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2.3 Considerações sobre políticas públicas e a importância do uso de indicadores na

2.3.4 Indicadores Sociais

O contexto atual mostra uma intensificação no uso de indicadores para planejamento, monitoramento e avaliação de ações nas diferentes esferas de governo, como suporte na formulação e na implementação das políticas. Jannuzzi (2005) explica que alguns fatos contribuíram para essa tendência, como: 1) a consolidação da sistemática do planejamento plurianual; 2) o aprimoramento dos controles administrativos dos ministérios; e 3) a mudança da ênfase da auditoria dos Tribunais de Contas da avaliação da conformidade legal para a avaliação do desempenho de programas.

Mas como a literatura define indicadores sociais e qual sua relevância para eficiência, eficácia e efetividade das políticas e programas dos governos? Sobre essas indagações, Jannuzzi (2005, p. 138) esclarece:

[...] os indicadores sociais são medidas usadas para permitir a operacionalização de um conceito abstrato ou de uma demanda de interesse

programático. Os indicadores apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou políticas realizadas anteriormente. Prestam-se a subsidiar as atividades de planejamento público e a formulação de políticas sociais nas diferentes esferas de governo, possibilitam o monitoramento das condições de vida e bem estar da população por parte do poder público e da sociedade civil e permitem o aprofundamento da investigação acadêmica sobre a mudança social e sobre os determinantes dos diferentes fenômenos sociais.

A importância de se trabalhar com indicadores é uma questão que tem sido cada vez mais debatida no seio da administração pública, além de respaldo técnico que a utilização de bons indicadores pode conferir à avaliação e ao monitoramento de políticas públicas. Essa prática possibilita um melhor acompanhamento por parte da sociedade com relação aos resultados alcançados.

O uso de sistemas de indicadores, ainda que longe de ser suficiente para efetividade das políticas públicas, potencializa a chance de sucesso, já que permite, em tese, a avaliação de resultados tecnicamente bem respaldados e diagnósticos sociais abrangentes e empiricamente referidos. (REZENDE; JANNUZZI, 2008, p. 122).

Segundo Jannuzzi (2012), existem várias formas de classificar os indicadores sociais na literatura da área; porém, a mais comum é a divisão dos indicadores de acordo com a área temática da realidade social a que se refere. Verificam-se, então, indicadores, como, por exemplo: de saúde (percentual de crianças nascidas com peso adequado, percentual de crianças desnutridas); de educação (taxa de analfabetismo, taxa de aprovação); de segurança pública (índice de crimes violentos contra a vida, roubos à mão armada por cem mil habitantes), entre outros.

Uma outra forma bastante usual de classificação dos indicadores sociais é entre objetivos e subjetivos, ou também, indicadores quantitativos e qualitativos. Os indicadores objetivos/quantitativos tratam de ocorrências concretas ou de questões empíricas da realidade social, sendo construídos com base em estatísticas públicas. Um exemplo de indicador objetivo do mercado de trabalho é a taxa de desemprego (REZENDE; JANNUZZI, 2008; JANNUZZI, 2012).

Por outro lado, os indicadores subjetivos ou qualitativos se relacionam a medidas construídas, com base em avaliação de indivíduos ou de especialistas quanto a “diferentes aspectos da realidade, levantadas em pesquisas de opinião pública ou grupos de discussão” (JANNUZZI, 2012, p. 27). Para o mesmo autor (2012), essas diferenças conceituais entre

indicadores objetivos e subjetivos, quando extraídas da análise de uma mesma dimensão social, podem não apontar as mesmas tendências.

Outro critério para distinguir os indicadores sociais é quanto à complexidade metodológica na sua construção, ou, ao menos, à quantidade de informações usada para sua definição. Assim, pode-se diferenciar entre indicadores simples ou compostos. Esse conceito é trazido por Jannuzzi:

Os indicadores simples são construídos a partir de uma estatística social específica, referida a uma dimensão social elegida. Já os indicadores

compostos, também chamados de indicadores sintéticos ou, ainda, de

índices sociais, são elaborados mediante a aglutinação de dois ou mais indicadores simples, referidos a uma mesma ou a diferentes dimensões da realidade social (JANNUZZI, 2012, p. 29, grifos nossos).

O Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira (IDEB), em âmbito nacional, e o Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (IDEPE), na seara estadual, que auferem o desempenho educacional, como os nomes revelam, são dois exemplos de indicadores compostos, construídos a partir da junção de indicadores mais simples como a taxa de aprovação e as notas de proficiência escolar em português e matemática. A constituição de indicadores sociais compostos se justifica na necessidade de sintetizar alguns aspectos relevantes para representar ou mensurar um dado fenômeno social. Em outras palavras, é uma simplificação para se obter uma avaliação geral do bem-estar, das condições de vida ou do nível socioeconômico de diversos grupos sociais.

Embora o indicador composto facilite e instrua a gestão pública na priorização de recursos e ações, é crível sustentar que a “sintetização da informação social costuma incorrer em perda crescente de proximidade entre conceito e medida e de transparência para seus potenciais usuários” (JANNUZZI, 2012, p. 29). Daí a importância da combinação de diversos indicadores, sejam eles quantitativos ou qualitativos, simples ou compostos, para uma melhor percepção dos problemas que cercam as políticas públicas sociais.

Na análise e na formulação de políticas sociais, os autores costumam estabelecer uma outra forma de caracterizar os indicadores, que, segundo Jannuzzi (2012), tem relação quanto à natureza do ente indicado.

Figura 4 − Indicadores sociais classificados segundo a natureza do indicado

Fonte: Elaboração do autor (2016), a partir de Jannuzzi (2012).

Conforme esclarece o próprio Jannuzzi (2012), a classificação quanto à natureza do indicador social em insumo-processo-resultado delimita as avaliações de políticas públicas nas dimensões operacionais da eficiência, da eficácia e da efetividade. Nesta pesquisa, priorizou-se observar a dimensão da eficiência, adotando a métrica quantitativa da eficiência relativa para análise da gestão de recursos públicos no ensino médio, na perspectiva das GRE(s) de Pernambuco.

2.4 Panorama comparativo do ensino médio estadual: Pernambuco / Nordeste /