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INDICADORES QUANTITATIVOS DE CIRCULARIDADE

Complementando os resultados do trabalho, o índice de circularidade proposto seguindo as Equações (1) e (2) descritos na seção 2.2.2 (p. 26) foi calculado, comentado e discutido nesta seção. A composição dos resultados foi baseada nas informações coletadas dos processos existentes da propriedade rural (ver Apêndice B).

4.2.1 Índice de Circularidade em Termos de Material

Para a mensuração em termos de material, utilizaram-se três tipos de níveis. O primeiro concentrou-se em calcular a circularidade da propriedade; no segundo foi calculada a circularidade englobando os limites da propriedade junto aos vizinhos; e, o terceiro nível de circularidade abrangeu a propriedade, os vizinhos e a cooperativa agroindustrial. Diante disso, a circularidade mensurada em material (Ton/ano) diante da circularidade de cada processo em diferentes limites de fronteiras pode ser observada na Tabela 2.

Os cálculos de circularidade aplicados na propriedade rural foram seguidos pelo indicador de processos utilizando a Equação (1), e pelo indicador de organização, utilizando a Equação (2), como mostra a Tabela 2.

Tabela 2 - Cálculos de circularidade para processos e organização em termos de material para os três níveis

Processos Nível 1 (propriedade) Nível 2 (vizinhos) Nível 3 (cooperativa)

Suinocultura 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 51% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 51% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 51% Moagem e ensilagem 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% Biodigestor 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 99% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% Purificação 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% Motor gerador 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% Secador de grãos 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 81% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 81% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% Secador de semente de gramínea 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 58% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 60% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% Secador de feijão 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 56% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 56% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 56% Lavoura 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 87% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 95% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% Composto para produção de cogumelo 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 33% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 62% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 62% Transporte 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 51% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 51% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 51% Outros internos 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100% Circularidade total 𝑪𝒊𝒓𝒄𝒐: 65% 𝑪𝒊𝒓𝒄𝒐: 73% 𝑪𝒊𝒓𝒄𝒐: 75%

Fonte: Autoria própria

Portanto, o índice de circularidade em termos de material da propriedade rural foi de 64%. Aplicando o indicador ao nível vizinhos, a circularidade aumenta mais 73% ao nível de cooperativa, 75%. Isso mostra que mais da metade de todos os materiais que adentram nos três níveis, permanecem recirculando no interior dos limites.

A circularidade mostrou que a propriedade possui elevado índice de economia circular mediante a troca e circulação de materiais. Apenas 36% dos materiais têm origem no externo e são destinados ao exterior da unidade agrícola. Essas trocas geram elevado nível de agregação de valor nos materiais, pois exigem fluxos de origem e destino em pequenas distâncias (dentro do limite da fazenda), geram redução na compra de matéria-prima e gastos com destinação de resíduos animais e agrícolas e, geram ainda, ações amigáveis ao meio ambiente.

Agregando os cálculos junto aos vizinhos, o indicador tende a aumentar a circularidade, devido à ocorrência de trocas (compra e venda) de materiais. Neste caso, o aumento da circularidade entre propriedade e vizinhos foi de 8%. O maior destaque vai para a atividade de compostos para a produção de cogumelo. Os vizinhos fornecem 5.100 Ton/ano e 4.500 Ton/ano de palha e cama de frango, respectivamente, para a atividade de compostos para a produção de cogumelo, e essa

atividade fornece aos vizinhos os compostos nas fases 1, 2 e 3, totalizando 1.584 Ton/ano (ver Apêndice B).

A circularidade junto à cooperativa também apresentou elevado nível, devido o englobamento da propriedade e seus vizinhos. Os maiores avanços estão nos processos de secador de grãos, secador de semente de gramínea e lavoura. Nos três casos, a circularidade atingiu 100% no nível 3, isto é, todos os materiais circulantes nos dois secadores e na lavoura compõem os limites junto à cooperativa agroindustrial.

4.2.2 Índice de Circularidade em Termos de Energia

Para o cálculo em termos de energia dos processos e da propriedade utilizou- se, respectivamente a Equação (1) e (2). Os processos apresentam conexões entre propriedade e rede, logo os indicadores em nível vizinhos (nível 2) e cooperativa (nível 3) não precisaram ser realizados.

A Tabela 3 apresenta os resultados aplicados em termos de energia elétrica.

Tabela 3 - Cálculos de circularidade para processos e organização em termos de energia elétrica para o nível 1

Processos Nível 1 (propriedade)

Suinocultura 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 67%

Secador de grãos 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 0%

Secador de semente de gramínea 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 30%

Secador de feijão 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 45%

Residências 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 28%

Composto para produção de cogumelo 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 0%

Biodigestor 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100%

Motor gerador 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑝: 100%

Circularidade total 𝑪𝒊𝒓𝒄𝒐: 25%

Fonte: Autoria própria

O índice de circularidade da propriedade em termos de energia elétrica resultou em 25% de circularidade. Os processos: biodigestor e motor gerador apresentam a circularidade de 100%, ou seja, toda a eletricidade necessária para o funcionamento do biodigestor é proveniente do motor gerador.

Outros processos, como suinocultura (67%), secador de semente de gramínea (30%), secador de feijão (45%) e residências (28%) apresentam uma circularidade intermediária, pois estas atividades utilizam energia elétrica proveniente do motor gerador e da rede de eletricidade (esses fluxos de energia podem estar mais visível na Figura 5 (p. 59).

Além disso, o secador de grãos e a atividade de composto para produção de cogumelo não estão conectadas no fornecimento pelo motor gerador, portanto, dependem exclusivamente da rede para o fornecimento de eletricidade e, por isso, a circularidade nula.

Os cálculos para os níveis 2 e 3 (nomeados de vizinhos e cooperativa, respectivamente), não foram realizados devido à não existência de troca de eletricidade com esses dois níveis. Para o fluxo de energia elétrica houve troca apenas dentro da propriedade e com a rede.

Aumentando a circularidade tanto de processos internos, quanto a nível organizacional (nível 1), vizinhos (nível 2) e cooperativa (nível 3) em termos de energia, pode haver contribuição para potencializar a agregação de valor interno, além de gerar vantagens nos aspectos ambientais e econômicos da propriedade.

Para esta análise, os fluxos externos podem ser considerados desvantajosos e contribuem para a redução da circularidade. Isso ocorre, pois o externo está localizado fora dos limites estipulados, logo as trocas de materiais não geram valor agregado para a propriedade, para os vizinhos e nem para a cooperativa, embora o externo, muitas vezes seja essencial para garantir a produção agrícola.

A compra de matéria-prima e a venda de produtos muitas vezes só podem ser feitas junto aos externos, pois a propriedade/cooperativa não possui meios de fabricar a matéria-prima e não tem mercado interno que compre o produto. Essa discussão pode levar a diferentes caminhos e novas conjunturas. Diante disso, limitações e oportunidades para pesquisas futuras são surgidas, como relatado nas seções 5.1 (p. 68) e 5.2 (p. 69), respectivamente.