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Relativamente aos indicadores da exploração em estudo, animais em ordenha e produção leiteira, existiu uma correlação entre eles. Desde o início de 2016 e sensivelmente

Taxa de cura > 50% Taxa de cura < 50 % Total Exploração grande 4 11 15 Exploração pequena 1 4 5 Total 5 16 20 Taxa de cura > 50% Taxa de cura < 50 % Total Ordenha completa 5 11 16 Ordenha incompleta 0 4 4 Total 5 15 20

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até metade deste mesmo ano, o número de animais em ordenha foi sofrendo uma descida até ao último trimestre do ano, subindo depois substancialmente. Este resultado pode ser explicado através da influência que os contratos de produção de leite tiveram no maneio das explorações por parte dos seus proprietários. Nos primeiros meses de 2016, os produtores para adaptar a sua produção às limitações do contrato, procederam a um maior refugo de animais. Aliás, todo o ajuste aos contratos foi feito de forma contínua ao longo do ano, mas houve uma maior abertura por parte das entidades recolhedoras de leite, para a produção no final do mesmo, logo a taxa de refugo no final do ano foi substancialmente menor. Isto resultou num número máximo de animais em ordenha para que os produtores tivessem mais leite para entrega. Por sua vez, este acontecimento influenciou a produção de leite. Como aconteceu com os animais em ordenha, a partir de outubro até ao final do ano, houve um aumento da produção de leite. Com um maior número de animais a serem ordenhados, é esperada uma maior quantidade de leite produzida. A quantidade de leite produzida na primeira metade de 2016 foi superior à segunda metade do ano. A segunda metade do ano compreende os meses mais quentes (junho a setembro) e naturalmente no verão, devido aos períodos prolongados de temperaturas mais elevadas (juntamente com uma humidade relativa mais alta), há comprometimento da capacidade da vaca em dissipar o excesso do calor corporal. Consecutivamente apresentam uma menor ingestão de matéria seca e produção de leite (West, 2003). Não obstante, a CCS influencia a quantidade de leite produzido (Halasa et al, 2009).

É sempre do interesse do produtor, para obter um maior retorno económico, que as perdas de produção sejam nulas e esse foi o objetivo proposto. Contudo, as mastites subclínicas provocam quebras na produção de leite e fazem com que o leite seja descartado (devido aos tratamentos e cumprimento dos intervalos de segurança dos fármacos) (Petrovsky

et al, 2006). As mastites subclínicas, para além de perdas de produção, levam a NI (Lam et al,

2009).

Confrontada com a bibliografia atual, existe alguma divergência na interpretação da relação de CCS com as perdas de produção, uma vez que aquela pode estar na origem de maiores perdas, sobretudo se se tratar de um caso de mastite subclínica (Halasa et al, 2009), precisamente o tipo de mastites em destaque no presente estudo. Segundo o NMC (1996), não se verificam perdas de produção até às 200 000 céls/ml e a média de CCS na amostra em estudo, foi de 185 500 céls/ml. Outros autores demonstraram que até às 50 000 céls/ml as perdas são desprezíveis, mas sempre que a CCS duplica (acima do valor considerado), as perdas produtivas são de 0,4 kg/dia numa vaca primípara e 0,6 kg/dia, numa vaca multípara (em média, resumem-se a perdas de 80kg ou 1,3% e 120 kg ou 1,7% por lactação, respetivamente) (Hortet e Seegers, 1998). Halasa et al (2009),concluíram que as vacas primíparas perdem cerca de 0,3 kg/dia com uma CCS de 200 000 céls/ml e as vacas multíparas têm perdas de aproximadamente 0,54 kg/dia. Sumariamente, o efeito do CCS sobre o rendimento produtivo individual das vacas, pode ser tomado como uma diminuição de 0,5kg/dia por cada vez que duplica o valor de 50 000 céls/ml (Seegers e Fourichon, 2003).

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4.1.2) Objetivos propostos

No total contabilizaram-se 1,8 % em perdas de produção que se traduziram em média, em 50 kg/dia perdidos por vaca, por exploração. Com isto, considerando o valor de 200 000 céls/ml, perderam-se cerca de 60kg/dia por vaca. Se o mesmo cálculo for efetuado para as 185 500 céls/ml as perdas produtivas são de 55,7 kg/dia por vaca, ainda assim um pouco acima da média obtida pela análise do CL. Apesar de não se verificar que as perdas de produção tanto percentuais como em litros de leite fossem zero, estes valores acabam por não ser preocupantes, pois crê-se que com uma maior e criteriosa prevenção e pela implementação de um programa que vise a saúde do úbere, possa atingir os padrões ideais.

A média anual de 185 500 céls/ml apesar de ser abaixo das 200 000 céls/ml, excedeu o objetivo definido de 150 000 céls/ml. Esta CCS foi tomada como objetivo, porque independentemente de ser o limiar ideal para minimizar o erro de diagnóstico, recentemente Ruegg (2015) sugeriu que todas as vacas com CCS de 200 000 céls/ml, são consideradas como tendo pelo menos um quarto afetado com mastite subclínica. Contudo, não deixa de ser um resultado favorável e com perspetivas para melhorar. De salientar que foram obtidos valores mínimos sempre entre as 50 000 céls/ml e as 80 000 céls/ml, o que significa, todavia, que estiveram presentes as boas práticas e existiram tentativas de minimizar as perdas de produção.

Em relação às NI ou incidência de IIM verificadas nas explorações em estudo, o objetivo definido não foi cumprido, embora apenas tenha excedido em 0,5% o valor proposto de 8%. Este facto não se torna muito preocupante pois é a partir dos 10%, que se considera o problema grave e requer uma atenção urgente para a exploração e para os casos clínicos existentes. Se o valor exceder os 5%, é necessária uma monitorização da CCS e uma análise constante dos registos de mastites (Bradley e Green, 2005).

Com um risco de NI de 12% em 2016, este índice ficou acima do que seria o objetivo. É imperativo que este índice seja de conhecimento fundamental nos efetivos bovinos leiteiros, pois é crucial para o controlo de mastite e uma estimativa do mesmo. Este índice fornece ainda, uma análise crítica sobre o impacto da qualidade do leite e que esforços devem ser feitos para uma melhoria da saúde individual, de rebanho e com um maior aprofundamento, a nível regional ou nacional (Lukas et al, 2005).

Com uma média anual de 8,4%, as vacas crónicas ficaram abaixo dos 10%, o que respeita o objetivo proposto. Não obstante, neste caso visto que mais de 8% da amostra demonstrou ter vacas cronicamente infetadas, sugere-se criar uma lista dos animais nessa situação e enviar o seu leite para cultura em laboratório, para identificação do agente (Almelo e Tikofsky, 2008). Seria importante que os produtores aderissem a esta prática, pois o Staph.

aureus por exemplo, causa predominantemente mastites subclínicas resultantes de infeção

crónica, que podem persistir durante grande parte da vida do animal e este agente é responsável por cerca de 80% dos gastos relativos às mastites (Carrillo-Casas e Miranda- Morales, 2012).

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As vacas saudáveis, de uma maneira geral, tiveram resultados aceitáveis. Com uma média anual de 76%, a proporção de vacas saudáveis superou o objetivo definido, embora pela margem mínima de 1%.

O índice de vacas curadas, cumpriu com o objetivo estabelecido com uma média anual abaixo dos 10%, o que desde logo se tornou um resultado positivo. Este valor deve ser o mais baixo possível e directamente relacionado com as NI.

A taxa de cura aproximou-se do valor proposto como objetivo (> 50%), com 46%. As taxas de cura são dificilmente avaliadas quantitativamente, na prática diária. Como a informação relativa às taxas de cura oferece a possibilidade de julgar realmente o sucesso do tratamento num rebanho, o uso destes dados pelos profissionais deve ser defendido (Lam et al, 2009). Se a taxa de cura for baixa, os casos de MSC não devem ser tratados durante a lactação, sendo o tratamento adiado até surgiram sinais clínicos ou até ao PS, quando os antibióticos são utilizados rotineiramente e aplicados nos quartos do úbere, de todas as vacas (Deluyker et al, 2005).

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