buscam traduzir a saúde ou a falta dentro de um grupo populacional específico: crianças. Tal qual a taxa de mortalidade geral, o PMM deve gerar uma diminuição na taxa desses indicadores. Da mesma forma, se espera uma diminuição do número de nascidos vivos com baixo peso dado que o Projeto possibilita um volume maior de profissionais para acompanhamento e assistência pré e pós-natal. A priorização das taxas de mortalidade dentro do primeiro ano de vida deve-se ao fato de se acreditar que essa faixa etária seria mais sensível ao aumento de número de médicos.